Maio

São Jeremias, um dos grandes profetas de Deus, viveu no século VI antes de Cristo. Por causa de seus extensos e muitos escritos ganhou o codinome de «Grande». Vivia em uma aldeia a poucos quilômetros de Jerusalém; era filho de Helkias da tribo de Levi, da cidade de Anatólia nas terras de Benjamin. Distinguia-se de todos, já em sua juventude. Certo dia, Deus mudou os planos de futuro sobre sua vida. Ele tentou resistir, a princípio, argumentando sua pouca idade e seu problema de gagueira. Deus porém disse: «Não digas que és demasiadamente jovem ou que tens certa debilidade, porque eu irei contigo e te prestarei auxílio». Em tempos difíceis para pregar, durante muitos reinados, profetizou a destruição de Jerusalém. Por causa dessa profecia foi insultado, jogavam-lhe pedras e, por fim, foi expulso da cidade. O único reinado onde encontrou proteção, auxilio e ajuda para restabelecer a fé do povo eleito, os israelitas, no Deus Único foi na época do rei Josias.

Apesar de sua pouca idade, não se constrangia em dizer a verdade a quem quer que fosse, nem media suas conseqüências. Muitos o resistiam, mas Jeremias, sabendo que a força de Deus estava consigo, expressava-se livremente e com firmeza. Muitos reis o encarceraram, o flagelaram, ameaçavam-no de morte constantemente e queimavam seus escritos. Deus não abandona ninguém que tenha fé e um dia lhe disse: «Sê forte como um diamante se não te acovardes. Se deixares levar pelo medo eu me afastarei de ti». Estas palavras o impulsionaram ainda mais a seguir pregando até seus últimos dias. Este grande profeta escreveu o livro das Profecias, que se divide em 51 capítulos, e o livro das Lamentações contendo 5 capítulos. São Jeremias é contato entre os maiores profetas da Bíblia.

Desde a época dos Apóstolos, tem surgido ininterruptamente na Igreja os Santos Padres e Mestres Espirituais. Costumava-se denominar «Padres da Igreja», que eram principalmente os bispos que se sobressaíam por sua santidade de vida e que deixavam algo escrito. Já os que não eram considerados santos eram chamados de «Mestres da Igreja». Os padres e Mestres da igreja deixaram registrados em suas obras as tradições dos apóstolos que elucidavam o ensinamento verdadeiro da Fé e da vida cristã. Foram defensores da ortodoxia nos momentos difíceis da Igreja, quando tiveram de enfrentar as heresias e os falsos mestres. Em tais circunstâncias, suas atitudes eram consideradas exemplos de vida espiritual a serem seguidos. O século IV é tido como o mais célebre pelo surgimento dos grandes mestres defensores da fé que lutaram contra as heresias arianas. (Os arianos negavam a natureza divina de Jesus Cristo). O primeiro a lutar contra esta heresia foi Santo ATANÁSIO, o grande (293-373).

Homem de dons extraordinários, Santo Atanásio foi educado sob a direção dos arcebispos Pedro e Alexandro de Alexandria. Santo Antônio, o Grande, fundador do monaquismo egípcio, também teve influência em sua formação. Aprofundou-se nos estudos das Sagradas Escrituras, nas obras dos primeiros escritores religiosos e nos antigos clássicos, o que lhe facilitou chegar ao importante cargo de arquidiácono do arcebispo Alexandro. Ajudou o arcebispo a combater as heresias arianas e colaborou muito proximamente do Arcebispo Alexandro, acompanhando-o ao Primeiro Concílio Ecumênico, destacando-se pela firmeza e eloqüência em sua participação. Ninguém se opôs de maneira tão abalizada ao arianismo como ele. Quase um ano depois, o arquidiácono Atanásio foi elevado à cátedra arquiepiscopal de Alexandria. Apesar de sua pouca idade (28 anos) o arcebispo Atanásio dirigiu com muita solidez sua Arquidiocese: visitou as igrejas, os monastérios, e se fez próximo dos bispos, consagrou Frumêncio como bispo de Absínia, visitou os monastérios em outras regiões do Egito e esteve com Santo Antônio, o Mestre da Juventude. Firme, mas dócil, inflexível na defesa da verdade, mas benévolo com os que erravam, era dono de um extraordinário tato quando tratava com intelectuais de profunda sagacidade racional. Por sua excelente formação, granjeou rapidamente o respeito e afeto de todos. Porém, o período de paz em suas atividades pastorais durou apenas dois anos. Teve início um período de grandes provações e infortúnios. Os seguidores de Ário, liderados pelo bispo Eusébio de Nicomédia, muito próximo dos imperadores e amigo de Ário desde a época da escola de Antioquia, procuravam por todos os meios restituir Ário ao seio da Igreja. Para tanto, contavam ainda com a influência de Constância, irmã do imperador Constantino. Estavam todos decididos a acatar o retorno da Ário por acreditar que ele estivesse arrependido de seus desvios na fé. Santo Atanásio, percebendo a pretensão e a trama dos falsos mestres, negou-se decididamente a receber o heresiarca que não reconhecia a natureza divina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desde então, o arcebispo Atanásio passou a ser vítima de forte perseguição, lançando-se contra ele as piores calúnias. Acusavam-no de ganância, de se relacionar com os inimigos do império, de ter assassinado um bispo de nome Arsênio, decepando sua mão por praticar bruxarias etc. Alguns acreditaram nestas mentiras e Santo Atanasio teve que defender-se a si próprio em Juízo. Lá seus inimigos levaram ao Juiz uma mão, como se a tivessem encontrado. Contudo, toda esta farsa foi desmontada quando Arsênio se apresentou em Juízo, mostrando que tinha suas mãos perfeitas, como o Senhor as criou. Os acusadores de Santo Atanásio ficaram furiosos ameaçando vir sobre ele. Isto aconteceu na época do imperador Constantino, um defensor da Igreja. Os imperadores que o sucederam – Constâncio, o ariano e Juliano, o apóstata, perseguiram abertamente Santo Atanásio, mas nada puderam contra ele diante de sua inquebrantável firmeza. Alguns de seus cooperadores que partilhavam do mesmo ideal na defesa da fé e na luta contra os arianos – Oséias, bispo de Córdova e Libério, bispo de Roma, por terem sido presos e afastados de suas cátedras, esmoreceram e aceitaram fazer algumas concessões aos arianos. Somente Santo Atanásio permaneceu firme na fé e na luta contra as heresias arianas. Durante quase seus 50 anos a serviço da Igreja, Santo Atanásio foi expulso cinco vezes de Alexandria, cerca de 20 anos esteve desterrado e preso; até os últimos instantes de sua vida lutou contra os hereges e, zelosamente, buscava restabelecer a paz e a unidade de pensamento no interior da Igreja. Em meio aos esforços e preocupações de sua vida acética escreveu muitas obras com preciosos ensinamentos, defendendo a ortodoxia da fé. Suas obras forma publicadas em russo em quatro tombos. Até os dias de hoje os seus escritos, em linguagem metafórica e de grande riqueza, tem grande significado e força. O valente arcebispo faleceu com a idade de 75 anos.

Outras comemorações do dia:
  • Santo Atanásio III, patriarca de Constantinopla (+1656);
  • Santo Príncipe Miguel, evangelizador da Bulgária (+907);
  • Santos Héspero, sua esposa Zoé e seus filhos, Ciríaco e Teódulo, mártires de Atália (séc. II).

Santos Timóteo e Maura, marido e mulher, viveram no século III, quando reinava Diocleciano. Timóteo era natural de Panapeis, região da Tebaida, e grande estudioso eclesiástico. Com apenas 20 dias de casado, o governador de Tebaida o acusou de ser seguidor do cristianismo, ordenando que lhe entregasse todos os livros que tinha sobre a fé cristã. Timóteo negou-se a se desfazer de seus livros, pois para ele era como separar um pai de seus filhos. Diante disso, o imperador mandou que fosse torturado. Ordenou então que fosse trazida à sua presença Maura, a esposa de Timóteo, com a intenção de convencê-la a que persuadisse seu marido a negar sua fé em Cristo e adorar os ídolos. Contudo, Maura também confessou ser cristã, permanecendo firme em sua fé. O governador mandou então que fossem arrancados seus cabelos e cortados os dedos de suas mãos e, depois, lançada num caldeirão de água fervente. Milagrosamente, Maura saiu ilesa da caldeira, e o governador ordenou, por fim, que o casal fosse crucificado, um de frente para o outro. Depois de nove dias de agonia entregaram ambos suas almas a Cristo, confessando corajosamente sua fé.

