Fevereiro
São Tryfon era natural de Lampsako, na Frígia (antiga região da Ásia Menor) e viveu na época em que reinava Giordiano (238-244), Philippos e Décio. São Tryfon era muito pobre e, desde pequeno se dedicava ao cuidado de animais do campo para poder viver. Enquanto realizava seu humilde trabalho, refletia sobre as Sagradas Escrituras e com muito zelo cumpria com seus deveres religiosos. Entre os versículos que sempre repetia, este se destacava: «A bênção do Senhor repousa sobre a habitação do justo. Se ele escarnece dos zombadores, concede a graça aos humildes» (Prov. 3, 33b.-34). Realmente, o humilde e piedoso Tryfon, com perseverança, não só conheceu as Sagradas Escrituras em profundidade como a ensinou. Estava tão pleno da graça divina que operava milagrosas curas. A notoriedade de Tryfon chegou aos ouvidos do rei Gordianos que mandou chamá-lo porque sua filha estava muito doente. De fato, Tryfon a curou; e o pai, agradecido, quis pagá-lo, porém Tryfon se negou aceitar qualquer valor e se retirou com a gratidão do rei.
Contudo, na época de Decio (249-251), Tryfon foi preso por admitir sua fé em Jesus Cristo e fervorosamente expressar sua oposição à idolatria. Por causa disso, o prefeito oriental Aquilino, em Nikia, ordenou que o torturassem violentamente. Foi amarrado a um cavalo e arrastado pelas ruas. Em seguida, completamente nu, em pleno inverno, foi amarrado sobre pregos e queimado com tochas acesas. Finalmente, foi decapitado, mas antes disso, já havia entregue seu espírito nas mãos de Deus.
Outras comemorações do dia:
- S. Anastácio, o Novo Mártir de Navfilion;
- S. Basílio, arcebispo de Tessalônica;
- S. Brígida da Irlanda;
- Ss. Perpétua e cc.;
- S. Timóteo, o confessor;
- Ss. Andrianus, Polyeuktos, Platão e Jorge, mártires em Megara.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Rm 8:28-39;
— Ev.: Lc 10:19-21.
Quarenta dias após o nascimento, completados os dias da purificação de Maria, conforme prescrito nas Leis de Israel, o Menino Jesus foi apresentado no Templo para ser consagrado a Deus, manifestando a abertura de seu coração à vontade de Deus e à cultura do seu povo. A apresentação do Primogênito equivale a um ato de consagração ao Senhor acompanhado da oferta sacrificial de um par de rolas ou de pombinhos, a oferenda dos pobres.
«Maria, a Virgem Mãe, a primeira a ser verdadeiramente o Templo Santíssimo de Deus vivo, aquela que é toda pura e toda santa, sem necessidade cumpriu o ritual da purificação, levou o Primogênito de Deus ao templo para realizar o que foi prometido a Simeão» (São Basílio).
A Festa da Purificação e da Apresentação do Senhor no Templo é também conhecida como a «Festa da Candelária», devido à procissão de velas que é realizada neste dia, principalmente na Igreja de Jerusalém e nas de tradição eslava. Este rito das velas tem origem nas palavras de Simeão referindo-se ao Menino, «Luz que brilhará sobre todas as nações, e glória do teu povo, Israel» […]
Veja AQUI o Suplemento Litúrgico completo desta Festa.
Outras comemorações do dia:
- S. Agatodoro da Capadócia, mártir;
- S. Gabriel, o novo mártir de Constantinopla, mon.;
- S. Jordano, o novo mártir.
Leituras bíblicas:
— Eoth.: Lc 2:25-32;
— Ep.: Hb 7:7-17;
— Ev.: Lc 2:22-40.
São Simeão viveu na época do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Segundo o Evangelista Lucas, Simeão recebeu de Deus a promessa de que não morreria enquanto não visse o Messias. Segundo uma certa tradição, ele recebeu esta promessa antes do nascimento do Salvador. Naquela época ele foi um dos 70 tradutores dos livros da Sagrada Escritura, do hebreu para a língua grega, para a biblioteca do rei do Egito, Ptolomeu Filadelfo. Quando Simeão estava traduzindo as profecias de Isaias sobre o nascimento do Emanuel (Messias) através de uma virgem, duvidou da exatidão da profecia e quis mudar a palavra virgem por mulher. Neste momento teve uma revelação do Espírito Santo para que não alterasse a profecia, e ainda, que não morreria até que se cumprisse a profecia de Isaias sobre o nascimento do Messias que se daria exatamente através de uma virgem. Quando o menino Deus nasceu e foi trazido ao Templo, Simeão recebeu a revelação do Espírito Santo de que sua esperança havia se realizado e que no Templo de Jerusalém finalmente veria o Salvador.
Ao chegar ao Templo o velho Simeão não só viu o menino prometido, como também sua puríssima Mãe-Virgem e dignou-se segurar menino Jesus em seus braços. Foi neste momento que pronunciou aquelas palavras perenes, que tão freqüentemente se escuta durante o ofício litúrgico das Vésperas: «Agora podes deixar teu servo ir em paz, Senhor, segundo tua palavra, pois meus olhos viram a salvação que preparaste a todos os povos, luz que ilumina as nações e para a glória de teu povo, Israel».
Simeão representa a humanidade do Antigo Testamento que esperava pela vinda do Salvador, e que simultaneamente se transforma em anunciador do Novo Testamento. O evangelista São Lucas não especifica no que trabalhava São Simeão, porém, em alguns hinos da Igreja, ele é chamado de sacerdote e santo, o que leva a intuir que era um dos sacerdotes que oficiava no Templo (Lc 2,23-37). Junto com Simeão, Santa Ana foi digna de encontrar-se com o Senhor no Templo de Jerusalém . O Evangelho informa que ela provém da tribo de Aser e que era filha de Fanuel. Depois de estar casada durante 7 anos, ficou viúva, dedicando-se ao serviço do Templo, servindo a Deus dia e noite, em jejuns e orações (Lc 2,37). Santa Ana tinha o dom da profecia. Para todos ela é um exemplo de vida verdadeira digna de respeito. Segundo o apóstolo Paulo, estas viúvas eram, para a Igreja, de um grande valor e serviam de exemplo e ensino para a juventude (Tm 5, 3-5). Já tinha chegado a uma idade avançada e, como Simeão, ela esperava pelo Salvador. Estava atenta a todos os fatos espirituais e somou sua voz de anciã à glorificação de Simeão feita no Templo durante o encontro com o Menino Deus. Nas orações da Igreja, Santa Ana é venerada como uma mulher viúva, casta e muito respeitada; é considerada também a profetisa do Novo Testamento.
Outras comemorações do dia:
- Pós-festa da Apresentação do Senhor;
- S. Azarias, profeta;
- S. João, o novo mártir;
- S. Nicolau arcebispo do Japão;
- Ss. Nicolau, João e Stamatios, novos mártires de Chios;
- Sinaxe da Santíssima Theotokos de Werburga.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Hb 9:11-14
— Ev.: Lc 2:25-38.
Isidoro nasceu no Egito por volta do ano 360. Foi um notável estudante e trabalhava como mestre (professor) ensinando catecismo para classes na igreja de Alexandria. Desde a sua juventude dedicou sua vida a Deus, consagrando-se monge quando ainda era jovem. Mais tarde, tornou-se superior de um monastério nos arredores de Pelúsio. Durante a sua vida, todos o considerados como um modelo de perfeição religiosa, e seu patriarca, São Cirilo, e outros prelados de sua época, o tratavam como um pai para todos.Escolheu São João Crisóstomo como modelo. Ainda existem suas duas mil cartas, cheias de excelentes instruções de piedade, que demonstram grande conhecimento da teologia. Estão tão bem redigidas, que segundo alguns entusiastas, poderiam ser utilizadas para substituir os clássicos no estudo da língua grega. Em suas páginas resplandecem a prudência, a humildade, o amor, o zelo intrépido e seu ardente amor a Deus. Este notável Santo morreu no ano 440.
Outras comemorações do dia:
- S. Abramius, hieromártir;
- S. Cirilo, Venerável de Novoezerk, o milagroso;
- S. João, o Justo, bispo de Irinópolis;
- S. Jorge, Grande príncipe ortodoxo;
- S. José, novo mártir de Alepo;
- S. Nicolau, o Confessor;
- S. Teodósio, o Justo.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Pd 1:1-25; 2:1-10
— Ev.: Mc 12:1-12.
Santa Ágata nasceu em Palermo, na Sicilia, na época do imperador Décio (251). Nascida em família cristã, de boa situação econômica, a menina cresceu sendo educada nas virtudes cristãs. Desde criança demonstrou inteligência e era considerada uma das mulheres mais belas de sua época. Porém, era mais destacada ainda por sua vida virtuosa. Desde menina fez votos de virgindade e de não ter outro esposo senão Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos cavalheiros nobres que admiravam sua beleza, pediam-na em casamento. Encontrando-se Ágata em Catânia, Quinciano, governador da Cicília, ouviu falar de suas qualidades e de sua intenção de se tornar serva de Cristo; quis vê-la e tomá-la por esposa, a ponto de ir pessoalmente ao seu encontro. Vendo-se perseguida, Ágata orou fervorosamente e, terminando a oração, levantou-se animada, partindo para Catânia. O governador Quinciano ordenou que fosse entregue a Afrodisia, mulher perversa que com suas seis filhas mantinha uma casa de má fama.
Nesse lugar, Ágata sofreu varias tentativas contra sua honra, o que para ela foi mais terrível que os tormentos ou a morte, mas se manteve firme. Depois de um mês, Quinciano a assustava com ameaças, mas ela permanecia firme e declarava que “ser serva de Cristo, na verdade era ser livre”. O juiz descontente com suas respostas, ordenou que fosse presa e açoitada. No dia seguinte, Ágata novamente foi interrogada por Quinciano: “Como, tendo nascida livre e em uma casa tão ilustre, te conformas com a miserável condição de ser escrava?” Ágata respondeu: “Se ser serva de Deus é ser escrava, faço nobre esta escravidão porque não conheço nem maior e nem mais verdadeira nobreza que a de servir a este Senhor”.
