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Nova visita do Arcebispo Iosif, Metropolitano de Buenos Aires, Primaz e Exarca da América do Sul – Patriarcado Ecumênico, ao Brasil

Arcebispo Iosif, Metropolitano de Buenos Aires, Primaz e Exarca da América do Sul – Patriarcado Ecumênico, chegou ao Brasil, na última terça-feira, 14 de março, sendo recepcionado no Aeroporto de São Paulo, por uma comitiva constituída por membros do clero e lideranças leigas.

Em São Paulo, cumpriu agenda protocolar de visitas e reuniões com líderes da Igreja e da comunidade ortodoxa de São Paulo. Na quinta-feira, realizou visita à Sociedade Bíblica do Brasil onde tratou da impressão da edição em português do livro A Bíblia para Crianças.

Na noite de sexta feira, 17 presidiu Ofício de Akathistos na Igreja Catedral São Pedro.

Na manhã de sábado, em solene Liturgia Pontifical, ordenou ao diaconato o Hipodiácono Sr. Marciano Schaeffer que recebeu o nome de Gennadios em homenagem ao seu predecessor Arcebispo Gennadios, Metropolitano de Buenos Aires.

Na manhã de domingo, elevou à ordem do presbiterato o Diácono Gennadios, que será enviado à paróquia dos Santos Apóstolos, de Porto Alegre/RS, onde atuará como seu novo reitor.

Ao final da Divina Liturgia deste Terceiro Domingo da Quaresma – da Veneração da Santa Cruz, S. Eminência D. Iosif fez a solene entrega da comenda da Ordem de São Bartolomeu, fazendo-o dignitário Arconte da Santa e Grande Igreja de Cristo ao Ilmo. Sr. George Markakis.

Biografia do néo-sacerdote

Padre Gennadios (nome civil Marciano Schaeffer), nasceu em Carazinho, estado do Rio Grande do Sul, aos 06 de Junho de 1974. É filho de Miguel e Maria Lúcia Schaeffer.  Em 1980 a família se mudou para Chapadão do Sul, estado do Mato Grosso do Sul, onde fez e concluiu seus estudos primários e secundários.  Em 2002 obteve o título de Bacharel em Filosofia no Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus, em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais. Em 2004 obteve o grau de Mestre em Filosofia na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, estado do Rio Grande do Sul. Em 2009 recebeu uma bolsa do Patriarcado Ecumênico e do Governo Grego (Ministério das Relações Exteriores), a fim de iniciar sua formação acadêmica teológica na Universidade Aristóteles de Tessalônica, Macedônia, Grécia, onde obteve o título de Licenciado em Teologia em 2014.

Pronunciamento do Hipodiácono na Liturgia de Sábado, 18/3.

Eminência Reverendíssima, D. Iosif Bosch
Arcebispo de Buenos Aires e da América do Sul,

Reverendíssimos Sacerdotes;

Povo Fiel aqui presente no dia de hoje;

Saudações e Paz em Cristo, Nosso Senhor!

O diaconato é um ministério da Igreja que se a originou de uma premente necessidade da igreja primitiva em Jerusalém: O socorro às viúvas de origem grega: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos de origem grega contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais nós os encarreguemos deste serviço. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia, e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos” (Atos 6, 1-7).  Da passagem que segue fica claro que o diaconato é um ofício bem específico, o de servir a comunidade, e é um ministério instituído pela imposição de mãos ou xeirotonia dos apóstolos, e hoje  dos bispos, seus sucessores.

São Paulo Apóstolo, na sua primeira carta a Timóteo 3, 8-13 , nos dá o perfil, as características, as qualidades morais e espirituais que devem ter os que aspiram ao diaconato: Os diáconos igualmente devem ser dignos de respeito, homens de palavra, não inclinados à bebida, nem ávidos de lucros vergonhosos. Conservem o mistério da fé com a consciência limpa. Também eles devem ser primeiramente experimentados e, em seguida, se forem irrepreensíveis, sejam admitidos na função de diáconos... Que os diáconos sejam esposos de uma única mulher, dirigindo bem seus filhos e sua própria casa. Pois aqueles que exercem bem o diaconato conquistam lugar de honra, e também muita coragem na fé em Cristo Jesus.

A respeito deste lugar de honra de que fala São Paulo, nos esclarece o próprio Nosso Senhor em que ele consiste. Quando seus discípulos disputaram entre si a respeito de quem seria o maior entre eles, quem sentaria à sua direita e à sua esquerda, ele deixou para os que pretendessem vir a ocupar alguma posição de destaque na Sua Igreja, a seguinte admoestação:

“Vocês sabem: aqueles que se dizem governadores das nações têm poder sobre elas, e os seus dirigentes têm autoridade sobre elas. Mas entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido(diakonithinai).  Ele veio para servir (diakonisai) e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.”(Mt 20, 25-28).