Outras comemorações do dia:
  • São Pedro, bispo de Argos, Grécia (séc. X);
  • São Teodósio, abade de Kiev e pai do monaquismo na Rússia (+1074);
  • São Felipe de Zell, monge (c. +770)

Santa Pelágia nasceu em Tarso (Ásia Menor). Seus pais eram pagãos e muito conhecidos. Destacava-se por sua rara beleza e por sua brilhante educação. O imperador Diocleciano (284-305) tinha intenção de casar Pelágia com seu futuro herdeiro, um filho adotivo. No entanto, Pelágia pretendia entregar sua vida totalmente a Deus e negou-se, por isso, a se casar com herdeiro do imperador. Decidiu então batizar-se e tinha intenção de converter sua mãe que, não concordando com a filha, decidiu entregá-la ao noivo rejeitado. O noivo sabendo que sua noiva não abandonaria sua fé em Cristo e que por causa disso, inevitavelmente, seria torturada como os demais cristãos, caiu em uma profunda tristeza e se suicidou. Tal fato enfureceu ainda mais sua mãe que decidiu então entregar sua filha ao imperador Diocleciano para ser julgada. O imperador, ao ver Pelágia, encantou-se com sua beleza e quis casar-se com ela. Pelágia, no entanto, recusou mais uma vez, justificando que seu único noivo era Jesus Cristo e por Ele estava disposta a morrer. Diocleciano ordenou que ela fosse então torturada e, depois de sofrer grandes tormentos, entregou seu espírito ao Senhor no ano de 287.

Outras comemorações do dia:
  • São Floriano de Norico, mártir (+304);
  • Santo Erasmo de Fórmia, Itália, bispo e mártir (+303);
  • Santo Hilarion, o milagroso.

A Santa e grande mártir Irene nasceu na cidade de Magedon, na Pérsia durante o século IV. Era filha do rei pagão Licínio, e seus pais lhe deram o nome de Penélope. Já em sua juventude Irene aceitou a fé cristã, compreendendo a futilidade da vida pagã. Segundo a tradição, foi batizada pelo apóstolo São Timóteo, discípulo do apóstolo São Paulo. Desejando dedicar sua vida de forma plena ao Senhor, Irene renunciou ao casamento. Ao conhecer mais profundamente a fé cristã, procurou convencer seus pais para que se convertessem ao cristianismo. O pai de Irene começou, a princípio, a ouvir as suas palavras com benevolência, mas logo ficou indignado com ela e, quando ela se negou a adorar os ídolos, ele e jogou-a sob as patas dos cavalos selvagens. Sem tocar a mártir, os cavalos se jogaram sobre o pai de Irene e o esmagaram até a morte. Quando, por suas orações, foi trazido de volta à vida, ele, sua família e mais de 3000 pessoas aderiram à fé cristã.

Depois disso, Santa Irene começou de forma determinada a profetizar sobre Jesus Cristo entre os povos da Macedônia tendo sido, por causa disso, sendo submetida a freqüentes sofrimentos e humilhações. Por ordem do governador de Sedeka, Santa Irene foi jogada em um poço com víboras. Retirada com vida, mais tarde, finalmente foi amarrada a uma roda de moinho. Os sofrimentos da santa eram acompanhados por sinais miraculosos, atraindo muitas pessoas à fé em Cristo: As víboras não tocaram Irene; as serras não marcaram seu corpo; a roda de moinho parou de girar. O próprio carrasco, Vavodón, passou a crer em Jesus Cristo e foi batizado. No total, graças à Irene, cerca de 10 mil pagãos tornaram-se cristãos. Quando o Senhor predisse a Irene em que ela morreria, foi para uma caverna no interior de uma montanha perto da cidade de Éfeso, e a seu pedido a entrada foi fechada com pedras. No 4º dia seus conhecidos retornaram à gruta e não encontraram o corpo de Irene. Todos compreenderam que ela foi levada pelo Senhor ao céu. Na antiga Bizâncio a comemoração de Santa Irene era muito reverenciada. Em Constantinopla vários emagníficos templos foram construídos em sua memória.

Outras comemorações do dia:
  • Santo Adriano de Monzensk, monge (+1610);
  • Santos mártires Neófitos Gaios e Caianos
Leituras do dia:
  • Ep.: At 13,13-24;
  • Ev.: Jo 6,5-14.

O Profeta Jó constitui o modelo de aceitação da vontade de Deus, da paciência, dos valores morais e éticos para todos aqueles que desejam se iniciar na vida religiosa. Era natural de Absítida, cidade próxima de Damasco. Filho de Zareth e de Bosoras, nasceu por volta do ano 1925 a. C. e foi profeta por um longo período de 40 anos. Deus o abençoou como pessoa e como chefe de família, dando-lhe sete filhos e três filhas e alguns bens materiais. Tudo isso ele foi, gradativamente, perdendo. Já cansado de tanta desgraça, abandonado por sua família e por seus amigos, depois de ter perdido todos os seus bens, Jó disse: «Nu saí do ventre de minha mãe. Sem nada retornarei ao túmulo. Deus me deu, Deus me tirou. Seja feita a Sua vontade». Foi tomado pela lepra e posto para fora da cidade, impondo-se a ele mais esta grande provação, jamais, porém, deixou de glorificar a Deus e exercitar sua paciência.

Não tendo mais com quem falar, o Justo Jó conversava com Deus, sem nunca levantar sequer uma queixa por todo o seu sofrimento. Ele sabia que Deus, em sua infinita misericórdia, não poderia jamais desejar o mal para as sua criaturas, e que é, verdadeiramente, o «amigo dos homens»Cessadas todas as provações permitidas por Deus, o Senhor lhe concedeu em dobro tudo o que tinha perdido e uma vida longa. Jó morreu aos 248 anos, rodeado por seus netos e bisnetos. O santo profeta Jó é um modelo de paciência para todos nós, de resignação ante as adversidades e decepções da vida e o elevado valor de confiar nossos sofrimentos às mãos de Deus.

Outras comemorações do dia:
  • São Bárbarus da Tessália, o asceta e ex-ladrão (c. +830);
  • São Micas de Radonezh, monge (+1385);
  • São Serafim de Domvu.

Neste dia no ano de 351 a Santa Cruz apareceu no céu, sobre a cidade santa, plena de luz, do Gólgota ao Monte das Oliveiras.

No ano 337 o Imperador Constantino morreu. Antes de morrer mandara matar o filho Crispo, filho de seu primeiro casamento, como é explicado na seção referente à festa da Exaltação da Santa Cruz. Restaram os filhos do seu segundo casamento (Constantino, Constâncio e Constante), aos quais elevou à dignidade de Césares e entre os quais e mais dois sobrinhos (Dalmácio e Anibaliano) dividiu a administração do Império. Logo depois de sua morte Constâncio, alegando que seu pai teria morrido envenenado por seus tios, mandou matar dois tios, sete primos, entre eles os dois que dividiam o Império, e um tio por afinidade. Depois junto com seus irmãos Constantino e Constante dividiu o Império por apenas três, dividindo entre si os territórios dos dois primos mortos.

Constantino alegou ter sido fraudado na divisão dos espólios dos territórios dos falecidos primos, e invadiu o território de Constante. Foi morto numa emboscada numa floresta pelos soldados do irmão. Constante tomou seus territórios, sem dividir nada com Constâncio, ficando, portanto com mais de dois terços do Império.

Constante não era bom governante e o fato de gostar de rapazes escravos germânicos, todos jovens louros, belos e de olhos azuis, não ajudava sua popularidade. Aproveitando-se disso, Magnêncio, um de seus generais, proclamou-se Imperador e mandou tropas para capturá-lo. Constante tentou fugir mas foi apanhado e morto dentro de um templo.