O governador então insistiu que ela oferecesse sacrifícios aos deuses do império, dizendo que se não o fizesse espontaneamente, faria pela força e rigor dos tormentos. Como mantivesse a firmeza da fé, foi submetida a cruéis torturas: desconjuntamento dos ossos, dilaceramento dos seios. Foi arrastada por sobre cacos de vidros e carvões em brasa. Porém, nem as ameaças, nem as promessas a fizeram sucumbir, já que, para ela, aqueles ídolos nada significavam. Ao ver que tudo sofria com serenidade, o governador ficou ainda mais enfurecido e ordenou que fosse levada à prisão sem alimento nem cuidados médicos. Deus, porém, a confortava; apareceu-lhe São Pedro em uma visão que iluminou com uma luz celestial todo o calabouço, consolando-a e sarando seus ferimentos. Na prisão, Ágata dirigiu ao Senhor a seguinte oração: “Deus poderoso e eterno, que por puro afeto e misericórdia quiseste tomar sob tua proteção esta humilde serva, e que desde cedo preservaste do amor do mundo para que meu coração ardesse unicamente em teu amor: meu Salvador Jesus Cristo, que quiseste conservar em meio a tantos tormentos, para maior gloria de teu nome e para a confusão do poder das trevas, digna-te receber minha alma em tua eterna morada, a dos bem-aventurados; esta é a última graça que te peço e que espero de tua infinita bondade. Sua morte aconteceu dia 05 de fevereiro de 251 sendo sepultada em Catânia com toda veneração, à altura de tão ilustre martírio.
Outras comemorações do dia:
- S. Antonio, o novo mártir de Atenas;
- S. Polieuktos, Patriarca de Constantinopla;
- S. Teodósio, Arcebispo de Chernigov (morte);
- S. Antônio o Novo Mártir de Atenas;
- S. Theodosios de Antioquia.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Ts 5:14-23
— Ev.: Lc 17:3-10.
São Bucólos é lembrado como o primeiro arcebispo de Esmirna, Igreja fundada por São João, o teólogo que, por mandato da Igreja, tinha sob sua direção, toda a Ásia Menor. Exerceu este ofício com senso de dever e muito zelo e, servindo abnegadamente a Igreja, enfrentou heroicamente seu martírio. Foi realmente um pai espiritual para todos os cristãos, o ensinando o evangelho em tempos de perseguição e perigo para os cristãos. Diante da multidão idólatra, ele se comportava com prudência e com um maravilhoso amor, tomando cuidado para não irritar as pessoas e, se possível, para atraí-los à fé cristã. Os hinos litúrgicos que recordam a memória deste santo ressaltam sua fé sincera, sua pureza de espírito e sua grande humildade.
Outras comemorações do dia:
- S. Bucólos, bispo de Esmirna († 100?);
- Ss. Barsonoufios, o Grande e João de Gaza;
- S. Fócio, o Grande – Patriarca de Constantinopla;
- S. Ilia de Homs;
- S. Julião, mártir (séc. III).
Leituras bíblicas:
— Mat.: Jo 10: 1-9
— Ep.: Hb 7: 26-28; 8: 1-2
— Ev.: Jo 10: 9-16.
São Lucas nasceu no verão do ano 896. Seus pais, Estevão e Efrosina, eram naturais de Egina, mudando-se logo depois para Foquita, na Tessália. Lucas era o terceiro de sete irmãos. Foi um menino piedoso e obediente e, desde muito cedo, recebeu o encargo de cuidar das ovelhas e cultivar o campo. Ainda criança, deixava de comer para alimentar os famintos e, algumas vezes, chegou a tirar suas próprias roupas para vestir os mendigos. Em época de semear os campos, espalhava boa parte das sementes nas terras dos pobres. Era notório que Deus abençoava a colheita de seu pai com a abundância. Depois da morte de Estevão, seu pai, Lucas deixou seu trabalho nos campos e, por algum tempo, dedicou-se à contemplação. Sentia-se chamado à vida religiosa e, numa certa ocasião, partiu de Tessália em busca de um monastério onde pudesse viver. No entanto, foi capturado por soldados que o confundiram com um escravo fugitivo. Tendo sido interrogado, disse que era um servo de Cristo e que havia empreendido aquela viagem por devoção.
Mas os soldados não deram crédito às suas palavras e o levaram para a prisão, tratando-o com muita crueldade. Passado algum tempo, descobriram sua verdadeira identidade e o puseram em liberdade. Ao retornar para a sua casa, porém, foi recebido com escárnios e chacotas por sua fracassada fuga. Mesmo que conservasse sua decisão de consagrar-se a Deus, seus parentes não queriam deixá-lo ir. Uns monges que estavam à caminho da Terra Santa, vindos de Roma, tendo recebido hospitalidade de Eufrosina, conseguiram convencê-la a deixar seu filho acompanhá-los até Atenas. Lucas entrou então para um monastério, mas não permitiram que permanecesse muito tempo. Certo dia, o superior lhe chamou, dando-lhe a entender que sua mãe lhe havia aparecido numa visão e que precisava muito dele, recomendando-lhe então que fosse ao seu encontro. Assim, pois, Lucas voltou para casa e foi recebido com surpresa e alegria. Passados 4 meses, Eufrosina se convenceu de que seu filho era verdadeiramente vocacionado à vida religiosa, e já não se opôs a que seguisse seu caminho. Lucas então construiu uma eremitério perto de Corinto onde passou a viver. Tinha apenas 18 anos de idade, e já levava uma vida de incrível austeridade; passava noites inteiras em oração privando-se quase por completo do sono. Mesmo assim, mostrava-se alegre e caridoso, ainda que, freqüentemente, precisasse enfrentar com muita força as tentações. Foi abundantemente agraciado por Deus, e por suas orações de intercessão operavam-se verdadeiros milagres, tanto antes como depois de sua morte. Foi um dos primeiros santos de quem se conta que foi visto se elevando do chão enquanto orava. A cela de São Lucas foi transformada num oratório depois de sua morte, e a chamaram “Soteno o Sterion (lugar de curas).
Outras comemorações do dia:
- S. Jorge, novo mártir de Creta;
- S. Ricardo, o rei de Wessex;
- S. Parthênios, Bispo de Lâmpsacos (séc. IV);
- S. Savas de Kalimnos;
- Ss. Teopemptos, mártir e cc..
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Pd 2:21-25; 3:1-9
— Ev.: Mc 12:13-17.
São Teodoro era natural da cidade de Evjait (na Ásia Menor, atualmente Turquia) e governava a cidade de Heracleia, próximo ao Mar Negro. Com uma vida piedosa e uma administração pública pautada pela bondade, conquistou os cidadãos e, vendo sua vida exemplar, muitos pagãos se convertiam à fé cristã. Quando rumores sobre sua vida chegaram ao imperador Licínio (208-323), que era co-regente de Constantino, este veio a Heracléia. Tratou logo de persuadir Teodoro a inclinar-se ante os ídolos, mas percebendo a firmeza de suas convicções, indignado ordenou que Teodoro fosse submetido a cruéis martírios. Primeiro, seu corpo foi estendido no chão e golpeado com barras de ferro; depois, riscaram seu corpo com ferro pontiagudo; queimavam-no com fogo e, finalmente, o crucificaram, arrancando fora seus olhos. Durante a noite apareceu-lhe um anjo que o retirou da cruz e lhe sarou todas as suas feridas.
Quando, pela manhã, os servos de Licínio que tinham sido enviados para retirar seu corpo da cruz e jogá-lo ao mar, viram Teodoro completamente curado, creram em Cristo e, muitos outros pagão, presenciando este maravilhoso milagre, tornaram-se também cristãos. Ao tomar conhecimento do fato, Licínio ordenou que São Teodoro fosse Decapitado, o que aconteceu no ano 319. Seus martírios foram registrados por seu servo e escrivã Uar, que foi testemunha ocular de todos estes acontecimentos.
Outras comemorações do dia:
- S. Zacarias, profeta (séc. VI a.C.):
- Ss. Niceforos e Stefano, mártires.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Ef.: 2: 4-10
— Ev.: Mt.: 10: 16-22.
Nicéforo, o Antioquino viveu e foi martirizado durante o império de Valeriano e de Galeriano. Era um homem cuja simplicidade o fez unir-se a um sacerdote da cidade, chamado Sapricio. A amizade entre Nicéforo e Sapricio era tão grande que agiam como uma só alma, um só coração e uma só vontade. A inveja do maligno, porém, com suas ardilezas, injetou veneno naquela amizade, transformando-a em inimizade. Com o passar do tempo, a inimizade foi crescendo, ao ponto de um querer destruir o outro. Niceforo, porém, por misericórdia de Deus, percebeu quão horrível era o ódio, e que tinha caído nas armadilhas de Satanás. Arrependeu-se e, para demonstrar o desejo de reconciliação, enviou alguns intermediários para que transmitissem seu perdão a Sapricio. O coração do sacerdote, no entanto, estava empedernido pelo ódio. Depois de muitas tentativas fracassadas, Nicéforo se apresentou diante de seu antigo amigo e se prostrou ante seus pés, pedindo-lhe perdão. Sapricio, porém preferindo ater-se aos seus sentimentos de ódio, afastou-se dele, demonstrando total indiferença.
No ano 260, a onda de perseguição aos cristãos recomeçou. Sapricio foi capturado e levado a presença do governador que lhe interrogou: “Como te chamas?” Respondeu ele: “Sapricio”. “Qual tua fé”, perguntou o imperador. Sapricio respondeu: “Sou cristão”. “És clérigo?” “Tenho a honra de ser sacerdote, e nós cristãos professamos nossa fé em um só Deus e Senhor Jesus Cristo que é verdadeiro Deus, criador do céu e da terra; e não reconhecemos a divindade dos deuses dos gentios. O governador se enfureceu e mandou que fosse torturado.
Apesar de todos os açoites e castigos, Sapricio não vacilou e a graça de Deus esteve com ele até o momento em que o governador lhe disse: “o sacerdote dos cristãos está convencido que ressuscitará para uma segunda vinda; que ele seja então entregue aos executores para que sua cabeça seja decepada de seu corpo.” Com muita fé, o sacerdote foi conduzido até o local de sua execução. Enquanto isso, Nicéforo estava muito confuso: satisfeito por seu amigo ter a graça de sofrer o martírio, porém preocupado por desejar ser purificado de qualquer mancha. Aproximou-se dele, em meio a multidão, prostrou-se diante dele e disse; “Ó mártir de Cristo, perdoa-me pelos pecados que cometi contra ti”. Sapricio se manteve em silêncio; não disse uma palavra e nem olhou para o ele. Então os soldados o açoitaram e dele caçoavam dizendo: “este insensato está pedindo perdão a um homem que está a beira da morte”. Por fim chegaram ao lugar da execução e o carrasco ordenou que Sapricio se abaixasse para lhe cortar a cabeça. Porém, já que a divina graça lhe tinha deixado por causa de sua atitude rancorosa, começou a gritar: “porque querem cortar a cabeça? Responderam: “porque te recusas a adorar nossos deuses e a obedecer às ordens do imperador por amor àquele chamado Jesus”. Sapricio respondeu: “irmãos, não me matem; estou disposto a fazer tudo o que me pedem”. Ouvindo aquilo, Nicéforo dizia: “Que lástima! Sapricio fraquejou”. E gritava: “Que estás fazendo, irmão meu? Negas a Cristo, nosso bom Mestre? Não percas a coroa que ganhaste por seus sofrimentos e dores”. Sapricio não quis escutá-lo. Então Nicéforo se apresentou diante do verdugo e disse: “Eu sou cristão e creio em Jesus Cristo quem este miserável acabou de negar. Estou disposto a morrer em seu lugar”. Todos os presentes ficaram surpreendidos e os soldados, confusos, consultaram o imperador dizendo: “Sapricio decidiu fazer oferendas aos deuses, porém aqui existe um homem que professa sua fé em Cristo e diz estar disposto a morrer por Ele”. O governador então ordenou que libertassem Sapricio e que executassem Nicéforo que foi glorificado no dia 9 de fevereiro do ano 260. O Oriente e o Ocidente cristãos recordam sua memória neste dia. Suas intercessões estejam com todos nós. Amém..
Outras comemorações do dia:
- Despedida da festa da Apresentação do Senhor no Templo.
- S. Haralambos, hieromártir;
- Ss. Marcelo, Filagrio e Pancrácio, hieromártires;
- S. Teilo, Bispo de Llandaff;
- S. Pancrácio de Kiev, mon..
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Pd 4:1-11
— Ev.: Mc 12:28-37.
A santidade de Xaralambos brilhou nos heróicos primeiros anos do cristianismo, quando muitos, com singular fé e espírito de renúncia enfrentavam as terríveis perseguições dos sanguinários imperadores de Roma. Nasceu no ano 90 da era cristã, na região de Magnésia de Tessália (Grécia). Seus pais, que eram cristãos, transmitiram a Xaralambos, com seus exemplos de vida, a fé e a devoção cristã. Através dos estudos sistemáticos da Bíblia ele aprendeu as grandes e eternas verdades do mundo, da vida e da destinação humana. Cheio de sabedoria, mesmo muito jovem, ensinava aos colegas de mesma idade para quem era exemplo luminoso de vida. No ano de 130 da era cristã, foi ordenado presbítero, consagrando sua vida à salvação das almas. Inquietava-se por ver muitas pessoas afastadas de Cristo, sem saber porque viviam e o sentido de sua existência. Nesta época, o imperador romano Severo ordenou uma terrível perseguição contra os cristãos.
O governador de Magnésia determinou a captura de Xaralambos e que fosse trazido acorrentado à sua presença, ignorando a sua idade que já alcançava os 113 anos. Mesmo assim, Xaralambos permanecia firme e, às ordens do governador para que adorasse seus ídolos, respondia em alto e bom som que seus deuses eram falsos e que o único e verdadeiro Deus é Cristo. O governador então o ameaçou torturá-lo, porém Charalambos respondeu tranquilamente: «Acreditas que estas ameaças assustam um sacerdote de Cristo? Se me matares, me terás dado a oportunidade de me unir a Cristo no Céu… E as torturas com as quais me ameaças me abrirão as portas da vida eterna». Enfurecido, o governador ordenou que fosse escalpelado; Xaralambos suportou todo o sofrimento, orando e agradecendo a Deus por ter sido escolhido como mártir, ao mesmo tempo em que agradecia também aos carrascos, dizendo: «Agradeço-lhes, filhos meus, por torturarem meu corpo, pois isto me alcançará a felicidade espiritual e a alegria infinita do reino de Deus. Nesse momento, Porfírio e Baio, que eram os executores, atiraram para longe as lâminas e gritaram: «Também somos cristãos!»
Imitando-os, outras três mulheres que assistiam a execução. Muitos milagres aconteceram por suas orações: enfermos foram curados, mortos voltaram à vida etc. Vendo tudo isso, a filha do Governador, de nome Galene, e muitos outros creram em Cristo. O governador, tomado, por uma força do mal, ordenou que fossem todos decapitados. Enquanto Xaralambos era levado ao local do martírio, Cristo lhe apareceu dizendo: «Meu querido Xaralambos, peça-me qualquer graça que desejas!» Xaralambos respondeu: «Meu desejo é que em todo lugar que estiver partes de minhas relíquias e que se lembrarem de meu martírio, não haja fome, epidemias, pestes, mas abundância de frutos da terra, paz, salvação de almas e de corpos. Seu martírio se deu no ano 202 e seu crânio se encontra em Meteora, na Grécia
Outras comemorações do dia:
- S. Anastacio, Patriarca de Jerusalém;
- Ss. Porfirio e Vaptos, presb. e três ss. Virgens;
- S. Prócoro, Venerável do monastério de Pechersk.
Leituras bíblicas:
— Eoth.: Lc 21:12-19
— Ep.: II Tm 2:1-10
— Ev.: Jo 15:17-27;16: 1-2.
São Brás (ou Blásios), bispo e mártir, nasceu em Sebaste, na Armênia, e ficou muitíssimo conhecido em todo o mundo cristão pelos milagres que operou para a glória e honra de Deus. A pureza de seus costumes, sua natural doçura, sua humildade, prudência e, sobretudo, sua grande misericórdia lhe fizeram dele um homem muito estimado de todos. Os primeiros anos de sua vida foram dedicados, com grande proveito, ao estudo da filosofia. Seu conhecimento acerca da natureza humana o inclinaram para à medicina que exerceu com perfeição. Os estudos da medicina fez dele um conhecedor das doenças e da fragilidade da vida, o que o levou a uma profunda reflexão sobre a razão, mérito e solidez dos bens eternos. Tomado pela lucidez, decidiu prevenir-se de um eventual remorso pelo qual passam a maioria das pessoas no momento da morte, e optou por viver uma vida de santidade, exercitando nas virtudes cristãs. Pensava retirar-se ao deserto, mas quando faleceu o Bispo de Sebaste, o elegeram como seu sucessor, sob o aplauso de toda a cidade.
A nova função serviu para ressaltar suas virtudes e obrigá-lo a viver uma vida ainda mais santa. Quanto mais se ocupava da salvação das almas de seu rebanho, mais aumentava seu desprendimento em relação a sua própria vida. Ocupou-se então de instruir seus fiéis, valendo-se mais de exemplos do que de palavras. Tão grande era seu desejo de viver recluso e de aperfeiçoar-se que sentiu a necessidade de retirar-se e passou a viver em uma gruta, situada no alto do Monte Argeu, um pouco distante da cidade. Depois de alguns dias, Deus manifestou-se através da santidade de seu fiel servo operando vários milagres por seu intermédio. Não somente pessoas de todos os lugares vinham a ele buscando a cura do corpo e da alma, como também os animais selvagens aproximavam dele para receberem do santo bispo as suas bênçãos de cura de suas enfermidades.
Encontravam-no sempre em oração e esperavam pacientemente à porta da gruta, sem interrompê-lo, e só saiam de lá depois que recebessem de São Brás a sua bênção. No ano 315, chegou a Sebaste o governador da Capadócia e da Armênia Menor, Agricolao, enviado pelo imperador Licínio. Veio com ordem de executar todos os cristãos da região. Decidido a cumprir tal mandato, ao entrar na cidade ordenou que fossem jogados às feras todos os cristãos que estavam nas prisões. Para tanto, enviou soldados aos bosques à caça de leões e tigres. Os enviados do governador entraram pelo monte Argeu e se depararam com a gruta habitada por São Brás. A entrada da gruta estava rodeada por animais selvagens e, entre as feras, São Brás orava sobre eles. Os soldados, vendo aquilo, ficaram impressionados e foram logo contar ao governador. Surpreso com a notícia, o governador ordenou que retornassem ao lugar e que o tal bispo fosse trazido à sua presença. Mal os soldados chegaram ao local, São Brás docemente lhes disse: «Vamos, meus filhos, derramar nosso sangue por meu Senhor Jesus Cristo. Há muito tempo que desejo o martírio, e esta noite o Senhor me deu a entender que se dignou aceitar meu sacrifício». Logo que se soube que São Brás estava sendo levado da cidade de Sebaste, a multidão tomou as ruas desejando receber dele suas bênçãos e o alivio dos males. Uma pobre mulher, desesperada e aflita, passou como pode em meio à multidão e, cheia de confiança, ajoelhou-se aos pés de São Brás apresentando-lhe seu filho que estava sofrendo com uma espinha que lhe havia atravessado a garganta e o sufocava. Vendo a dor da pobre mão o bispo ficou compadecido, elevou seus olhos e ergueu as mãos ao céu, pedindo fervorosamente: «Senhor meu, Pai de misericórdia e Deus e todo o consolo, digna-te ouvir a humilde prece de teu servo e concede a graça da saúde a este menino, para que o mundo creia que só Tu és o Senhor dos vivos e dos mortos. Tu que és o Soberano e a todos ofereces a tua misericórdia, te suplico humildemente, que todos os que vem a mim para alcançar a cura de doenças, pela intercessão deste teu humilde servo, sejam benignamente ouvidos e favoravelmente atendidos». Mal tinha terminado a oração, o menino expeliu a espinha de sua garganta e ficou totalmente curado. Por este fato, São Brás é conhecido por todos e é venerado como protetor dos males da garganta e sufocamentos. Quando chegaram, São Brás foi apresentado ao governador que, sem demora e ali mesmo, determinou que oferecesse sacrifício aos deuses. São Brás exclamou: «Ó Deus! Por que dás esse nome aos demônios que só têm poderes para fazer o mal? Não há outro Deus senão o Único e verdadeiro Deus, Todo Poderoso e Eterno, e é este Deus que eu adoro». Irritado com estas palavras, Agricolao ordenou que fosse cruelmente açoitado até a morte. São Brás, porém, expressava alegria em seu semblante e sua força espiritual o sustentava. Foi depois levado para a prisão onde operou vários milagres, o que despertou ainda mais a ira do governador que ordenou que esfolassem seu corpo, parte por parte. Escorria muito sangue por todos os lados e algumas mulheres vieram limpar seus ferimentos. Foram, por isso, presas e forçadas a oferecer sacrifícios aos ídolos, sob pena de suas vidas. Elas pediram então para que trouxessem os ídolos, mas retrocederam e jogaram as oferendas nas águas de uma lagoa. Esta atitude lhes rendeu a coroa do martírio, sendo degoladas juntamente com seus filhos. O governador, sentindo-se vencido e envergonhado, mandou que jogassem São Brás no fundo da lagoa onde as oferendas haviam sido jogadas. Protegendo-se com o sinal da cruz, São Brás começou a caminhar sobre as águas como se estivesse andando em terra firme. Chegou até a metade da lagoa e sentou-se serenamente, mostrando aos pagãos que seus deuses não tinham nenhum poder sobre ele. Alguns corajosos e incrédulos jogaram-se nas águas para tirar a prova do que estava acontecendo, mas se afogaram. Naquele momento, São Brás ouviu uma voz que vinha do fundo das águas e lhe dizia que iria receber em breve a coroa do martírio. Ao sair para terra firme o governador ordenou imediatamente que lhe cortassem a cabeça. Isto aconteceu no dia 11 de fevereiro do ano 316.
Outras comemorações do dia:
- S. Dimitri, o milagroso de Priluki de Vologdá;
- S. Jorge, o Sérvio;
- Teodora, a Imperatriz;
- S. Vlasios, o novo mártir de Sebaste;
- S. Vsevold de Pskof, o milagroso, príncipe ortodoxo (morte);
- S. Zacarias, Profeta – encontro das relíquias.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Hb 4:14-16;5: 1-6
— Ev.: Mt 10:1, 5-8.
Melécio de Antioquia (em grego: Μελέτιος) foi um bispo cristão e Patriarca de Antioquia de 360 até sua morte. Seu firme apoio aos nicenos na Igreja levaram-no três vezes ao exílio sob imperadores romanos arianos. Um de seus últimos atos foi presidir o Primeiro Concílio de Constantinopla em 381.
A vida ascética de Melécio foi especialmente notável dada sua grande riqueza pessoal. Ele é venerado como santo e confessor bo Oriente como no Ocidente.
Ele nasceu em Melitene, na Armênia Menor, de pais ricos e nobres. Ele aparece nos registros pela primeira vez em ca. 357 como um dos aliados de Acácio, bispo de Cesareia, o líder do partido entre os bispos que apoiavam a fórmula homoiana através da qual o imperador Constâncio II buscou o meio-termo entre os homoousianos e os homoiousianos. A ideia que Deus e Jesus Cristo são de “essências similares” ou “da mesma essência” (ousia). Melécio assim debutou como um clérigo do partido da corte e, como tal, se tornou bispo de Sebaste sucedendo Eustácio, a que o sínodo de Melitene depôs por seu homoousianismo (credo de Niceia, trinitário), que então eles consideraram herético. Porém, esta nomeação provocou ressentimento entre os homoianos, e Melécio acabou se retirando para a Beroia.
De acordo com Sócrates Escolástico, ele compareceu ao Concílio de Selêucia no outono de 359 e subscreveu a fórmula acaciana. No início de 360 ele se tornou bispo de Antioquia, sucedendo Eudóxio, que por sua vez foi transferido para Constantinopla. No início do ano seguinte, ele já estava exilado. De acordo com uma antiga tradição, suportada por evidência obtida em Epifânio e João Crisóstomo, o motivo foi um sermão que ele pregou para o imperador Constâncio II, no qual ele revelou sua visão homoousiana. Esta explicação, porém, foi rejeitada por G. F. Loofs – o sermão não contém nada inconsistente com a posição acaciana que o partido da corte imperial favorecia. Por outro lado, há evidência de conflitos entre os clérigos, bem distantes de questões de ortodoxia doutrinária, que podem ter levado ao exílio do bispo Melécio.[1]
Cisma Meleciano
Ver também: Anexo:Lista de patriarcas de Antioquia
O sucessor de Melécio foi Euzoio, que tinha – juntamente com Ário – caído no banimento de Atanásio. Na própria Antioquia, Melécio continuou tendo seguidores, que mantinham missas separadas na igreja apostólica da cidade velha. O cisma meleciano se complicou, além disso, pela presença na cidade de outra seita antiariana, aderentes ainda mais estritos da fórmula homoousiana, mantendo a tradição do bispo Eustácio, deposto, e liderados na época pelo presbítero Paulino, bispo de Antioquia.
O Concílio de Alexandria (362) enviou delegados para tentar um acordo entre as duas igrejas antiarianas. Mas antes que eles chegassem, Paulino tinha sido consagrado bispo por Lúcifer de Cálhari, quando Melécio retornou por conta do imperador Juliano, o Apóstata. Uma política de confrontação era a norma na cidade e ele se encontrou como um de três bispos rivais. O partido ortodoxo, fiel ao credo de Niceia, notadamente o próprio Atanásio de Alexandria, mantiveram a comunhão apenas com Paulino, duas vezes (365 e 371/372). Melécio foi então novamente exilado por decreto do imperador Valente. Uma complicação a mais se somou em 375 quando Vitálio, um dos presbíteros de Melécio, foi consagrado bispo pelo herético Apolinário de Laodiceia.
Enquanto isso, sob a influência da situação, Melécio foi se tornando cada vez mais simpático às visões do credo de Niceia. Basílio de Cesareia, desistindo da causa de Eustácio, passou a defender a de Melécio que, retornando em triunfo para Antioquia após a morte de Valente, foi aclamado como líder da ortodoxia oriental. Nesta posição, ele presidiu em outubro de 379 um grande Concílio em Antioquia, no qual o acordo dogmático foi estabelecido. Ele ajudou Gregório de Nazianzo na sé de Constantinopla e o consagrou bispo. Por fim, ele presidiu também o Primeiro Concílio de Constantinopla em 381.
Ele morreu logo após a abertura do concílio e o imperador Teodósio I, que tinha recebido-o com especial distinção, ordenou que seu corpo fosse levado para Antioquia e enterrado com as honras de um santo. O cisma meleciano, porém, não terminou com a sua morte. A despeito do conselho de Gregório de Nazianzo e da igreja ocidental, o reconhecimento de Paulino como único bispo foi recusado e Flaviano foi consagrado como sucessor de Melécio. Os eustacianos, por outro lado, elegeram Evágrio como bispo quando Paulino morreu. Apenas em 415 que Alexandre I de Antioquia teve sucesso em reunir novamente a Igreja. (Wikipédia)
Outras comemorações do sia:
- Alexis, metropolita de toda Rússia, o milagroso, morte;
- Antônio, arcebispo de Constantinopla;
- Cristos, o novo mártir;
- Melécio de Ypseni.
Leituras de dia:
— Mc 16:1-8
— 1 Cor 6:12-20
— Lc 15:11-32
Ainda muito jovem, São Martiniano estabeleceu-se no deserto, próximo a Cesareia, na Palestina. Seu jovem corpo era atormentado pelas paixões carnais e sua alma turbava-se ante as tentações diabólicas que eram vencidas através dos freqüentes jejuns, orações e trabalhos. Assim viveu durante 25 anos. Graças a sua continência, uma prostituta chamada Zoê, que veio especialmente para tentá-lo, se converteu à santidade. Certa vez ele pisou com os pés descalços sobre brasas ardentes e, com muito esforço e suportando a dor, gritou: «e como será então o fogo do inferno?» Surpreendida pela força espiritual e pelos sofrimentos do eremita, Zoê se arrependeu e pediu que orasse por ela. Martiniano orientou então que ela fosse ao Monastério de Santa Paula, em Belém. Lá, Zoê viveu durante 12 anos até seu falecimento, esforçando-se espiritualmente para expiar seus pecados. Até o último dia de sua vida, Zoê não bebia vinho e se alimentava de pão e água, dormindo no chão.
São Martiniano passou durante muitos anos em uma ilha desabitada; não tinha sequer um teto. Recebia alimentação do dono de um barco para o qual confeccionava cestos. Nesta mesma ilha onde São Martiniano vivia, uma jovem, de nome Fotini, havia se refugiado após o naufrágio de seu barco, levada pelas ondas. Após recebê-la na ilha e evitar as tentações, São Martiniano foi para o mar e, por graça de Deus, alcançou o Sul da Grécia por onde peregrinou durante dois meses até chegar a Atenas onde faleceu em paz no ano 122. Santa Fotini ficou na ilha onde viveu durante mais seis anos até seu falecimento.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Áquila e Priscila, apóstolas;
- S. Evlógios, Patriarca de Alexandria;
- S. Simeão da Sérvia.
Leituras bíblicas:
— Ep.: 1Jo 1: 8-10; 2: 1-6;
— Ev.: Mc 13: 31-37: 14: 1-2.
São Marão optou por morar isoladamente, longe da cidade de Cirrus, na Síria, onde, em espírito de mortificação, vivia quase sempre sob as intempéries. Tinha apenas uma pequena cabana coberta com peles de cabra para abrigar-se, em caso de necessidade. Certa vez, entrou nas ruínas de um templo pagão e o dedicou ao culto do verdadeiro Deus transformando-o em casa de oração. São João Crisóstomo o estimava muito e, freqüentemente, lhe escrevia, desde a época em que estava desterrado em Cucusus. Recomendava-se às suas orações e lhe pedia que sempre enviasse noticias com a maior freqüência possível. São Marão tinha tido por mestre São Zebino que era um homem de oração assídua. Dizia-se dele que passava dias e noites inteiras em oração, sem experimentar cansaço. Geralmente rezava de pé, mesmo quando já era ancião, apoiando-se em um báculo. Aos que por ele procuravam, era breve, tanto quanto possível, para ter mais tempo de conversar com Deus.
São Auxêncio passou a maior parte de sua longa vida como ermitão em Bithynia. Em sua juventude foi um dos guardas de Teodósio, o Jovem. Seus deveres militares, que cumpria com fidelidade, não o impedia de cumprir com suas obrigações religiosas. Todo o seu tempo livre passava na solidão e em oração. Visitava com freqüência os santos monges ermitãos que moravam próximos e lhes pedia pousada a fim de poder, com eles passar uma noite, fazendo exercícios penitenciais e cantando louvores a Deus. Tempo depois, levado por um forte desejo de perfeição e temor da vanglória, adotou a vida eremítica. Fundou seu eremitério na montanha de Oxia, distante 12 quilômetros de Constantinopla. Nesse lugar foi muito procurado e tinha forte influência por sua fama de santidade.
