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A tradição litúrgica do Pai-nosso

Monsenhor Jean de St. Dennis

Trad.: monges da Comunidade Monástica
São João o Teólogo - São José, SC.

o final do período do catecumenato (período que na Igreja primitiva se estendia por vários anos), o catecúmeno que se prepara para o Batismo recebia da Igreja a "Tradição", ou a transmissão, da Oração do Senhor, durante o transcurso da seguinte cerimônia.

Durante a Liturgia, depois das Litanias, e antes do Prefácio do Ofertório, o bispo (ou o presbítero oficiante) dirige-se às Portas Reais, enquanto o diácono se instala na tribuna do Evangelho. Os catecúmenos (ou Eleitos) ao chamado do diácono aproximam-se e ficam de frente para o bispo (ou presbítero) no meio da nave.

Diácono: Catecúmenos, aproximai-vos!

Bispo (ou presbítero): Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo entre outras instruções para a salvação, deixou a seus discípulos - que lhe perguntaram como deviam orar - esta fórmula de prece que a leitura do diácono os fará conhecer melhor.

Sem anúncio prévio, em reto tom, o diácono lê Mt 6, 5-15.

Bispo (ou presbítero): Escutai, amados meus, escutai agora como Nosso Senhor Jesus Cristo ensina seus discípulos a orar a Deus, Pai Todo-poderoso: "Quando orares, entra em teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai que está no segredo". Esta palavra "habitação", que Ele emprega, não designa um lugar oculto ou retirado, mas recorda que os segredos de nosso coração são acessíveis só a Ele. Devemos adorar a Deus a "portas fechadas" , ou seja, fechando o coração com uma chave mística e falando a Deus com a alma pura. Que pela chave da fé, nosso coração - que é o templo de Deus, de modo que ao habitar Ele em nosso coração, nos assista em nossas preces. O Cristo, Nosso Senhor, Verbo de Deus, nos ensinou esta oração, para que oremos desta maneira:

Depois desta exortação, o diácono proclama, uma por uma, as fórmulas da Oração do Senhor e o bispo (ou o presbítero) as comenta.

Diácono: «Pai nosso que estás nos céus!»

Bispo (ou presbítero): Amados meus, eis aqui um grito de liberdade, de esperança. Um grito de liberdade porque vossa vida se arraiga de agora em diante no único Pai que é plenamente Pai, ou seja, generoso, cuja geração paterna é um dom gratuito e puro. Pois Ele é o único Pai que, não tendo pai nem mãe, não pode projetar sobre vós, seus filhos, a sombra de uma herança mesclada de luz e trevas, de mal e bem. É o Pai luminoso e amoroso que os liberta de todo apego fatal à cadeia de condicionamentos, hereditários ou sociais. "Pai-nosso" é também um grito de esperança, pois uma vida nova começa para vós, que os converteu realmente em seus filhos, uma vida que os permitirá cumprir em plenitude vossa natureza, curar e transformar tudo o que haveis recebido da natureza. Unidos a Ele, crede n'Ele, uni-vos a Ele em tudo, pois está escrito: "A todos os que crêem em seu Nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (Jo 1,12).

Diácono: «Santificado seja o teu Nome!»

Bispo (ou presbítero): O nome designa a realidade íntima e fecunda de um ser. O Nome de Deus Pai é Deus Filho pois, Ele só é Pai por seu Filho a Quem dá a divindade, toda a vida divina. "Santificado seja teu Nome": isto não quer dizer que Deus vai ficar mais santo por nossas preces, pois Ele é sempre santo, e o único Santo. Pedimos que seu Nome seja santificado, ou seja, que sua Presença imensa, sua Luz inacessível, sua Majestade infinita, se manifeste, se transmita, nos transforme a nós pecadores e transfigure a terra, assim como brilha nos céus nos exércitos inumeráveis dos Anjos. Santificados pelo batismo, transformados, no Nome três vezes Santo da Trindade, perseverareis no que haveis começado a ser: filhos nomeados pelo Pai, filhos do Pai e não órfãos, "não estrangeiros, senão concidadãos dos santos, pois sois da Casa de Deus" (Ef 2, 19).

Diácono: «Venha o teu Reino!»

Bispo (ou presbítero): O Reino de Deus é a irradiação do Espírito Santo e das Energias Divinas, é a respiração vivificante de Deus em nós. Que seu Reino venha a vós, e sobre vós, homens da terra, tão plenamente e naturalmente veio e vem sem cessar aos céus, nos Anjos e nos santos, pois São Paulo nos diz: "O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14, 17)

Diácono: «Seja feita a tua Vontade!»