A situação se complicou quando Constantina colocou ela mesma o diadema de Imperador na cabeça de Vetrânio. Ela era filha de Constantino e irmã de Constâncio (e consequentemente irmã dos falecidos Constantino e Constante). Era também viúva de Anibaliano, a quem Constâncio mandara matar. Vetrânio era um idoso general governante da Ilíria, mais ou menos no território das atuais Croácia, Iugoslávia, Bósnia e Albânia. Declarou-se imperador com o apoio de Constantina. Aliou-se a Magnêncio e mandaram embaixada a Constâncio procurando acordo. Este alegou ter sonhado com o pai trazendo o cadáver de Constante e clamando por vingança. Recusou qualquer acordo, pôs a ferros todos os embaixadores exceto um que levou a resposta e a guerra civil começou.

Havia então três imperadores, Magnêncio, Vetrânio e Constâncio, sendo os dois primeiros auto-proclamados, ou na linguagem da época, usurpadores. Vetrânio mudou de lado e aliou-se a Constâncio, reunindo suas tropas com as dele em Sardica. É a atual Sofia capital da Bulgária. Suas tropas eram maiores, mas Constâncio manobrou nos bastidores e trouxe para seu lado os oficiais de Vetrânio. Ao discursarem para as tropas Constâncio alegou sua ascendência ilustre e conseguiu que as tropas gritassem contra usurpadores. Vetrânio intimidado se ajoelhou a seus pés e lhe entregou o diadema de imperador. Viveu ainda seis anos na tranqüilidade da vida fora da política, e chegou a escrever a Constâncio dizendo que vida boa era aquela, a de cidadão comum, sem honras de imperador. Restavam então Magnêncio e Constâncio. O primeiro avançava com suas tropas de gauleses, francos, ibéricos e saxões. Constâncio pediu um acordo mas foi rejeitado.

Magnêncio avançou com suas tropas para o leste, e ao longo de um rio chamado Drava encontrou uma cidade, Mursa, dos domínios do rival. Hoje se chama Osijek, na Croácia. Tentou tomá-la de assalto mas naquele momento as tropas de Constâncio chegaram, em sua marcha para o oeste. Magnêncio retirou-se para um campo próximo, muito plano.

As tropas ficaram em expectativa por quase toda a manhã, enquanto nada acontecia. As tropas de Constâncio formaram uma linha perpendicular ao rio, com este à sua direita, e as tropas do rival bem à sua frente. O flanco esquerdo das tropas de Constâncio, que era a cavalaria, se estendia bem mais longe que o flanco direito das tropas de Magnêncio. Constâncio discursou incitando seus homens à luta e foi embora. Deixou a batalha a cargo de seus generais. Estes ordenaram à cavalaria do flanco esquerdo girar sobre um eixo e cair no flanco direito de Magnêncio. Uma massa de couraças de ferro e lanças caiu sobre a infantaria inimiga.

Enquanto seus homens matavam e morriam Constâncio rezava, na igreja dos mártires, pegada aos muros da cidade. Com ele estava o bispo de Mursa, chamado Valente, um ariano. Enquanto os cortesãos de Constâncio tremiam, Valente se manteve confiante. Dizia que um anjo lhe revelara que a batalha estava indo bem, que as tropas do inimigo cediam. Realmente as legiões de Magnêncio foram dispersas pela pressão dos cavaleiros couraçados, e os generais de Constâncio lançaram a segunda linha de cavaleiros, mais leves e armados não de lanças mas de espadas, que desorganizaram ainda mais o inimigo. Desprotegidas, as legiões de Magnêncio foram alvos dos arqueiros orientais e muitos se jogaram no rio e morreram afogados.

Valente anunciou a vitória muito antes que os mensageiros de Constâncio. Mas não era um anjo que lhe dizia isso e sim uma rede de mensageiros próprios, muito mais rápidos, que o mantinha informado dos sucessos da batalha. Vinte e quatro mil homens morreram, e o exército vencedor teve mais mortos que o vencido. Foi uma das batalhas mais sangrentas do império romano, e a dizimação das suas forças numa luta interna enfraqueceu muito o império para as lutas com seus inimigos. Magnêncio jogou fora o diadema e o manto púrpura e fugiu. Depois cometeria suicídio. Constâncio atribuiu a vitória ao bispo de Mursa, que intercedera e fora ouvido pelas forças do Céu. E assim Flávio Júlio Constâncio, segundo filho de Constantino, se tornou Constâncio II, imperador único. E assim os arianos conseguiram um poderoso amigo. Isso no ano de 351.

Os arianos valorizaram mais a vitória de Constâncio, o filho e seu aliado, que a do pai Constantino, que favorecera mais os ortodoxos (=católicos). Cirilo, bispo de Jerusalém, disse que no tempo de Constantino a Santa Cruz aparecera nas entranhas da terra (ver a Festa de Exaltação da Santa Cruz) mas para Constâncio ela aparecera nos céus, pois no dia sete de maio daquele ano, na terceira hora do dia (nove horas da manhã), sobre o Monte das Oliveiras, causando a admiração de todos. O historiador Gibbon insinua que pode ter sido um fenômeno natural, um halo solar. Como acontecia na época, com o tempo o evento foi aumentando, e o historiador ariano Filostórgio já dizia que o prodígio foi visto até no campo de batalha, a mil e quinhentos quilômetros dali, e o idólatra (Magnêncio) fugiu ao vê-lo.

Apesar dessa origem um tanto tingida de arianismo a aparição foi posteriormente considerada legítima e é por nós comemorada todo dia 07 de maio.

A fonte para essa aparição foi Cirilo, bispo de Jerusalém, que segundo autores tinha na época uma posição dúbia entre a heresia ariana e a ortodoxia. Depois aderiu totalmente à posição ortodoxa e participou do Concílio de Constantinopla em 381, que complementou o credo já começado no concílio anterior, de Nieéia. Foi um dos primeiros autores de um catecismo, uma síntese didática dos ensinamentos da fé. Por isso além se canonizado é hoje um dos Doutores da Igreja, junto a gente como Santo Tomás de Aquino e Santa Teresa D’Ávila. De sua catequese n. 5 tiramos esse trecho:

Não é só entre nós, que somos marcados com o nome de Cristo, que a dignidade da fé é grande; mas do mesmo modo todas as coisas conseguidas neste mundo, mesmo por aqueles que são alheios à igreja, são conseguidas pela fé.

Pela fé as leis do casamento juntam pessoas que até então viveram como estranhos. E por causa da fé no casamento uma pessoa se torna parceira da pessoa e das posses de um estranho. Pela fé a agricultura é também sustentada, pois aquele que acredita que não vai colher não empreenderia os trabalhos. Pela fé os homens do mar, confiando-se a um madeiro leve, deixam o sólido elemento da terra pelo inquieto movimento das ondas, confiando-se a esperanças incertas, e levando uma fé mais firme que qualquer âncora. Pela fé portanto a maior parte dos negócios dos homens se mantém: e não só entre nós, como eu disse, mas entre os outros. Pois se eles não têm as escrituras, trazem certas doutrinas, que aceitam pela fé.

II.

A primeira aparição da Santa Cruz se deu ante o imperador Constantino o Grande, com um vitorioso emblema escrito: «Com este sinal vencerás». Logo houve outra aparição em Jerusalém, por volta do ano 346, sendo Patriarca, Kirilos e o Monarca, Constantino, filho de Constantino o Grande. Esta visão aconteceu em 7 de março; era a hora terceira quando, no céu, surgiu repentinamente o sinal da Gloriosa Cruz formada por uma luz brilhante sobre o monte Gólgota, alcançando até o monte das Oliveiras. Esta aparição causou grande admiração entre todos aqueles que se encontravam em Jerusalém. Jovens, mulheres e crianças correram alegremente às igrejas para agradecer e glorificar a Deus que os abençoou e lhes concedeu a Cruz como arma e escudo protetor contra o diabo.

São João, que em hebraico significa «Deus concede a graça», na tradição bizantina é chamado habitualmente «o Teólogo», título reservado a poucos e, particularmente, apropriado ao Apóstolo, sempre citado entre os primeiros, cuja insigne doutrina, através do seu evangelho, das Epístolas e do Apocalipse, tem nutrido a Igreja de todos os tempos.

Enquanto os fiéis latinos celebram a festa de São João em 27 de dezembro, os fiéis do Oriente bizantino comemoram solenemente esse santo duas vezes: em 26 de setembro, dia da Dormição do Apóstolo (isto é, dia da sua morte) e no dia 8 de maio. O tropário e o kondakion são os mesmos nas duas festas, e também boa parte do ofício próprio do santo, contido nos Minéa, é comum. Dos textos do Ofício podemos depreender todos os dados essenciais da biografia do mais moço dos doze Apóstolos, o qual teve também o privilégio de testemunhar o Cristo até a idade mais avançada.