No Quarto Concilio Ecumênico realizado em Calcedônia, Concílio este que condenou a heresia de Eutíquio, Auxêncio foi chamado pelo imperador Marciano para depor, justificando de acusações que sobre ele caíram. Novamente em liberdade, não retornou a Oxia, indo para uma cela mais próxima de Calcedônia, em Skopas. Ali permaneceu, entregando-se a uma vida mais austera, instruindo os seus seguidores até sua morte que aconteceu, provavelmente, em 14 de fevereiro de 473. O historiador Sozemeno escreveu sobre sua vida, sua fé e sua intimidade com fervorosos ascetas.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Abrão e Marão, eremitas († c. 423);
- S. Cirilo, igual-aos-apóstolos e Mestre dos eslavos († 869);
- S. Constantino, o filósofo em religião (morte);
- S. Isaac, o recluso, do monastério de Pechersk;
- S. Nicolau, novo mártir de Corinto;
- S. Abrão, bispo de Carrhes, na Mesopotâmia.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Pd 1:20-21; 2:1-9;
— Ev.: Mc 13:9-13.
Santo Onésimos era escravo de Filêmon, homem importante de Colossos, na Frigia, que se converteu à fé cristã através do apóstolo São Paulo. Quando fugia da justiça, acusado de roubar seu senhor, Onésimo entrou em contato com São Paulo que se achava em Roma. São Paulo o converteu, o batizou e o enviou à casa de Filêmon com uma carta de recomendação. Filêmon perdoou então seu escravo arrependido e o reenviou a São Paulo. São Jerônimo e outros autores escrevem que Onésimo e Tíquio foram os portadores da carta que São Paulo escreveu aos colossenses. Os dois foram sempre orientados pelo Apóstolo Paulo e se transformaram em pregadores do Evangelho e, mais tarde, foram consagrados bispos. Onésimo foi consagrado Bispo de Éfeso por São Paulo. Após o episcopado de Timóteo, afirma-se que o antigo escravo e Bispo de Éfeso, Onésimo, foi levado prisioneiro à Roma e lá morreu apedrejado. Suas relíquias posteriormente foram trasladadas para Éfeso onde são veneradas até hoje.
Outras comemorações do dia:
- S. Anthimos, ancião de Chios;
- S. Panfúcio de Kiev;
- S. Eusébio da Síria;
- S. Onésimos, Patriarca de Constantinopla;
- S. Maïor, a Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fm 1:1-25;
— Ev.: Mc 13:14-23.
Em 309, época dos imperadores Valério Maximiano e Máximo, a perseguição aos cristãos, cujo início deu-se na época de Diocleciano, prosseguia. Cinco egípcios foram visitar os cristãos que, por professarem sua fé foram condenados a trabalhos forçados nas minas da Celícia. Ao regressarem os guardas os detiveram às portas da cidade de Cesareia da Palestina. Os cinco confessaram que eram cristãos e revelaram o motivo de sua viagem. No dia seguinte, compareceram diante do governador Fermiliano, juntamente com Panfílio. O juiz, segundo o costume, ordenou que os cinco egípcios fossem torturados antes de serem julgados. Depois de muito sofrerem, foram interrogados pelo governador sobre seus nomes e nacionalidades. Um deles respondeu que se chamava Elias e que seus companheiros se chamavam Jeremias, Isaías e Daniel. Como Fermiliano insistiu em saber sobre sua nacionalidade, Elias respondeu que era cidadão de Jerusalém, referindo-se a Jerusalém Celeste, verdadeira Pátria de todos os cristãos.
O governador então ordenou que torturassem Elias. E logo foi açoitado com as mãos atadas às costas e os pés amarrados a um tronco. Depois, o governador mandou que os cinco fossem decapitados. E a ordem foi executada imediatamente. Porfírio, jovem servo de Panfilio, prometeu que o corpo de seu senhor e de seus companheiros não ficariam sem sepultura. Firmiliano, quando soube da intenção de Porfírio, mandou que o prendessem. Por ter confessado que também era cristão e negado a oferecer sacrifícios aos deuses dos pagãos, o juiz mandou que fosse Porfírio fosse cruelmente açoitado, a ponto de seus ossos e entranhas ficarem expostos. Porfírio sofreu calado, sem exalar um suspiro. Em seguida, o governador mandou que acendessem um fogueira em forma de circulo e que o colocassem no centro. Lá permaneceu por muito tempo, sofrendo a ação das chamas enquanto entoava louvores a Deus e invocava o nome de Jesus, até que a morte pôs fim a seu lento e glorioso martírio. Um outro cristão chamado Seleuco assistia ao martírio de seu companheiro e elogiava sua fé Os soldados o denunciaram para o governador que ordenou sua decapitação.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Valente; Paulo;
- Selêucio; Porfírio;
- Teódulo; Elias;
- Jeremias; Isaias;
- Daniel e Samuel (†309);
- S. Flaviano, Patriarca de Constanbtinopla;
- S. Romano, o jovem.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Pd 3:1-18;
— Ev: Mc 13:24-31.
Na cidade de Amasea, província de Panonia, na época das perseguições aos cristãos, no governo de Maximiano(286-305), um guerreiro, de nome Teodoro, juntamente com outros seus companheiros, foram forçados a abjurar a fé em Cristo e a oferecer sacrifícios aos ídolos. Negando-se a faze-lo, Teodoro foi submetido a cruéis torturas e, posteriormente, conduzido à prisão. No cárcere, enquanto orava, Cristo lhe apareceu milagrosamente. Tempos depois, tiraram-no da prisão, torturaram-no e, novamente, persuadiram-no a abjurar sua fé. Diante de sua firmeza, o governador o condenou à fogueira. Destemido, Teodoro submeteu-se ao martírio e entregou a sua alma a Deus em oração. Isto aconteceu aproximadamente no ano 305. Seu corpo foi sepultado em uma região onde hoje é a Ásia Menor. Posteriormente, suas relíquias foram trasladadas para uma Igreja em Constantinopla edificada em sua honra. Sua cabeça , porém, está guardada numa Igreja na Itália.
Cinquenta anos depois da morte de Teodoro, o imperador Juliano, o apóstata (361-363), querendo profanar a Grande Quaresma Cristã, ordenou que o governador da cidade de Constantinopla desse uma ordem para que o sangue dos animais sacrificados para o culto aos ídolos fossem aspergido sobre os alimentos vendidos nas feiras, na primeira semana da Quaresma Cristã. Numa visão, São Teodoro apareceu ao arcebispo de Constantinopla informando-lhe disto. Imediatamente o arcebispo pediu a todos os cristãos que não comprassem alimentos naquela semana, pois haviam sido profanados, e que comessem apenas o «Kutiá» (trigo cozido com mel). O Megalomártir Teodoro é comemorado pela Igreja Ortodoxa nesta data e a cada primeiro sábado da Grande Quaresma.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Auxentios, o justo, Marciano, o piedoso e Pulcheria;
- S. Hermógenes, patriarca de Moscou;
- S. Mariane, irmã do apóstolo Filipe;
- S. Teodoro, mártir de Bizâncio.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Tm 2:1-10;
— Ev.: Lc 20:46-47; 21:1-4.
São Leão, Papa de Roma (440-461), era muito conhecido por sua devoção e por sua erudição. Como um verdadeiro pastor, defendeu incansavelmente os ensinamentos e a ortodoxia da fé cristã contra as heresias maniqueístas e de eutiques durante o Quarto Concilio Ecumênico, realizado na Calcedônia. No ano 452, São Leão com força de sua palavra deteve Atila, rei dos Hunos que tencionava devastar Roma. No ano 455, convenceu Genserico, rei dos Vândalos a não assassinar os romanos nem colocar fogo na cidade. Por causa de sua forte devoção e por defender a fé foi chamado de “Magno” ( o Grande). São Leão faleceu no ano de 461, deixando uma mensagem a Flaviano, Patriarca de Constantinopla, defendendo a dupla natureza de Jesus Cristo (Divina e Humana). Deixou diversos escritos, entre eles sermões e cartas. Suas santas relíquias estão em um altar lateral, na Catedral de São Pedro, em Roma.
II
Nasceu na Toscana, no final do século IV. É considerado um dos papas mais eminentes da Igreja dos primeiros séculos. Assumiu o governo da Igreja em 440, numa época de grandes dificuldades, políticas e religiosas. A fé católica estava ameaçada pelas heresias que grassavam no Oriente. São Leão procurou a todo custo preservar a integridade da fé, defendendo a unidade da Igreja. Em 451, durante o concílio da Calcedônia, a sua carta sobre as duas naturezas de Cristo foi aplaudida pelos bispos reunidos que disseram: Pedro falou pela boca de Leão. Enquanto homem de Estado, contemporizou a queda eminente do Império Romano, evitando com sua diplomacia que a ruína e os prejuízos materiais e culturais fossem ainda maiores. Para salvar a Cidade Eterna das pilhagens dos bárbaros, não se intimidou em enfrentar Genserico e Átila, debelando assim o perigo que parecia irreversível. Deixou escritos 96 Sermões e 173 cartas e numerosas homilias que chegaram até nós. São Leão Magno pontificou durante 21 anos.
Outras comemorações do dia:
- S. Agapitos, o confessor, bispo do Monte Sinai;
- S. Cosme de Kiev;
- S. Flaviano, o confessor, patriarca de Constantinopla;
- S. Tomé, arcebispo de Constantinopla.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Jo 2:7-17;
— Ev.: Mc 14:3-9.
