Pressione "Enter" para pular para o conteúdo

Festa de São Dionísio, Areopagita, o «Patrono da Justiça» em Veria (Grécia)

Com a permissão e bênção do Arcebispo Hieronymos II, de Atenas e de toda a Grécia, o Metropolita Crisóstomo III, de Mani, celebrou a Divina Liturgia na festa de São Dionísio, o Areopagita, Patrono dos Juristas, na Catedral Metropolitana de Atenas. Em sua homilia, destacou S. Eminência que «na Acrópole, reuniram-se Paulo, o grande apóstolo de Jesus Cristo, e também Dionísio, o Areopagita, membro do Supremo Tribunal. Este é, obviamente, um encontro divino, um encontro místico. Ali se encontraram seus corações, suas almas», acrescentou.

«O ensino cristão revelou que Deus é ‘amigo dos publicanos e dos pecadores’ e espera o retorno do Filho Pródigo. Deus perdoa o penitente. Ele não se vinga. Verdadeiramente Deus é Bom e Compassivo, Longânime e Misericordioso, porque o Senhor nos convida constantemente ao arrependimento».

Sublinhou o Metropolita no sua homilia.

E assim concluiu, referindo-se ao grande feriado daquele dia:

«Hoje, portanto, quando são manifestas uma intoxicação espiritual, um declínio moral e um abandono do sagrado, quando prevalece uma globalização acrítica, e que o fenômeno de neopaganismo e de neo-racionalidade se apresenta, quando o homem vê comprometida a sua saúde mental e afunda na desumanidade, as palavras do Apóstolo Paulo e o testemunho de Dionísio Areopagita tem especial relevo e nos ajudam a recuperar o verdadeiro sentido de nossa vida, e a dar sentido à vida pública e ao nosso pensamento».

«O testemunho de Dionísio Areopagita para dar sentido às nossas vidas»
Crisóstomo III
Metropolita de Mani:

A íntegra da Homilia do Metropolita de Mani

O que foi esse encontro, de fato? Por que foi tão importante para a história mundial? Foi no ano 51 DC, quando o maior dos Apóstolos, Paulo, o Apóstolo dos Gentios, chegou à «Atenas fechada». Quando, Paulo viu a maravilhosa estátua de Atena esculpida pelas mãos daquele grande artista, Fídidas, voltando seu olhar viu Pnykas e lembrou que ali Péricles costumava vagar enquanto pregava, ali por onde passaram Demóstenes, o maior dos oradores atenienses, e Isócrates com a beleza de seu discurso. Foi então que o Apóstolo pode rever os santuários, o respeito dos atenienses pelo sagrado, ou seja, observou e estudou cuidadosamente os seus altares e santuários. Depois de ter visto e contemplado aquele altar com a inscrição característica «ao Deus Desconhecido», veio no meio da Suprema Corte, a antiga Suprema Corte, e falou aos atenienses, enfatizando as palavras de Epimênides: «Nele vivemos e nos movemos e existimos»; e as palavras do poeta Aratos: «Tou gar e genos esmen» e depois pregou a «nova doutrina», o novo ensinamento sobre o Senhor Crucificado e Ressuscitado.

Só então, na Acrópole, reuniram-se Paulo, o grande apóstolo de Jesus Cristo, e Dionísio, o Areopagita, membro da Suprema Corte.

É claro que este foi um encontro providencial, divino, um encontro místico. Ali seus corações se encontraram, suas almas foram eleitas. Ali aconteceu o encontro da «filosofia (grega) humana», a sabedoria deste mundo, o antigo espírito grego e o espírito cristão, do santo Evangelho. A este respeito, sobre este fato significativo, o livro dos ‘Atos dos Apóstolos’ atesta que, depois do sermão de Paulo: ‘Aqueles homens aderiram a ele e creram, inclusive Dionísio, o Areopagita, e uma mulher chamada Dâmaris e outros com eles’ (Atos 17: 33). Contudo, o que significa este encontro? Devemos sublinhar que é precisamente a aproximação do espírito grego antigo, da antiguidade clássica, com o cristianismo. É sobre esta composição benéfica que trouxe a verdadeira civilização a toda a humanidade. Em particular, a civilização clássica legou às gerações os conceitos de sabedoria, valor, beleza, enquanto o cristianismo trouxe para a humanidade os outros grandes conceitos: Arrependimento, amor, Ressurreição.

Assim, a sabedoria era expressa pela fala, o valor pelo heroísmo e a beleza pela moderação e harmonia. É por isso que os oradores e poetas e historiadores são atemporais, os heróis de Tróia, Maratona, Salamina, Termópilas e até mesmo obras incomparáveis da mais elevada arte, as realizações dos estilos dórico, jônico e coríntio, de Souni, são modelos do Partenon, o Erecteion e a cúpula de Epidauro. E, particularmente no encontro que lembramos hoje, pode-se incluir a lei e a justiça.

Por outro lado, o ensino cristão revelou que Deus é ‘amigo dos publicanos e pecadores’ e aguarda o retorno do Filho Pródigo. Deus perdoa o penitente. Ele não se vinga. Verdadeiramente, Deus é: ‘Bom e Compassivo, Longânime e Misericordioso’, porque o Senhor nos convida constantemente ao arrependimento. ‘Arrependei-vos!’, ele diz. E a Igreja, há séculos, tem exercido seu ministério ao homem como um ‘hospital de almas’ com o santo sacramento do arrependimento. Então o conceito de amor é a quintessência do ensino cristão. O Cristianismo é a religião do amor, porque a melhor definição de Deus é: ‘Deus é amor’. A mandato de Cristo ‘amai-vos uns aos outros’ é o novo mandamento divino. E então o grande Apóstolo dos Gentios escreveu o maior hino sobre o amor. O terceiro significado da Ressurreição é a vitória sobre a morte. O Senhor Ressuscitado condenou morte. ‘A morte está vencida. A Ressurreição de Cristo é o alvorecer de uma nova vida, o início da eternidade e dá-nos a solene garantia da nossa própria ressurreição.

Hoje, portanto, quando são manifestas uma intoxicação espiritual, um declínio moral e um abandono do sagrado, quando prevalece uma globalização acrítica, e que o fenômeno de neopaganismo e de neo-racionalidade se apresenta, quando o homem vê comprometida a sua saúde mental e afunda na desumanidade, as palavras do Apóstolo Paulo e o testemunho de Dionísio Areopagita tem especial relevo e nos ajudam a recuperar o verdadeiro sentido de nossa vida, e a dar sentido à vida pública e ao nosso pensamento, para que tenhamos, para que, através disso o homem se eleve e tenha uma abordagem do mistério transcendente e superlativa. Não desejamos uma sociedade niilista ou pós-cristã. Queremos seguir com o pensamento grego e a ética cristã nas nossas vidas. Hoje, precisamente, carecemos de um estímulo espiritual da nossa autoconsciência.

Quando Paulo e Dionísio se encontraram, seus corações falaram, estavam sintonizados com o humanismo grego e cristão, e essas grandes personalidades do século I, colegas juristas, receberam a coroa de glória. Será que nós, do século 21, os seguiremos? A escolha é nossa e cotidiana.

Com informações e fotos de: OrthodoxTimes

Compartilhar

Seja o primeiro a comentar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *