Ritual da Entronização Episcopal

Ritual da Entronização Episcopal

Uma pequena resenha

A entronização episcopal é a cerimônia pela qual um novo bispo diocesano ou arcebispo toma oficialmente posse de sua cátedra episcopal. Esta cerimônia marca o início de seu novo ministério espiritual pastoral-administrativo na jurisdição atribuída a ele pela Igreja.

Cada bispo-arcebispo diocesano está diretamente associado a uma cátedra episcopal ou arquiepiscopal. A cátedra é o lugar central do “synthronon”, localizado atrás do altar, e que só o prelado titular da mesma tem o direito de ocupar em cada divina liturgia hierárquica, simbolizando assim, com todo o presbitério, a unidade e a plenitude da Igreja. A cátedra arquiepiscopal também está associada à Igreja que a compreende. É por isso que as cerimônias de entronização, de tomada de posse da cátedra e da Igreja em que esta se encontra, são necessariamente realizadas na Sede Catedralícia da jurisdição em questão.

Logo após a eleição de um prelado, realiza-se no Patriarcado a aceitação oficial da eleição através dos ritos da Pequena e Grande Mensagem diante do Patriarca e do Santo Sínodo. O Patriarca então ordena que se realize em tempo e forma a tomada de posse do prelado, delegando representação a um dos arcebispos metropolitanos ativos, que atuará nos atos oficiais como seu representante plenipotenciário. Este hierarca, com as respectivas ordens e credenciais patriarcais, será quem introduz nas funções -“entroniza”-, em nome do Patriarca e do Santo Sínodo, o novo hierarca diocesano em sua sede.

A Tradição Ortodoxa helênica prevê dois atos simbólicos para este evento: na manhã de sábado, geralmente, o serviço propriamente dito de entronização, durante o qual o novo hierarca diocesano é conduzido pelo legado patriarcal ao trono que está situado na nave da Igreja, e simbolicamente lhe entrega o báculo pastoral. Nesta cerimônia doxológica tanto o legado patriarcal quanto o novo arcebispo tomam a palavra. Também é feita em público a leitura da “Carta de Instalação” do novo arcebispo assinada pelo Patriarca e pelos os membros eleitores do Santo Sínodo.

A simbologia tradicional deste ritual tem muitas analogias com a entrada de Jesus em Jerusalém no domingo de Ramos. É por isso que o povo, geralmente, acolhe o bispo com os símbolos que se referem a esta festa – palmas, ramos, flores – e com as aclamações durante a entrada triunfal de “Rei dos Reis” à Cidade Santa: “Bendito aquele que vem no do Senhor”!, fazendo clara referência à operação “in persona Christi” do hierarca.

No domingo, é costume celebrar a Primeira Liturgia Hierárquica ou Pontifical presidida pelo novo arcebispo cercado pelas hierarquias convidadas e pelo clero diocesano e convidado. Esta primeira liturgia é o ato mistérico que simboliza a inauguração da plenitude arquiepiscopal em sua totalidade, uma vez que, como chefe da Igreja local, o arcebispo realiza por excelência o ato litúrgico a suma de sua competência espiritual que inclui a pastoral e a administrativa.

Os eventos descritos são realizados na Igreja desde os tempos antigos, e completam o processo de eleição do novo hierarca. Sem a celebração desses sagrados eventos, todo o processo descrito acima estaria incompleto.

Isso demonstra a importância destes eventos. Eles não se identificam com a pessoa do arcebispo – não é meramente um evento pessoal – mas com a plenitude da Igreja Local que, por sua vez, baseia sua existência mística, espiritual, pastoral e administrativa na instituição arquiepiscopal. Portanto, este é um evento de toda a comunidade eclesial, clero e povo, unidos para receber “aquele que vem em nome do Senhor”, quem há de ser o primeiro servidor de todos e responsável pela saúde espiritual de toda o rebanho confiado a ele pela Igreja.

Nesses jubilosos eventos, a Igreja Local renasce: renasce na realidade da continuidade que, com base na antiga e milenar Tradição eclesiástica, é garantia de sua existência ao longo dos séculos. É por isso que não há entronização sem a participação ativa do povo; não se reduz a um evento meramente administrativo ou burocrático, mas é um evento comunitário e eclesial por excelência: é o povo de Deus que recebe seu novo servo, seu pastor, que vem no lugar e na forma – εις τοπον και τυπον – do único Arquissacerdote Cristo, como afirma Santo Inácio de Antioquia, o Teóforo:

“Onde está o bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus aí está a Igreja católica”. (Santo Inácio de Antioquia,Ad Smyrn, 8.2).