Arquipo era natural de Colossos onde conheceu o apóstolo São Paulo por quem converteu-se ao cristianismo. Graças ao seu zelo, devoção e dedicação, rapidamente juntou-se na batalha espiritual de seu glorioso mestre. São Paulo, em suas epístolas, menciona Arquipo em duas ocasiões: na carta a Filêmon (Fm 1:2) e na sua Epístola aos Colossenses (Cl 4:17). Ao pôr em prática sua missão divina, Arquipo foi preso por ordem do prefeito Androcleus. Tendo se negado a oferecer sacrifícios aos ídolos, foi desnudado e posto num fosso, ficando com metade de seu corpo enterrado. No entanto, Arquipo permanecia firme em sua fé, testemunhando-a em alta voz e negando-se a adorar os falsos deuses. Começaram então a lhe ferir com agulhas por todo o seu corpo, no pescoço, nas axilas, nas costas, nos olhos, nas orelhas, na boca e na cabeça. Mesmo sofrendo as conseqüências de todas essas torturas, não abjurou sua fé em Jesus Cristo, o centro de suas orações e louvor. Por fim, Arquipo foi apedrejado violentamente, entregando sua vida e sua alma a Cristo e, com o Apóstolo Paulo, recebeu a coroa do martírio.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Filemon apóstolo [dos 70] e sua esposa Ápia;
- S. Filotea, mártir de Atenas;
- S. Nicetas, o jovem;
- S. Onésimos, apóstolo dos 70.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tm 6:11-16;
— Ev.: Lc 20:46-47; 21:1-4.
São Leão viveu entre os anos 836 e 912. Era natural da região de Ravena, na Itália. Seus pais buscavam lhe dar uma educação enciclopédica, em que fosse possível conciliar vários conhecimentos. Acreditavam que tanto a criança quanto sua educação só eram frutuosas se estivessem baseadas no que a Palavra de Deus dizia: «Criem vossos filhos, educando-os e aconselhando-os segundo os preceitos de Nosso Senhor Jesus Cristo». Assim Leão foi educado. Estudou ciências com esmero e dedicação e nelas sempre se destacava. Sua formação cristã o ajudou a conservar sua humildade, protegendo-o da vaidade e do orgulho. Tinha forte desejo de servir a Deus e a Igreja, decidindo-se, por isso ser ordenado sacerdote. Serviu a Igreja nos três graus do sacerdócio, e em cada etapa cumpriu perfeitamente suas obrigações religiosas. Suas preciosas virtudes o elevaram ao grau do episcopado, tornando-se bispo de Catânia. Em seu apostolado como bispo, trabalhou incansavelmente, ensinando e preocupando-se não só com as almas, mas acolhendo e alimentando os órfãos.
Deus lhe deu a graças de operar milagres. Deixou serenamente este mundo e seu santo corpo foi sepultado na Igreja de Santa Lúcia que foi ele havia edificado.
Outras comemorações do dia:
- S. Agatão de Kiev, mon.;
- S. Agathos, papa de Roma;
- S. Besarion, o Grande;
Ss. Sadok, bispo, e outros 128 mártires da Pérsia; - S. Plotino.
Leituras bíblicas:
— Ep.: 1Jo 4: 20-21; 5: 1-21;
— Ev.: Mc 15: 1-15.
Jorge, ainda que desconhecido, foi aceito pelos monges que o tratavam como um velho amigo. No entanto, o povo de Amastris não havia ainda se esquecido de Jorge. Quando o bispo local faleceu, Jorge foi eleito para sucedê-lo, e o povo foi ao monastério onde vivia para lhe comunicar sobre sua eleição. Como Jorge se negasse a aceitar o cargo, a comitiva o convenceu a ir a Constantinopla para ser apresentado ao Patriarca Tarásios. O Patriarca recordou-se de Jorge, pois alguns anos antes, em Constantinopla, havia participado de alguns ofícios, cantando no coro. Era costume do Patriarca dar aos cantores, após o oficio, uma pequena espórtula, e Jorge negou-se a recebê-la, o que impressionou muito o Patriarca Tarásios. O Patriarca mostrou-se decidido a consagrar Jorge bispo, ainda que o imperador tivesse um outro candidato para ocupar o trono em Amastris. Por ter sido eleito pelo povo, o Patriarca resolveu então proceder uma nova eleição entre os dois candidatos. Jorge novamente foi eleito e foi consagrado pelo Patriarca e recebido pelo povo com grande alegria. O novo bispo foi um pai para o seu povo, e sua prudência não superou sua piedade. Naquela época, a região era freqüentemente atacada pelos sarracenos. Sabendo disso que isso era iminente, o bispo avisou aos camponeses para que se refugiassem dentro das muralhas da cidade. Não acreditando no perigo, negavam-se a sair de suas casas. O bispo Jorge, então, foi de casa em casa para convencer os moradores a irem para dentro dos muros da cidade. Os camponeses obedeceram seu bispo e os inimigos, ao chegar, decidiram retirar-se ao ver que a cidade estava preparada para expulsá-los.
Outras comemorações do dia:
- S. Eustácio, Patriarca de Antioquia († c. 330);
- S. João Escolástico, Patriarca de Constantinopla;
- S. Timóteo, o justo, do «Símbolo», mon. (séc. VII?);
- S. Zacarias, Patriarca de Jerusalém.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Jo 2:18-29; 3:1-8;
— Ev.: Mc 11:1-11.
Santo Atanásio nasceu em Constantinopla de pais muito piedosos e ricos. Desde jovem se distinguia por sua humildade e compaixão, decidindo mais tarde tornar-se monge no monastério Pavlopetros, em Nicomédia. Sua notoriedade foi tanta que chegou ao conhecimento dos reis. Era dirigido espiritualmente por São Teodoro, o estudita e São João, abade do monastério dos Puros. Com eles cultivava a devoção aos santos ícones e, por causa disso, foi acusado e sofreu torturas na época do governo de Leôncio, o iconoclasta. Por permanecer firme em sua fé ortodoxa, morreu martirizado, entregando sua alma nos braços de Nosso senhor Jesus Cristo.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Andrônico e Júlia, mártires de Constantinopla – encontro das relíquias em Eugênio (séc. IV);
- Ss. Antusa e seus 12 (servos) cc. mártires;
- Ss. Talasios e Baradato.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Jo 3:9-22;
— Ev.: Mc 14:10-42.
«Quem não está por mim está contra mim, e quem não se junta a mim, dispersa» (Lc 11,23).
Hoje a Igreja lembra São Policarpo. Ele pertence ao grupo dos chamados «Padres Apostólicos», quer dizer, discípulos dos primeiros Apóstolos, e foi Bispo e Mártir. São Policarpo – nome que significa: «muito fruto» – deve ter sido discípulo de São João, o autor do 4° Evangelho. Por sua vez, teve ele um aluno, que até o superou, tornando-se até mais célebre. É Santo Irineu, apóstolo da França. Esse mesmo Irineu lembra que Policarpo enviava cartas às comunidades vizinhas e a alguns irmãos, em particular, para os ensinar e os admoestar. Conserva-se até hoje sua belíssima Carta aos Filipenses. Também nos foi transmitida a narração do seu martírio, com as suas últimas palavras, proferidas com muita suavidade perante o juiz que o condenava. Dizia ele: «Finges ignorar quem eu sou? Escuta-o com toda clareza: eu sou cristão». Foi então queimado vivo. Corria o ano de 155. Ser cristão é uma graça, mas também, uma honra. Igualmente, um compromisso com o Evangelho.
II
Policarpo teve a felicidade de conhecer e abraçar a fé cristã ainda menino, tendo sido instruído pelos próprios apóstolos, em particular, por São João, o Teólogo quem, mais tarde, o nomeou Bispo de Esmirna, cidade da Ásia Menor. Acredita-se que dele fala Nosso Senhor Jesus Cristo no segundo capítulo do Livro do Apocalipse, quando disse ao anjo: «Eu sei que padeces e que és muito pobre; contudo, és muito rico, pois és objeto de murmuração daqueles que se chamam judeus, e não os são, pois formam a sinagoga de satanás; não temas, pois, que que tens a padecer. Sê fiel até a morte que te darei a coroa da vida»
Policarpo governou a Igreja de Esmirna por quarenta anos. O resplendor de suas virtudes o projetava como a cabeça e primeiro de todos os bispos da Ásia; era ainda venerado por todos os fiéis a ponto de não deixarem ele mesmo tirar seus sapados ou sandálias, apressando por fazê-lo para ter o privilégio de tocá-lo. Policarpo conquistou e formou muitos discípulos, do mesmo modo como ele próprio havia sido tratado pelos apóstolos. Santo Irineu, bispo de Lião, na França, foi um deles. Diz o santo: «Tenho ainda muito presente a sobriedade de seus passos, a majestade de seu semblante, a pureza de sua vida e suas santas exortações com as quais alimentava seu povo. Parece-me ainda hoje escutá-lo dizer como havia conversado com São João, e com outros que também tinham visto Nosso Senhor Jesus Cristo, as palavras que ouviu e as particularidades que haviam lhe ensinado sobre os milagres e a doutrina deste divino Salvador». Tudo o que dizia era perfeitamente de acordo com as Sagradas Escrituras, como referido pelos que haviam sido testemunhas oculares do Verbo, e da Palavra de Vida.Seu zelo pela pureza da fé era tal, segundo afirma o mesmo Santo Irineu, que quando algum erro era dito em sua presença, tapava seus ouvidos e dizia: «Para que tempo me reservaste?» E fugia imediatamente.
Após o martírio de São Germânico e de outros mártires, o povo de Esmirna começou a reagir com irritação: «Que os ímpios sejam exterminados! Que tragam Policarpo!» – Haviam escondido o santo bispo numa casa de campo, mas os que o buscavam conseguiram encontrá-lo. O santo encontrava-se num aposento, no alto, e teria conseguido se salvar se quisesse, mas se recusou, reagindo com estas palavras: «Faça-se a vontade de Deus». Os soldados, vendo sua idade e firmeza, não se atreviam a cumprir a missão. O santo então pediu para que lhe preparassem a ceia e que lhe dessem uma hora para rezar em liberdade. Tendo sido concedido, cheio da graça de Deus orou de pé por duas horas pedindo por todos os seus conhecidos e encomendando a Deus a sua Igreja.
