Janeiro
São Basílio, o Grande, arcebispo de Cesareia da Capadócia, recebeu sua educação primária no seio de uma família muito piedosa. Sua avó, mãe, irmãs e irmãos foram canonizados. Seu pai era advogado e professor de eloquência. Ao concluir seus estudos em Cesareia, Basílio prosseguiu seus estudos em importantes escolas de Atenas. Regressando à sua pátria foi batizado e estabelecido no clero como leitor. Durante muito tempo viveu com os ermitões na Síria, Mesopotâmia, Palestina e Egito. A vida no deserto agradava a Basílio. Ele encontrou um lugar onde instalou seu refúgio. São Gregório (O Teólogo), seu amigo de infância, estava com ele. O arcebispo Eusébio de Cesareia pediu a Basílio que retornasse do deserto, ordenando-o depois presbítero. Nesta nova função, como auxiliar mais próximo do arcebispo nos assuntos relacionados à direção da Igreja, São Basílio trabalhava muito, chegando mesmo ao esgotamento. Pregava todos os dias, freqüentemente, duas vezes ao dia.
Em Cesareia e arredores, ele organizou hospitais, asilos e casas de abrigos para os peregrinos. Depois da morte de Eusébio (ano 370), São Basílio foi promovido à cátedra de Cesareia. Quase sempre, durante o tempo que serviu como arcebispo, lutou tenazmente contra a heresia ariana, muito forte nos tempos do imperador Constâncio e ainda mais na época do imperador Valente (os arianos negavam a natureza divina de Jesus Cristo). Em sua luta contra os arianos, Basílio dava continuidade ao trabalho de Santo Atanásio que, como ele, era um importante pilar da Ortodoxia. Diziam ao imperador Valente que se Basílio se rendesse, o arianismo teria definitivamente triunfado. Valente enviou então à Cesareia Modesto, prefeito famoso por sua crueldade na perseguição aos ortodoxos. Muito arrogante, Modesto chegou a Cesaréia e mandou chamar Basílio à sua presença. No início, buscava convencê-lo, prometendo diferentes favores do imperador para que Basílio se aproximasse dos bispos inclinados ao arianismo. Vendo logo a firmeza de Basílio, começou a ameaçá-lo com sequestro de bens, com desterro permanente e, até mesmo, com a morte. Com muita coragem, Basílio respondia: «Não tenho medo de ser desterrado, pois a terra toda é do Senhor, e é impossível tirar de quem nada tem; e a morte, para mim, é um bem, pois me unirá a Cristo, para quem vivo e trabalho». A grandeza do arcebispo surpreendeu o prefeito que reagiu: «Até o presente momento, ninguém havia ousado falar comigo desta forma». E Basílio, com muita modéstia lhe respondeu se: «Talvez ainda não tenhas tido a oportunidade de falar com um bispo»
Neste tempo, o mesmo imperador chegou à Cesaréia e dirigiu-se à igreja. Era a festa da Epifania do Senhor, e São Basílio, piedosamente oficiava para uma grande multidão que rezava com grande devoção. Isto surpreendeu o imperador que tomou medidas para que Basílio aceitasse algum tipo de conciliação com os arianos. Entretanto, encontrando nele uma determinada resistência neste sentido, condenou-o ao desterro. A inesperada enfermidade de seu filho o fez suspender a sentença contra são Basílio, pedindo-lhe que intercedesse por seu filho. Então os arianos conseguiram que, ao menos, fosse reduzido o território eclesiástico do arcebispo (Anoimo – o bispo da nova região eclesiástica de Tiana tornou um de seus rivais e inimigos).Para preservar sua diocese das intrigas dos arianos, São Basílio organizou uma diocese especial na cidade de Sasima, situada justamente no limite das regiões divididas. Para esta cátedra tão importante na luta contra os arianos, São Basílio nomeou seu amigo, São Gregório a quem havia ordenado bispo, fazia pouco tempo. São Gregório, porém, não quis ocupar este tenso posto já que não respondia a seu estado espiritual. Além da abnegada defesa da Ortodoxia contra o arianismo, o arcebispo Basílio tinha prestado outros importantes serviços à Igreja. Toda a sua vida e, especialmente, os nove anos de seu serviço como arcebispo, foram de intenso, constante e dedicado trabalho. Suas numerosas cartas mostram sua preocupação e a dor de sua alma pelas desordens presentes neste tempo na Igreja. Também revelam como ele se preocupava em criar um ambiente de paz no episcopado da Igreja. As casas de abrigo para os pobres organizadas por ele, foram financiadas, em parte, com dinheiro que havia herdado de seus pais e outra parte com doações que recebia. Estas obras eram tão grandes que pareciam uma cidade. Durante a época de fome, em Cesaréia, os cidadãos encontraram nele um generoso benfeitor. Basílio fundou ainda importantes monastérios, sendo de sua autoria as regras de vida monástica que vigoram até o tempo presente.
O piedoso ofício de São Basílio, que tanto surpreendeu Valente, também foi testemunhado por Santo Efrén, o Sírio, um dos mais importantes apreciadores da beleza espiritual. Santo Efrén, o Sírio, guiado pela divina diligência, entrou na igreja onde São Basílio oficiava, ficando tão impressionado com tudo o que ali viu e escutou, que expressou seus sentimentos em voz alta e no seu idioma sírio, chamando assim a atenção das pessoas. Isto foi fez com que, entre os dois, se estabelecesse uma amistosa relação, o que suas cartas atestam. São Basílio preocupava com a manutenção da unidade e da ordem nos santos ofícios litúrgicos. Por isso, compôs a ordem da Divina Liturgia apostólica, conhecida ainda hoje como a Liturgia de São Basílio. Esta Liturgia é celebrada nos domingos da Grande Quaresma e em alguns outros dias, incluindo o dia de hoje em que se celebra a sua festa. Compôs ainda um grande número de orações de uso na Igreja. As mais conhecidas são as que se fazem de joelhos no dia da Santíssima Trindade.
Os escritos de São Basílio são de grande valor para toda a Igreja, especialmente o «Hexamerón» (Sobre os seis dias da criação do mundo), nos quais ele se revela, não somente com grande teólogo, mas também como um especialista nas ciências naturais. Também chegaram até nossos dias 3 homilias sobre os salmos, 25 homilias para diferentes ocasiões, 5 livros contra os arianos e «Os Ascéticos», sobre a divindade do Espírito Santo.
O duro trabalho e dores na alma esgotaram suas forças e ele terminou sua vida aos 50 anos, no dia 1º. De Janeiro do ano 379.
Uma Breve Hagiografia
Nasceu em Cesareia, na Capadócia, no ano 330. Foi o autor dos primeiros escritos sobre o Espírito Santo e pioneiro na vida monástica no Oriente. Escreveu duas Regras que são seguidas até hoje. Em 370 foi nomeado bispo de Cesareia da Capadócia, num contexto de diversos cismas e ameaças à fé cristã. Mas foi firme e um grande defensor da Igreja e devido a isso tem o nome de «o Grande». Foi o criador de uma imensa obra a serviço dos pobres, fundando hospitais, asilos, casas de repouso, escolas de artesanato etc.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Basílio, mártir em Ancira;
- S. Emília, Mãe dos Ss. Basílio, o Grande, Gregório de Nissa, Macrina e Pedro de Sebaste;
- S. Fulgêncio, bispo de Ruspe;
- S. Gregório de Nazianzeno, pai de S. Gregório, o Teólogo;
- S. Pedro, o novo mártir de Peloponeso;
- S. Telêmaco, mártir;
- S. Teodósio de Triglia;
- S. Teodotos, mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Rm 8:28-39;
— Ev.: Lc 10:19-21.
Nasceu em 1759 em Kursk, na Rússia como Prokhor Moshnin. Filho de um construtor ele teve uma educação de classe média. Estudioso quando rapaz ele foi capaz de se candidatar a monge em Sarov com o nome de Seraphim, e passava os dias a estudar as Escrituras e outros escritos antigos da Igreja. Ficou muito doente e acamado de 1780 a 1783, mas continuou seus estudos mesmo na cama e recebeu varias aparições da Virgem Maria em 1793.Ele celebrava a missa diariamente o que era não comum no seu tempo. Em 1794 ele se tornou por 16 anos, um eremita na floresta perto do monastério de Sarov. Em 1804 ele apanhou muito, com o seu machado, de ladrões que o deixaram para morrer. Ele se arrastou por horas até mosteiro, e ficou 5 meses se recuperando e passou o resto de sua vida se apoiando em uma bengala para caminhar. Ele viveu no topo de uma pedra e mais tarde numa cela construída por ele com paredes sem janelas.
Oferecido para ser o Abade da Abadia de Sarov, em 1807, ele não aceitou e passou 3 anos sem falar uma palavra com auto penitencia. Em 1810 sua saúde deteriorou a ponto de não conseguir viver na floresta, e ele retornou a Abadia de Sarov e lá viveu como ermita em sua cela. Em 1832 ele recebeu uma visão da Vigem Maria que dizia a ele para retornar ao seu mundo e oferecer aos outros o benefício de sua sabedoria. Ele atraiu seguidores e estudantes e passou a ser chamado de “Starets” que em russo significa ” mestre (pai) espiritual”. Ensinou monges e monjas. Vários dos seus ensinamentos foram publicados no Oeste e no Convento de Diveyev, Seraphim teve uma visão que foi presenciada pelas freiras do Convento. Entre um sem número de curas que ele efetuava apenas com sua benção ele curou Nicholau Motovilov. Esta cura foi notável porque fez com que o beneficiário escrevesse suas conversas que ele teve com São Serafim, uma delas na presença do Divino Espírito Santo. Este trabalho foi publicado em inglês em varias edições. Quaisquer que tenham sido os elementos de lenda que rodeavam São Serafim, não há dúvida que era um homem de grande dons espirituais e proféticos que se concentrava em ser um monge ideal e com certeza se transfigurou na cura de Motovilov, e mais tarde em uma de suas conversas quando: –” uma radiação espiritual que se manifestava como uma luz cegante, o rodeava -um fenômeno presenciado por homens de mulheres santas tanto no Ocidente como no Leste. Nos seus ensinamentos, Serafim enfatizava ser o Espírito Santo a fonte de luz que transfigurava a alma dos místicos. Ele também ensinava a importância do servir e da pobreza. Em janeiro de 1833 ele foi encontrado morto no chão de sua cela com suas roupas queimadas por uma vela que havia caído de suas mãos e com a face voltada para o ícone da Virgem na parede de sua cela.
Foi canonizado em 1903 pela Igreja Ortodoxa Russa.
Outras comemorações do dia:
- S. Cosme, arcebispo de Constantinopla;
- S. Jorge, novo mártir da Geórgia;
- S. Juliana, a justa;
- S. Marcos, o surdo;
- S. Nilo, o Santificado;
- S. Sérgio;
- S. Silvestre de Troina (it.-gr. † 1164);
- S. Silvestre, papa de Roma († 335);
- S. Silvestre da Gruta de Kiev;
- S. Teagenes, Hieromártir, bispo de Pários;
- S. Teodota mãe dos Ss. Anárgiros;
- S. Teoptemptos;
- S. Teoptistos, o Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tm 3: 13-16; 4: 1-5;
— Ev.: Mt 3: 1-6.
Górdios nasceu em Cesareia da Capadócia. Entrou para o serviço militar do império romano e chegou ao grau de centurião. Estava em sua vila natal quando o perverso Diocleciano voltou a ascender o fogo da perseguição aos cristãos. Indignado, ao ver os cruéis tratamentos infligidos aos cristãos, abandonou voluntariamente o serviço militar retirando-se ao deserto. Iniciou-se nos divinos mistérios do cristianismo sob a influência da graça e o exercício da contemplação, compreendendo a inutilidade dos bens da vida presente, entregando-se à prática do jejum e da oração. numa certa ocasião, em que os pagãos haviam organizado jogos para honrar o deus pagão Marte, Górdios apresentou-se novamente na cidade e, mostrando-se entre os espectadores proclamou em voz alta as palavras do profeta: «Fui achado pelos que não me buscavam, fui manifestado aos que por mim não perguntavam» (Is 65,2 e Rm 10,20).
Quis fazer compreender a todos, com estas palavras que, por si mesmo, declarava-se cristão. Então, tomaram-no e levaram-no diante do governador. Górdios deu a conhecer seu nome, seu país, sua categoria de centurião, o motivo de seu afastamento e de seu retorno à cidade. «Não me preocupo com vossos editos, pois creio em Jesus Cristo, minha esperança e meu apoio; sei que superais em crueldade aos demais representantes imperiais, mas achei por bem aproveitar esta ocasião para obter o que é objeto de meus desejos». O governador o fez compreender que estava assim se expondo aos mais horríveis tormentos, se insistisse nessa atitude. Górdios, porém, elevando seus olhos aos céus, cantou os versículos do salmo: «O Senhor é meu apoio e não temo o que os homens possam me fazer; Senhor, nenhum mal temerei, porque Tu estás comigo!» (Sl 117 e 22). E repetia estas expressões de confiança muito a propósito para fortalecer sua alma. Então, abateram-se sobre ele os tormentos. Seus parentes e amigos se aproximaram dele, compadecidos por sua sorte. «Guardai vossas lágrimas e vossos lamentos para os inimigos do verdadeiro Deus» – lhes disse – «pois que estou preparado para dar mil vezes a minha vida, se isso fosse possível, para glorificar o nome do Senhor. Tenho presente em minha memória o primeiro centurião que assistiu, sobre o calvário, a morte de meu Salvador, e que proclamou a sua divindade na presença dos judeus, cuja cólera ainda não se havia abrandado». Essas foram sua últimas palavras. Protegido com o sinal da cruz marchou intrepidamente para o martírio, tendo sido decapitado.
Outras comemorações do dia:
- S. Cosme, arcebispo de Constantinopla;
- S. Jorge, novo mártir da Geórgia;
- S. Juliana, a justa;
- S. Marcos, o surdo;
- S. Nilo, o Santificado;
- S. Sérgio;
- S. Silvestre de Troina (it.-gr. † 1164);
- S. Silvestre, papa de Roma († 335);
- S. Silvestre da Gruta de Kiev;
- S. Teagenes, Hieromártir, bispo de Pários;
- S. Teodota mãe dos Ss. Anárgiros;
- S. Teoptemptos;
- S. Teoptistos, o Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tim 3:13-16;4:1-5;
— Ev.: Mt 3:1-6.
A festa litúrgica da Sinaxe dos Setenta Apóstolos foi estabelecida pela Igreja Ortodoxa para indicar que os setenta primeiros apóstolos eram iguais em sua honra. Foram enviados, de dois em dois, pelo Senhor Jesus Cristo a irem adiante d’Ele às cidades que visitaria (Lc 10,1). Além da celebração da Sinaxe dos Santos Discípulos, a Igreja comemora a memória de cada um deles durante o ano:
São Tiago, o irmão do Senhor (outubro, 23); Marcos, o Evangelista (abril 25); Lucas o Evangelista (outubro 18); Cleófas (outubro, 30), irmão de São José, e Simão seu filho (abril 27); Barnabé (junho 11); José ou Iosef, também chamado Barnabé ou Justo (outubro 30); Tadeu (agosto 21); Ananias (outubro 1); Protomartir Estêvão, o Arquidiácono (dezembro 27); Felipe, o diácono (outubro 11); Prócoro, o diácono (28 julho); Nicanor, o diácono (julho 28 e dezembro 28); Timon, o diácono (julho 28 e dezembro 30); Parmenas, o diácono (julho 28); Timóteo (janeiro 22); Tito (agosto 25); Filemon (novembro 22 e fevereiro 19); Onésimo (fevereiro 15); Epafras e Arquipo (novembro 22 e fevereiro 19); Silas, Silvano, Crescencio (julho 30); Crispos e Epênetos (julho 30); Andrônico (maio 17 e julho 30); Eustáquio, Amplias, Urbano, Narciso, Apolo (outubro 31); Aristóbolo (outubro 31 e março 16); Herodião ou Rodion (abril 8 e novembro 10); Agabos, Rufos, Asincrito, Flegon (abril 8); Hermas (novembro 5, novembro 30 e maio 31); Patrobas (novembro 5); Hermas (abril 8); Lino, Gaius, Filológo (novembro 5); Lucio (setembro 10); Jason (abril 28); Sosípato (abril 28 e novembro 10); Olimpos ou Olimpanos (novembro 10); Tertius (outubro 30 e novembro 10); Erastos (novembro 30), Quarto (novembro 10); Euodius (setembro 7); Onesiforo (setembro 7 e dezembro 8); Clemente (novembro 25); Sóstenes (dezembro 8); Apolos (março 30 e dezembro 8); Tictus, Epafrodito (dezembro 8); Carpo (maio 26); Quadrato (setembro 21); Marcos (setembro 27), chamado João, Zeno (setembro 27); Aristarco (abril 15 e setembro 27); Pudens e Trófimo (abril 15); Marcos, o primo de Barnabé, Artemas (outubro 30); Áquila (julho 14); Fortunato (junho 15) e Acaios (janeiro 4).
Outras comemorações do dia:
- Acácio, o Taumaturgo;
- S. Genoveva de Paris;
- S. Malaquias, profeta (séc. V a.C);
- S. Pedro de Atroas;
- S. Tomas de Lesbos.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Cor 4:9-16;
— Ev.: Jo 1:18-28.
Teopento era bispo na época do imperador Diocleciano quem, em 23 de janeiro do ano 303 assinou um edito ordenando a perseguição aos cristãos. Neste tempo, o primeiro a admitir publicamente sua fé em Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, foi o bispo Teopento. Evidentemente que sabia o que o esperava e, de fato, foi submetido a uma série de torturas que sempre estavam acompanhadas por milagres. Primeiramente, foi posto num forno com fogo aceso saindo ileso. Em seguida, lhe arrancaram um dos olhos, dando-lhe a beber um veneno letal. Tudo isto, porém, não foi suficiente para matá-lo e, terminaram com sua vida após ter sido decapitado. Seus valores, sua fé inquebrantável e o brilho moral que iluminava a vida do mártir iluminou o coração de Teonas, quem havia preparado o veneno. E, estando ainda o corpo do mártir estendido no chão, Teonas declarou sua fé em Cristo. Os idólatras, assombrados com esta declaração, o detiveram e o enterraram vivo.
Assim, Teonas encontrou a salvação de sua alma junto a Teopento. Estes dois mártires nos ensinaram a buscar, acima de tudo, a glória eterna em detrimento das terrenas que são provisórias.
Santa Sinclética, monja († ?)
Santa Sinclética nasceu em Alexandria, Egito, de uma rica família da Macedônia. Sua grande fortuna e beleza atraíram numerosos pretendentes, porém Sinclética havia consagrado seu coração ao esposo celestial, e fugia para livrar-se destes pretendentes. Não obstante, considerava seu próprio corpo como o seu pior inimigo e passou a exercitar-se no autodomínio através do jejum. Se maior sofrimento era ver-se obrigada a comer mais freqüentemente do que desejava. Seus pais a constituíram herdeira de toda a sua fortuna já que seus dois irmãos haviam morrido, e sua única irmã era cega, tendo sido confiada a ela a sua guarda. Tendo distribuído sua fortuna entre os pobres, Sinclética retirou-se com sua irmã a um sepulcro abandonado que estava localizado nas propriedades de seus parentes. Ali, na presença de um sacerdote, cortou seus cabelos para mostrar seu absoluta desprendimento deste mundo, renovando sua consagração a Deus. Desde então, passou a se ocupar exclusivamente da oração e das obras de caridade. Muitas mulheres recorriam a ela em busca de conselhos. Sua humildade, no entanto, lhe dificultava instruir aos outros enquanto sua caridade a impulsionava a fazê-lo.
Sua palavras tinham um acento tão profundo de humildade e de convencimento que causavam enorme impressão em quem as ouvia. «Oh – exclamava Sinclética – como seríamos felizes se trabalhássemos para ganhar o céu como os mundanos trabalham para acumular riquezas e bens que perecem! Em terra, suportam bandidos e salteadores; em mar, enfrentam os ventos e as ondas e sofrem naufrágios e calamidades; tudo querem e a tudo se atrevem, ao contrário de nós que servimos a um Senhor tão grandioso e esperamos receber um prêmio inefável, e que tememos a menor contradição!» Pregava com freqüência a humildade: «Um tesouro só estará seguro se estiver muito bem escondido. Descobri-lo equivale a expô-lo à cobiça do primeiro que aparece e, portanto, a perdê-lo. Assim, a virtude só estará segura enquanto permanecer em segredo, e quem a ostenta verá se dissipar como o húmus». Com estes e outros discursos exortava a nossa santa à caridade e a todas as virtudes.
Aos oitenta anos de idade Sinclética contraiu um infecção muito forte que lhe atacou os pulmões, ao mesmo tempo em que uma violenta gangrena lhe atacou os lábios e as mandíbulas. Suportou sua enfermidade com uma incrível paciência e resignação, apesar de que, nos últimos três meses de vida, a dor intensa não a deixava repousar. Mesmo que a enfermidade lhe tenha privado do uso da palavra, o exemplo de sua paciência era o sermão mais eficaz que qualquer pregação verbal. Três dias antes de sua morte Sinclética teve uma visão na qual lhe foi revelada a hora que sua alma deixaria o corpo. No momento previsto, Sinclética entregou sua alma a Deus, aos oitenta e quatro anos de idade.
Outras comemorações do dia:
- Paramonia da Teofania;
- S. Apolinário do Egito;
- S. Profeta Miqueias;
- S. Sinclética de Alexandria, mon. (†?);
- S. Gregório de Akrita.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I cor 9:19-27;
— Ev.: Lc 3:1-18.
Tanto os fiéis de tradição constantinopolitana como os de tradição romana conservaram, para o dia 6 de janeiro, uma festa cristológica muito antiga, a primeira em que se sintetizavam todos os mistérios do Senhor ao manifestar-se ao mundo. Mas quando no século IV, a data do nascimento do Senhor foi colocada no dia 25 de dezembro, por iniciativa romana, e logo em seguida aceita também pelos orientais, o conteúdo da festa do 6 de janeiro se diversificou. Para os católicos latinos o dia 6 de janeiro é o dia da Epifania, a manifestação de Cristo «luz das nações» considerada a partir da vinda dos Reis Magos em Belém. Esse evento, para os cristãos bizantinos, está incluído na comemoração global do dia 25 de dezembro. Ao passo que no dia 6 de janeiro eles celebram a “Santa Teofania” do Deus que se encarnou. É a segunda manifestação do Salvador, no início de sua vida pública, por ocasião do seu batismo no rio Jordão, que se deu num contexto trinitário, em que Deus Pai fez ouvir sua voz e o Espírito Santo apareceu em forma de pomba.
Era um dia em que os catecúmenos recebiam solenemente o batismo, como na Páscoa. Os textos litúrgicos da festa da Teofania resumem bem os mistérios fundamentais da fé cristã: encarnação do Verbo, com muitas alusões ao nascimento, e a unidade de Deus na Trindade.
Veja AQUI todo Suplemento Litúrgico para esta Festa.
Outras comemorações do dia:
- S. Teófano, o recluso.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Mc 1:9-11;
— Ep.: Tt 2:11-14;3:4-7;
— Ev.: Mt 3:13-17.
A Festa da Sinaxe de São João Batista, Profeta e Precursor, é celebrada no calendário ortodoxo, no dia posterior a grande Festa da Epifania do Senhor. Comemora-se neste dia a trasladação da santa relíquia da mão do Precursor à Constantinopla, mão que batizou o próprio Senhor. Por esta razão, esta festa é contada entre as grandes festas do Precursor, de modo que não devemos silenciar sobre os efeitos milagrosos e sobrenaturais que dela sobrevém. A chegada da santa relíquia (mão direita) de São João Batista à Constantinopla ocorreu na tarde da Festa da Epifania, já celebrada pela igreja primitiva no dia 6 de Janeiro, como conta a tradição: São Lucas, o Evangelista, foi à cidade de Sebaste onde foi sepultado o corpo do Precursor. Encontrou-o intacto, mas não conseguiu retirá-lo porque foi impedido pelos cristãos locais que o veneravam. Foi-lhe concedido retirar apenas a mão direita do corpo do Precursor que São Lucas trouxe para Antioquia, sua cidade natal, onde registrou-se muitos e grandes milagres após sua chegada»
II – Sinaxe de São João Batista
São João Batista era filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, tendo vivido, até seus 30 anos, uma vida ascética no deserto da Judéia, dedicada inteiramente à oração e busca da perfeição espiritual. Vestia-se com vestes de pêlo de camelo e em sua cintura portava um cinto de couro, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre. Depositário da graça divina, era um grande pregador da Palavra de Deus e as multidões eram convocadas a escutá-lo. Protestava duramente contra os fariseus que, aparentando uma imagem de santidade, ocultava sob esta aparência a crueldade, as impurezas mental e espiritual. Essencialmente, a sua pregação centrava num imperativo característico: «Arrependei-vos, porque o reino dos céus está próximo»”, preparando assim o caminho para o plano de salvação de Jesus Cristo. No início da pregação pública de Jesus, as pessoas lentamente deixavam João e O seguiam. Isto, que poderia causar inveja e ciúme em qualquer pessoa que não tivessem o Espírito Santo, para a João lhe dava muita alegria e felicidade. Esta festividade de São João, o Precursor, de quem Jesus Cristo disse: «Entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista» (Mt 11,11) foi instituída no V século.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Aldrico, bispo de Manas;
- S. Cedd, bispo da Escócia;
- S. Fursey, abade de Lagny (660);
- S. Atanásio de Esmirna;
- S. Lourenço de Cherigov;
- S. Merino da Gália;
S. Pacômio; - S. Pedro de Cantuária, abade; Romano, hieromonge;
- S. Teós de Flandres, mon..
Leituras bíblicas:
— Ep.: At 19:1-8;
— Ev.: Jo 1:29-34.
São Jorge nasceu em um povoado de Chipre, seus pais eram cristãos e tinha um irmão maior chamado Heracleo. Quando seus pais ainda eram vivos, dirigiu-se a Terra Santa para uma peregrinação e lá mesmo entrou no monastério de Calamonos onde, mais tarde, foi ordenado monge. Em seguida reencontrou-se com sua família permanecendo com ela até que seus pais morressem. Já órfão, seu tio, que tinha uma filha, o adotou. Seu tio pretendia casar sua filha com o sobrinho. Contudo, como Jorge não queria contrair matrimônio, foi para casa de outro tio que era abade em um monastério. Sentindo-se pressionado pelo seu tio a casar-se com sua filha, Jorge decidiu ir com seu irmão Heracleo ao monastério de Calomonos. Sendo ainda muito jovem foi aconselhado a procurar o monastério da Santíssima Mãe de Deus, onde passou o resto de sua vida seguindo rigorosamente as regras monásticas. A fama de suas virtudes se espalhou por toda a região e seu trabalho espiritual iluminou a muitos. Finalmente, São Jorge, o Jozebita, entregou seu espírito a Deus em paz.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Ciro e Ático, patriarcas de Constantinopla;
- S. Dômnica de Constantinopla, virgem († c. 475);
- S. Emiliano, o confessor, bispo de Cizico;
- S. Gregório de Kiev.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Ef 6:10-17;
— Ev.: Mt 4:1-11.
São Pedro pertencia a uma antiga e ilustre família. O nome de seus antepassados ficou no esquecimento, enquanto que a memória deste santo que seus pais deram à Igreja foi imortalizada nos anais da fé. Três membros desta família foram santos e bispos: São Basílio, São Gregório de Nissa e São Pedro de Sebaste. Sua irmã mais velha, Santa Macrina, foi mãe espiritual de muitos santos e grandes doutores. Seus pais, São Basílio, o Velho, e Santa Emélia foram desterrados por causa da fé no tempo do imperador Valério Maximiano, e fugiram ao deserto do Ponto. A avó de nosso santo foi a célebre Santa Macrina a quem São Gregório instruiu na fé. Pedro era o mais jovem dos dez filhos e perdeu seu pai antes ainda de começar a dar os primeiros passos.
Assim, sua irmã, Macrina, teve de encarregar-se de sua educação. Macrina ocupou-se de instruí-lo, sobretudo, na religião. Os estudos profanos interessavam muito pouco a quem tinha os olhos fixos no céu. Pedro, que aspirava a vida monástica, nenhuma restrição viu nela. Sua mãe havia fundado dois monastérios, um masculino e outro feminino. O primeiro tinha confiado a direção ao seu filho Basílio e o segundo à Macrina. Pedro ingressou no monastério que era dirigido por seu irmão e que estava situado às margens do rio Íris. Quando São Basílio se viu obrigado a deixar seu cargo, no ano 362, nomeou Pedro como seu sucessor, quem desempenhou por muitos anos o ofício de superior, com grande prudência e virtude.
Quando eclodiu a fome nas províncias do Ponto e da Capadócia, Pedro mostrou a sua grande caridade. A prudência humana o teria aconselhado a não exagerar nas esmolas aos pobres, antes de ter garantido o sustento aos seus monges. Pedro havia aprendido em outra escola a caridade cristã e dispunha com liberalidade do que possuía o monastério para ajudar os necessitados que vinham diariamente durante a carestia bater no monastério. Ao ser nomeado bispo de Cesaréia, na Capadócia, São Basílio ordenou Pedro sacerdote. Basílio morreu em 1° de Janeiro e 379, e Macrina em novembro daquele mesmo ano. Eustásio, bispo de Sebaste na Armênia, que tinha sido ariano e perseguido São Basílio, parece ter morrido logo depois, já que Pedro foi nomeado bispo desta diocese em 380, para erradicar a heresia ariana. O demônio tinha se apoderado tão profundamente dessa região, quer o céu precisava de um santo para arrojá-lo fora.
São Pedro é contado entre os eclesiásticos, graças a uma carta incluída nos livros de São Gregório de Nissa contra Eunomius, pela qual demonstra que, se bem que São Pedro havia se dedicado exclusivamente aos estudos eclesiásticos, a sua leitura e seu talento natural em eloqüência não eram inferiores aos do seu irmão Basílio, nem as do seu colega, São Gregório Nazianzeno. Em 381 Pedro participou do Concílio Ecumênico de Constantinopla. Não apenas seu irmão, São Gregório de Nissa, mas Teodoreto e toda a antiguidade testemunham a sua santidade, prudência e zelo. Sua morte ocorreu por volta do ano 391, durante o verão. São Gregório de Nissa faz notar que Sebaste lhe honrou com uma solene celebração (provavelmente no ano seguinte ao de sua morte), juntamente com alguns outros mártires da mesma cidade.
Outras comemorações do dia:
- S. Eustrátios, o taumaturgo;
- S. Felipe, metropolita de Moscou;
- S. Polieuto, mártir de Melitene – Armênia († c. 250).
Leituras bíblicas:
—Ep.: Ef 6: 10-17;
—Ev.: Mt 4: 1-11.
São Gregório nasceu em Nova Cesaréia, no Ponto, no ano 322. Era um dos irmãos de São Basílio, o Grande, educado nas mesmas bases que seu irmão maior, distinguindo-se igualmente por sua aguda inteligência.
Gregório comprometeu-se com Theosebia (uma santa mulher) que faleceu precocemente. O santo manteve seu equilíbrio de caráter e sua esperança. Aos quarenta anos foi eleito e ordenado bispo de Nissa, uma cidade da Capadócia.
Deus lhe outorgou a responsabilidade de exercer um importante papel no Segundo Concílio Ecumênico, realizado no ano 381, em Constantinopla. Gregório entregou em paz sua alma a Deus depois de realizar um grande e importante trabalho, as suas homilias dogmáticas, catequéticas, entre diversos outros temas que se referiam às festas e ofícios litúrgicos, como o que realizou para seu irmão São Basílio.
Outras comemorações do dia:
- S. Domiciano, bispo de Melitene;
- S. Marciano de Constantinopla, mon. († c. 472);
- S. Teosébia, a diaconisa, irmã de São Basílio, o Grande.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Ef 4:7-13;
— Ev.: Lc 3:19-22.
São Teodósio nasceu em Gariso, na Capadócia, no ano 423. Já havia sido ordenado leitor quando, a exemplo do Patriarca Abraão, deixou sua pátria e família, iniciando uma viagem à Jerusalém. Na viagem, desviou um pouco a sua rota e visitou São Simeão, o Estilita, de quem ouviu muitas predições sobre sua vida futura e obteve dele alguns conselhos. Enquanto visitava os lugares santos, em Jerusalém, São Teodósio, refletia sobre a melhor forma de consagrar-se a Deus. Escolheu então a vida monástica, pois achava que viver sem um diretor espiritual era muito perigoso. Assim pôs-se sob a direção espiritual de Longino, um santo homem de Deus que nutriu um grande afeto por seu discípulo. Em Belém, uma senhora havia construído uma igreja e Longino encarregou Teodósio de seu cuidado pastoral. Teodósio não quis aceitar, mas por necessidade, Longino lhe impôs esta obrigação em nome da obediência. Teodósio não ficou muito tempo no cargo, retirando-se logo para uma cela em uma gruta no cume de uma montanha vizinha.
Logo começaram a reunir-se numerosos companheiros que queriam servir a Deus sob sua direção. A principio, Teodósio só admitiu sete ou oito, mas em pouco tempo teve que aumentar este números chegando a não recusar nenhum vocacionado que manifestasse disposições sinceras. A primeira lição que deu aos seus companheiros foi mostrar-lhes um grande fosso que havia escavado nos arredores, e que haveria de servir como sepultura comum, para recordar-lhes que deveriam aprender a morrer a si mesmos constantemente.
Um dia de Páscoa, os monges que já eram em numero de 12, e não tinham nada para que comer, nem ao menos um pão para celebrar a a Divina Liturgia. Alguns começaram a murmurar, porém São Teodósio os exortava a terem confiança na Divina Providencia. Pouco tempo depois chegou ao monastério uma tropa mulas carregadas com alimentos. Por atrair inúmeros aspirantes a vida religiosa, por causa da santidade de Teodósio, o monastério tornou-se pequeno. Teodósio construiu outro monastério maior localizado em um sitio chamado Catismo, próximo de Belém. Construiu também três hospitais: um para os doentes , outro para os anciãos e outro para os deficientes mentais. Neste lugares as pessoas encontravam socorro material e espiritual. Segundo narrativas, em alguns dias Teodósio recebia em seus albergues mais de 100 pessoas. Quando a alimentação era insuficiente para tantas pessoas, São Teodósio fazia multiplicar por suas orações. O monastério era uma espécie de cidade de santos em meio ao deserto. A ordem, o silêncio e a caridade reinavam nele. Quatro igrejas eram assistidas pelo monastério. Três eram dedicadas a cada um dos diferentes idiomas dos monges. A quarta era dedicada aos penitentes e aos que estavam em processo de cura. A comunidade estava dividida em três nacionalidades principais: aos gregos, que eram em maior número, e que vinham de todas as províncias do império; aos armênios entre os quais os árabes e os persas e, finalmente os monges de língua eslava e os originários das regiões vizinhas da Trácia. Cada nação cantava em sua própria igreja a parte da Divina Liturgia até o Evangelho; em seguida todos se reuniam na igreja dos gregos, onde celebravam a parte principal da liturgia e lá comungavam. Os monges passavam grande parte do dia e da noite na igreja. Nas horas de oração e descanso, executavam trabalhos para ajudar na manutenção do monastério. Salustio, Patriarca de Jerusalem, nomeou São Savas, superior dos eremitas, e São Teodósio superior dos monges que viviam em comunidade em toda Palestina. Por isso São Teodósio é chamado de “o Cenobiarca”. Grande amizade unia estes dois santos e, posteriormente, os sofrimentos iria uni-los ainda mais à Igreja. O imperador Anastácio apoiava a heresia de Eutiques e empreendeu vários esforços para que São Teodósio também a aderisse. No ano 513, depôs Elias, Patriarca de Jerusalém; antes, já ahavia desterrado Flaviano II de Antioquia, pondo em seu lugar Severo. São Teodósio e Savas defenderam veementemente os direitos de Elias e de seu sucessor João. Os agentes imperiais, conhecendo a fama de santidade de ambos, procuravam persuadi-los a defender sua causa. A ponto de o imperador enviar a Teodoro uma grande soma de dinheiro, com o pretexto se ajudar as obras de caridade. No entanto, esta doação envolvia outros interesses. São Teodósio aceitou o dinheiro e o distribuiu aos pobres. Anastásio, crendo que já tinha conquistado o apoio de Teodósio, enviou um documento (Profissão de fé onde as duas naturezas de Cristo se confundiam em uma só) para ser assinado). São Teodósio lhe respondeu com uma outra carta que aplacou o imperador por um tempo. Logo em seguido renovou os editos que perseguiam os cristãos ortodoxos e despachou tropas para executá-los. Ao saber disso, São Teodósio partiu por toda a Palestina exortando aos cristãos que permanecessem fieis aos ensinamentos dos quatro concílios ecumênicos. Em Jerusalém, gritou do púlpito: “quem não considera os ensinamentos dos quatro concílios ecumênicos como os quatro Evangelhos merece a morte eterna”. Estas palavras reanimaram os cristãos aterrorizados pelos editos imperiais. Os sermões de Teodósio produziram efeitos maravilhosos e Deus confirmava seu zelo com milagres surpreendentes. Estre estes, conta-se que uma mulher que sofria de tumores, foi rapidamente curada ao tocar nas vestes de Teodósio. O Imperador então decidiu desterrar Teodósio. O imperador Anastásio morreu pouco depois e seu sucessor tirou Teodósio do exílio. Nos últimos anos de vida, Teodósio foi tomado por uma grave enfermidade quando pode dar provas de sua paciência e submissão absoluta à vontade de Deus. Uma pessoa que assistia seus sofrimentos lhe rogara que orasse a Deus para aliviar suas dores, mas Teodósio negava-se a fazer, dizendo que se fizesse, constituiria falta de paciência. Quando Teodósio compreendeu que seu fim estava próximo, dirigiu a seus discípulos uma ultima exortação e predisse muitas coisas que iria acontecer após sua morte. O santo cenobiarca entregou sua alma a Deus em 529, aos 105 anos. O Patriarca Pedro de Jerusalém e toda a cidade assistiram seus funerais onde pode comprovar vários milagres. Foi sepultado dentro da primeira cela que havia ocupado, chamada “ gruta dos magos”, pois havia uma tradição que dizia que os Reis Magos haviam se abrigado ali, quando foram adorar o Senhor, em Belém.
II. São Teodósio, monge (432-529)
Natural da região da Capadócia, na Turquia, Teodósio entrou para a vida religiosa quando, após uma peregrinação a Jerusalém, dedicou-se a cuidar de um monge conhecido por Longinus. Sua dedicação foi de tal ordem que, quando uma rica senhora dispôs-se a doar os recursos para a construção de um mosteiro, Longinus o indicou para seu coordenador. Desta forma, Teodósio passou, então, a dirigir o mosteiro, localizado entre Belém e Jerusalém, e ali viveu por muitos anos, até que se afastou para viver como ermitão nas proximidades do Mar Morto. Sua fama, porém, já estava criada e muitos o procuravam buscando suas palavras de sabedoria. Conquistado pelo povo que lhe chegava, Teodósio construiu um outro mosteiro nas cercanias de Belém, além de três hospitais destinados a receber doentes físicos e mentais, além de idosos. Seu feito maior, contudo, era conseguir reunir para trabalharem juntos, monges de diversas nacionalidades e práticas, que viviam em perfeita harmonia, dedicados a cuidar daqueles que mais precisavam.
III. São Vitalis de Gaza
São Vitalis viveu em um monastério do Egito até seus 6o anos de idade. Mudou-se depois para Alexandria onde desenvolveu uma trabalho que lhe rendeu muitas acusações. Sua função, como oficial, era contar as prostitutas profissionais da cidade. Cobrava por seu trabalho como diarista. Ao final do dia, do que ganhava usava uma décima parte para se alimentar e distribuía tudo mais às prostitutas dizendo: “Toma isto, e te conserva pura esta noite” e, sob juramento, fazia-lhes prometer não revelar isso a ninguém. Enquanto crescia as acusações contra ele, os olhares de menosprezo vinham de todos os lados. Vitalis passava as noites orando por seus acusadores sem se preocupar em agradar os homens, mas somente a Deus. Muitas das prostitutas com as quais tratava, ao ver sua vigília e ouvir sua oração permanente pela salvação delas, deixaram suas vidas de promiscuidade, algumas se casaram e outras dedicaram suas vidas à castidade. Uma vez, enquanto Vitalis estava saindo daquele lugar, encontrou-se com um jovem que pretendia satisfazer seus prazeres.
