27 de dezembro: Santo Estêvão, Protomártir e Arquidiácono

«A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; pelo Senhor foi feito isso e é maravilha aos nossos olhos».
Mons. Irineo Tamanini​
Arquimandrita

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS​

Santo Estêvão, Protomártir e Arquidiácono

Santo Estêvão foi um dos sete diáconos escolhidos pelos apóstolos para se dedicarem aos trabalhos materiais da comunidade cristã primitiva, permitindo que os apóstolos focassem na pregação da Palavra. Ele foi lapidado pelos judeus em Jerusalém, por volta do ano 37, conforme narram os Atos dos Apóstolos. Ao entregar sua alma, Estêvão demonstrou uma atitude de misericórdia, perdoando seus algozes.

Seu corpo foi sepultado por homens piedosos e redescoberto em 415, em Cafargamala, após uma aparição ao padre Luciano. Transferido para Jerusalém, seus restos foram acolhidos em uma igreja edificada pela Imperatriz Eudóxia, esposa de Teodósio II. Embora destruída pelos persas em 614, essa igreja foi reconstruída pelos Irmãos Pregadores em 1898. O nome de Estêvão, que em grego significa “coroa”, é destacado no Tropário, que faz alusão ao seu significado etimológico.

Breve Hagiografia

Estêvão era judeu helenista, pertencente a uma família que vivia fora da Terra Santa e cultivava a cultura grega predominante no Império Romano. Após o Pentecostes, a Igreja cresceu rapidamente, exigindo uma estrutura para cuidar dos necessitados. Assim, os apóstolos escolheram sete homens para o diaconato, e Estêvão, notável por sua fé e eloquência, destacou-se entre eles, recebendo o título de Arquidiácono, o primeiro dos diáconos.

Além de servir aos pobres, Estêvão pregava com fervor em Jerusalém, realizando sinais e milagres que confirmavam suas palavras. Seu êxito gerou a oposição dos fariseus, defensores rígidos da Lei de Moisés, que o acusaram falsamente de blasfêmia e o levaram ao Sinédrio. Em sua defesa, Estêvão relatou a história do povo judeu, demonstrando como eles resistiram constantemente à vontade de Deus. Sua eloquência enfureceu o tribunal.

Martírio

Enquanto estava diante do Sinédrio, Estêvão teve uma visão celestial e exclamou: “Eu vejo o Filho do Homem sentado à direita de Deus” (At 7, 56). Tal declaração enfureceu ainda mais seus acusadores, que o arrastaram para fora da cidade e iniciaram o apedrejamento. Entre os presentes estava Saulo, que consentia com sua morte e guardava os mantos dos executores.

Sob uma chuva de pedras, Estêvão pronunciou palavras de perdão: “Senhor, não lhes imputes este pecado. Recebe a minha alma” (At 7, 60). Assim, tornou-se o primeiro mártir cristão, no ano 34. Sua morte marcou o início de uma grande perseguição aos cristãos em Jerusalém, que resultou na dispersão da fé cristã por todo o Império Romano. Anos depois, Saulo, convertido e conhecido como o Apóstolo Paulo, recordou seu papel na morte de Estêvão, reconhecendo sua inocência (At 22).

Relíquias e Culto

Em 415, suas relíquias foram encontradas, gerando grande comoção na cristandade. Elas foram transferidas para Jerusalém, sendo veneradas em uma igreja dedicada a ele. A festa litúrgica de Santo Estêvão sempre foi celebrada em 26 de dezembro, no dia seguinte ao Natal, ressaltando sua posição singular na Igreja como o primeiro mártir, testemunha da fé em Cristo até o derramamento de sangue.

Suplemento Litúrgico