Assim que chegaram à cidade, apresentaram-no ao governador da província que lhe interrogou se era mesmo Policarpo. Ele respondeu que sim. O magistrado então o instou a que renunciasse sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Policarpo lhe respondeu: «Eu já o sirvo há oitenta e seis anos, e nunca me fez nenhum algum. Como poderia blasfemar contra meu Rei que me salvou? » O pró cônsul continuava a lhe escutar: «Ao que parece, dissimulas conhecer-me? Disse-lhe Policarpo. «Pois eu te declaro que sou cristão e, se queres instruir-te na doutrina dos cristãos, diga-me quando podes ouvir-me, e eu te ensinarei». O pró cônsul reagiu: «Enganas o povo». Disse-lhe Policarpo: «Pelo que te cabe, é justo responder-te: porque temos apreendido a respeitar os magistrados e a prestar às potestades estabelecidas por Deus a devida honra. Pois veja este povo que não merece que eu me justifique em sua presença». O pró cônsul o ameaçou de ordenar que fosse jogado às feras. A resposta de São Policarpo foi que, a ele seria de mais vantagem passar dos suplícios à perfeita justiça. «Pois, já que não temes as feras, ordenarei que sejas queimado vivo por tua desobediência». O santo lhe respondeu: «Ameaças com um fogo que, em algum momento, se apagará porque não conheces o fogo eterno que está reservado aos ímpios. Mas, o que te detém? Faça logo o que queres». Irritado, o pró cônsul o condenou que fosse atirado ao fogo. Policarpo então desnudou-se a si mesmo e, como quisessem amarrá-lo a um poste, disse: «Deixe-me que assim terei mais força para padecer no fogo e a graça de deixará permanecer imóvel sobre a fogueira, sem necessidade dos cravos». Contentaram-se, pois, com amarrar-lhe as mãos às suas costas. Assim, elevou os olhos aos céus, deu graças à Santíssima Trindade pela honra de ser um dos mártires por Nosso Senhor Jesus Cristo, e lhe suplicou que o recebesse qual sacrifício de agradável aroma. Terminada sua oração, acenderam o fogo; mas, ao invés de as chamas consumirem seu corpo, o rodearam formando como que uma muralha de proteção, e de seu corpo exalava um suave perfume. Ainda mais irritados por este milagre, os pagãos o partiram com uma espada. O sangue que verteu do ferimento foi suficiente para apagar o fogo. Assim, São Policarpo chegou ao fim de seu sacrifício e de sua vida terrena.
Outras comemorações do dia:
- S. Damião, novo mártir do Monte Athos;
- S. Gorgônia, a justa, irmã de S. Gregório, o Teólogo;
- S. João Terista (it.-gr. t séc. XI);
- S. Proterios, Arcebispo de Alexandria;
- S. Boswell, Abade de Melrose.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Jo 3:21-24; 4:1-11;
— Ev.: Mc 14:43-72; 15:1.
O primeiro lugar onde foi encontrada a cabeça de São João Batista foi próximo ao Palácio de Herodes, onde Herotíades viu sobre uma bandeja a cabeça do homem que anunciava a verdade e denunciava as imoralidades. Reza a tradição que, posteriormente, pediu que a cabeça fosse enterrada próximo ao palácio. Naquele lugar ficou enterrada a sagrada cabeça de São João Batista até o século IV, quando dois monges que iam visitar o Santo Sepulcro, em Jerusalém, avisados em sonho pelo Precursor, a encontraram. Os monges levaram a cabeça do Precursor consigo para Síria. Depois da morte destes monges, a cabeça foi guardada por vários fiéis até que seu paradeiro foi perdido, sendo reencontrada pelo imperador Valentino. Pode-se atestar assim que o Senhor não deixa que se percam, não só as almas dos homens santos que anunciaram o Evangelho, mas também seus ossos. Por serem suas almas santificadas, seus corpos também tornam-se santos, pois são recipientes da alma.
Outras comemorações do dia:
- S. Cumaino, abade na Escócia;
- S. Erasmo, Venerável do monastério de Pechersk;
- S. Romanos, príncipe de Uglich.
Leituras bíblicas:
— Eoth.: Lc 7:17-30;
— Ep.: II Cor 4:6-15;
— Ev.: Mt 11:2-15.
São Tarásios nasceu no ano 730. Recebeu uma ótima educação cristã e literária; tinha como pai, o prefeito de Constantinopla. Tarásios era de caráter zeloso, de tal forma que foi nomeado pelo imperador para um alto cargo imperial. Enfrentou, em Deus, todas as tentações próprias da sociedade, cheia de luxo. No século VIII, foi a heresia iconoclasta promovida pelo imperador Leão que, não compreendendo, aponta o culto às imagens como uma prática de idolatria. Ao assumir o patriarcado São Tarásios combateu e conseguiu condenar esta heresia num Concílio. Cuidadoso com suas ovelhas, tinha um grande espírito de serviço, a ponto de dizer, ao ser questionado pelo seu especial cuidado para com os pobres: «Minha única ambição é imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, que viveu para servir e não para ser servido». São Tarásios governou sabiamente a Igreja durante 22 anos, tempo em que levou uma vida estritamente ascética. Gastou todo o seu dinheiro em obras de caridade, alimentando e levando conforto aos idosos, empobrecidos, viúvas e órfãos.
Morreu no ano 806 dC, e antes da sua morte, é dito que o diabo, tendo investigado sua vida desde a época de sua juventude, tentou forçar o santo a admitir pecados que não havia cometido. «Eu sou inocente do que me acusas», ele respondeu, «e falsamente me difamas. Tu não tens mais poder sobre mim». O corpo de São Tarásios foi sepultado num mosteiro que ele construiu sobre o Bósforo. Vários milagres ocorreram, desde então, no seu túmulo.
No calendário da Igreja Latina São Tarasios é comemorado no dia 25 de março.
A verdade das tuas obras, tornou-se regra de fé para o teu rebanho, modelo de doçura e mestre de temperança. Pela tua humildade obtiveste ainda a exaltação e, pela tua pobreza, a riqueza. Intercede, pois, a Cristo nosso Deus, ó nosso santo pai e hierarca Tarásios, pela salvação de nossas almas!
(Tropário, modo 4°)
Outras comemorações do dia:
- S. Alexandre, mártir da Trácia;
- S. Idácio, bispo de Chaves;
- S. Leão de Korobczuk, presb. e mártir;
- S. Marcelo, bispo de Apamea;
- S. Regino e Lebadeus, mártires.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Jo 1:1-13;
— Ev.: Mc 15:20,22,25,33-41.
Nascido por volta do ano de 353, em Tessalônica, Grécia, São Porfírio foi para o Egito aos vinte e cinco anos. Em seguida, foi à Palestina onde viveu por cinco anos numa gruta perto do rio Jordão, o que lhe gerou uma grave enfermidade. Foi lá também que conheceu Marcos, que se tornou seu fiel discípulo. O santo distribuiu tudo o que possuía aos pobres e, para manter-se, trabalhava arduamente em um curtume na Cidade Santa. Neste trabalho permaneceu por mais de quarenta anos, foi ordenado sacerdote e mais tarde bispo de Gaza pelo patriarca de Jerusalém. São Porfírio exerceu grande influência na política e na religião de seu tempo. Chegou a conseguir da Imperatriz Eudóxia um memorial que abolia os templos pagãos de Gaza e da redondeza. Morreu por volta do ano 420.
II
A família de Porfírio era de Tessalônica. Aos 25 anos de idade Porfírio deixou o mundo, abandonou seus amigos e seu país indo para o Egito, onde se consagrou a Deus em um monastério do deserto de Esquela. Cinco anos mais tarde, foi para Palestina passando a habitar uma cela monástica, próximo ao Jordão, onde permaneceu durante cinco anos, voltando à Jerusalém após ter adoecido. Em Jerusalém visitava constantemente os lugares santos. A debilidade de sua saúde fazia com que tivesse de caminhar apoiado por um bastão. Em certa ocasião, chegou à Jerusalém um peregrino asiático chamado Marcos, que veio a ser, mais tarde, o biógrafo de São Porfírio. Marcos, muito sensibilizado pela freqüente visita que Porfírio fazia aos lugares santos, ofereceu sua ajuda na subida das escadarias de uma igreja. Porfírio negou-se a aceitar sua ajuda dizendo: «não é correto que eu, vindo implorar perdão por meus pecados, permita que me ajudes a subir as escadas da igreja; deixe-me sofrer um pouco para que Deus tenha piedade de mim». Por mais debilitado que estivesse, Porfírio não deixava de visitar diariamente os lugares santos de Jerusalém e de de receber a santa comunhão. Preocupado com a herança que tinha recebido de seus pais, confiou a Marcos a missão de ir a Tessalônica para tratar deste assunto. Marcos regressou depois de três meses com muitos objetos de valor e muito dinheiro.