O primeiro texto sobre São João, nos é informado que ele é filho de Zebedeu e que a ele foi dado a graça das visões apocalípticas e de chamar Deus de AMOR. Ele é lembrado como o “Filho do Trovão” e com freqüência somos admoestados pelo seu ensinamento sobre o «Verbo que era desde o princípio e que estava junto do Pai inseparavelmente; igual a Ele na natureza».

II – Apóstolo São João, o Teólogo

João, filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, de profissão pescador, originário de Betsaida, como Pedro e André, ocupa um lugar de primeiro plano no elenco dos apóstolos. O autor do quarto Evangelho e do Apocalipse, será classificado pelo Sinédrio como indouto e inculto. No entanto, o leitor, mesmo que leia superficialmente os seus escritos, percebe não só o arrojo do pensamento, mas também a capacidade de revestir com criativas imagens literárias os sublimes pensamentos de Deus. A voz do juiz divino é como o mugido de muitas águas. João é sempre o homem da elevação espiritual, mais inclinado à contemplação que à acção. É a águia que desde o primeiro bater das asas se eleva às vertiginosas alturas do mistério trinitário: “No princípio de tudo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus.” Ele está entre os mais íntimos de Jesus e nas horas mais solenes de sua vida João está perto. Está a seu lado na hora da ceia, durante o processo, e único entre os apóstolos, assiste à sua morte junto com Maria. Mas contrariamente a tudo o que possam fazer pensar as representações da arte, João não era um homem fantasioso e delicado. Bastaria o apelido humorista que o Mestre impôs a ele e a seu irmão Tiago: “Filhos do trovão” para nos indicar um temperamento vivaz e impulsivo, alheio a compromissos e hesitações, até aparecendo intolerante e cáustico. No seu Evangelho designa a si mesmo simplesmente como “o discípulo a quem Jesus amava.” Também se não nos é dado indagar sobre o segredo desta inefável amizade, podemos adivinhar uma certa analogia entre a alma do Filho do homem e a do filho do trovão, pois Jesus veio à terra não só trazer a paz mas também o fogo. Após a ressurreição, João está quase constantemente ao lado de Pedro. Paulo, na epístola aos gálatas, fala de Pedro, Tiago e João como colunas na Igreja. No Apocalipse, João diz que foi perseguido e degredado para a ilha de Patmos “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo”. Conforme uma tradição unânime ele viveu em Éfeso em companhia de Maria e sob o imperador Domiciano foi colocado dentro de uma caldeira com óleo a ferver, mas saiu ileso e todavia com a glória de ter dado testemunho. Depois do exílio de Patmos voltou definitivamente para Éfeso, onde exortava continuamente os fiéis ao amor fraterno, resultando em três cartas, acolhidas entre os textos sagrados, assim como o Apocalipse e o Evangelho. Morreu carregado de anos em Éfeso durante o império de Trajano (98-117), onde foi sepultado.

O discípulo que teve «o conhecimento do mistério de Deus: Cristo, em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col 2,2-3)

Tal como recebeu a graça de Jesus o amar e lhe permitir inclinar-se sobre o seu peito na Última Ceia (cf Jo 13,23), João recebeu com abundância os dons do entendimento e da sabedoria – o entendimento para compreender as Escrituras, e a sabedoria para escrever os seus próprios livros com arte admirável. Na verdade, não recebeu este dom quando descansou sobre o peito do Senhor, apesar de ter tocado o coração «onde estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col 2,3).

Quando João diz que, ao entrar no túmulo, «viu e acreditou», reconhece que «ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos» (Jo 20,9). Tal como os outros apóstolos, João recebeu a sua medida em plenitude quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos [no Pentecostes], quando a graça foi dada a cada um «segundo a medida do dom de Cristo» (Ef 4,7). […]

O Senhor Jesus amou este discípulo mais do que os outros […] e abriu-lhe os segredos do Céu […] para fazer dele o escrivão do mistério profundo sobre o qual o homem não é capaz de falar por si mesmo: o mistério do Verbo, da Palavra de Deus, do Verbo que Se fez carne; ele é fruto desse amor. …

Rupert de Deutz (c. 1075-1130)
As obras do Espírito Santo, IV, 10; SC 165

São Cristóvão, viveu no 3º século, nos tempos da perseguição cristã pelo imperador Décio (249 -251). Conta a tradição que era belo e de grande estatura, dotado de uma extraordinária força. Mesmo sendo pagão, acusava aos perseguidores dos cristãos. Décio, ao saber que São Cristóvão possuía uma grande força, ordenou a seus soldados que o trouxessem à sua presença. São Cristóvão, então, já havia sido abençoado com a graça da fé em Jesus Cristo, mas ainda não havia sido batizado. No caminho, seu bastão seco, usado como báculo de peregrino, floresceu em suas mãos. Em seguida, através de suas, os pães que não eram suficientes a todos os peregrinos, foram multiplicados por intermédio de suas orações. Os soldados, assombrados com a maravilha dos milagres, passaram a crer em Jesus Cristo e, com Cristóvão, foram batizados pelo bispo Babillas de Antioquia. O imperador, ao tomar conhecimento de que São Cristóvão havia aderido à fé cristã, decidiu, com esperteza, persuadí-lo a renunciar a Cristo.

Incumbiu, então, duas mulheres que levavam vida de indecências, Callinica e Aquilina, para que o seduzissem e o convencessem a abandonar a fé cristã. Mas, ao contrário, Cristóvão converteu estas mulheres que também aderiram a fé cristã, sendo por isso, submetidas à tortura, terminando suas vidas como mártires. Os soldados que trouxeram Cristóvão e que se fizeram também batizar, foram decapitados. Depois, lançaram Cristóvão em um recipiente com cobre ardente, mas ele saiu incólume. São Cristóvão foi então submetido a várias outras formas de torturas e, por fim, seus algozes o decapitaram. Isto aconteceu em Licia (na Ásia Menor) por volta do ano 250.

Venera-se a sua memória, tanto no Oriente como no Ocidente, mas, sobretudo, na Espanha. No Ocidente, a ele recorrem para pedir ajuda em momentos de doenças contagiosas e durante viagens ou travessias perigosas. As relíquias do Santo Mártir Cristóvão encontra-se no Monastério de São Denis, em Paris, onde foram sepultados os reis franceses.

II – São Cristóvão, mártir, séc. III

Seu nome significa “portador de Cristo”.

A vida deste santo está envolta em muitas lendas, de tal ponto que é difícil saber-se qual a verdade da sua vida. Saba-se que foi mártir, morreu na cidade de Lícia, no Sul da Turquia, durante a perseguição do Imperador Décio.

Conta uma lenda muito propalada que, quando era ainda jovem forte, Cristóvão escutou a prática de um eremita e recebeu a instrução da fé cristã. Para se preparar para o batismo, decidiu morar perto de um rio e ajudar os viajantes a passar a correnteza das águas que, às vezes, era muito forte.

Uma noite, uma criança veio despertá-lo, suplicando-lhe ajuda para atravessar o rio. Levando o menino em seus ombros, estranhou o peso que levava, que aumentou tanto que, só com grande esforço, chegou ao outro lado do rio, onde o menino, que era o Menino Jesus, disse que Cristóvão um dia seria Mártir.

Depois de haver recebido o batismo, São Cristóvão dirigiu-se à cidade de Lícia para pregar ali o Evangelho. Foi martirizado naquela cidade. Flechas perfuraram o seu corpo e depois foi decapitado.

São Cristóvão foi sempre muito invocado e venerado. Na Idade Média esta veneração foi muito praticada. Ele é o protetor poderoso dos viajantes que enfrentam perigos no caminho.Também é o padroeiro dos carteiros e dos pilotos.