“Porquanto, quem é o maior: o que está reclinado à mesa, ou o que serve? Porventura, não é o que está reclinado à mesa? Contudo, entre vós, Eu Sou como aquele que serve” (diakonon). (Lucas 22, 27). Em sua despedida, na última ceia com seus discípulos, nos lembra pela ultima vez o seu entendimento sobre o serviço na Igreja: “Vocês dizem que eu sou o Mestre e o Senhor. Pois bem: eu, que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei um exemplo: vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz. Eu garanto a vocês: o servo não é maior do que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática.”(João13,1-17).

Caríssimos irmãos, neste dia em que me é confirmado o grau de diácono, concluo, com a ajuda das palavras desta breve rememoração, que o diaconato, como primeiro grau do sacramento/mistério da ordem, lembra a todos aqueles a quem a Igreja tenha conferido qualquer grau deste sacramento/mistério (diácono, padre, bispo), que este não está sendo elevado a uma posição para ter privilégios, ostentar, conforme a mentalidade mundana, secular, deste mundo, mas que está sendo concedido a este um dom para servir, como o próprio Cristo o fez, para ser sinal do Dom da presença de Deus no mundo.

Como o Bom Pastor, que é o Próprio Cristo, que ouvimos no Evangelho do dia de hoje, quem tenha recebido qualquer grau do sacramento/mistério da ordem, deve viver para a Igreja, dar a própria vida até ao martírio ante o mundo, se preciso for, e não viver da igreja, como o mercenário assalariado, “que não é pastor, dono das ovelhas, que quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa”.

Conceda-me Deus perseverança para com a Graça recebida por meio deste mistério, colocando o Dom recebido a serviço da Sua Igreja, tendo em tudo Sua Bênção e a Proteção da Sua Mãe Santíssima.

Em Cristo,

Hipodiácono Marciano.

Homilia do Arcebispo na Divina Liturgia de Sábado, 18/3.

Pronunciamento do Diácono Gennadios na Divina Liturgia de Domingo, 19/3

Eminência Reverendíssima, D. Iosif Bosch
Arcebispo de Buenos Aires e da América do Sul;

Reverendíssimos Sacerdotes;

Povo Fiel aqui presente no dia de hoje;

Saudações e Paz em Cristo, Nosso Senhor!

A Carta de São Paulo aos Hebreus 5, 1-6, nós dá a descrição do perfil, do protótipo do sacerdote, da sua razão de ser, do seu ofício e função,

“Em verdade, todo pontífice (sacerdote) é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque também ele está cercado de fraqueza. Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados quanto pelos pecados do povo. Ninguém se apropria desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão. Assim também Cristo não se atribuiu a si mesmo a glória de ser pontífice. Esta lhe foi dada por aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei (Sl 2,7), como também diz em outra passagem: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec (Sl 109,4).

Por meio do sacramento da ordem, especificamente do sacerdócio, a missão confiada por Cristo aos apóstolos de consagrar o pão e o vinho, que se tornam Seu Corpo e Sangue na Eucaristia, de apascentar, ensinar e batizar todos os povos, continua a ser exercida até que o Senhor retorne. Nas origens da igreja, apenas o bispo celebrava com seus presbíteros, pregava e batizava onde estava sua cátedra. Com o crescimento da igreja, foi necessário formar paróquias e nelas colocar sacerdotes parar atender sacramentalmente aos fiéis em nome do bispo. E assim, em comunhão de Fé e em espírito de obediência para com o seu bispo, o sacerdote hoje oferece o Santo Sacrifício, abençoa, ensina, prega e batiza.

Recebo hoje este ministério da Igreja, através do Sr Arcebispo D. Iosif, com temor e reverência, ciente da dignidade tão elevada que este ministério tem em si. Nosso pai entre os santos, S. João Crisóstomo, coloca a dignidade sacerdotal acima da dos reis e dos governantes deste mundo, pois a missão do sacerdote é conduzir o povo ao Reino dos Céus.

Entendo que recebo este ministério em tempos difíceis no mundo e para a Igreja, de grandes tribulações e provações, como nos advertiu São Paulo que sobreviriam em sua segunda carta a Timóteo: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. E Conclui ainda na mesma carta a Timóteo, qual o papel que como sacerdotes devemos assumir: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.

No Evangelho do dia de hoje, Nosso Senhor Jesus Cristo nos dá as condições para todo aquele que o queira seguir: Tomar a sua cruz a cada dia, negar a si mesmo, entregar a vida pelo Evangelho, se preciso for, perante esta geração. Como sacerdote, Deus me conceda a graça de anunciar Cristo crucificado, ainda hoje motivo de escândalo para os judeus, e loucura para os que seguem a sabedoria deste mundo (1Corinthios 1, 23).

Da missão que hoje a igreja me confia, encerro parafraseando as palavras do Apóstolo: ainda que eu mesmo ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. (Gálatas1,8-10).

Ao final da minha vida como sacerdote quero apenas poder dizer que “combati, portanto, o bom combate, terminei a corrida, guardei a Fé (Ortodoxa)”. (2Timótheo 4, 7-8).

Em Cristo,

Diácono Gennadios

Homilia do Arcebispo na Divina Liturgia de Domingo, 19/3.

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