Este jovem, apesar de sua má conduta, reagiu violentamente face à presença do monge Vitalis, reagiu com rancor dizendo: “Até onde seguirás praticando estas más ações, ó negociador de Cristo? O ancião lhe respondeu com benevolência: “Ó, miserável, receberás um golpe tão doloroso que toda Alexandria se reunirá a tua volta”. Pouco dias depois, Vitalis adormeceu no Senhor enquanto estava em sua cela. Ninguém teria ficado sabendo de sua morte se não fosse o seguinte: Um dia, veio ao encontro do jovem libertino acima mencionado um escravo negro e lhe deu uma terrível bofetada, dizendo-lhe: “Isto te manda o monge São Vitalis viveu em um monastério do Egito até seus 6o anos de idade. Mudou-se depois para Alexandria onde desenvolveu uma trabalho que lhe rendeu muitas acusações. Sua função, como oficial, era contar as prostitutas profissionais da cidade. Cobrava por seu trabalho como diarista. Ao final do dia, do que ganhava usava uma décima parte para se alimentar e distribuía tudo mais às prostitutas dizendo: “Toma isto, e te conserva pura esta noite” e, sob juramento, fazia-lhes prometer não revelar isso a ninguém. Enquanto crescia as acusações contra ele, os olhares de menosprezo vinham de todos os lados. Vitalis passava as noites orando por seus acusadores sem se preocupar em agradar os homens, mas somente a Deus. Muitas das prostitutas com as quais tratava, ao ver sua vigília e ouvir sua oração permanente pela salvação delas, deixaram suas vidas de promiscuidade, algumas se casaram e outras dedicaram suas vidas à castidade. Uma vez, enquanto Vitalis estava saindo daquele lugar, encontrou-se com um jovem que pretendia satisfazer seus prazeres”. Os gritos de dor do jovem reuniu muita gente em sua volta. Com muita dor, o jovem começou a gritar: “Ó servo de Deus, São Vitalis viveu em um monastério do Egito até seus 6o anos de idade. Mudou-se depois para Alexandria onde desenvolveu uma trabalho que lhe rendeu muitas acusações. Sua função, como oficial, era contar as prostitutas profissionais da cidade. Cobrava por seu trabalho como diarista. Ao final do dia, do que ganhava usava uma décima parte para se alimentar e distribuía tudo mais às prostitutas dizendo: “Toma isto, e te conserva pura esta noite” e, sob juramento, fazia-lhes prometer não revelar isso a ninguém. Enquanto crescia as acusações contra ele, os olhares de menosprezo vinham de todos os lados. Vitalis passava as noites orando por seus acusadores sem se preocupar em agradar os homens, mas somente a Deus. Muitas das prostitutas com as quais tratava, ao ver sua vigília e ouvir sua oração permanente pela salvação delas, deixaram suas vidas de promiscuidade, algumas se casaram e outras dedicaram suas vidas à castidade. Uma vez, enquanto Vitalis estava saindo daquele lugar, encontrou-se com um jovem que pretendia satisfazer seus prazeres, eu pequei muito diante de Deus e de ti”. Algumas pessoas então se dirigiram à cela do estranho monge, encontrando-o prostrado sem movimento. Morreu em oração. Próximo dele encontraram escrito na terra: “Ó, alexandrinos, não julguem precipitadamente a ninguém, até a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Ao ser divulgada esta notícia, as mulheres ex-prostitutas saíram com velas e mirra em direção à sua cela para embalsamarem seu corpo. Puderam então revelar a todos o que este homem de Deus havia feito por elas para que tivessem alcançado sua pureza, castidade e humildade.
Assim, pois, a vida deste justo nos mostra um martírio-testemunho de santos de Deus que nunca buscam a glória de si mesmos, mas a de Deus. Pelas orações de São Vitális, Senhor Jesus Cristo Nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos. Amém.
Outras comemorações do dia:
- Nicéforo, Novo Mártir da ilha de Creta.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Lc 6:17-23;
— Ep.: Hb 13:7-16;
— Ev.: Lc 4:1-15.
Santa Tatiana era filha de um rico cidadão romano e foi educada na fé cristã. Não lhe interessavam as riquezas e os bens materiais; quando atingiu a idade para se casar não o quis. Por ter vivido uma vida virtuosa, foi elevada ao posto de diaconisa da Igreja de Roma, cabendo-lhe cuidar com diligência dos enfermos, visitar os cativos, ajudar aos pobres. Por suas orações e obras de caridade procurava viver uma vida agradável a Deus. Nos tempos do imperador Alexandre Severo (222-235), Santa Tatiana foi martirizada por sua fé em Jesus Cristo (225). Segundo antigos relatos, depois de várias torturas foi jogada na arena do circo (Coliseum) para que um leão feroz a destroçasse para a diversão do público. Contudo, o leão em vez de destroçá-la, começou a acariciá-la. Foi então submetida a novas formas de torturas e, com o seu pai, foi decapitada. Os sete funcionários do governo que a tinham torturado se converteram ao cristianismo ao testemunhar a força de Deus sobre ela. Tempos depois foram também torturados.
Segundo testemunhos do diácono Zósimo, a cabeça de Santa Tatiana, até o ano de 1420, encontrava-se em Perivlepto, Constantinopla.
Outras comemorações do dia:
- S. Mertios, mártir;
- S. Savas, príncipe;
- Ss. Basílio e João, hieromártires;
- S. Eutasia, a Virgem-mártir;
- S. Pedro de Absalão;
- S. Benedito.
Leituras bíblicas:
— Ep.: At 18:22-28;
— Ev.: Jo 10:39-42.
As narrativas mais conhecidas sobre estes santos falam sobre seus martírios em Singidunum, próximo a Belgrado, na época do imperador Licinio. Santo Hermilo era diácono. Foi detido sob a acusação de ser cristão e enviado para a prisão com os maxilares destroçados. Na prisão um anjo o visitou e o consolou. Depois foi conduzido ao imperador e lá foi cruelmente açoitado seis homens. Parecia que não sentia dor nenhuma. Durante o tormento dirigiu a Deus uma oração que lhe foi respondida por uma voz que veio do Céu prometendo-lhe triunfo depois de três dias. Assim que entrou na prisão entoava salmos, e as vozes celestiais o acompanhavam. No dia seguinte, infligiram novos suplícios, durante os quais não cessava de cantar sua felicidade. Diante de tudo isso, o carcereiro da prisão, chamado Estratônico, converteu-se. Denunciado ao imperador, Estratônico também foi condenado aos açoites. Na prisão, Estratônico ouviu a voz milagrosa que prometia o triunfo para o dia seguinte.
Por fim, Hermilo compareceu diante do Juiz e sofreu novos suplícios. Estratônico e Hermilo foram então presos em uma rede e jogados no rio Danúbio. Três dias depois, seus corpos foram encontrados às margens do rio. Os fiéis recolheram os corpos e depositaram em um lugar próximo a Singidunum. Em Constantinopla existe uma igreja fundada por São Marciano e que é dedicada a Santo Estratônico.
Outras comemorações do dia:
- S. Hilario de Poitiers;
- S. Máximo, o justo de Kapsokalyvia (Monte Athos);
- S. Tiago de Nisibia na Armênia;
- Kentigern, bispo de Glasgow
Sinaxe da Santíssima Theotokos (Mediadora).
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 3:23-29;4:1-5;
— Ev.: Lc 20:1-8.
Santa Nina, igual-aos-apóstolos, evangelizadora dos georgianos, era sobrinha do Patriarca de Jerusalém. Desde sua juventude amou a Deus e lamentava muito pelas pessoas que não acreditavam n’Ele. Depois que seu pai, Zavulon da Capadócia, fez-se ermitão e sua mãe foi ordenada diaconisa, Nina foi entregue, ainda criança, a uma piedosa anciã que frequentemente falava sobre a Ibéria (atualmente Geórgia) . Naquela época, a Ibéria era um país pagão, e os contos que ouvia da anciã despertou um forte desejo de visitá-lo para levar a luz da fé cristã àquele povo.Tal desejo tornou-se mais forte quando, em um sonho, viu a Mãe de Deus que lhe entregava uma cruz feita de uma cepa. Seu desejo cumpriu-se quando teve que fugir para a Ibéria para salvar-se das perseguições contra os cristãos decretadas por Diocleciano (284-305). Na Ibéria, Santa Nina instalou-se na casa de uma mulher situada nas vinhas reais. Muito rapidamente ficou conhecida por ajudar os necessitados, e muita gente foi sabendo da força de suas orações.
Muitos doentes começaram a ir ao seu encontro para vê-la. Invocando o nome de Cristo, ela curava os enfermos. Falava sobre Deus que criou o Céu e a terra e sobre o Cristo, nosso Senhor e Salvador. Os sermões sobre Cristo, os milagres que operava e a vida virtuosa de Santa Nina tiveram efeito favorável sobre o povo da Ibéria: muitos começaram a crer no Deus verdadeiro e foram batizados. O próprio rei Mariano que era pagão foi convertido ao cristianismo por Santa Nina. Depois disso, um bispo e alguns sacerdotes de Constantinopla foram convidados a ir a Ibéria, e lá foi construída a primeira Igreja dedicada aos Santos Apóstolos. Pouco a pouco, toda a Ibéria tornou-se cristã. Santa Nina não gostava de fama ou honras, buscando refúgio, por isso, nas montanhas próximas. Ali, na solidão, dava graças ao Senhor pela conversão ao cristianismo daquele país que antes era pagão. Vários anos depois, deixou sua vida solitária e viajou à Kajetia onde converteu a Rainha Sofia. Depois de 35 anos de trabalhos, Santa Nina faleceu em paz no dia 14 de janeiro de 335. Por ordem do Rei Mariano, no lugar onde Santa Nina morreu foi construída uma Igreja dedicada a São Jorge, parente distante de Santa Nina.
Outras comemorações do dia:
- S. Agnes, virgem e mártir;
- Ss. Monges, mártires do Sinai († 305, 370, 400);
- S. Savas da Sérvia;
- Ss. Platão, bispo de Tallini e toda Estônia e os sacerdotes Miguel e Nicolau, hieromártires.
Leituras bíblicas:
— Ep.: At 2:38-43;
— Ev.: Lc 4:1-15.
São Paulo nasceu no Egito, na baixa Tebaida, e perdeu seus pais quando tinha 14 anos. Distinguia-se por conhecer a língua grega e a cultura egípcia. Era bondoso, modesto e temente a Deus. A cruel perseguição do imperador Décio perturbou a Igreja no ano de 250. O demônio tratava de matar, com seus sutis artifícios, tanto os corpos quanto as almas. Durante estes dias, Paulo permaneceu escondido na casa de um amigo. Mas, ao saber que fora denunciado por um cunhado que cuidava de suas propriedades, fugiu para o deserto. Lá encontrou algumas cavernas que, segundo a tradição, serviram para cunhar moedas na época de Cleópatra, rainha do Egito. Escolheu para sua morada uma destas cavernas, próximo de uma fonte e de uma palmeira. Vestia-se com as folhas das palmeiras, seus frutos o alimentava e a água da fonte o saciava. Paulo tinha 22 anos quando chegou ao deserto. Seu primeiro propósito era gozar a liberdade para servir a Deus, durante as perseguições.
Tendo gostado da doçura da contemplação, na solidão, resolveu não mais voltar a cidade e se esquecer totalmente do mundo. Paulo se alimentava do fruto da palmeira até seus 43 anos. Depois disso, até sua morte, assim como Elias, ele também era alimentado por um corvo que trazia pão no bico. Não se sabe de que forma viveu e com que se ocupava até morrer aos 90 anos quando Deus se deu a conhecer a seu servo.
II – São Paulo, eremita, confessor, +342
O primeiro e mais famoso dos eremitas, tornou-se órfão aos 14 anos. Aos 20, durante a perseguição do imperador romano pagão Décio, fugiu para uma gruta no deserto. Milagrosamente um corvo trazia-lhe um pão cada dia. Quando Santo Antão, considerado o “pai dos monges”, tinha noventa anos, Deus revelou-lhe que havia no deserto outro monge mais antigo e mais santo do que ele; e encarregou-o de ir visitá-lo. Antão empreendeu a viagem e depois de várias horas de caminhada logrou encontrar Paulo Eremita. No dia seguinte, após Paulo anunciar que sentia aproximar-se a morte, regressou à sua célula monástica em busca de um manto que o Bispo Atanásio de Alexandria lhe havia dado; Paulo tinha-lho pedido, desejando que servisse de mortalha ao seu corpo. No outro dia de manhã, pegou no manto e saiu a toda a pressa; durante o percurso viu a alma de Paulo a subir ao céu toda resplandecente no meio dos Anjos, dos Apóstolos e dos Profetas. Quando chegou, encontrou-o falecido; envolveu o corpo no manto que trouxera consigo e sepultou-o junto do mesmo local onde vivera. Antão ficou com a túnica de Paulo tecida com folhas de palmeira, e daí em diante, só a usava nas Solenidades de Páscoa e Pentecostes.
Outras comemorações do dia:
- S. João Calibita (séc. V);
- S. João da Gruta de Weller;
- S. Pansufios, mártir de Alexandria.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 5:22-26;6:1-2;
— Ev.: Lc 12:32-40.
Neste dia, comemoramos e honramos as correntes do apóstolo São Pedro que as aceitou para a glória do Senhor. O apóstolo Lucas, nos Atos dos Apóstolos, nos relata: «Naquele tempo, o rei Herodes, prendeu alguns da igreja a fim de maltratá-los. Tiago, irmão de João, foi morto à espada. Ao ver que isto agradava aos judeus, decidiu também prender Pedro. Isto se sucedeu durante as Festas do Pão Ázimo. Depois de ser capturado, Pedro foi colocado na prisão sob a vigia de quatro grupos de quatro soldados cada um. Herodes tencionava levá-lo a juízo após a Páscoa até quando ficaria preso. A igreja orava constante e fervorosamente a Deus por ele. Nas vésperas do julgamento, à noite, Pedro dormia acorrentado sob a vigia dos soldados. Também alguns guardas vigiavam a entrada da prisão. De repente apareceu um anjo do Senhor e uma luz resplandeceu na cela. Pedro acordou ouvindo a voz do anjo que lhe dizia: ‘Ide depressa, levanta-te’. Neste momento as correntes se partiram nas mãos de Pedro».
Estas correntes que se partiram sob a intervenção do Arcanjo estão abençoadas e realizou muitos milagres. Aqueles que a veneram com fé são curados de todos os tipos de doenças. E para que fossem protegidas, eram repassadas entre os cristãos até que, muitos anos depois, os reis cristãos a guardaram na Igreja de São Pedro em Constantinopla.
Outras comemorações do dia:
- S. Macários de Calógeras, hierodiácono;
- Ss. Sepeusipo e seus irmãos Eleusipo e Meleusipo e sua avó Leonila;
- Ss. Neon, Turbo, Junila, mártires, todos da Capadócia;
- S. Romilo o monge do Monte Athos;
- S. Nicolas, novo mártir de Mitilene.
Leituras bíblicas:
— Ep.: At 12: 1-11;
— Ev.: Jo 21: 14-25.