São Simão era natural de Caná da Galileia, conhecido pessoalmente do Senhor e de sua puríssima mãe, porque o povoado de Caná não estava muito distante de Nazaré. Quando Simão celebrou o seu casamento, convidou para a festa o Senhor, a sua imaculada mãe e os seus discípulos. Como havia terminado o vinho para os convidados, o Senhor transformou água em vinho (Jo 2:1-11). Impressionado por este milagre, o noivo passou a crer no Senhor Jesus Cristo como o verdadeiro Deus e, abandonando a celebração de suas bodas e a sua própria casa, O seguiu com fervor. Desde então recebeu o nome de o “Zelote” ou o “Zeloso”, pois, tamanho fervor e entusiasmo que, pelo amor a Cristo, deixou sua própria noiva desposando, em sua alma, o Noivo Celestial. É por isso que Simão foi considerado entre o grupo de discípulos de Cristo e dos Doze Apóstolos. No dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos sob a forma de línguas de fogo, eles receberam o dom da palavra que lhes capacitou a pregar o Evangelho a todas as nações.

Recebendo o Espírito Santo junto aos demais, Simão saiu a pregar em diversos lugares, passando pelo Egito, Mauritânia, Líbia, Numidia, Cirenia e Abjásia. Neste último, uma região localizada na costa nordeste do Mar Negro, ele iluminou com a fé em Cristo numerosos pagãos. Também esteve na Bretanha, onde converteu à luz do Evangelho muitos descrentes, tendo sido depois crucificado por idólatras. Esta é uma das mais antigas tradições, cuja principal autoridade é São Doroteo, Bispo Gaza (300 dC). São Nicéforo, Patriarca de Constantinopla, um respeitado historiador (758-829), também confirma a presença do Apóstolo em Bretanha. Outras tradições afirmam que o Apóstolo esteve na Pérsia, com São Judas, com quem foi martirizado. Outros ainda atestam que o zelote São Simão foi sepultado na cidade de Nicósia, perto de Zhiguencia. Os lugarejos indicam que este local está a uns 13 km de Sujumi, não muito distante da costa do Mar Negro. Mais tarde, uma igreja foi construída no local da morte do santo e a sua estrutura foi recuperada em 1875, graças ao fervor de um dos grandes duques da Rússia.

O Santo Apóstolo Simão, o Zelote, é comemorado em 10 de maio, não devendo ser confundido com São Simão Pedro, que também era um dos Doze Apóstolos, tão pouco com Simeão, parente consanguíneo do Senhor (Mt 13:55) que pertenceu ao grupo dos Setenta Apóstolos, segundo bispo de Jerusalém, sucessor do apóstolo Tiago. São Simão, o Zelote, é celebrado ainda em 30 de junho, juntamente com os demais Apóstolos (Sinaxe dos Santos Apóstolos).

Outras comemorações deste dia:
  • Santa Taís do Egito, a Penitente (séc. V);
  • São Lourenço;
  • Santa Venerável Isidora de Tabenéia, monja (séc. IV);
  • São Simão, bispo de Vladimir e Suzdal (+1226);
  • São Comgall, bispo e abade de Bangor (+601);
  • Santa Solange de Bourges, virgem e mártir (+880);
  • Santos Alfeu e companheiros, mártires da Sicília (+251).

O Minéon do mês de maio registra a festa dos dois irmãos neste dia 11. Essa data é importante, especialmente para os povos eslavos. Mas, sendo o costume ainda bastante difundido no Oriente de usar para a liturgia o Calendário Juliano, atrasado 13 dias em relação ao gregoriano – mais conhecido e adotado universalmente, tal data, na realidade, vem a coincidir com o nosso 24 de maio. É uma data já arraigada na consciência popular ao ponto que, mesmo naquelas regiões em que foi adotado oficialmente o calendário do «novo estilo», os fiéis bizantinos preferem manter a antiga data do 24 de maio. É possível avaliar quanto temos afirmado acima ao constatar o afluxo das muitas delegações (por exemplo, as da Bulgária) que, para honrar os «Mestres dos Eslavos» a cada ano, nesse dia, se dirigem à basílica de São Clemente em Roma onde se conservam as relíquias dos santos Cirilo e Metódio.

A herança cultural deixada por eles é, de fato, ampla e reconhecida ao ponto que, em alguns países balcânicos, enquanto 25 de dezembro é um dia de trabalho, o aniversário dos dois santos é também festa civil, portanto feriado. Com insistência os textos litúrgicos convidam a celebrar os irmãos «iluminadores» dos povos eslavos, salvos com a luz da Trindade e de Cristo, «fontes do conhecimento divino, mediante as Escrituras» traduzidas por eles e que ainda hoje «estando na presença de Deus fervorosamente intercedem» por aqueles que os invocam:

Iguais-aos-apóstolos na sua conduta e doutores dos países Eslavos, divinos Cirilo e Metódio, rogai ao Mestre do Universo que consolide os povos Eslavos na fé ortodoxa e na concórdia, e conceda a paz ao mundo, e às nossas almas a sua grande misericórdia».

Tropário da Festa (4º tom)

Santo Epifânio nasceu em Besandulk, pequeno povoado nos arredores de Eleuterópolis da Palestina, no ano 310. Como preparação para o estudo das Sagradas Escrituras, aprendeu, desde jovem, as língua hebraica, copta, síria, grega e latina. O contato freqüente com os anacoretas, aos quais visitava regularmente, despertou nele a inclinação para a vida religiosa, que abraçou desde muito jovem. Ainda que um de seus hagiógrafos afirme que tenha tomado o hábito na Palestina, o certo é que se transferiu pouco depois para o Egito para aperfeiçoar-se na disciplina ascética, no seio de alguma das comunidades do deserto. No ano 333 retornou à Palestina onde foi ordenado sacerdote. Em Eleuterópolis, fundou e dirigiu um monastério. Dedicou-se aos estudos e à oração. Pode-se dizer que, a maioria dos livros importantes da época passou pelas mãos de Santo Epifânio. No decorrer de suas leituras, ficou impressionado com os erros que descobriu nos escritos de Orígenes, a quem considerou, desde então, a fonte de todas as heresias que afligiam a Igreja de seu tempo.

Na Palestina e países vizinhos chegou-se a considerá-lo um oráculo e se dizia que os que o visitavam saiam todos espiritualmente consolados.

Com o tempo, sua fama se estendeu às regiões mais longínquas. No ano de 367 foi eleito Bispo de Salamis (que era chamada, naquela época, de Constância), em Chipre. Mesmo assim, permaneceu dirigindo o seu monastério de Eleuterópolis, aonde ia de vez em quando. A caridade do santos para com os pobres era sem limites e muitas pessoas o constituíram o administrador de suas esmolas. Com essa finalidade, Santa Olímpia lhe confiou uma importante doação em terras e dinheiro. A veneração que todos nutriam por ele foi a causa de não ter sido perseguido pelo imperador ariano Valente; praticamente, foi o único bispo ortodoxo às margens do mediterrâneo a quem o imperador preservou, sem molestá-lo com nada.

Santo Epifânio é, sobretudo, famoso por seus escritos. Os principais são: O Anachoratus, uma apologia da fé; O Panarium, remédio contra todas as heresias; O Livro dos Pesos e Medidas, no qual descreve os costumes e as medidas dos judeus. São João refere-se a ele como “a última relíquia da antiga piedade”. Santo Epifânio faleceu em 12 de Maio de 403, durante uma viagem que realizava de Constantinopla para Salamis, quando já havia completado 36 anos de bispado.

Santa Glicéria era uma virgem cristã que sofreu o martírio em Heraclea na Propôntide no final do segundo século. Glicéria era a filha de um senador romano que viveu em Trajanópolis, na Trácia. A santa confessou abertamente sua fé cristã diante do prefeito Sabino. Este, ordenou aos soldados que a levassem e a obrigassem a oferecer sacrifícios no templo de Júpiter. Em vez de obedecer, Glicéria derrubou a estátua de ouro do deus, quebrando-a. Os carrascos a penduraram pelos cabelos, espancando-a com barras de aço, mas Glicéria permaneceu incólume. Então, prenderam-na, privando-a de qualquer alimento. Um Anjo, porém, levava comida diariamente à Glicéria. A santa foi atirada num forno, mas, logo as chamas cessaram. Por último, os carrascos lhe arrancaram seus cabelos e a jogaram para as feras, mas Glicéria morreu antes que a tocassem. Em Heraclea uma magnífica igreja foi erguida em sua homenagem.

