Publicado por Romfea.gr em 10/01/2025, 17:21
Um recente artigo publicado pelo jornal britânico The Telegraph (04/01/2025) explora o surpreendente fenômeno do aumento de conversões de jovens, especialmente homens, à fé ortodoxa nos Estados Unidos.
De acordo com a reportagem, novas paróquias ortodoxas estão sendo criadas rapidamente em todo o território americano para atender aos milhares de novos fiéis, cujo interesse pela Igreja Ortodoxa cresceu significativamente desde a crise sanitária provocada pela COVID-19.
O autor do artigo destaca que a “austeridade”, a “masculinidade” e a “autenticidade” da fé cristã ortodoxa têm atraído jovens que buscam algo mais profundo, em contraste com a “flexibilidade” encontrada em outras denominações cristãs.
Um dos fatores que impulsionam esse movimento é o acesso à informação pela internet. Muitos novos conversos relataram ter encontrado a Igreja Ortodoxa por meio de vídeos no YouTube ou programas online.
Histórias de Conversão: Fé e Busca por Verdade
Matthew Ryan, um ex-ateu que conheceu a fé ortodoxa por acaso assistindo a um vídeo no YouTube, compartilhou que se sentiu atraído pela estrutura, autenticidade, orientação espiritual e pela profunda historicidade da Ortodoxia.
Uma pesquisa de 2023, realizada pelo Orthodox Studies Institute, revelou um aumento impressionante de 80% nas conversões à Ortodoxia em 2022, em comparação com 2019. Desse total, 60% dos novos convertidos eram homens.
Entre os elementos mais atrativos da Igreja Ortodoxa está a ênfase no auto-sacrifício e na disciplina espiritual rigorosa. Para muitos, essa abordagem contrasta fortemente com o que chamam de “feminização” de outras denominações cristãs, que, segundo críticos, se tornaram excessivamente permissivas.
Emmanuel Castillo, de 32 anos, é um exemplo desse movimento. Ex-protestante e guarda prisional na base de Guantánamo, ele começou a explorar a Bíblia enquanto trabalhava. Após estudar os Evangelhos e o livro de Atos, concluiu que a adoração cristã tradicional não poderia ter se transformado em algo tão “banal” quanto as práticas que vivenciava em sua antiga denominação. “Era como sair para um bar no sábado à noite”, afirmou.
Para Castillo, a resistência da Ortodoxia à “feminização” da religião é um fator decisivo. Ele acredita que os jovens homens de hoje anseiam por figuras paternas fortes, que ofereçam liderança espiritual, mental e física – características que ele encontra nos clérigos ortodoxos.
Um Desafio Espiritual
O padre Timóteo Pavlatos, da Paróquia de Santa Catarina em Chandler, Arizona, explicou que a Ortodoxia desafia os jovens de várias maneiras, incluindo fisicamente. Ele observa que, em uma sociedade dominada pela gratificação instantânea, a Igreja Ortodoxa oferece o oposto: renúncia ao ego e disciplina espiritual, com jejuns rigorosos e longas liturgias.
A professora Sarah Riccardi-Swartz, da Universidade Northeastern, especializada em religião e antropologia, também identificou um crescimento notável no número de conversões desde 2016, intensificado durante a pandemia. Ela atribui isso ao aumento de conteúdos sobre a Ortodoxia nas redes sociais, que tornaram a Igreja mais acessível para buscadores espirituais.
Estabilidade em Tempos de Mudança
Outro aspecto mencionado como atrativo é a firmeza da Igreja Ortodoxa em questões morais e teológicas. Enquanto outras denominações cristãs se envolvem em debates polêmicos, como os relacionados à comunidade LGBTQI+, a Ortodoxia mantém-se inalterada, proporcionando um senso de continuidade e estabilidade.
Embora seja difícil determinar o número exato de ortodoxos nos EUA, os dados mais recentes do Pew Research Center (2010) apontam que 0,5% da população americana se identifica como ortodoxa.
O padre Serafim Holland, da Igreja de São Nicolau, em McKinney, Texas, também observou um aumento nas conversões e destacou que muitos são atraídos pela constância doutrinária da Ortodoxia em um mundo em constante mudança.
A busca por autenticidade, austeridade e disciplina espiritual continua a atrair jovens americanos, especialmente homens, para a Ortodoxia – um fenômeno que está remodelando o panorama religioso dos Estados Unidos.
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