Julho
Os santos Anárgiros (que não aceitam dinheiro) eram irmãos e originários de Roma. Estudaram medicina, não como uma profissão lucrativa, mas como uma missão filantrópica. Estes santos não aceitavam dinheiro, de pobres ou ricos, como pagamento por seu trabalho. Mas dedicavam-se, preferencialmente, ao atendimento aos pobres, pois, como diziam, «uma cabana tem mais necessidades que um palácio». Mas, quando curavam algum rico enfermo e este insistia em lhes retribuir com algum dinheiro, os santos indicavam um pobre que estivesse enfermo para que o dinheiro fosse levado a ele. E Deus abençoava o ofício destes santos médicos com extraordinária e milagrosa força. Isso, no entanto, despertou à inveja de outros médicos, especialmente no próprio mestre deles, que os detestava por serem cristãos. Num certo dia, enquanto colhiam plantas medicinais, foram empurrados para um precipício e morreram no ano 284, sob os imperadores Carinus e Numerian.
II
São Cosme e São Damião sofreram martírio em Ciro (na Síria), provavelmente durante a perseguição de Diocleciano, nos inícios do século IV. A data de 27 de Setembro (data em que os cristãos latinos os celebram) corresponde provavelmente à dedicação da basílica que o papa Félix IV mandou construir em honra deles no Foro Romano; e é ainda destino de mais turistas que devotos, pelo esplêndido mosaico que lhe decora a ábside. Sabemos que os dois irmãos curavam “todas as enfermidades, não só das pessoas, mas também dos animais”, fazendo tudo gratuitamente. Em grego são chamados de “anargiros”, isto é, sem dinheiro. Os dois irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com setas, mas “os dardos voltavam para trás e feriam a muitos, porém os santos nada sofriam “. Foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos e somente assim os dois mártires, juntamente com outros três irmãos, puderam prestar seu testemunho a Cristo. Seus restos mortais, segundo consta, encontram-se em Ciro na Síria, repousando numa basílica a eles consagrada. Da Síria o seu culto alcançou Roma e dali se espalhou por toda a Igreja do Ocidente.
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Na época do Imperador Leão I (457-474), dois irmãos empreenderam uma peregrinação à Terra Santa, hospedando-se na casa de uma viúva de idade já avançada. Nesta casa havia um pequeno altar improvisado e os dois irmãos tomaram conhecimento de que ali muitos milagres aconteciam. Insistiram então com a mulher para que lhes contasse como isso acontecia. A mulher, por fim, revelou que guardava num cofre um presente da Santa Mãe de Deus (Theotokos). Nossa Senhora, disse ela, no transcurso de sua existência, era assistida por duas mulheres virgens que a ajudavam. Antes da sua Dormição, a Mãe de Deus ofereceu a cada uma delas um presente como bênção. Ela, a viúva, como fazia parte da família de uma destas duas virgens, tinha recebido este presente como herança, depois de o mesmo ter atravessado gerações.
Este presente (veste) da Theotokos foi, mais tarde, trasladado dentro de um cofre de ouro pelo então Patriarca Juvenal de Jerusalém à Igreja de Vlajerna, localizada no subúrbio da área nordeste de Constantinopla, construída pela Rainha Pulcheria, filha do Imperador Arcadio e esposa do imperador Markiano (451-457). A Igreja de Vlajerna sofreu um incêndio no ano 1070, tendo sido reconstruída anos mais tarde. Por descuido, um segundo incêndio atingiu a Igreja em 19 de janeiro de 1434. Após estes incidentes, foi conservada como um lugar de oração.