Isidoro era marinheiro de frota, na época do imperador Dequio, e natural de Alexandria. Num certo dia, estando sua frota ancorada na ilha de Chios, o santo foi denunciado ao almirante Numerio, porque era cristão. Este, sem perder tempo, chamou Santo Isidoro e perguntou-lhe se era verdade. Tendo recebido sua resposta afirmativa, ordenou que o levassem à prisão. Ao tomar conhecimento do fato, o pai viajou imediatamente a Chios, muito entristecido porque seu filho havia abandonado a idolatria. Chegando a Chios, encontrou-o no cárcere e abraçou-o amorosamente, mas entristecido pelo momento que estavam atravessando. Santo Isidoro, porém, disse-lhe que deveria estar contente por ver a luz que Jesus Cristo lhe concedeu. Então o pai lhe pede encarecidamente que retorne à idolatria. O santo, porém, segue inamovível em sua fé. Muito aborrecido, o pai o maldiz e pede a Numerio que o mate. E, de fato, Santo Isidoro, depois de padecer vários tipos de tortura, é finalmente decapitado.

Assim, pois, cumpre-se o que está escrito: “Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão. E sereis odiados de todos por causa do meu Nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo”. [Mt 10:21-22]

Pacômio nasceu no Egito no ano de 287, na Tebaida. Filho de pais pagãos, cheios de superstições e idolatrias, desde a infância mostrou grande aversão a tudo isso. Aos vinte anos de idade foi convocado para o exército imperial e acabou ficando prisioneiro em Tebes. Foi quando fez o seu primeiro contato com os cristãos, cuja religião até então lhe era desconhecida. À noite, na prisão recebeu um pouco de alimento de alguns cristãos, que escondidos conseguiram entrar. Comovido com esse gesto de pessoas desconhecidas, perguntou quem havia mandado que fizessem aquilo e eles responderam: “Deus que está no céu”. Nesta noite Pacômio rezou com eles para esse Deus, sentindo já nas primeiras palavras ouvidas que esta seria a sua doutrina. O Evangelho o tocou de tal forma que ele se converteu e voltou para o Egito, onde recebeu o batismo. Depois, compartilhou durante sete anos a companhia de um ancião eremita de nome Palemon, que vivia dedicado à oração.

A princípio o ancião não quis aceitá-lo a seu lado, porque sabia que a vida de solidão e orações não era nada fácil. Mas Pacômio estava determinado e convenceu-o de que deveria ficar. Um dia, durante suas caminhadas, Pacômio ouviu uma voz que lhe dizia para inaugurar ali, exatamente naquele lugar, um monastério onde receberia e acolheria muitos religiosos. Depois, apareceu-lhe um anjo que o ensinou como deveria organizar o monastério. Pacômio pôs-se a trabalhar arduamente e o deixou pronto. As profecias que ele ouviu se concretizaram e muitas pessoas se juntaram a ele. Monges, eremitas e religiosos de todos os lugares pediram admissão no monastério de Pacômio, que obteve a aprovação do bispo Atanásio, santo e doutor da Igreja. Inclusive seu irmão João, que distribuiu toda sua riqueza entre os pobres e uniu-se a ele. Com Pacômio nasceu a vida monástica, ou cenobítica no Egito, não mais com um chefe carismático que agregava ermitãos reunidos em pequenos grupos em torno de si, mas uma comunidade de religiosos, com regras precisas de vida em comum na oração, contemplação e trabalho, à exemplo dos primeiros apóstolos de Jesus. Pacômio abriu ainda mais oito mosteiros masculinos, um deles feminino, onde sua irmã foi a primeira abadessa (superiora). Sua fama de santidade espalhou-se pelo Egito e na Ásia Menor. Foi agraciado por Deus com o dom da profecia e morreu no ano de 347, vítima de uma peste que assolava o Egito, na época. Até o século XII havia ainda cerca de quinhentos monges da Ordem de São Pacômio. São Pacômio, o eremita, até hoje é considerado um dos representantes de Deus que mais prestaram serviço à Igreja.

Leituras bíblicas do dia:
  • Ep.: At 10,44-48; 11,1-10;
  • Ev.: Jo 8,21-30.

A humildade de Teodoro e a sua obediência incondicional a Pacômio o levou a estar sempre muito próximo deste e a ajudá-lo na direção dos monastérios por ele (Pacômio) fundados. Alguns monges o criticavam por isso, porque ele era mais jovem que os demais. Pacômio, porém, permaneceu dando todo o seu apoio, a ponto de, certa vez, dizer aos monges: «Teodoro e eu cumprimos o mesmo serviço a Deus; e ele também tem autoridade para vos dirigir como pai». São Pacômio desenvolveu um trabalho destacado como abade do monastério de São Orsiesius. No ano 346 , Teodoro foi nomeado como o novo abade deste monastério. São Teodoro morreu no mês de maio de 368. Os monges choraram amargamente a sua morte, tanto que o som de seus prantos ultrapassavam as muralhas do monastério por vários quilômetros.

Estes dois santos tinham uma amizade de longa data e, trabalhando em conjunto, levaram a luz de Jesus Cristo aos idólatras. Na medida em que passava o tempo, germinava em seus corações a semente do Espírito Santo. Santos Andrônico e Junías, em seu apostolado, construíram várias igrejas e colaboraram de perto com o Apóstolo Paulo, o qual, na sua epístola diz, “Saúdo a Andrônico e Junías, meus parentes e companheiros de cárcere, destacados entre os apóstolos e convertidos a Cristo antes de mim” (Rm 16: 7).

Companheiros notáveis dos apóstolos e verdadeiros ministros de Jesus, sagrados mensageiros de sua condescendência; recebendo a Graça do Espírito Santo, ó glorioso Andrônico e Junías, a Luz, como lâmpada, a levastes aos confins do mundo!

Kondakion

Teódoto era um cristão devoto e muito caridoso, cuja educação havia sido confiada a uma jovem chamada Tecusa. Exercia a profissão de administrador de pousada, em Ancira de Galatia. Durante a perseguição de Diocleciano os cristãos daquela província sofreram as piores crueldades por parte do governador. Teodoto se atrevia a visitar os cristãos prisioneiros, queimando os cadáveres dos mártires, pondo assim em risco a sua própria vida. Um dia, enquanto transportava os restos mortais de São Valente,que havia retirado do rio Halis, encontrou próximo ao povoado de Malus vários cristãos que, há pouco, haviam recuperado a liberdade, graças aos seus bons ofícios. Alegraram-se muito ao vê-lo e convidaram-no a comer ao ar livre com eles e com um sacerdote proveniente de uma localidade chamada Fronto. Durante a conversa Teodoto percebeu que aquele era um local ideal para se construir uma capela para guardar as relíquias dos mártires.

“Sim” respondeu o sacerdote, “mas para isto é necessário que primeiro tenhamos as relíquias”. “Podem então construir a capela”, disse Teodoto, “que eu me encarrego de conseguir as relíquias”. E, como prova da seriedade de sua promessa, deu seu próprio anel ao sacerdote.

Pouco tempo depois, em Ancira, celebrava-se a festa anual de Artemisa y Atenea , durante a qual se submergiam no rio as estátuas dessas deusas enquanto as jovens consagradas ao seu culto se banhavam publicamente no rio. Na prisão de Ancira havia sete jovens cristãs, entre as quais estava Tecusa. Como não tivesse podido vencer a firmeza e a determinação destas jovens, o governador ordenou que fossem colocadas nuas sobre um carro aberto, e seguissem assim procissão das estátuas da deusa e, caso não consentissem em usar as vestes e guirlandas das sacerdotisas, fossem lançadas ao rio para morrer afogadas. Como as jovens se recusassem a atender, os carrascos amarraram grandes pedras aos seus pescoços atirando-as no rio. Teodoto recolheu então os corpos das mártires dando-lhes sepultura cristã, durante uma tempestuosa noite, enquanto os guardas se protegiam da chuva. Tendo sido denunciado por um apóstata, Teodoto foi decapitado, depois de sofrer terríveis torturas.

