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Domingo após a Exaltação da Santa Cruz

«Morrer para viver»
Pe. Gerasimos Frangoulakis
Arquimandrita do Trono Ecumênico | Hanôver, Alemanha

Você quer ser salvo? Se sim, então deve negar-se a si mesmo e vir comigo. Esta é a exortação de Cristo: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me». (Όποιος θέλει να με ακολουθήσει, ας απαρνηθεί τον εαυτό του, ας σηκώσει το σταυρό του και ας με ακολουθεί). Veja bem, Ele convida a todos, mas não força ninguém, embora tenha o poder. A sua filantropia obriga-o a dirigir-se a todos, «a quem quiser», diz, uma indicação do respeito que o Senhor tem pela liberdade do homem. E este ponto é digno de atenção, porque esta liberdade foi dada ao homem pelo próprio Deus, e mesmo que o homem tenha feito mau uso desta liberdade, Deus não a retira, mas ele deixa e de fato o próprio Deus paga pelos resultados do seu mau uso com a crucificação de seu Filho Unigênito. E o Senhor continua simplificando as coisas. «Pois se você quiser salvar a sua alma, irá perdê-la». Realmente estranho de ouvir. Quem quiser salvar a sua alma deve perdê-la, diz-nos. O que quer dizer? Não nos apressemos em tirar uma conclusão, porque pode estar errada. Não são as palavras em si que importam aqui, mas também os conceitos que elas representam. É por isso que a Igreja nos exorta a não apenas ler, mas a estudar a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus, porque só assim compreenderemos o seu significado. Então aqui a palavra «alma» é um termo com muitos significados e vários deles são usados na Bíblia Sagrada. Em geral, a alma é a portadora da vida e indica a forma como a vida se manifesta no homem. Portanto a palavra «alma» tem um duplo significado: significa o nosso ser espiritual, a vida do espírito, mas também a nossa realidade biológica, a nossa vida temporal e terrena. Para entender esta segunda versão, lembremos as frases que usamos: «Comi ou bebi com a alma» ou «Ri com a alma». O que queremos dizer com essas palavras? Obviamente nos referimos ao prazer que sentimos e tem a ver com os prazeres terrenos. Então esta alma, da vida terrena confortável, o Senhor nos pede para perder para salvar a nossa alma. Claro, também define outro parâmetro. Ele não nos diz simplesmente que quem perde o que lhe dá prazer nesta vida salvará a sua alma, mas diz-nos que isso só acontecerá quando esta perda, este sacrifício é feito «por minha causa e do  evangelho», (εξαιτίας εμένα και του Ευαγγελίου). simplificando; não basta dizer que deixo de me divertir, de gastar mais do que preciso. De acordo com a Palavra de Cristo, devo dispor do que sobrou para que outros possam viver confortavelmente. Amamos muito os bens materiais, que, sejam eles quais forem, são pouco diante da eternidade, e pouco ou quase nada amamos os espirituais, que são os maiores, os mais preciosos, os eternos.

Uma característica fundamental do Cristianismo é a luta e o exercício. A busca do auto-domínio e de nos impor freio aos desejos inferiores. Isto é o que o próprio Cristo, os seus Apóstolos, os Mártires, os Padres e todos os Santos da nossa Igreja nos ensinaram e mostraram. A Cruz do Senhor, que celebramos neste tempo, é um símbolo de luta até à morte.

O homem moderno é caracterizado pela tendência de não negar nada a si mesmo. O slogan que domina o nosso tempo é «proibido proibir». Todo esforço de luta e exercício espiritual é completamente posto de lado por muitos no desejo de viver livremente, com uma liberdade, é claro, que é essencialmente escravidão voluntária e licenciosidade. Há muitos que querem um cristianismo fácil, sem luta, sem exercício, sem jejum, sem oração, ou seja, um cristianismo sem Cristo.

Uma das características básicas do homem, porém, é a sua capacidade de dominar, suas inclinações e impulsos, de recusar algo que lhe agrada e deseja quando é necessário. Dizer não quando necessário, sacrificar o terreno pelo celestial.

Se a vida segundo Cristo fosse difícil para o homem, Deus, que tanto o ama, nunca lhe pediria que o fizesse. Mais uma vez, quem decide viver segundo a vontade de Deus, na sua luta, no seu esforço, não está sozinho. Seu companheiro de todo momento e ajudador é o próprio Cristo que o apoia e o leva a completar sua trajetória e se tornar participante do Seu Reino!

Fonte: Fos Fanariou

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