Em sua volta, Marcos quase não reconheceu Porfírio, pois havia melhorado consideravelmente neste curso. Seu rosto, antes pálido, estava saudável e rosado. Ao ver o assombro de seu amigo, Porfírio disse: «Não te surpreendas por ver-me em bom estado de saúde; admire antes a inefável bondade de Deus que cura facilmente as enfermidades que os homens não podem aliviar». Marcos então lhe perguntou como tinha acontecido a sua cura, e Porfírio respondeu: «Há quarentas dias, ao subir o monte do Calvário, desmaiei . Tive a impressão de ter visto o Senhor crucificado junto ao bom ladrão. Pedi a Jesus que se lembrasse de mim em seu Reino, e em resposta, o Senhor ordenou que o bom ladrão viesse em meu socorro. O bom ladrão auxiliou-me a levantar e ir até Cristo. Eu corri até Ele. Ele desceu da cruz e me pediu que eu me encarregasse de sua cruz. Obedecendo a Sua ordem, tomei a cruz aos ombros e a transportei para longe. Nesse momento eu despertei e toda a dor tinha desaparecido, e depois daquele momento, nunca mais senti as minhas antigas enfermidades». Porfírio prosseguiu com sua vida de trabalho e penitências até seus 40 anos de idade. No ano 393, o bispo de Jerusalém o ordenou sacerdote e confiou aos seus cuidados a relíquia da santa cruz. Continuava a viver de forma austera, até sua morte, alimentando-se exclusivamente de raízes e de pão. Comia somente após o cair da noite. No mesmo ano, Porfírio foi eleito bispo de Gaza. O bispo de Cesaréia escreveu ao bispo de Jerusalém pedindo que enviasse Porfírio para lhe consultá a respeito de uma passagem da Sagrada Escritura. O bispo de Jerusalém o enviou com a condição de que retornasse em oito dias. Ao receber esta ordem de seu bispo, Porfírio ficou perturbado, mas disse imediatamente «Que seja feita a vontade de Deus». Naquela mesma noite, chamou Marcos e disse: «Meu irmão Marcos, vamos venerar os santos lugares, pois passará alguns dias e não mais poderei fazê-lo». Marcos lhe perguntou porque dizia aquilo e Porfírio lhe contou que o Senhor lhe havia aparecido e disse que devia renunciar a custódia da cruz, pois lhe daria outra missão. «Assim me disse Cristo, e isto me faz temer, pois tenho que expiar, não só meus pecados, mas os dos outros também. Tenho de obedecer a vontade de Deus». Depois de visitar os lugares santos, Porfírio e Marcos partiram para Cesaréia. No dia seguinte, o bispo João ordenou que alguns cidadãos elegessem Porfírio bispo que ali mesmo foi consagrado. O servo de Deus Porfírio sofreu muito por ver-se em tão elevada dignidade. Os cidadãos de Gaza o confortavam e o acompanharam até a cidade. A viagem tinha sido cansativa, pois alguns pagãos, ao saberem da chegada do novo bispo à cidade, destruíram algumas estradas. Naquele mesmo ano, houve uma grande seca e os pagãos atribuíram a seca à chegada do novo bispo cristão ao lugar, pois o deus Mamas havia profetizado que Porfírio atrairia muitas calamidades sobre a cidade. Havia na cidade um famoso templo dedicado ao deus Mamas. O imperador Teodósio tinha ordenado fechá-lo para não destruí-lo, pois era uma obra de grande beleza arquitetônica. O governador, no entanto, tinha dado permissão para reabri-lo. Como a seca se agravava depois da chegada de Porfírio, alguns pagãos se reuniram no templo para implorar proteção ao deus Mamas. Os cristãos depois de um dia de jejum e uma noite de oração, se dirigiram em procissão a igreja de São Timóteo (que ficava fora dos muros), cantando hinos. Ao retornarem, encontraram as portas da cidade fechadas. Porfirio, então, com seus fiéis, pediu fervorosamente que Deus enviasse chuva. As nuvens começaram a se formar rapidamente e a chuva caiu em abundância. Os pagãos, diante daquele fato, abriram as portas da cidade e juntaram-se aos cristãos gritando: «Cristo é o único Deus verdadeiro, o único capaz de acabar coma seca». Este fato e a cura milagrosa de uma mulher fez com que houvesse muitas conversões. Diante disso, alguns pagãos excluíam os cristãos do comércio e dos ofícios públicos e os molestavam de muitas maneiras. Para proteger seu povo, Porfírio enviou seu discípulo Marcos ao imperador, e mais tarde também foi a Constantinopla acompanhado pelo bispo João. Graças à intercessão de São João Crisóstomo e da imperatriz Eudóxia, o imperador Acádio permitiu que destruíssem o templo dos pagãos na cidade de Gaza. O imperador publicou um edito e encarregou que Sinésio executasse a ordem. Quando os dois bispos desembarcaram na Palestina, próximo à Gaza, os cristãos foram ao seu encontro cantando hinos de louvor. Ao passarem pela praça de Tetramfodos, onde havia uma estatua de Vênus (venerada por diziam que ajudava as moças a se casarem) o ídolo caiu do pedestal e se partiu em pedaços. Dez dias depois, chegou Sinésio com vários soldados para executar a ordem, conforme o edito do imperador. Assim, oito templos pagãos desapareceram, entre eles o de Mamas. Após a destruição dos templos, os soldados revistaram as casas e os pátios, destruindo os ídolos e queimando os livros de magias. Muitos pagãos pediram o batismo, mas outros furiosos decidiram lutar, e Porfírio escapou com vida milagrosamente. Onde antes estava o templo dedicado a Mamas, foi construída uma igreja em forma de cruz. A imperatriz Eudóxia enviou de Constantinopla as colunas e os mármores. A igreja ficou conhecida como «a igreja eudoxiana». Ao iniciar a construção da Igreja, o bispo Porfírio saiu em procissão da igreja de Erin cantando salmos e o povo respondia «Aleluia!». Todos ajudaram na construção, carregando pedras nas escavações dos fundamentos sob a orientação do famoso arquiteto Rufino. A construção iniciou em 403 e durou cinco anos. São Porfírio consagrou a nova Igreja no dia de Páscoa do ano 408. Neste dia foram distribuídas muitas esmolas aos pobres, demonstrando sua generosidade. O santo bispo Porfírio passou o resto de sua vida cumprindo zelosamente seus deveres pastorais. Até a sua morte, a idolatria havia desaparecido quase que completamente.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Fotini, a Samaritana e suas irmãs mártires (Anatólia, Fota, Fotis, Paraschevi e Kiriaki);
- S. João, o novo mártir de Clafas;
- S. Sebastião, mártir;
- S. Teocletos, mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Ts 4:13-17;
— Ev.: Lc 21:8-9, 25-27, 33-36.
São Procópio viveu no século VIII, na época do imperador Leão III (717-741). Notabilizou-se pela sua nobreza e coragem na defesa da fé cristã. Procópio não se isolou na solidão de sua cela, ao contrário, foi à combate naqueles tempos críticos de perseguição aos cristãos, tornando-se, com muito valor, um guia da fé ortodoxa, sempre animado pela Palavra de Deus que diz: «Então prosperarás, se tiveres cuidado de cumprir os estatutos e os juízos, que o SENHOR mandou a Moisés acerca de Israel; esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem tenhas pavor» (1Cr 22:13). Estas palavras o motivavam a avançar sempre, com muita coragem e determinação. Procópio destacou-se, em particular, por sua posição contra os hereges monofisitas e também apoiou a veneração aos ícones. O imperador Leão era um selvagem iconoclasta que perseguiu e torturou muitos que defendiam a posição de São Procópio, o mesmo acontecendo ao santo.
Procópio, com a ajuda de Deus e ainda com mais coragem e determinação, seguiu proclamando a verdadeira fé ortodoxa até o final de seus dias
Outras comemorações do dia:
- S. Estêvão, o monge;
- S. Gelásio, o ator e mártir de Heliópolis;
- S. Rafael, bispo de Brooklin;
- S. Tito, Venerável do Monastério de Pechersk;
- S. Nesios, Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: 1Jd 1: 11-25;
— Ev.: Lc 23: 1-31, 33, 44-56.
Santa Marina e Santa Kira eram irmãs e viveram durante o século V, na cidade de Beira, na Síria.Desprezando sua origem nobre, elas se retiraram da cidade e se instalaram em uma caverna passando a viver monasticamente. Lá viveram de modo irreparável por cerca de 40 anos, no silêncio, jejum e oração. Usavam por baixo de suas vestes de monjas, pesadas correntes de ascetas, intensificando. Apenas uma vez deixaram o confinamento para ir visitar o Santo Sepulcro de nosso Senhor, em Jerusalém. Morreram pacificamente em torno do ano 450, deixando para a posteridade um santo testemunho de vida cristã.
São Protério, Patriarca de Alexandria († 457)
Dióscoro, um homem sem princípios, sucessor de São Cirilo no Patriarcado de Alexandria, patrocinou a heresia de Eutíquio e propagou os seus erros. São Protério foi ordenado sacerdote por São Cirilo. Dióscoro, que conhecia a grande estima que o povo tinha por Protério e queria conquistá-lo, o tinha nomeado arcipreste e confiado a ele o cuidado de sua Igreja, mas Protério se opôs a Dióscoro, quando este começou a apoiar abertamente os hereges. O Concílio de Calcedônia condenou e depôs em 451; Protério foi eleito para sucedê-lo. A cidade de Alexandria, tomada de tumultos e muita violência, ficou dividida em dois partidos: o de Protério e o que pedia o retorno de Dióscoro. Timoteo Eluro e Pedro Mongo, dois sacerdotes que defendiam a facção cismática, causaram tanta confusão durante o governo de Protério, que o santo viveu este período em permanente ameaça, apesar da decisão do Concílio de Calcedônia e das ordens do imperador. Com a morte de Dióscoro, Eluro conseguiu ser consagrado e eleito para a sede episcopal e seu partido o proclamou legítimo bispo de Alexandria. As tropas do imperador retiraram Eluro da diocese. Isto provocou a irritação nos eutiquianos a ponto de São Protério ter de refugiar-se no batistério da igreja de São Quirino para se livrar de suas ameaças.
Mas os hereges não respeitaram este direito de asilo, entrando na igreja e apunhalando-o durante a Semana Santa do ano 457. Não satisfeitos com isso, arrastaram seu corpo pelas ruas, esquartejaram e queimaram seus restos, espalhando depois suas cinzas. Os bispos da Trácia, em uma carta que escreveram pouco depois para o imperador, declararam que consideravam Protério um mártir e que confiavam em sua valiosa intercessão diante do Senhor.
Outras comemorações do dia:
- S. Basílio, o confessor, mon., comp. de S. Procópio o Decapolita (séc. VIII);
- S. João Cassiano, o Romano, abade e confessor;
- S. Protério, Patriarca de Alexandria († 457);
- S. Jonas, o Mártir de Lerios;
- S. Jorge, bispo de Defelto.
Leituras bíblicas:
— Ep.: III Jo 1:1-15;
— Ev.: Lc 19:29-40; 22:7-39.
Cassiano nasceu por volta do ano 350 e era natural de Roma, segundo algumas fontes, ou de Dacia Pontica (Dobrogea na Romênia moderna), de acordo com outras. Era um homem muito culto e que tinha servido nos primeiros postos no serviço militar. Mais tarde, trocou o serviço militar pela vida monástica. Tendo ouvido sobre os grandes padres do deserto, decidiu ir para o Egito no ano 390. De seu encontro com conhecidos e célebres monges resultaram as suas célebres “Conferências de João Cassiano”. Em 403 mudou-se para Constantinopla onde foi ordenado diácono por São João Crisóstomo; depois do exílio do Patriarca de Constantinopla, Cassiano foi para Roma levando consigo uma carta ao Papa Inocêncio I, em defesa do exilado Arcebispo João Crisóstomo. Em Roma, Cassiano foi ordenado sacerdote indo depois para Marselha onde estabeleceu um monastério. Cassiano descansou em paz no 433.
São Gregório de Marek, († 1010)
Nasceu entre 945 e 951, passou a maior parte da sua vida no Mosteiro de Narek, onde ensinava e onde morreu, por volta de 1010. Foi teólogo, poeta e filósofo. Pelo fim da sua vida, este grande místico escreveu em língua armênia clássica um poema intitulado Livro das Lamentações, obra-prima da poesia armênia medieval. Para fazê-lo, o mestre tinha ido buscar a língua litúrgica e deu-lhe uma nova forma, remodelada e simplificada. Redigiu também odes a Maria, cânticos e panegíricos. A sua influência marcou os mais importantes poetas da literatura armênia e a sua obra é considerada um dos cumes da literatura universal.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gal 5:22-26;6:1-2;
— Ev.: Mt 6:1-13.