Homilia de S.E.R. Dom Iosif, Arcebispo Metropolitano de Buenos Aires na manhã de Quinta-feira Santa
«Na tua ceia mística, recebe-me hoje, ó Filho de Deus; pois eu não desvendarei o mistério aos teus inimigos; nem darei um beijo como Judas; mas como o ladrão eu te confesso: lembra-te de mim, Senhor, quando vier o teu Reino»
A Igreja comemora hoje a instituição da Eucaristia. Embora a hinografia da noite ainda se refira à traição de Judas, todo o ofício decanta no sacrifício do Logos que, na Última Ceia, será prefigurado, antecipado de forma incruenta e sacramentalizado para logo ser realizado de forma cruenta na cruz. Na »ceia secreta» -μυστικό δείπνο-, que muitos consideram um evento de iniciação dos apóstolos, o Logos procede não apenas a predizer o que está por vir, como em muitas outras ocasiões, como também atualiza – do futuro para o então presente – o sacrifício em si e, desta forma, converte-o em um «mistério-sacramento». Trata-se de uma transmutação mistérica que só Deus pode realizar e que, evidentemente, transcende a dimensão lógica do homem, bem como os parâmetros e coordenadas espaço-temporal aos que o homem está (mal)acostumado: Jesus antecipa os fatos e os realiza naquela noite, mas desde outra dimensão. O mandamento «fazei isso em memória de mim» é a garantia de continuidade que já foi (…)
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