Precisamente no dia em que Teodoto foi martirizado, o sacerdote foi a Ancira com o seu asno para vender vinho. Chegou à cidade já era noite. Como as portas estivessem fechadas, aceitou com prazer o convite feito pelos soldados para passar a noite no acampamento. Durante a conversa, soube que os soldados estavam guardando o local onde, no dia seguinte, o corpo de seu amigo Teodoto seria queimado. Imediatamente lhes deu a beber de seu vinho, até que perdessem a consciência. Depois, colocou de volta no dedo de Teodoto o anel que este lhe havia dado, o corpo sobre o asno deixando o animal em liberdade, pois sabia que se dirigiria instintivamente para casa. Na manhã seguinte, pôs-se a anunciar em alta voz a todo o acampamento que haviam roubado o corpo, livrando-se assim de qualquer suspeita. Como previsto, o asno conduziu o corpo de Teodoto até Malus, local onde foi edificada a capela que o próprio Teodoto havia projetado construir. Suas relíquias foram assim postas nesta capela.

São Patrício era bispo de Prusa, uma cidade em Bitínia. Homem de uma grande fé e de um elevado conhecimento teológico, aplicou toda a sua força e habilidades na defesa do evangelho e no combate à idolatria. Este trabalho apostólico ele não levou adiante sozinho; três colaboradores estavam sempre com ele, Acácio, Menander e Juliano. Junto com eles, São Patrício trouxe à fé cristã muitos pagãos da época. Mas, todo este movimento suscitou a ira de vários idólatras que os denunciaram ao governador Júlio que ordenou que fossem aprisionados imediatamente. Este, usando de argumentos filosóficos, tentou convencer São Patrício de que Jesus Cristo não era Deus. São Patrício, com o seu grande conhecimento teológico e excelente retórica, refutou a todos os seus argumentos e questionamentos. Ao ver que a fé do santo e de seus companheiros era inamovível, ordenou que fossem levados à prisão, e logo foram decapitados. Isto ocorreu, provavelmente, durante o reinado de Diocleciano (284-305).

São Talaleo foi era médico e tratava gratuitamente os doentes; os gregos lhe chamavam, por isso “o Misericordioso” e lhe tinham entre os santos “desinteressados”. Este santo foi martirizado em Aegae na Cilícia. Conta-se que nasceu no Líbano e que era filho de um general romano. Teria exercido a medicina em Anazarbus. Quando estourou a perseguição de Numeriano, Talaleo se refugiou em um olival onde foi capturado. Conduzido à costa da Aegae, foi amarrado de pés e mãos atirado ao mar. Mesmo assim, teria conseguido chegar vivo à costa, sendo aí decapitado. São Talaleo é associado a muitos outros mártires, entre eles Alexander e Asterio, soldados que foram os responsáveis pela execução do mártir ou, pelo menos, testemunharam o seu martírio.

O imperador Constantino, o Grande, era filho de santa Helena e de Constâncio Cloro que administrava a parte ocidental do Império Romano (Gália e Britânia) . Por ordem do imperador Diocleciano, aos 18 anos, Constantino foi retirado dos pais, passando a viver na corte de Nicomédia. Após a abdicação do Diocleciano, Constantino voltou para a Gália e, depois da morte do seu pai Constâncio, no ano de 306, foi proclamado imperador. Graças à sua mãe, Santa Helena, ele foi benevolente ao cristianismo. Seu pai, apesar de pagão, protegia os cristãos, pois percebeu que eram cidadãos fiéis e honestos. Quando Diocleciano ainda não perseguia os cristãos, na sua corte havia muitos deles ocupando os mais variados cargos. Constantino teve a oportunidade de convencer-se de sua lealdade. Depois, viu todos os horrores da perseguição e a firmeza invulgar dos confessores de Cristo, o que também influenciou na sua tolerância e benevolência para com eles. Mais tarde, disse que a sua permanência na corte de Diocleciano contribuiu muito para a sua conversão ao cristianismo:

“Eu comecei a me afastar dos administradores, pois percebi a selvageria dos seus temperamentos”.

São Basiliscos era natural da cidade de Amasia no Mar Negro, sobrinho de São Teodoro (17 de fevereiro). O governador da Capadócia, Agrippas, ao tomar conhecimento de que Basiliscos era cristão, ordenou que fosse preso, submetendo-o a todo tipo de tortura para forçá-lo a abandonar sua fé. Mas, Basiliscos manteve-se firme e inabalável. Já na prisão, começou a rezar ao Senhor, dizendo que ele mesmo não era digno de que sua vida tivesse o mesmo fim que a dos santos mártires. O Senhor lhe apareceu, e disse-lhe para que fosse à casa de seus parentes , e Basiliscos pode então libertar-se da prisão. Quando souberam de seu desaparecimento, os soldados saíram à sua procura e, detendo-o, levaram-no a Comana da Capadócia, obrigando-o a andar com sapatos de ferro e com pregos . Em Comana, ele foi decapitado, tendo o seu corpo jogado no rio. Isto se deu durante o reinado de Diocleciano (284-305).

São Leôncio, um grego de Constantinopla, foi o primeiro monge das Grutas de Kiev que chegou a se tornar bispo e, pouco depois de 1051, foi chamado para governar a Eparquia de Rostov. Em seu governo levou adiante a tradição dos santos bispos missionários que o haviam precedido, tendo ainda mais êxito do que os seus antecessores na conversão dos pagãos, apesar da perseguição a que esteve submetido. Diz-se que, graças ao dom de milagres que o céu lhe concedeu, concluiu a evangelização daquela região. Isto, porém, é pouco provável, já que Santo Abraão, cinquenta anos mais tarde, esteve evangelizando no arredores de Rostov – a não ser que a data do apostolado de Santo Abraão não seja precisa. São Leôncio morreu por volta do ano 1077. Sempre foi considerado um mártir em virtude dos maus tratos sofridos nas mãos dos pagãos. Diz-se que os primeiros dois mártires da Rússia, no tempo de São Valdomiro, o Grande, foram leigos e, por isso é que São Leôncio é chamado “hieromártir“, isto é, mártir sacerdote. O nome de São Leôncio ainda é citado na preparação da Divina Liturgia bizantina.

Nascido em Antioquia, seu pai era nativo de Edessa, na Mesopotâmia, e sua mãe, chamada Marta, também foi depois reverenciada como santa e teve composta uma biografia sua que incorpora uma carta que ela enviou para o filho escrita de seu pilar à Tomas, o guardião da cruz verdadeira em Jerusalém. Assim como seu homônimo, Simeão Estilita, o Velho, o primeiro dos estilitas, Simeão parece ter sido atraído desde muito cedo para uma vida austera. Ele se juntou a uma comunidade asceta que vivia ao redor de um outro eremita num pilar, chamado João, que funcionava como líder espiritual do grupo. Simeão, ainda um garoto, fez com que erigissem um pilar para si quando ele perdeu seu primeiro dente. Ele manteve este estilo de vida por 68 anos e, no decurso de sua vida, porém, ele se mudou diversas vezes para outro pilar. Quando da primeira destas mundanças, o Patriarca de Antioquia e bispo de Selêucia o ordenou diácono durante um curto período em que ele ficou no chão.

Por oito anos, até a morte de João, Simeão permaneceu ao lado da coluna de seu mestre, tão perto que eles podiam facilmente conversar. Durante este período, seu ascetismo foi contido pelo do ancião.

Após a morte de João, Simeão se libertou e deu forças às suas práticas ascéticas ao ponto de Evágrio Escolástico afirmar que ele vivia apenas sob arbustos que cresciam na região de Teópolis.2 Ele foi novamente ordenado, agora padre, e foi assim capaz de oferecer uma missa pela memória de sua mãe. Nestas ocasiões, seus discípulos, um após o outro, subiam por uma escada para receber dele a Eucaristia de suas mãos. Como era o caso da maioria dos outros santos estilitas, um grande número de milagres foi reputado à Simeão, o Moço. Em diversas ocasiões a cura era realizada através de imagens representando o eremita. No final de sua vida, o santo ocupava uma coluna sobre um morro próximo de Antioquia, chamada, por causa dele, de “Morro dos Milagres”, e foi ali que ele morreu.

Além da carta, já mencionada, diversas outras obras são atribuídas a ele. Uma quantidade destes curtos tratados espirituais foram publicados por Cozza-Luzzi (“Nova PP. Bib.”, VIII, iii, Roma, 1871, pp. 4–156). Há também um “Apocalipse” e cartas para os imperadores bizantinos Justiniano I e Justino II (veja fragmentos na P.G., de Migne, LXXXVI, pt. II, 3216-20)

Há uma longa e sombria “Vida” de São Simeão, o Moço, escrita por Nicéforo Calisto, mas é possível aprender mais sobre a vida do santo a partir da “Vida de Santa Marta”, sua mãe, e pela História Eclesiástica de Evágrio Escolástico.