Santo Antonio nasceu no Egito, por volta do ano 250, em uma família rica e nobre e foi educado na fé cristã. Aos 18 anos ele perdeu seus pais, ficando órfão com uma irmã sob sua proteção. Certo dia dirigia-se à Igreja e, enquanto caminhava, pensava nos Santos Apóstolos, em suas vidas, em como tinham deixado tudo neste mundo para seguir o Senhor e servi-Lo. Ao entrar na igreja ouviu as palavras do Evangelho: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me» (Mt 19, 21). Estas palavras impressionaram Antonio de tal forma como se fossem faladas pelo Senhor a ele pessoalmente. Pouco tempo depois, Antonio renunciou a sua parte da herança em favor dos pobres de sua cidade, mas não sabia com quem poderia deixar sua irmã. Preocupado com isso, foi novamente à igreja e lá, novamente escuta as palavras do Salvador, como se lhe falasse diretamente: « Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal» (Mt 6, 34).
Antonio confiou a guarda de sua irmã a algumas conhecidas virgens cristãs e deixou a cidade para viver em solidão e servir unicamente a Deus.
O afastamento de Santo Antonio do mundo não aconteceu de repente, mas de forma gradual. No início ele passou a viver nos arredores da cidade, na casa de um piedoso eremita, já com idade avançada, e procurava imitá-lo em sua vida. Santo Antonio também visitava outros eremitas que viviam nos arredores da cidade, e seguia seus conselhos. Já nesta época, ele era tão conhecido por seus esforços espirituais, que o chamavam de «amigo de Deus». Então ele decidiu-se então mudar-se para um lugar mais distante. Convidou o velho ermitão para acompanhá-lo. Como o ermitão tivesse se recusado, despediu-se e partiu instalando-se em uma caverna distante. Ocasionalmente, algum amigo trazia-lhe comida. Finalmente, Santo Antonio afastou-se dos lugares habitados; cruzou o Nilo e se estabeleceu nas ruínas de uma fortificação militar. Levou com ele uma reserva de pão para seis meses, passando depois a receber alimentos de seus amigos através de uma abertura no teto.
É impossível imaginar quantas tentações suportou e quanta luta teve de enfrentar este grande eremita. Ele sofria de fome e sede, frio e calor. Mas a tentação mais terrível que um ermitão pode enfrentar, nas palavras do próprio Antonio, é a nostalgia do mundo e a desordem emocional. A tudo isso se acrescente os horrores e as tentações do demônio. Freqüentemente, o Devoto Santo ficava sem forças e prestes a cair em desânimo. Então se apresentava a ele o próprio Senhor ou um anjo enviado por Ele para fortalecê-lo. «Onde estavas, Santo Jesus, por que não vieste mais cedo para acabar com meu sofrimento?» Implorava Antonio ao Senhor, quando, após uma terrível provação lhe apareceu o Senhor. «Eu estava aqui mesmo, respondeu o Senhor, e esperava ver teu esforço espiritual». Certa vez, durante uma luta terrível com seus pensamentos, Antonio gritou: «Senhor, eu quero me salvar, mas meus pensamentos não me deixam fazê-lo!» De repente, ele viu que alguém, que se parecia com ele, trabalhava sentado em uma cadeira. Então, se levantou e rezou, e depois seguiu trabalhando. «Faça o mesmo e te salvarás!» Disse o Anjo do Senhor.
Já fazia 20 anos que Antonio vivia em solidão, recluso, quando alguns amigos, descobrindo onde estava, vieram ao seu encontro planejando permanecer com ele. Por um longo tempo ficaram batendo na porta, suplicando a Antonio que deixasse sua reclusão voluntária. Finalmente, quando pensavam arrombar a porta, ela se abriu e saiu Antonio. Eles ficaram surpresos de não encontrar nele qualquer vestígio de fadiga, embora tivesse se submetido a duras provas. A paz celestial reinava em sua alma e refletia em seu rosto. Tranqüilo, moderado e muito amável com todos, este ancião se tornou logo o pai e mestre de muitos. O deserto recebeu vida. Por todos os lados da montanha apareciam os refúgios dos monges. Muita gente cantava, estudava, fazia jejum, rezava, trabalhava e ajudava aos pobres Santo Antonio não impôs aos seus alunos as regras especiais para a vida monástica. Ele estava preocupado apenas em fortalecer neles um devoto estado de ânimo, e lhes inspirava a fidelidade à vontade de Deus, a oração, a renúncia a todas as coisas terrenas e o trabalho incessante. Mas a vida no deserto entre as pessoas, pesava demais para Santo Antonio, e ele começou a procurar um novo isolamento. «Para onde queres fugir?» Ouviu de uma voz do céu, quando, na costa do rio Nilo, ele estava esperando o barco para se afastar para longe do povo. «Alta Tebaida», disse Antonio. Mas a mesma voz respondeu: «Então, estás planejando ir para o alto da Tebaida ou para baixo, na Bucolia; pois não encontrarás tranqüilidade em nenhum desses lugares. Vá para o interior do deserto – assim se chamava o deserto localizado perto do Mar Vermelho. Então Antonio se dirigiu para lá, seguindo uma caravana.
Depois de caminhar por três dias, encontrou uma alta montanha desabitada, com uma fonte e algumas palmeiras no vale. Ali se instalou., começando a cultivar uma pequena área, de modo que ninguém precisasse mais lhe trazer pão. Ocasionalmente, visitava os eremitas. Um camelo lhe levava pão e água para manter suas forças durante essas difíceis viagens pelo deserto. No entanto, os admiradores de Santo Antonio, também descobriram este seu último refúgio. Começou então a chegar a muitas gente que procurava por suas orações e conselhos. Traziam-lhe seus enfermos, e ele os curava com suas orações.
Já havia se passado quase 70 anos desde que Santo Antonio começou a viver no deserto. Involuntariamente, um pensamento arrogante começou a confundi-lo. Pensava que era o mais antigo eremita que vivia no deserto. Ele pediu a Deus para que afastasse esse pensamento e teve uma revelação de que havia um ermitão que havia se instalado no deserto antes dele e que ainda estava servindo a Deus. Na manhã seguinte, levantou-se Antonio muito cedo e foi em busca deste eremita desconhecido. Caminhou durante todo o dia, sem encontrar qualquer pessoa, com exceção de alguns animais que viviam no deserto. Diante dele se entendia a grandeza infinita do deserto, mas ele não perdia a esperança. Na manhã seguinte, bem cedo, ele prosseguiu seu caminho. De repente, viu um lobo correndo em direção a um córrego. Santo Antonio se aproximou do riacho e viu uma caverna ao lado dele. Enquanto se aproximava, a porta da caverna se fechou. Durante meio dia Santo Antonio passou diante daquela porta suplicando ao ancião que mostrasse seu rosto. Finalmente, a porta se abriu, saindo por ela um velho grisalho. Este homem era São Paulo de Tebas. Ele vivia no deserto há cerca de 90 anos. Depois de uma saudação fraterna, Paulo lhe perguntou como estava a humanidade. Quem estava governando? Se ainda existiam idólatras? O fim da perseguição e o triunfo do cristianismo no Império Romano foi uma notícia muito agradável para Paulo. Ao contrário, o surgimento do arianismo lhe foi uma notícia muito amarga. Enquanto conversavam, apareceu um corvo que lhe deixou um pão. «Quão generoso e misericordioso é o Senhor!» exclamou Paulo: «Por muitos anos ele me envia metade de um pão e agora, graças a sua visita, ele me enviou um pão inteiro». Na manhã seguinte, Paulo confessou a Antonio que muito em breve ele deveria deixar este mundo.Por isso pediu a Antonio para que lhe trouxesse a túnica do Bispo Atanásio (famoso por sua luta contra o arianismo), para que seu corpo fosse coberto com ela. Antonio foi muito depressa para satisfazer o desejo deste santo ancião. Voltou ao seu deserto muito animado e, quando os irmãos monges lhe perguntavam sobre a razão da túnica, respondia: «Eu me considerava um monge e sou um pecador e!» «Eu vi Elias, vi João, vi Paulo no Paraíso!» E quando estava chegando ao lugar onde São Paulo vivia, viu como ele ia subindo ao céu, entre muitos anjos, profetas e apóstolos. «Paulo, por que não me esperaste?» Gritou Antonio. «Tão tarde eu te conheci e tão cedo te vás embora!» No entanto, ao entrar na caverna, encontrou Paulo ajoelhado, rezando. Antonio também se ajoelhou e começou a rezar. Só depois de várias horas de oração se deu conta de que Paulo já não se movia, pois estava morto. Então, Antônio lavou piedosamente o corpo do santo e envolveu seu corpo na túnica de Santo Atanásio. De repente, apareceram dois leões que cavaram com suas garras uma tumba suficientemente profunda, onde Antônio enterrou o corpo do santo eremita.
Santo Antonio morreu com idade já bastante avançada (106 anos) no ano 356, e por seus esforços espirituais mereceu ser chamado de o Grande. Foi o fundador da vida eremítica, que consiste em que vários eremitas vivam em celas separadas, longe um do outro e sob a direção de um Aba (que em hebraico significa pai). A vida dos eremitas resumia-se em oração, jejum e trabalho. Vários eremitas reunidos sob um Aba constituíam uma Lavra. Mas, enquanto Santo Antonio ainda vivia neste mundo, surgiu outro estilo de vida monástica. Eles se uniam em comunidades, trabalhando juntos, cada um segundo suas capacidades. Também compartilhavam a refeição e eram subordinados às mesmas regras. Estas comunidades foram chamadas comunidades monásticas ou monastérios. Os Abbas dessas comunidades passaram a se denominar arquimandritas. O fundador da vida comunitária dos monges foi São Pacômio, o Grande.
Imitador do zelo de Elias, pelo teu gênero de vida
e seguindo os retos caminhos do precursor,
tu povoaste o deserto e consolidaste o mundo.
Em tuas orações, ó Santo Antônio, nosso Pai,
roga a Cristo nosso Deus pela salvação de nossas almas!
(Tropário, modo 4º)
Outras comemorações do dia:
- S. Antônio, o novo mártir de Berropas;
- S. Gregório de Ioanina;
- S. Jorge o novo mártir de Ioanina;
- S. Romilo, monge de Monte Athos;
- S. Teodósio, o imperador.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Mt 11:27-30;
— Ep.: Hb 13:17-21;
— Ev.: Lc 6:17-23.
Santo Atanásio nasceu entre os anos 295 e 296, no seio de uma família humilde de Alexandria. Deus lhe concedeu muitas virtudes, entre elas, uma fé profunda e uma grande capacidade intelectual, demonstrada em seus estudos. Aos 25 anos foi ordenado diácono pelo Patriarca Alexandros, de Alexandria. Participou do Primeiro Concilio Ecumênico, em Nicéia que tratou da heresia de Ário. Em 328, faleceu o Patriarca Alexandro, e Santo Atanásio foi eleito pelo clero e pelo povo como seu sucessor, contando com apenas 33 anos de idade. Iniciou um forte combate contra a heresia de Ário e, por causa disso, foi exilado cinco vezes por ordem do imperador Constantino, sofrendo toda espécie de penas. Sem dúvidas, com fé, valor e inesgotável paciência, saíu vencedor e destroçou os lobos de nosso ortodoxia. Com diz a Sagrada Escritura: «Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas» (1Tim 6,12). Estas palavras se fizeram realidade na vida de Santo Atanásio que no dia 2 de maio de 373, quando estava com 75 ou 77 anos de idade, entregou sua alma a Deus. Santo Atanásio foi reconhecido com um dos grandes escritores eclesiásticos e um dos grandes Santos Padres da Igreja.
São Cirilo, expressou sua compreensão do mistério cristão em seus escritos exegéticos, particularmente em sua interpretação do Evangelho de S. João e seus comentários sobre o Novo Testamento. São Cirilo foi um grande lutador contra as heresias e acirrado defensor da ortodoxia.
Santo Atanásio de Alexandria (†373)
Santo Atanásio foi desterrado cinco vezes por defender a fé cristã. Nasceu na Alexandria, Egito, no ano de 297. Sendo ainda criança no ano 311, presenciou o martírio do seu bispo Pedro de Alexandria e de outros cristãos, mortos na perseguição que realizaram os pagãos. Soube com alegria que, no ano 313, o imperador Constantino declarava a liberdade religiosa para os cristãos. Com grandes qualidades para a oratória e uma brilhante inteligência, dedicou-se a preparar-se para o sacerdócio, e sendo diácono foi escolhido como secretário de Alexandre, arcebispo de Alexandria. Aos 23 anos escreveu seu primeiro livro sobre a Encarnação de Jesus Cristo. Naquele tempo apareceu em Alexandria um herege chamado Ario, que negava a natureza divina de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Atanásio se dedicou a combater este heresia. Colaborou para que os bispos do mundo se reunissem para discutir sobre esta heresia que tanto dano estava causando à Igreja.
Outras comemorações do dia:
- S. Zênia, mártir.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Jo 10:1-9;
— Ep.: Hb 13:7-16;
— Ev.: Mt 5:14-19.
São Macário nasceu no alto Egito, no ano 300, e passou sua juventude trabalhando como pastor, nos campos. Movido por uma intensa graça, afastou-se do mundo, ainda muito jovem, confinando-se em uma estreita cela onde dividia seu tempo entre oração, práticas penitenciais e a fabricação de esteiras. Uma mulher o acusou falsamente de ter sido violentada por ele. Por causa disso, Macário foi preso, maltratado e chamado de hipócrita disfarçado de monge. Tudo isso ele sofreu com paciência e ainda enviou a mulher produtos de seu trabalho, e dizia para si mesmo: «Agora, Macário, tens que trabalhar mais, pois tens que sustentar a mais um». Deus, porém, deu a conhecer sua inocência: a mulher que lhe havia caluniado não pode dar à luz a criança até que revelasse o nome do verdadeiro pai. Isto fez com que a raiva que o povo sentia dele tornasse admiração por causa de sua humildade e paciência. Para fugir da estima dos homens, Macário, quando já contava com 30 anos, refugiou-se em um vasto e melancólico deserto de Esquita.
