Domingo Antes da Teofania

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
«A Festa da «TEOFANIA» do Senhor»
A Festa da Teofania tem origem oriental. Clemente de Alexandria é o primeiro a mencionar a celebração do Batismo de Jesus. Os testemunhos sobre esta festa tornam-se mais numerosos a partir do final do século IV, destacando-se os escritos de São Efrém, São João Crisóstomo, São Gregório de Nissa e São Gregório Nazianzeno. Por volta dos anos 385-390, quando o Oriente introduziu a Festa do Natal, a Epifania deixou de celebrar exclusivamente a Encarnação (como era na origem) e passou a enfatizar a Festa das Luzes, incluindo os Magos e o Batismo de Jesus.
No domingo que antecede a Grande Festa da Epifania, o Evangelho apresenta a identidade e a missão de São João Batista, o Precursor que batizou o Senhor no Rio Jordão.
A Festa do Batismo do Senhor é também conhecida como Santa TEOFANIA ou Santa EPIFANIA, ambas palavras de origem grega que significam “manifestação”. A Teofania é mais frequentemente mencionada no Antigo Testamento, onde Deus se revela por meio de objetos sagrados (como a Arca da Aliança) ou fenômenos naturais (como fogo e vento). Já a Epifania refere-se à manifestação direta de Deus na pessoa do Verbo encarnado. No Batismo, o Senhor inicia Sua missão messiânica e redentora entre os homens, marcando o começo de Sua Vida Pública.
Ao entrar no Rio Jordão, Jesus foi revelado pelo Pai como Filho amado: “Este é meu Filho muito amado, em quem Me comprazo” (Mt 3,17). O Espírito Santo manifestou-Se em forma de pomba. Foi o primeiro evento em que Deus Uno e Trino Se revelou plenamente.
Apesar desta grandiosa manifestação, permanece o mistério: não podemos dizer que conhecemos plenamente a Deus. Como nos ensina São Paulo: “Se alguém imagina conhecer a Deus, não O conhece como convém, pois quem ama a Deus é conhecido por Ele” (1Cor 8,2). Deus Se revela por amor à humanidade.
O ícone da Natividade destaca, em cores e formas, o Mistério da Redenção através do Nascimento de Cristo, enquanto o ícone do Batismo é uma meditação sobre o mesmo Mistério, sancionado pela presença da Trindade. A obediência do Filho à vontade do Pai é o fundamento de nossa salvação.
Quando Jesus pediu a João que O batizasse, manifestou humildade. O Pai, no entanto, O exaltou, como ilustrado no ícone, onde Cristo ocupa a posição central e predominante. João Batista, ciente de sua indignidade, inclina-se para batizar Aquele de quem ele mesmo declarou: “Não sou digno de desatar-Lhe as sandálias” (Jo 1,27).
A Festa da Epifania celebra a Nova Criação. A água, antes símbolo de morte e pecado (como no Dilúvio), torna-se agora sinal de purificação e renascimento. Os raios que descem do Céu representam a revelação da identidade divina do Filho. O Espírito Santo, em forma de pomba, paira sobre Jesus, enquanto os raios divididos em três simbolizam a Trindade Santíssima.
O Pai, por meio do Filho e no Espírito Santo, revela-Se aos que estavam nas trevas do pecado:
“O Unigênito, que conforme as Escrituras era Deus e Senhor de todas as coisas, manifestou Sua divindade. Foi visto no Jordão como homem, mas Ele era o Verbo imutável, o autor dos séculos”.
(São Cirilo de Alexandria)
Os anjos, com as mãos cobertas em sinal de reverência, também participam deste evento magnífico, em que o VERBO de Deus se manifesta na pessoa de Jesus Cristo:
“Batizando-Te no Rio Jordão, ó Senhor, revelou-se a adoração da Trindade. A voz do Pai testemunhou chamando-Te Filho amado, e o Espírito Santo, aparecendo em forma de pomba, confirmou a veracidade desta palavra. Ó Cristo Deus, que vieste e iluminaste o mundo, glória a Ti!”
(Hino do Rito Bizantino do Batismo)
Referências Bibliográficas:
- GOMES, Folch. Antologia dos Santos Padres. São Paulo: Ed. Paulinas, 1979.
- BERARDINO, Ângelo. Dicionário Patrístico e das Antiguidades Cristãs. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.
- KALA, Thomas. Meditações sobre Ícones. São Paulo: Ed. Paulus, 1995.