Hoje comemoramos a terceira descoberta da cabeça do Precursor, São João Batista que, pelas vicissitudes daquela época havia se perdido mais uma vez. Esteve enterrada por muitos anos e foi encontrada por uma revelação a um sacerdote, não porém, numa vasilha especial de argila, mas dentro de um recipiente de prata, enterrado num lugar sagrado (Comana de Capadócia). Logo que foi encontrada, esta preciosa relíquia foi trasladada para Constantinopla e recebida com grande respeito, solenidade e alegria pelo Imperador, o Patriarca, o clero e toda a cidade, confirmando assim o que diz o Salmo 34:19-20 “São numerosas as tribulações do justo, mas de todas o livra o Senhor. Ele protege cada um de seus ossos, nem um só deles será quebrado”. Em 24 fevereiro comemora-se a Primeira e a Segunda Descoberta.

Karpos viveu no tempo do Imperador Nero e é conhecido como um dos setenta discípulos do Senhor. Foi um dos colaboradores do Apóstolo São Paulo, conforme esta referência encontrada na sua Segunda Epístola a Timóteo 4:13, onde diz: “Quando vieres, traga a capa que deixei em Troas, na casa de Karpo; traga também os livros, especialmente os pergaminhos “. Trabalhou exemplarmente na difusão do Evangelho em Troas e, logo foi nomeado bispo em Trácia, onde viveu uma vida de santidade e, iluminado pelo Espírito Santo, iluminou, com o divino ensinamento, seus diocesanos, convertendo-se numa estrela espiritual para seus filhos. Sua dedicação e trabalho árduo atraiu sobre ele muitas perseguições, tentações e adversidades. O Santo, porém, enfrentou tudo com coragem, determinação, fidelidade aos seus valores e paciência, não medindo esforços nem consequências na propagação da Palavra de Deus.

“Disse-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” [Jo 16:33]. Esta palavra nos revela que o caminho do discípulo não é revestido com pétalas de rosas, mas com provações. E com luta contínua e a ajuda da Graça do Espírito Santo, podemos chegar a Deus. São Karpo morreu pacificamente, iluminando muitas pessoas em sua volta.

Sabe-se muito pouco a respeito deste santo. Alguns registros históricos nos dão conta de que era um bispo e de que teria se negado a prática da idolatria e, por isso, foi flagelado. No momento em que era martirizado Nosso Senhor Jesus Cristo lhe apareceu, curando seus ferimentos. Depois, foi jogado na fogueira sendo preservado ileso. Teria padecido ainda outros tormentos e, finalmente, foi esbofeteado até a morte.

Pelas orações de Santo Eládio, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!

Santo Inácio era Arquimandrita do monastério da Santa Teofania, em Rostov, quando foi eleito, consagrado e nomeado bispo desta mesma cidade, no ano de 1262. Dedicou-se com muito empenho ao seu ofício pastoral, numa época particularmente difícil, em que teve de defender seus diocesanos da tirania dos tártaros e ser o mediador nas hostilidades dos nobres de Rostov. O Metropolita de Kiev, diante do qual havia sido caluniado, o provou com a suspensão do exercício de suas funções episcopais. Em 1274, Santo Inácio participou do Sínodo da Igreja da Rússia, em Vladimir. Uma citação tomada dos decretos deste Sínodo nos permitirá ter uma idéia das dificuldades impostas ao clero russo, contra as quais teve de lutar até muito recentemente:

O povo pratica ainda os malditos costumes pagãos: celebram-se as festas pagãs com ritos diabólicos, com assobios e gritos. Os homens, embriagam-se, espancam-se com paus e roubam as vestes dos que morrem na luta.

Santo Inácio adormeceu em Cristo no dia 28 de maio de 1288. Logo após a sua morte, começou a se espalhar entre o povo notícias dando conta dos mais fantásticos milagres.

Dizia-se, por exemplo, que, quando o corpo do santo era conduzido para o sepultamento, o mesmo teria se levantado para abençoar os presentes. Até a época da Revolução Russa, as relíquias de Santo Inácio estavam guardadas na Igreja da Santa Dormição, em Rostov.

Constantino Acropolita escreveu, no século XIV, uma biografia de Santa Teodósia. Segundo seus relatos, ele vivia nesta época em Constantinopla, próximo da sepultura da mártir. Percebendo que lhe prestavam uma grande devoção, decidiu-se por escrever sobre sua vida, pesquisando em alguns de seus escritos e baseando-se na tradição oral do lugar e da época. Segundo nos informa, Teodósia pertencia a uma nobre família e perdeu seus pais quando era ainda muito jovem. Mais tarde, recebeu o véu no monastério constantinopolitano da Ressurreição do Senhor. A Santa viveu na época dos imperadores iconoclastas Leão, o Isáurico, e Constantino Coprônimo. Ante uma ordem imperial para que um ícone de Cristo, muito venerado, fosse destruído, Teodósia, liderando um grupo de mulheres, derrubou a escada onde estava o oficial que cumpria a ordem de lançar abaixo e destruir o ícone. O homem acabou por morrer em consequência da queda.

As mulheres se dirigiram então ao palácio do pseudo-patriarca Anastásio, apedrejando-o e obrigando o usurpador a se pôr em fuga. As autoridades castigaram duramente todas as mulheres que integraram o grupo mas, principalmente Teodósia, sua líder. Esta, por sua vez, foi submetida a cruéis procedimentos de tortura pelos carrascos na prisão. Muito ferida, Teodósia veio a morrer mais tarde em consequência destes ferimentos.

Durante a perseguição aos cristãos pelo imperador ariano Valente, um eremitão, chamado Isaac, sentiu-se movido por Deus a abandonar a sua solidão e ir repreender o imperador. Assim, dirigindo-se à Constantinopla, advertiu várias vezes ao imperador Valente de que, se não cessasse a perseguição aos cristãos, e se não devolvesse a eles as igrejas tomadas e dadas aos hereges, uma grande catástrofe lhe esperava, assim como, um fim terrível. Valente fez pouco caso das pregações do eremita. Numa ocasião em que o eremitão Isaac agarrou a rédea do cavalo sobre o qual o imperador Valente cavalgava pela periferia da cidade, este ordenou a seus homens que o jogassem num pântano. Isaac escapou milagrosamente, mas como voltasse a repetir suas profecias, foi encarcerado. A profecia se cumpriu pouco tempo depois, com Valente deposto e, mais tarde, morto na batalha de Andrinópolis. Teodósio, sucessor de Valente, devolveu a liberdade a Santo Isaac, por quem sempre professou grande veneração.

O servo de Deus Isaac voltou a viver retirado em solidão, atraindo para junto de si um grande número de discípulos. Estes, recusando-se a abandoná-lo, apesar das insistentes ordens do santo, acabaram por obrigá-lo a fundar um monastério que, segundo se afirma, foi o primeiro de Constantinopla. Este Monastério tomou, mais tarde, o nome de São Dálmatas, discípulo e sucessor de Santo Isaac. O Santo eremita Isaac participou do I Concílio de Constantinopla, o segundo dos concílios ecumênicos, morrendo com idade já bem avançada.

Santo Ermías foi um soldado da reserva. Prestou serviço militar em Kômona, de Capadócia, cumprindo com sua obrigação com César. Era um dos mais valentes soldados da sua tropa e nunca recuou diante do inimigo, mesmo nas derrotas. Quando teve início a perseguição aos cristãos, nos tempos do rei Marco Antonio, Ermías foi também conduzido à prisão, sem que levassem em conta os grandes serviços prestados ao rei e, tão pouco, a sua idade avançada. Então, o governador Sebastiano ordenou a Ermías que fizesse um sacrifício aos ídolos. esta ordem surpreendeu o santo que, sorrindo, disse: “Seria pouco inteligente e até estranho, governador, deixar a luz e adorar a obscuridade, abandonar a verdade e abraçar-me com a mentira; perder a vida e me deixar cair na morte. Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo disse: ‘Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida’. (Jo 8:12) ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’”. (Jo 14:6) Depois disso, o governador ordenou que ele fosse lançado no fogo. No meio das chamas, milagrosamente, o santo permaneceu incólume, sem nenhum sinal de queimadura. Santo Ermías morreu, mais tarde, decapitado.