Assim viveu 60 anos e foi pai espiritual de inúmeras servos de Deus que lhe confiaram a direção espiritual e o governo de suas vidas com as regras que ele traçava. Todos viviam em eremitérios separados. Só um discípulo vivia com ele, encarregado de receber as visitas. Um bispo egípcio ordenou Macário sacerdote para que pudesse celebrar os divinos mistérios para seus irmãos eremitas. Mais tarde, quando o número dos eremitas aumentou, foram construídas 4 igrejas que eram atendidas por outros tantos sacerdotes. Macário Lavava um vida muita austera, alimentando-se uma vez por semana. Certa ocasião, seu discípulo Evágrio, ao vê-lo torturado pela sede, lhe rogou que tomasse um pouco de água. Macário limitou-se a descansar um pouco à sombra e disse: «Nestes 20 anos, jamais comi, bebi ou dormi o suficiente para satisfazer a minha natureza». Seu corpo estava debilitado e fraco, seu rosto pálido. Para contradizer suas inclinações, não recusava beber um pouco de vinho, quando outros lhe pediam. Depois, se abstinha de toda bebida durante dois ou três dias. Diante disso, seus discípulos decidiram impedir que os visitantes lhe oferecessem vinho. Macário falava poucas palavras quando dava conselhos e recomendava o silêncio e a oração contínua para toda e qualquer pessoa. Costumava dizer: «Na oração, não faz falta dizer muitas coisas, nem empregar palavras escolhidas, basta repetir sinceramente: «Senhor, dá-me a graça que Tu sabes que necessito». Ou: «Meu Deus, ajuda-me». Sua mansidão e paciência eram tão extraordinárias que levou muitos sacerdotes pagãos e outros pessoas à conversão. Certa vez, Macário pediu a um jovem, que lhe procurou para um conselho, que fosse a um cemitério e lá insultasse os mortos com gritos. Quando o jovem voltou, Macário perguntou o que tinham respondido os defuntos. O jovem respondeu que os mortos não responderam nada. Macário disse então: «Faz o mesmo quando te insultarem e quando gritarem contigo. Só morrendo para o mundo e para ti mesmo, poderás começar a servir a Cristo». A outro jovem aconselhou: «Em pouco tempo receberás de Deus a pobreza. Recebe-a tão alegremente como recebestes a abundância. Assim dominarás tuas paixões e vencerás o demônio». Havia um monge que se queixava que na solidão sofria grandes tentações de quebrar o jejum. Quando estava em comunidade, no monastério, podia suportar mais facilmente. Macário lhe disse: «É agradável jejuar quando os outros nos vêem. Difícil é jejuar quando ninguém nos vê». Um ermitão que sofria fortes tentações contra a pureza foi consultar Macário que, depois de examinar o caso, chegou a conclusão de que as tentações eram resultantes da indolência do monge. Aconselhou então que o monge não se alimentasse antes do cair do sol, que se entregasse a contemplação durante o trabalho e que trabalhasse sem cessar. O monge seguiu estes conselhos e se viu livre das tentações. Deus revelou a Macário que não era mais perfeito que duas mulheres casadas que viviam na cidade. Ele foi visitá-las e averiguar como faziam elas para santificar-se e descobriu que nunca diziam palavras ásperas nem ociosas, que viviam em humildade, paciência e caridade com seus maridos, e que santificavam todas as suas ações com a oração, consagrando para a glória de Deus todas as suas forças corporais e espirituais. Certa vez, um herege da seita dos hieracitas, que negavam a ressurreição dos mortos, havia espalhado inquietações em vários cristãos. Sózimo. Paládio e Rufino relatam que São Macário ressuscitou um morto para conformar os cristãos em sua fé. Segundo Cassiano, Macário se limitou a que o morto falasse e lhe ordenou que esperasse a ressurreição no sepulcro. Lúcio, bispo ariano que havia usurpado a Sé de Alexandria, enviou tropas ao deserto para que dispersassem os piedosos monges, alguns dos quais derramaram seu sangue testemunhando sua fé. Os principais monges, Isidoro, Pambo, os dois Macários e outros foram desterrados a uma pequena ilha do Nilo, rodeada de pântanos. Pelo exemplo e pelas pregações dos monges, todos os habitantes da ilha se converteram do paganismo. Lúcio então autorizou que retornassem às suas celas. Sentindo que se aproximava seu fim, Macário fez uma visita aos monges de Nitria e lhes exortou com palavras tão profundas que estes se ajoelharam a seus pés chorando. Macário foi chamado por Deus aos 90 anos, depois de haver passado 60 no deserto de Esquita. Segundo o testemunho de Cassiano, Macário foi o primeiro anacoreta daquele vasto deserto. Alguns autores afirmam que ele foi discípulo de Santo Antonio, porém é pouco provável que tenha sido dirigido espiritualmente por Santo Antonio, antes de ir ao deserto. Contudo, parece que, mais tarde, Macário teria visitado Santo Antonio algumas vezes, pois vivia a uns 15 dias de distância um do outro.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Arsênio, metropolita de Kerkyra – Corfu († fim séc. X);
- S. Macário de Alexandria;
- S. Marcos, bispo de Éfeso;
- S. Makarios, hierodiácono de Kalogera, Patmos;
- Trasl. das relíquias de São Gregório, o Teólogo;
- S. Branwallader, Bispo de Jersey.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 5:22-26;6:1-2;
— Ev.: Mt 21:33-42.
Os santos mártires Inna, Pinna e Rimma eram escravos de Escitia e discípulos do Apóstolo André. Através de sua pregação, cristianizaram e batizaram muitos bárbaros pagãos. O príncipe dos bárbaros se enfureceu com isso e queria obrigá-los a renunciar a sua fé e obrigá-los a adorarem os ídolos. Tende resistido firmemente sua crença em Cristo, o príncipe ordenou que fossem fixados em pilares de gelo próximo a um rio. Exaustos pelo terrível frio vindo do gelo, os santos mártires entregaram suas almas ao Senhor. Acredita-se que o Rio Danúbio tenha sido o lugar do martírio, e que isto tenha acontecido no século I. A principio Inna, Rimma e Pinna eram considerados nomes do sexo masculino, mas na tradição russa são considerados femininos.
Outras comemorações do dia:
- S. Arsênio, metropolita de Kerkyra – Corfu († fim séc. X);
- S. Macário de Alexandria;
- S. Marcos, bispo de Éfeso;
- S. Makarios, hierodiácono de Kalogera, Patmos;
- S. Gregório, o Teólogo – Trasl. das relíquias;
- S. Branwallader, Bispo de Jersey.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 5:22-26;6:1-2;
— Ev.: Mt 21:33-42.
São Máximo nasceu em Constantinopla em uma nobre família da qual recebeu uma boa educação. Foi um dos conselheiros do imperador Heraclio (610-641). Naquela época, a heresia dos monofisitas, na qual acreditava também o imperador, alastrava-se fortemente. (do grego μονο = único, é uma doutrina cristológica do século V que admitia em Jesus Cristo uma só natureza, a divina. Foi elaborada por Eutiques em reação ao Nestorianismo e foi considerada também uma heresia. Esta doutrina era originária do Egito e estendeu-se progressivamente à Palestina e à Síria. Os monofisitas não aceitam, portanto, a doutrina das “duas naturezas”, decretada pelo Concílio de Calcedônia (451); negam a natureza humana de Jesus Cristo e, por conseqüência, reduzem os seus sofrimentos salvíficos na Cruz). Máximo deixou então o palácio imperial e ingressou no monastério Cristopolsky do qual, tempos depois, tornou-se seu abade. Sendo teólogo e grande pensador de seu tempo, ardoroso defensor da ortodoxia, combateu com coragem os erros da doutrina monofisita.
Foi frequentemente perseguido pelos inimigos da Igreja. Os argumentos de São Máximo em prol da ortodoxia foram tão conclusivos que depois de um debate público com o Patriarca monofisita de Constantinopla Pirro, este acabou por renunciar em 645 a heresia. Várias vezes foi deportado e chamado à Constantinopla. As exortações e as promessas dos hereges transformavam-se, freqüentemente, em ameaças, constrangimentos e golpes contra São Máximo. No entanto, o santo permanecia firme em suas convicções religiosas. Cortaram-lhe o braço direito e a língua para que não pudesse mais nem escrever nem proclamar e defender a verdade. Enviaram-lhe recluso ao Caucaso em Lasov, região da Mingrelia, onde faleceu em 13 de agosto de 662, data que já havia previsto. São Máximo escreveu muitas obras teológicas em defesa da Ortodoxia. Suas obras são valiosas por suas pregações sobre a vida espiritual e contemplativa, algumas das quais fazem parte da coleção dos sermões dos Santos Padres que falam da vida dos ascetas. Nestas pregações se revelam a profundidade espiritual e a agudeza de pensamento de São Maximo. Também escreveu uma obra explicando a Liturgia com grande significado teológico.
Outras comemorações do dia:
- S. Neófitos Mártir de Nicéia;
- Ss. Neófitos, Agnes, Pátroclo, Máximo, o grego e Eugene de Trebizonda, Mártires;
- Veneração do ícone da S. Mãe de Deus de Vatopedi.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 1:12-20;
— Ev.: Lc 12:8-12.
São Timóteo, o discípulo amado de São Paulo, era natural da cidade de Listria de Licaonia. Seu pai era um grego pagão e sua mãe, Eunice, era uma judia que abraçou o cristianismo, juntamente com a avó de Timóteo. São Paulo elogiava a fé destas duas mulheres. Desde a sua juventude, Timóteo havia se dedicado por completo ao estudo da Sagrada Escritura e, quando São Paulo estava pregando em Licaonia, os cristãos de Icônio e Listria elogiaram de tal modo a Timóteo, que o Apóstolo Paulo o escolheu por companheiro para substituir Barnabé. Isso fez com que o «Apóstolo dos gentios» pusesse de manifesto seu zelo e sua prudência, pois que, embora pouco antes tivesse se recusado a fazer circuncidar a um tal Tito, cujos pais eram pagãos, a fim de demonstrar a liberdade do Evangelho e refutar aqueles que afirmavam que o rito da circuncisão tinha permanecido como preceito na Nova Lei, fê-lo circuncidar, no entanto, a Timóteo, filho de uma judia, acreditando que com isso se pudesse se fazer mais aceitável aos olhos dos judeus, ao mesmo tempo em que demonstrava que não era um inimigo da lei.
São João Crisóstomo elogia a prudência que demonstrou nisto o Apóstolo São Paulo. A isso se acrescenta a fidelidade e a obediência de Timóteo ao apóstolo que, impôs as mãos sobre este discípulo confiando-lhe o ministério da pregação. A partir de então, não o tinha apenas como seu discípulo e filho muito querido, mas como um irmão e companheiro de trabalho. São Paulo lhe chamava «homem de Deus», e na sua Epístola aos Filipenses, disse, em relação a Timóteo, que a ninguém estava mais unido em espírito.
São Paulo visitou Listria e depois todo o resto da Ásia Menor. Embarcou com destino à Macedônia e pregou em Filipos, Tessalônica e Berea. Perseguido pela fúria dos judeus, teve que deixar a cidade, deixando, portanto, ali Timóteo para que confirmasse a fé dos neófitos. Ao chegar em Atenas, ele mandou buscá-lo, mas tomando conhecimento de que os cristãos tessalonicenses estavam sendo cruelmente perseguidos, enviou Timóteo, como seu representante, para animá-los. Timóteo se encontrou depois com São Paulo em Corinto para lhe dar conta de seus triunfos. Em seguida, o Apóstolo escreveu sua primeira epístola aos Tessalonicenses. Depois, prosseguiu com suas viagens: de Corinto foi a Jerusalém e depois a Éfeso onde permaneceu dois anos. Planejava, no ano 58, retornar para a Grécia e decidiu enviar adiante dele Timóteo e Erasto com instruções para que atravessassem a Macedônia, anunciando aos fiéis sua próxima visita e recolhendo esmolas que ele pretendia enviar aos cristãos de Jerusalém. Após esta viagem, Timóteo foi para Corinto, onde sua presença era necessária para reavivar nos fiéis os ensinamentos de seu mestre. É certo que, a recomendação que faz São Paulo ao seu discípulo de São Paulo (1Cor 16,10), está relacionada com esta viagem. O apóstolo esperou por Timóteo na Ásia Menor e, juntos, saíram para a Macedônia e Acaya. Timóteo se separou novamente em Filipos, voltando a se juntar a ele em Tróia. São Paulo foi preso em seu retorno à Palestina e enviado para Roma após dois anos de prisão em Cesaréia. Timóteo parece ter estado com ele durante quase todo o tempo, e São Paulo o cita no cabeçalho de suas epístolas a Filêmon e aos Filipenses. Timóteo também foi feito prisioneiro por Cristo e confessou o seu Nome na presença de muitas testemunhas, mas foi deixado em liberdade. Foi eleito bispo, ao que parece, por inspiração especial do Espírito Santo. Quando Paulo regressou de Roma, deixou Timóteo à frente da igreja de Éfeso para acabar com os falsos mestres e ordenar sacerdotes, diáconos e, ainda, bispos. São João Crisóstomo e outros Pais da Igreja supõem que o apóstolo tenha confiado a Timóteo todas as igrejas da Ásia. Todos falam de Timóteo como o primeiro bispo de Éfeso.
São Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo da Macedônia, a segunda de Roma, onde estava prisioneiro, pedindo para que fosse vê-lo na capital do império, antes de sua morte. Esta segunda carta é uma explosão de ternura de São Paulo por seu discípulo, alenta-o em suas dificuldades, procura reavivar nele a coragem e o fogo do Espírito Santo que a ordenação lhe havia dado e lhe dá instruções sobre os falsos irmãos daquela época, prevendo novas desordens e dificuldades na Igreja.
São Timóteo bebia apenas água, mas como sua saúde estava abatida pela grande austeridade, São Paulo lhe aconselhou para que tomasse um pouco de vinho. Diz São João Crisóstomo: «Ele não lhe disse simplesmente: ‘beba vinho’, mas, ‘beba um pouco de vinho’, e isto, não porque Timóteo precisasse desse conselho, mas porque nós é que necessitamos dele».
São Timóteo era ainda jovem, nesta época, tendo por volta de quarenta anos, ao que parece. Não é, portanto, difícil que tenha ido à Roma para ver o seu mestre. Devemos supor que Timóteo foi nomeado bispo de Éfeso por São Paulo antes da chegada de São João àquela cidade. Uma forte tradição diz que o Apóstolo São João também exerceu o apostolado em Éfeso e que supervisionava todas as igrejas da Ásia.
