«INDICÇÃO»

Mons. Irineo Tamanini​
Arquimandrita

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS​

«Indicção» - Novo Ano Eclesiástico

Para a manutenção de suas forças armadas, os imperadores romanos decretaram que seus súditos em todos os distritos deveriam ser taxados todos os anos. Este mesmo decreto era reeditado a cada quinze anos, já que os soldados romanos eram obrigados a servir por quinze anos. No final de cada período de quinze anos, era feita uma avaliação de quais mudanças econômicas haviam ocorrido, e um novo imposto era decretado, que deveria ser pago ao longo dos quinze anos. Este decreto imperial, que foi emitido antes da estação do inverno, foi chamado de Indictio, isto é, Definiton, ou Ordem. Este nome foi adotado pelos imperadores em Constantinopla também. Em outras ocasiões, este último também usou o termo Epinemisis, isto é, Distribuição (Dianome). É comumente sustentado que São Constantino, o Grande, introduziu os decretos de Indiction em 312 d.C., depois que ele viu o sinal da Cruz no céu e derrotou Maxêncio e foi proclamado Imperador no Ocidente. Alguns, no entanto (e isso parece mais provável), atribuem a instituição da Indiction a Augusto César, três anos antes do nascimento de Cristo. Aqueles que sustentam essa visão oferecem como prova a bula papal emitida em 781 d.C., que é datada assim: Anno IV, Indictionis LIII – isto é, o quarto ano da quinquagésima terceira Indiction. Disto, podemos deduzir o ano acima mencionado (3 a.C.) multiplicando as cinquenta e duas Indictions completas pelo número de anos em cada uma (15), e adicionando os três anos da quinquagésima terceira Indiction. Existem três tipos de Indiction: 1) Aquela que foi introduzida no Ocidente, e que é chamada Imperial, ou Cesariana, ou Constantiniana, e que começa no dia 24 de setembro; 2) A chamada Indiction Papal, que começa no dia 1º de janeiro; e 3) A Constantinopolitana, que foi adotada pelos Patriarcas daquela cidade após a queda do Império Oriental em 1453. Esta Indiction é indicada por sua própria mão nos decretos que eles emitem, sem a numeração dos quinze anos. Esta Indicção começa no dia 1º de setembro e é observada com cerimônia especial na Igreja. Como a conclusão de cada ano acontece, por assim dizer, com a colheita e a reunião das safras em armazéns, e começamos novamente a partir de agora a semeadura de sementes na terra para a produção de safras futuras, setembro é considerado o início do Ano Novo. A Igreja também mantém o festival neste dia, implorando a Deus por tempo bom, chuvas sazonais e abundância dos frutos da terra. As Sagradas Escrituras (Lv 23:24-5 e Nm 29:1-2) também testificam que o povo de Israel celebrava a festa do Sopro das Trombetas neste dia, oferecendo hinos de ação de graças. Além de tudo o que foi dito acima, nesta festa também comemoramos a entrada do nosso Salvador na sinagoga de Nazaré, onde Lhe foi dado o livro do profeta Isaías para ler, e Ele o abriu e encontrou o lugar onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, por isso Me ungiu…” (Lucas 4:16-30).

Deve-se notar que até os dias atuais, a Igreja sempre celebrou o início do Ano Novo em 1º de setembro. Esse era o costume em Constantinopla até sua queda em 1453 e na Rússia até o reinado de Pedro I. 1º de setembro ainda é comemorado festivamente como o Ano Novo no Patriarcado de Constantinopla; entre os judeus também o Ano Novo, embora contado de acordo com um calendário móvel, geralmente cai em setembro. O serviço do Menaion para 1º de janeiro é para a circuncisão de nosso Senhor e para o memorial de São Basílio, o Grande, sem qualquer menção de ser o início de um novo ano.

Fonte: GOARCH

«Indicção» do Novo Ano Eclesiástico

Pequena pesquisa baseada em textos de «Synaxaire Orthodoxe e Calendrier des Scooters Orthodoxes en France» – Tradução do Monastério dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo (Herzegovina).

Igreja de Cristo celebra neste dia a Indicção que, cuja terminologia romana significa limite, o que quer dizer o início do ano eclesiástico. Este termo vem da prática de que os imperadores romanos faziam cobrar, a cada ano, nesta época, um imposto sobre os seus súditos para a manutenção da armada. A taxa deste imposto anual era fixada a cada (todos os) 15 anos. E por isso que, igualmente, chamamos Indicção os ciclos de 15 anos que começam sob César Augusto, 3 anos antes do nascimento de Cristo segundo a carne.

De outra parte, o mês de setembro é a época em que regressam os frutos das colheitas nos celeiros, preparando-se ao novo ciclo agrícola e dando graças a Deus pela sua benignidade para com a Criação. Faziam já assim os judeus sob o regime da antiga Lei. O primeiro dia de seu sétimo mês (início de Setembro), eles celebravam a Festa das Trombetas, cessando todo trabalho a fim de se consagrarem somente a oferenda de sacrifícios de agradável aroma e em louvor a Deus (Lv 23: 24-25).

O Cristo, Filho e Verbo de Deus, Criador do tempo e do espaço, Rei pré-eterno de todos os séculos – que encarnou a fim de conduzir todas as coisas à unidade e reconciliar todos os homens, tanto judeus como pagãos em uma única Igreja – quis também unir nele mesmo as coisas submissas às leis naturais e aquilo que ele havia promulgado pela Lei escrita. E por isso, que neste dia, onde a natureza se prepara a desenrolar um novo ciclo de suas estações, nós comemoramos o episódio onde o Senhor Jesus Cristo dirige-se à Sinagoga e, abrindo o livro de Isaias, lê a passagem onde o Profeta diz em seu Nome:

«O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor.» (Lc 4: 18-19).

Em primeiro de setembro de 312, Constantino I, o Grande, pôs fim as perseguições aos cristãos aos quais ele concede o direito de praticar livremente sua fé. Em comemoração deste acontecimento, o Primeiro Concílio dos Padres da Igreja, reunido em Nicéia em 325, decide tomar esta data como início do ano eclesiástico. Esta data foi assim adotada como marco do início do ano civil em todo o Império Romano. Quaisquer que tenham sido as modificações, desde então, a Igreja manteve sempre o Primeiro de Setembro como início do Ano Eclesiástico. O ano eclesiástico começa e termina com uma grande festa litúrgica dedicada a Virgem: sua Natividade, em 08 [21] de Setembro, e sua Dormição dia 15 [28] de Agosto, enquanto as grandes festas do Senhor, que comemoram os grandes eventos de Sua vida terrena, compreendendo o Pentecostes, se inserem naturalmente entre os limites da existência terrestre de sua Mãe, testemunha de todos estes acontecimentos.

O dia do ano eclesiástico não interfere no curso do ciclo litúrgico anual, que tem início após Pentecostes, a partir do qual a alternação dos 8 tons – Oktoikos – (livro dos 8 tons) se sucedem até a Grande Quaresma seguinte, período no qual utilizamos o Triódion da Quaresma.

FONTE: Boletim Interparoquial
Órgão Informativo da Diocese Ortodoxa do Rio de janeiro e Olinda-Recife,
sob a Igreja Ortodoxa Autocéfala da Polônia.
Tradução: Igúmeno Lucas

Suplemento Litúrgico