Bispo (ou presbítero): A Vontade de Deus é a realização plena da Criação, a deificação do homem, a transfiguração do mundo. Sua Vontade só pode se realizar com a colaboração consciente e livre de vossa vontade humana. "Seja feita a tua Vontade" significa: que a vossa vontade, limitada e inconstante, se una fortemente a vontade amorosa de Deus, que cultiveis na terra a Árvore do Conhecimento e da Vida, como os santos o fazem frutificar no Paraíso celestial ao unir-se a Deus para crear o mundo novo. Pois o salmista canta: "O Senhor está perto dos que O invocam com verdade, cumpre a vontade dos que n'Ele vibram, escuta seu clamor e os salva" (Sl 145 18,20).

Diácono: «O Pão nosso Substancial dá-nos hoje!»

Bispo (ou presbítero): Nosso Senhor Jesus Cristo disse: "Não só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4,4; Dt 8,3). Revela-nos qual é o alimento essencial quando diz: "Eu sou o Pão vivo que desceu dos Céus ... Vim para que tenhai vida em abundância ...; Eis que estou a tua porta e bato. Se me abres a porta, entrarei em tua casa e cearei contigo, e tu comigo" (Jo 6, 1; 10;10; Ap 3,11-2;20). Por esta prece, pedis todos os dias que venha a vós o Pão da Palavra de Deus, o Pão da Vida, ou seja, o Filho do Pai que se fez homem, o Cristo que se dá em alimento por seu Evangelho, seu Corpo e Sangue nos Mistérios eucarísticos. Tende fome deste alimento substancial, o alimento do mundo vindouro, que vem já hoje para nutrir em vós a Vida eterna, a Vida de Deus.

Diácono: «Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores!»

Bispo (ou presbítero): Por esta regra de vida, Cristo nos oferece o caminho do progresso espiritual, graças ao sacramento do perdão. De mil maneiras nos repete em seu Evangelho: "O que fazeis ou deixais de fazer ao menor de meus irmãos, a Mim o fazeis, ou não fazeis" (Mt 25, 40-45). Pois se identificou com cada homem, é nosso próximo e pode dizer-nos: "Se não perdoardes aos homens as suas faltas, vosso Pai tampouco perdoará as vossas faltas" (Mt 6, 15). O perdão dos pecados e das dívidas constrói a Igreja e salva o mundo, enquanto que a maledicência, a calúnia e o rancor os destroem.

Diácono: «E não nos deixes cair em tentação!»

Bispo (ou presbítero): São Tiago escreve: "Que ninguém, quando seja provado, diga: É Deus quem me prova, porque Deus, nem é provado pelo mal, nem prova a ninguém." (1,13). E, com certeza, a experiência da prova, da tentação, é boa para nosso progresso e nossa transformação, de modo que provemos nossa fidelidade e fortaleçamos nossa vida. Pedimos, porém, atravessar a tentação como bons nadadores , sem que sejamos submersos pelas águas da morte, nem afogados no desespero. Para isto, a oração será uma arma poderosa, e o Cristo nos diz: "Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. (Mc 14,18) sem que tenhamos de ser liberados do maligno, pois o Senhor diz: "Pai, não te rogo que os retires do mundo, senão que os preserves do maligno". (Jo 17,15).

Diácono: «Mas livra-nos do Mal!»

Bispo (ou presbítero): Que não entreis no fogo das provas e das tentações, nem no Fogo mesmo do Amor Divino, que virá submeter tudo à prova, sem que tenhais sido libertados do malígno, que deforma a tentativa divina em tentação maligno e diabólica. Que não tenhamos que entrar na prova sem que estejamos providos de força contra o espírito maligno, sem que estejamos armados com a força do Nome de teu Filho, a força do Reino de teu Espírito, a força de tua Vontade divina e amorosa, a força de teu Pão substancial, a força do perdão fraternal, pois a Ti, Pai, pertencem o Reino, o Poder e a Glória, agora e no mundo vindouro.

Todos: Amém!

Diácono: Estejamos atentos! Em silêncio!

Bispo (ou presbítero): Haveis escutados, amados irmãos, o Mistério santíssimo da Oração do Senhor. Agora, cada dia, guardai e renovai este Mistério em vossos corações, para que possais crescer pelo Cristo, e receber assim o amor de Deus no Espírito Santo.O Senhor Nosso Deus tem poder de conduzi-los, a vós que caminhais e correis na fé, até o novo nascimento, pela imersão nas águas e a infusão do Espírito. E, convosco, nos dará alcançar a plenitude de seu Reino a nós que temos transmitido o mistério da fé católica e, hoje, o mistério da esperança cristã, o grande Sacramento da Oração de Nosso Senhor Jesus Cristo, que vive, e reina, e triunfa, com o Pai, no Espírito Santo, nos séculos dos séculos.

Todos: Amém!

Os catecúmenos se retiram para os fundos da Igreja e a Liturgia prossegue.

Fonte:

Título Original: "Technique de la Prière" - Paris: Presence Orthodoxe - Mons. Jean de St. Denis - Obras Completas - Volume V - Iglesia Ortodoxa de - Argentina.

Gentilmente cedido por: Pe. Ruben Villalba. Tradução de francês por: Margarita Guisasola e p/ português por: Hier. Pe. André Sperandio.

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