São Timóteo foi apedrejado e espancado por pagãos ao manifestar a sua oposição às suas cerimônias. Com efeito, em 22 de janeiro comemorava-se a festa chamada Katagogia, e nesse dia os pagãos percorriam a cidade em grupos, levando em uma mão um ídolo na outro um pedaço de pau. Há evidências de que as supostas relíquias de São Timóteo tenham sido levadas para Constantinopla, durante o reinado de Constâncio. São João Crisóstomo e São Jerônimo aludem aos sinais sobrenaturais que ocorreram no santuário de Constantinopla, como um assunto que era do conhecimento comum.
II. São Timóteo, bispo, companheiro de S. Paulo, séc. I
Sobre São Timóteo, São Paulo diz: “Lembro-me de ti, noite e dia, em minhas orações. Conserva a lembrança da fé sincera que há em ti; fé que habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe, Eunice”. E o Apóstolo dá ainda, a São Timóteo o excelente conselho de empenhar-se inteiramente na sua missão de velar sobre sua pessoa, bem como sobre o seu ensino. E termina, dizendo: “Perseverando nessas duas missões, salvar-te-ás e aos que te escutam”. Nas duas epístolas que São Paulo escreveu a Timóteo, os sacerdotes de todos os tempos puderam encontrar conforto e incentivo para sua missão e sua vida.
Outras comemorações do dia:
- Anastásio da Pérsia († 628);
- José, o Santificado.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Tim 1:3-8;
— Ev.: Mt 10:32-33; 37-38; 19:27-30.
São Gennadios, da cidade de Kostroma, foi batizado com o nome de Gregório. Nasceu na cidade de Mogilev, na Lituânia em uma família russo-lituana muito rica. Desde sua juventude se distinguia por sua devoção. Gostava de ir à Igreja e cumpria rigorosamente os tempos de jejum; por isso seus amigos riam dele. Desejando dedicar sua vida exclusivamente a Deus, deixou secretamente a casa de seus pais e, vestido como um pobre foi para Rússia onde visitou Moscou e Novgorod, mas não encontrou um monastério de acordo com suas necessidades espirituais. Foi então para o rio Svir onde se encontrava o venerável Alexandre quem lhe recomendou que fosse ao bosque de Vologodsk onde vivia o venerável Cornélio de Comel . Lá, após algum tempo, foi recebeu o hábito monástico de Cornélio, recebendo o nome de Gennadios. Algum tempo depois, os veneráveis Cornélio e Gennadios partiram para o lago Surskoe, próximo do rio Kostroma. Ali fundaram um monastério com duas igrejas.Mais tarde, este monastério passou a se chamar Monastério de Gennadios. São Gennadios trabalhava incansavelmente, fazendo os pães (prósforas) para a Liturgia, cortando lenha, cavando lagos com a irmandade etc. Para crescer espiritualmente, sempre usava as correntes de asceta.
Gostava muito de escrever ícones com os quais adornava as paredes das igrejas de seu monastério. Por sua vida devota, recebeu de Deus o dom da profecia e da cura. Estando em Moscou, profetizou que a filha de Boyardo Roman Zajarin, Anastácia Romanov, seria czarina. Tempos depois, Anastácia tornou-se esposa do czar João, o Terrível. O mesmo czar João, o Terrível pediu ao venerado Genádios que fosse padrinho de sua filha. Gennadios também curou o Bispo Cipriano de Vologda de uma doença mortal. Faleceu no ano de 1565 e no a no de 1644 foram encontradas suas relíquias que foram trasladadas para a Igreja da Transfiguração de seu monastério. O Venerável Gennádios escreveu «Instruções de um pai espiritual a um monge recém ordenado» e «Testamento espiritual».
Outras comemorações do dia:
- Ss. Clemente, bispo de Ancira e Agathaggelo, mártires († início do séc. IV);
- S. Dionísio de Olimpo.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 3: 20-21; 4: 1-3;
— Ev.: Mc 2: 23-28; 3: 1-5.
Santa Xênia era filha única do ilustre senador romano, Eusébio. Embora ainda muito jovem, ela decidiu permanecer virgem e para evitar o casamento, partiu rumo a Alexandria, juntamente com dois escravos. Uma vez lá, ele convenceu a seus acompanhantes de a chamarem Xênia, que em grego significa «peregrina», dificultando assim ser encontrada. Quando encontrou-se com o abade do Monastério do Santo Apóstolo André, na cidade de Mileto (em Caria), ela me pediu para que a levasse, juntamente com seus acompanhantes, à cidade de milass. Lá, ela comprou um terreno e construiu uma igreja dedicada a Santo Estevão, organizando junto um monastério para mulheres. Logo, por sua vida exemplar, o bispo de milass a elevou à dignidade de diaconisa. Verdadeiramente, Xênia levava uma vida angelical. Amava a todos, prestava ajuda a todos na medida do que lhe era possível. Era uma benfeitora dos pobres, consolava os aflitos e sofredores e, para os pecadores, uma mãe espiritual.
Por sua profunda humildade, se considerava a si mesma como a pior e a mais pecadora de todos. Santa Xênia ajudou a salvar muitas almas. Ele morreu na segunda metade do século V. Durante a sua morte, ocorreram sinais miraculosos.
Outras comemorações do dia:
- S. Neófitos Mártir de Nicéia;
- Ss. Neófitos, Agnes, Pátroclo, Máximo, o grego e Eugene de Trebizonda, Mártires;
- Veneração do ícone da S. Mãe de Deus de Vatopedi.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 5:22-26;6:1-2;
— Ev.: Mt 22:2-14.
São Gregório, o Teólogo, (326-389) era filho de Gregório (que mais tarde tornou-se Bispo de Nazianzeno) e de Nonna, mulher de ilibada conduta moral. Antes mesmo de dar à luz a Gregório prometeu que dedicaria seu filho a Deus, educando-o e fazendo todo esforço para que sua vontade fosse inclinada ao serviço de Deus. Por isso, São Gregório considerava que a educação que recebeu de mãe foi decisiva em sua vocação. Era muito inteligente e recebeu uma excelente educação. Estudou nas escolas de Cesareia, onde existia uma biblioteca cujos livros foram organizados por São Panfílio. Em Alexandria, estudou as obras de Orígenes e, em Atenas, cultivou uma profunda amizade por São Basílio, o Grande, que já o conhecia anteriormente. A amizade por São Basílio lhe rendeu um grande aprendizado que, dificilmente poderia obter em qualquer escola de nível superior. Em Atenas, dividiam a mesma morada e compartilhavam da mesma maneira de viver.
Conheciam só dois caminhos: um que os levava a escola e o outro que os conduzia a Igreja. Também em Atenas, São Gregório conheceu Julião, o apóstata, que mais tarde tornou-se imperador e renegou o cristianismo tentando fazer renascer o paganismo no império romano (361-363) deixando marcas de perversidade e firmando-se como inimigo da Igreja. Ao completar 26 anos, São Gregório foi batizado e regressou a sua pátria, afastando-se por muito tempo de todos os cargos públicos, ocupando-se com leituras, orações, composições de canções e com o cuidado de seus pais que já eram idosos.
Passou algum tempo no deserto, considerado por ele como tempo mais feliz de sua vida. Seu pai, sendo já bispo, precisava de um auxiliar, e chamou seu filho Gregório do Monastério Basiliense para a cidade de Nazianzo e lhe ordenou presbítero. A dignidade do sacerdócio e o peso das obrigações atemorizaram São Gregório que se refugiou no deserto para viver uma vida de solidão. Posteriormente, quando seu espírito já estava apaziguado, regressou e aceitou as obrigações sacerdotais, consolando-se por servir a Deus, auxiliando seu velho pai no serviço das paróquias. Aconteceu também que seu amigo Basílio tornou-se arcebispo e, desejando ter consigo um fiel e instruído auxiliar para cuidar de uma ampla região, ofereceu a Gregório o cargo de principal presbítero de sua sede. Gregório, porém, recusou este honroso e influente cargo. Tempos depois, Gregório foi escolhido para ser bispo de Sasima, fruto de um acordo entre Basílio e o pai de se pai. Vendo em tudo isto a vontade de Deus, Gregório aceitou ser ordenado, mas não quiz o título, continuando como vigário na paróquia de Nazianzo, ajudando seu pai. Em 374, seu pai faleceu e, pouco depois, sua mãe. São Gregório continuou trabalhando e ocupando-se das funções que eram de seu pai, dirigindo a Igreja de Nazianzo. Adoeceu gravemente e quando já estava recuperado, afastou-se para um monastério isolado onde, em jejum e oração, viveu próximo de três anos. Mas, uma pessoa como ele, não poderia se esconder na cela de um monastério. Foi eleito pelos bispos ortodoxos e pelos fiéis, arcebispo de Constantinopla, na época em que os arianos tinham muita influência e poder, e tomavam todas as igrejas da capital. São Gregório se hospedou em uma casa de conhecidos. Transformou um cômodo numa pequena Igreja e a dedicou à Anastasia (Ressurreição), acreditando que ressuscitaria a Ortodoxia, e começou seu trabalho de pregação. Os arianos o incomodavam atirando-lhe pedras e enviando secretamente assassinos. O povo reconheceu o seu verdadeiro pastor e, cada vez, mais aproximavam-se de sua cátedra, “como o metal se aproxima do imã”, como costumava dizer. Por suas palavras fortes, exemplo de vida e diligência pastoral, vencia os inimigos da Igreja. Muitas pessoas vinham de todas as partes para escutar suas inspiradoras palavras. O público presente parecia um mar atormentado, aplaudiam-no, gritavam com grande entusiasmo expressando concordar com o que ouviam e, alguns escribas anotavam suas palavras para a posteridade. Cada semana, milhares de pessoas retornavam à fé ortodoxa. Quando o ortodoxo Teodósio tornou-se imperador (379-395), os arianos foram então expulsos das igrejas da capital. São Gregório combatia também a heresia de Macedônio que negava a divindade do Espírito Santo. Participou ativamente do segundo Concílio Ecumênico. Ao terminar seus trabalhos, não quis mais o trono de Constantinopla dizendo: “Adeus cátedra – elevado e perigoso posto que suscita tanta inveja”. Afastou-se para sua cidade natal Arianzo, próximo de Nazianzo, onde passou seus últimos anos de vida vivendo como asceta. Por suas excelentes obras teológicas e por sua habilidade em discorrer sobre assuntos profundos da fé, explicando suas inexplicáveis verdades, com caridade, rigor e exatidão, São Gregório recebeu da Igreja o respeitável título de “Teólogo” e “Mestre Universal”. Também a Igreja o chama de “Mente superior”. Seus sermões são cheios de poesia e muitas de suas expressões foram utilizados nas orações próprias para os dias festivos (por São João Damasceno e outros). Até os dias de hoje, das suas relíquias brotam um agradável aroma.
II
Também conhecido como Gregório, O Teólogo – ilustre orador, filósofo e defensor da fé cristã, foi célebre pela sua eloquência, e teve também, como poeta, uma alma requintada e sensível. Gregório nasceu em 329 de uma família nobre. Depois da primeira educação familiar com o tio Anfilóquio, frequentou as mais célebres escolas da sua época: primeiro foi a Cesareia da Capadócia, onde estreitou amizade com Basílio, futuro bispo daquela cidade, na posteridade São Basílio Magno. Deteve-se em seguida noutras metrópoles do mundo antigo, como Alexandria do Egito e, sobretudo, Atenas, onde estudou com os famosos retóricos Himério de Prusa e Proarésio. Ao terminar sua educação, lecionou em Atenas por um breve período e onde encontrou de novo Basílio. Revocando a sua amizade, Gregório escreverá mais tarde:
Então não só eu me sentia cheio de veneração pelo meu grande Basílio devido à seriedade dos seus costumes e à maturidade e sabedoria dos seus discursos, mas induzia a fazer o mesmo também a outros, que ainda não o conheciam… Guiava-nos a mesma ansiedade de saber… Esta era a nossa competição: não quem era o primeiro, mas quem permitisse ao outro de o ser. Parecia que tínhamos uma só alma em dois corpos.
Tendo regressado à casa, Gregório recebeu o batismo e orientou-se para uma vida monástica: a solidão, a meditação filosófica e espiritual fascinavam-no. Ele mesmo escreverá:
Nada me parece maior do que isto: fazer calar os próprios sentidos, sair da carne do mundo, recolher-se em si mesmo, não se ocupar mais das coisas humanas, a não ser das que são estritamente necessárias; falar consigo mesmo e com Deus, levar uma vida que transcende as coisas visíveis; levar na alma imagens divinas sempre puras, sem misturar formas terrenas e errôneas; ser verdadeiramente um espelho imaculado de Deus e das coisas divinas, e tornar-se tal cada vez mais, tirando luz da luz…; gozar, na esperança presente, o bem futuro, e conversar com os anjos; ter já deixado a terra, mesmo estando na terra, transportado para o alto com o espírito.
