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Presentazione di Gesù

2 de Fevereiro: A Festa da «Apresentação do Senhor no Templo»

A Festa da Apresentação no Templo de Nosso Senhor Deus e Salvador, Jesus Cristo, celebra um momento profundamente significativo na vida de Jesus e na história da salvação. Quarenta dias após o Seu nascimento, conforme prescrito na Lei de Israel, o Menino Jesus foi levado ao Templo para ser consagrado ao Senhor. Este ato simboliza a obediência à vontade de Deus e a integração na cultura do Seu povo. A apresentação do Primogênito era acompanhada pela oferta sacrificial de um par de rolas ou pombinhos, uma oferenda acessível aos pobres, destacando a humildade da Sagrada Família.

Maria, a Virgem Mãe, embora isenta da necessidade de purificação por sua pureza e santidade, cumpriu o ritual com humildade, levando o Primogênito de Deus ao Templo. Como observa São Basílio, Maria é o verdadeiro Templo Santíssimo de Deus vivo, e sua obediência ao ritual reflete sua total entrega à vontade divina.

A Festa da Candelária e o Encontro com Simeão

Esta festa também é conhecida como a Festa da Candelária, devido à tradicional procissão de velas, especialmente nas Igrejas de Jerusalém e nas de tradição eslava. O rito das velas remete às palavras de Simeão, que reconheceu no Menino Jesus a Luz que ilumina as nações e a glória de Israel. São Cirilo de Alexandria exortava os fiéis a celebrar este mistério com lâmpadas flamejantes, pois Jesus é a Luz do mundo, que dissipa as trevas e ilumina os corações com a Sua graça eterna.

A Festa da Apresentação também é chamada de Festa do Encontro ou Hypapántê, destacando o encontro entre o velho Simeão e o Menino Jesus. Este momento representa a reconciliação da humanidade com a Divindade, as bodas entre Deus e o Seu povo. Movido pelo Espírito Santo, Simeão veio ao Templo e, ao tomar o Menino em seus braços, proclamou:

«Agora, Senhor,
deixa teu servo ir em paz, segundo a tua palavra, 
porque meus olhos viram a salvação 
que preparaste diante de todos os povos, 
luz para iluminar as nações 
e glória do teu povo, Israel.»  *(Lc 2, 29-33)

Neste encontro, Simeão apresenta Cristo ao mundo como o Sacramento do encontro e da reconciliação com Deus. A mediação da humanidade de Jesus é essencial para este mistério, que dá nova dimensão à fé e nos convida a encontrar Deus na pessoa divino-humana de Cristo.

O Encontro entre o Antigo e o Novo Testamento

O encontro entre Simeão e Jesus simboliza a convergência entre o Antigo e o Novo Testamento. Como afirma São Clemente de Alexandria, o Menino Jesus é o ponto de chegada para aqueles que esperavam o Messias e o ponto de partida para os que vivem a plenitude dos tempos, onde o Reino de Deus se faz presente entre os homens. A idade avançada de Simeão reflete a longa espera do povo hebreu, enquanto o Menino representa a novidade da promessa cumprida. Durante a festa, canta-se: «O velho Simeão leva o Menino, mas o Menino é quem o conduz.»

O Ícone da Festa e seu Significado Profundo

Ao contemplar o ícone da festa, observamos a centralidade do Menino Jesus, apresentado como Senhor e Redentor. Seu rosto está voltado para Simeão, que O recebe com reverência, formando um receptáculo que acolhe o Rei de Israel. Simeão, de pé sobre um estrado, simboliza sua dignidade sacerdotal, enquanto suas mãos cobertas formam um pequeno trono para o Menino. A profetisa Ana, ao fundo, aponta para Jesus, reconhecendo-O como o Salvador esperado.

Maria, ligeiramente inclinada, eleva as mãos em gesto de oferenda. Nota-se que o Menino não está em seus braços, uma distância iconográfica que também aparece na cena de Belém. São João Crisólogo explica que os braços da Mãe, outrora Trono do Salvador, agora oferecem o mais precioso dos dons ao Altíssimo, enquanto o Cordeiro se entrega à Antiga Lei como obediente servo de Deus.

As Bodas entre Deus e a Humanidade

A disposição das figuras no ícone acentua a relevância do encontro. O Templo central indica o local do evento, enquanto os edifícios laterais, unidos por um véu vermelho, simbolizam as bodas entre Deus e a humanidade, realizadas com a vinda do Salvador. Como proclama o Canto de Procissão da Candelária:

«Sião, adorna tua câmara nupcial e recebe o Cristo Rei. 
Acolhe com amor a Maria, Porta do Céu, 
pois ela tem em seus braços o Rei da glória, 
luz nova que resplandece. 
A Virgem avança, apresentando a seu Filho, 
engendrado antes da Aurora. 
Simeão O recebe em seus braços 
e anuncia ao povo que é o Senhor da vida e da morte, 
o Salvador do Mundo.»

A Filiação Divina e a Alegria da Salvação

Ao receber o Filho de Deus em seus braços, Simeão certificou-se de que a humanidade receberia a filiação divina e a salvação. Como afirma São Paulo, somos agraciados com o título de filhos no Filho, podendo chamar a Deus de Pai (Gl 4,4-7; Ef 1,5; 2,18). Nesta festa, somos convidados a nos apresentar ao Senhor, renovados pela luz do Espírito Santo, para que Ele realize em nós a obra da Sua misericórdia, assim como fez com Simeão. Que possamos, como ele, ter não apenas nos braços, mas em nossos corações, o próprio Cristo, o Pão Vivo que desceu do Céu.

Referências Bibliográficas: 

  1. WEITZMANN, Kurt. *Revista Fuentes: “Las Doce Fiestas”*, Anuário 1994. 
  2. GOMES, C. Folch. *Antologia dos Santos Padres*. São Paulo: Ed. Paulinas, 3ª Ed.
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