
15 de outubro de 2023, 11h13
Ao longo dos tempos, as guerras não estiveram ausentes da humanidade. Por diversas razões e ocasiões, um estado ataca outro. Governantes poderosos com tendências conquistadoras, com planos imponentes, movem-se contra outros povos para conquistá-los. Os resultados de tais escolhas são visíveis ainda hoje: violência, insegurança, pânico, danos materiais e, sobretudo, perda de vidas.
A guerra, como conflito armado e sangrento, tem sido um problema sério desde o início da humanidade. Duas guerras mundiais e várias outras em regiões específicas ensinaram-nos a escala da destruição e os horrores que deixaram para trás.
Mas, qual é a causa da guerra?
Além das questões especiais e locais que causam as guerras, há também uma causa básica, que é a fonte do mal, do egoísmo e do abuso da liberdade. A guerra revela a existência desta condição que causa a cegueira espiritual, que por sua vez indica uma ruptura na relação do homem com Deus, com o seu próximo e consigo mesmo. As guerras expansionistas manifestam este egoísmo insaciável. (A muitos, parece) um mal necessário.
Quando o homem perde o seu bom relacionamento com Deus, que é um Deus de paz e amor, cai então numa infinidade de escolhas erradas. Cristo, na sua vida terrena, mostrou-lhe muitas vezes que não agradam a Deus pessoas egoístas e em nenhum caso aceitou o uso da violência. São memoráveis as suas palavras no Evangelho segundo Mateus, onde claramente impede o uso da «espada»: « Põe novamente a tua espada em seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, hão de perecer com a espada». Registra assim a força de uma lei espiritual, que é sempre válida. Além disso, é bem conhecida a decepção dos judeus quando viram Cristo entrar em Jerusalém «montado sobre um jumentinho» (João 12:15). Esperavam-no com uma legião de soldados e armas, mas ele falava de outra revolução, de uma paz diferente e com a super arma do amor.
No entanto, não só durante os anos da presença terrena de Cristo, ficou claro que a violência nada tem a ver com Deus, mas também no Antigo Testamento vemos que Deus «repousa» na paz, tranquilidade e sossego. A passagem com o profeta Elias é típica. Deus não se manifesta no vento forte, no terremoto, na tempestade, mas na «brisa suave» (3 Reis 19,11-12). Ele gosta da brisa matinal que vem animar o homem e toda a criação.
O cristão é, naturalmente, cidadão de um país, de um estado e, portanto, cumpre as leis, mas também está naturalizado numa pátria eterna, vivendo em outro estado (Fl 3:20). As leis do estado são transitórias, enquanto sua Lei é eterna. Diante de um dilema em sua vida, sobre qual lei escolher, ele ouvirá: «torna-te sábio sem ter um chefe» (Pr 5,29). Se for obrigado a participar na guerra em defesa dos santuários do seu país, será tratado com misericórdia porque lutou pelo bem comum. Ele pode até ser descrito como herói, mas não como santo. A perda de vidas é a pior coisa que se pode fazer a outro ser humano. Neste caso, a Igreja atua como mãe e aborda estas questões com distinção. O Professor Mantzaridis observa: «Em geral, pode-se dizer que a Igreja, abrangendo todos os níveis da vida humana, seguiu uma economia mais ampla. Enquanto no nível primário das relações pessoais condena absoluta e inequivocamente a violência e o assassinato, no nível secundário das instituições mantem uma atitude dialética. Por um lado, condena a guerra e a violência, por outro mostra misericórdia para com aqueles que participaram nas guerras lutando pelo bem comum. Claro, nem é preciso dizer que essas lutas são sempre entendidas no contexto de guerras defensivas e não de conquista…»
Esta guerra que acaba de começar causa-nos amargura, mas também nos faz pensar e refletir. Embora tenhamos conseguido mover-nos com rapidez de um continente para outro, comunicar de uma parte do mundo para outra e muito mais, não conseguimos tornar-nos menos egoístas e egocêntricos. Inocentes e até crianças estão novamente se afogando em sangue. As paixões, em vez de diminuir, aumentam e envenenam os pensamentos humanos.
E, neste quadro de horror, surge para muitos uma pergunta: «O que Deus está fazendo a respeito de tudo isso?» A resposta de São Siluan, o Atonita, como observa o Professor Mantzaridis, é: «Um monge pergunta a outro monge: ‘Não consigo entender por que Deus não dá paz ao mundo se pelo menos um homem lhe implora por isso?’ E ele recebe a resposta: ‘E como é possível haver paz completa na terra, se resta ao menos um único homem com uma disposição perversa?’» Um único pensamento levado ao extremo pode criar desastres enormes e incalculáveis.
Com informações e imagem de Arxon.gr
Belas reflexões! Ótimas para meditarmos durante a semana!