Como escreve na sua autobiografia, recebeu a ordenação presbiteral com certa resistência, porque sabia que depois teria que ser pastor, ocupar-se dos outros, das suas coisas, e portanto já não podia recolher-se só na meditação. Contudo aceitou depois esta vocação e assumiu o ministério pastoral em total obediência, aceitando, como com freqüência lhe aconteceu na sua vida, ser guiado pela Providência aonde não queria ir. Em 371 o seu amigo Basílio, Bispo de Cesaréia, contra o desejo do próprio Gregório, quis consagrá-lo Bispo de Sasima, uma cidade extremamente importante da Capadócia. Mas ele, devido a várias dificuldades, nunca tomou posse dela e permaneceu na cidade de Nazianzo. Por volta de 379, Gregório foi chamado a Constantinopla, a capital do império bizantino, para participar do Concílio de Nicéia. No Concilio predominava os adeptos do “arianismo”, que era “politicamente correto” e considerado pelos imperadores útil sob o ponto de vista político. Deste modo ele encontrou-se em condições de minoria, circundado por hostilidades. Na pequena igreja de Anastasis pronunciou cinco Discursos teológicos (Orationes 27-31: SC 250, 70-343) precisamente para defender e tornar também inteligível a fé trinitária, a habilidade do raciocínio, que faz compreender realmente que esta é a lógica divina. Gregório recebeu, devido a estes discursos, o apelativo de “teólogo”. E isto porque, para ele, a teologia não é uma reflexão meramente humana, ou muito menos apenas o fruto de especulações complicadas, mas deriva de uma vida de oração e de santidade, de um diálogo assíduo com Deus. E precisamente assim mostra à nossa razão a realidade de Deus, o mistério trinitário. No silêncio contemplativo, imbuído de admiração diante das maravilhas do mistério revelado, a alma acolhe a beleza e a glória divina. Enquanto participava no segundo Concílio Ecumênico de 381, Gregório foi eleito Bispo de Constantinopla e assumiu a presidência do Concílio. Mas desencadeou-se imediatamente contra ele uma grande oposição, e a situação tornou-se insustentável. Para uma alma tão sensível estas inimizades eram insuportáveis. [N.o 433 (3878) JANEIRO 2011 ХЛІБОРОБ – СІЧЕНЬ 2011 3]
Repetia-se o que Gregório já tinha lamentado anteriormente com palavras ardentes:
Dividimos Cristo, nós que tanto amávamos Deus e Cristo! Mentimos uns aos outros devido à Verdade, alimentamos sentimentos de ódio devido ao Amor, dividimo-nos uns dos outros!
Chega-se assim, num clima de tensão, à sua demissão. Na catedral apinhada Gregório pronunciou um discurso de despedida com grande afeto e dignidade. Concluía a sua fervorosa intervenção com estas palavras:
Adeus, grande cidade, amada por Cristo… Meus filhos, suplico-vos, guardai o depósito [da fé] que vos foi confiado, recordai-vos dos meus sofrimentos. Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós.
Regressou a Nazianzo, e por cerca de dois anos dedicou-se ao cuidado pastoral daquela comunidade cristã. Depois se retirou definitivamente em solidão na vizinha Arianzo, a sua terra natal, dedicando-se ao estudo e à vida ascética. Nesse período compôs a maior parte da sua obra poética, sobretudo autobiográfica: o De vita sua, uma releitura em versos do próprio caminho humano e espiritual, um caminho exemplar de um cristão sofredor, de um homem de grande interioridade num mundo cheio de conflitos. É um homem que nos faz sentir a primazia de Deus e por isso fala também a nós, a este nosso mundo: sem Deus o homem perde a sua grandeza, sem Deus não há verdadeiro humanismo. Numa das suas poesias escrevera, dirigindo-se a Deus:”Sê benigno, Tu, o Além de tudo”. E em 390 Deus acolheu nos seus braços este servo fiel, que com inteligência perspicaz tinha defendido nos escritos, e com tanto amor o tinha cantado nas suas poesias. […].
Nós Te bem dizemos, Pai da Luz, Cristo, Verbo de Deus, Esplendor do Pai, Luz da Luz, e fonte de Luz, Espírito de fogo, sopro do Filho e do Pai Trindade Santa, Luz indivisa, Tu dissipaste as trevas para criar um mundo luminoso, de ordem e beleza, Feito à Tua semelhança. De razão e de sabedoria iluminaste o homem, Iluminaste-o com o selo da Tua Imagem, De modo que, na Tua luz, veja a luz, E todo ele se torne luz. Fizeste brilhar no céu inúmeras estrelas, Ordenaste ao dia e à noite que se entendessem e partilhassem o tempo alternadamente, pacificamente. A noite põe termo ao trabalho do corpo cansado, O dia chama às obras que Te agradam, Ensina-nos a fugir das trevas, a apressar-nos Para esse dia que não terá ocaso.
Hino 32 – São Gregório Nazianzeno
Fonte: Jornal o Lavrador nº 433 (3878) Jan/2011
Deus dirigia a Sua palavra chamando em especial aos ricos: «Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas usufruirmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis» (1Tm 6, 17-18). Este preceito divino Xenofontes o cumpriu durante toda a sua vida, juntamente com Maria, sua esposa, e seus filhos Arcádio e João. A família vivia em Constantinopla, no tempo de Justino e desfrutava de boa posição econômica. O Santo sempre tinha a porta de sua casa aberta para socorrer aos pobres, e sua família também compartilhava deste grande espírito de filantropia. Acolhiam aos órfãos, despendendo grandes somas em dinheiro para libertar os escravos. Desejando que seus filhos fossem instruídos nas leis, Xenofontes os enviou às escolas em Beirute para estudar. No caminho, porém, suas vidas corriam perigo e, por este inconveniente, decidiram ir mudar de direção e ir para Jerusalém onde foram consagrados à vida monástica.
Ao tomar conhecimento do que havia ocorrido com seus filhos, Xenofontes e sua esposa agradeceram e glorificaram a Deus e, repartindo os seus bens com os mais necessitados, partiram também para Jerusalém. São Xenofontes foi também consagrado à vida monástica e, retirou-se depois , com sua esposa Maria a um monastério no deserto, onde passaram a viver uma vida de verdadeira ascese. Maria também escolheu o mesmo caminho, tornando-se monja num monastério para mulheres. Os santos viveram ainda por muito tempo nos respectivos monastérios, entregando em paz suas almas a Deus.
Outras comemorações do dia:
- S. Simeão do Monte Sinai.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Rm 10:1-10;
— Ev.: Mt 22:35-46.
Incomparável mestre João, depois de sua morte recebeu o epíteto de Crisóstomo (“Boca de Ouro”) por seu maravilhoso dom na oratória. Contudo, sua piedade e inominável valor são atributos que o fazem mais glorioso e um dos maiores pastores da Igreja. As relíquias de São João Crisóstomo passaram 30 anos em uma igreja da Capadócia, em Komana, onde o Grande Mestre passou por tantas provas no exílio. No ano 438, seu corpo foi exumado e transladado para Constantinopla. O imperador Teodósio II e sua irmã Santa Pulqueria acompanharam o cortejo, juntamente com o Patriarca Proclos que havia sido seu discípulo, pedindo perdão pelos pecados de seus antecessores que tanto perseguiram São João. O corpo de São João Crisóstomo foi depositado na Igreja dos Santos Apóstolos de Constantinopla. Na Igreja Ortodoxa ele é um dos três santos Patriarcas e Doutores Universais, com São Basílio e São Gregório Nazianzeno.
Outras comemorações do dia:
- S. Demétrio, o novo mártir de Constantinopla;
- S. Leôncio de Tarnopol, hieromártir;
- S. Pedro, o justo do Egito.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Jo 10:1-9;
— Ep.: Hb 7:26-28; 8:1-2;
— Ev.: Jo 10:9-16.
Santo Efrém nasceu em Nisibis (Síria). Desde muito cedo, quando ainda era bem pequeno, viveu próximo de seu bispo Jacó que o ajudou em seus estudos e, mais tarde, lhe ordenou diácono. Acompanhou seu Bispo no Concilio de Niceia, no ano 325. Visitou os monastérios do Egito e se encontrou com São Basílio em Cesareia na Capadócia. Sob a direção de um ancião, consagrou-se à oração, à penitência e ã meditação das Sagradas Escrituras. Permaneceu diácono pelo resto de sua vida, repelindo, por humildade, ser elevado ao sacerdócio e ao episcopado. Depois da tomada de Nisibis pelos persas, no reinado do imperador Joviano, em 363, Efrém retirou-se definitivamente para Edessa onde fundou escolas de exegese que, graças à sua inteligência, foi um projeto pleno de êxito. Durante seus últimos 10 anos de vida entregou-se às atividades intelectuais intensas. Morreu no ano 373 […] Ler mais…
Outras comemorações do dia:
- S. Isaac, o Sírio, bispo de Nínive;
- S. Paládios, o eremita de Antioquia;
- S. Tiago, o justo;
- S. Teodósio de Totma;
- S. Graça, Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 5:22-26; 6:1-2;
— Ev.: Lc 6:17-23.
No dia 20 de dezembro, comemora-se a memória de Santo Inácio de Antioquia, porém, no dia de hoje, lembramos a trasladação de suas relíquias, de Roma para Antioquia. São João Crisóstomo, referindo-se ao traslado, escreveu que, se em Roma Santo Inácio derramou seu sangue pelo martírio, a cidade de Antioquia guarda as suas relíquias: «Vós o guardastes por um tempo; o recebestes como Bispo e devolveis como mártir. Dele vos despedistes com orações, e o trouxestes de volta para a sua terra com a coroa da vitória».
II
Conforme historiadores, viveu por volta do segundo século. Coração ardente (o nome Inácio deriva de ignis = fogo ), ele é lembrado sobretudo pelas expressões de intenso amor a Cristo. A cidade da Síria, Antioquia, terceira em ordem de grandeza do vasto império romano, teve como primeiro bispo o apóstolo Pedro, ao qual sucederam Evódio e em seguida Inácio, o Teófilo, o que traz Deus, como ele mesmo gostava de ser chamado. Pesquisadores indicam que Inácio de Antioquia conheceu pessoalmente os apóstolos Pedro e Paulo. Por volta do ano 110, foi preso vítima da perseguição de Trajano. Nessa viagem de Antioquia a Roma para onde ia como prisioneiro, o santo bispo escreveu sete cartas, dirigidas a várias Igrejas e a São Policarpo. Tais cartas constituem preciosos documentos sobre a Igreja primitiva, seus fundamentos teológicos, sua constituição hierárquica… Trazido acorrentado para Roma, onde terminou os seus dias na arena, devorado pelas feras selvagens, tornou-se objeto de afetuosas atenções da parte das várias comunidades cristãs nas cidades por onde passou.
A ânsia de alcançar Deus, de encontrar Cristo, expressa com intensidade que faz lembrar São Paulo. As suas palavras inflamadas de amor a Cristo e à Igreja ficaram na lembrança de todas as gerações futuras. «Deixem-me ser a comida das feras, pelas quais me será dado saborear Deus. Eu sou o trigo de Deus. Tenho de ser triturado pelos dentes das feras, para tornar-me pão puro de Cristo».
«Onde está o Bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus aí está a Igreja», foi escrito na carta endereçada ao então jovem bispo de Esmirna, São Policarpo. Os cristãos de Antioquia veneravam, desde a antiguidade, o seu sepulcro nas portas da cidade.
Outras comemorações do dia:
- S. Lourenço, o recluso, das grutas de Kiev;
- S. Inácio e Nicandro do Sinai;
- S. Gildas, o Sábio.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Hb 10:32-38;
— Ev.: Mc 9:33-41.
Desde há quase nove séculos, os cristãos do Oriente celebram no dia 30 de janeiro, numa única festa, os três santos bispos e doutores: Basílio, o Grande, Gregório, o Teólogo (ou Nazianzeno) e João Crisóstomo. No calendário bizantino os três hierarcas possuem também uma festa em dias separados: São Basílio é comemorado no dia 1° de janeiro, aniversário de sua morte (379), juntamente à festa da Circuncisão de N.S. Jesus Cristo; São Gregório, o Teólogo, como é apelidado no Oriente o bispo de Nazianzo morto no ano 390, é comemorado em 25 de janeiro; e São João Crisóstomo em 13 de novembro e 25 de janeiro, dia em que foram trasladadas as suas relíquias de Cumana (onde morreu exilado em 407) para Constantinopla, na presença do Imperador do Oriente, em 438. A festa conjunta destes três santos, no Oriente bizantino, remonta ao ano 1084. Os três têm atributos próprios e são distinguidos assim:
(…) de Basílio, louvavam-se sua inteligência excepcional e sua austeridade exemplar; de Gregório se louvava a sublime teologia expressa em estilo elegante; de João Crisóstomo, louvava-se a excepcional eloquência e a força convincente de seus discursos. Embora haja entre eles essas qualidades diferentes a fé, o amor à Igreja e a determinação em transmitir seus ensinamentos eram idênticos (Leia mais …)
Outras comemorações do dia:
- Ss. Atanásia, mártir e suas filhas Teodósia, Teoctista e Eudóxia, mártires do Egito;
- S. Hipólito, papa de Roma, mártir († séc. III).
Leituras bíblicas:
— Mat.: Jo 21:1-14;
— Ep.: Hb 13:7-16;
— Ev.: Mt 5:14-19.
São Ciro era médico em Alexandria. O exercício de sua profissão lhe deu várias ocasiões para atrair muitos pagãos à fé em Jesus Cristo. São João, um árabe, ao saber que uma senhora chamada Anastácia, com suas três filhas, estavam sendo torturadas em Canopo, no Egito, por causa de sua fé em Cristo, acompanhado por Ciro, foi ao seu encontro para confortá-las em seus sofrimentos. Ambos foram presos e torturados. Os carrascos, na presença de Anastácia e suas filhas, queimaram suas costas com tochas acesas colocando depois sal sobre as feridas. Elas foram também torturadas e depois decapitadas. Os santos Ciro e João foram decapitados no dia 31 de janeiro, data em que as igrejas Siria, egípcia, grega e latina comemoram a memória destes mártires. Estes santos, como São Cosme e São Damião, foram venerados na Grécia como médicos que não cobravam seus honorários pelo serviço que prestavam, sobretudo aos mais necessitados. Sobre este assunto existe muita literatura.
Destacam-se três breves discursos de São Cirilo de Alexandria e um panegírico de São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (638), nos quais encontram-se registros sobre práticas semelhantes à incubadora, comuns na época de Esculápio. Os escritos de São Sofrônio, que havia sido curado em um santuário dedicado aos Santos Ciro e João, remetem às citações dos documentos do Concilio de Nicéia, em 787. São Cirilo narra um fato interessante: para acabar com muitos ritos supersticiosos acerca de Isis, em Menuthi do Egito, no início de século V, decidiu-se trasladar as relíquias dos Santos Ciro e João para a cidade. O grande santuário construído em Menuthi se transformou em um famoso lugar de peregrinação. O nome atual da cidade é Abukir, nome este derivado de Ciro, um dos primeiros mártires do cristianismo.