São Flaviano morreu como conseqüência dos maus tratos que havia recebido na assembléia conciliar de Éfeso. Anatólio, que foi eleito para sucedê-lo na sede de Constantinopla, foi consagrado pelo monofisita Dióscoro de Alexandria. Santo Anatólio, que era de Alexandria, tinha se destacado durante o Concílio de Éfeso como adversário do nestorianismo. Pouco depois de sua consagração episcopal, Santo Anatólio reuniu um sínodo, em Constantinopla, no qual ratificou solenemente a carta dogmática («o Tomo»), que São Leão tinha enviado a São Flaviano, encaminhando uma cópia desta carta a cada um dos seus metropolitanos, bem como uma condenação à Nestório e Eutiques, para que as assinassem.
Logo depois, comunicando-se com o Papa, de sua ortodoxia expressou seus protestos, e pediu-lhe que o confirmasse como o legítimo sucessor de Flaviano. São Leão concordou, não sem antes observar que o fazia mais por «misericórdia do que por justiça», uma vez que ele, Anatólio, havia aceitado a consagração episcopal das mãos do herege Dióscoro No ano seguinte, no grande Concílio de Calcedônia que definiu a doutrina ortodoxa contra o monofisismo e nestorianismo, Santo Anatólio desempenhou um papel de grande importância neste Concílio, morrendo no ano 458 d.C.
André nasceu em Damasco, em meados do século VII. Apesar da eloqüência que possuía na sua idade madura, conta-se que até o momento da sua primeira comunhão, que recebeu aos sete anos, quase não falava. Aos quinze anos de idade, mudou-se para Jerusalém, razão pela qual recebe, algumas vezes, o título de Santo André de Jerusalém. Nesta cidade se tornou monge no Monastério de São Savas, e no Monastério do Santo sepulcro recebeu as ordens menores do leitorado e do subdiaconato. No ano 685, o Patriarca de Jerusalém, Theodoro, o enviou à Constantinopla para reiterar a adesão de sua Igreja ao Sexto Concílio Ecumênico da Igreja que acabava de condenar a heresia monotelita. Santo André ficou em Constantinopla e lá foi ordenado diácono da Grande Basílica, recebendo também o encargo de cuidar de um orfanato e de um asilo para os idosos. Pouco tempo depois, devido às suas qualidades de caráter e suas habilidades, foi eleito arcebispo de Gortina, sede metropolitana de Creta. Ali se deixou envolver na última onda monotelista.
No ano 711, Filípico Bardanes apoderou-se do trono imperial, mandou queimar as Atas do Sexto Concílio Ecumênico, restabeleceu nos dípticos litúrgicos os nomes que o Concílio havia anatematizado, reunindo um sínodo para ratificar suas ações. André participou deste sínodo que aconteceu no ano 712, mas já no ano seguinte se arrependeu do que fez e assinou, sem hesitação, a carta de desculpa que seu Patriarca escreveu ao Papa Constantino, depois que Anastásio II recuperou o trono imperial, colocando para fora seu usurpador Bardanes.
Santo André se destacou pelo resto de sua vida como um grande pregador e compositor de hinos sacros. São conservados até hoje mais de vinte de seus sermões que têm sido publicados ao longo dos séculos. Seus hinos influenciaram de forma definitiva a liturgia bizantina. Segundo se afirma, foi Santo André quem introduziu a forma hinódica chamada «cânone». Em todo caso, é indubitável que ele escreveu muitos hinos, neste e em outros ritmos parecidos; alguns deles são cantados ainda em nossos dias.
Santo André morreu num barco, no ano 740, quando regressava de uma viagem que fez à Constantinopla, sendo sepultado na Igreja de Santa Anastásia em Edesó, uma cidade de Mitilini.
Santo Atanásio foi o organizador dos monastérios no Monte Athos (situado num prolongamento da Península Calcídica, da qual se desprendem três faixas montanhosas que adentram no Mar Egeu). Nasceu em Trebizonda, por volta do ano 920, filho de um Antioquino e recebeu no batismo o nome de Abraão. Fez seus estudos em Constantinopla, onde se tornou professor. Enquanto exercia nesta cidade o ofício de professor, conheceu São Miguel Maleinos e seu sobrinho Nicéforo Focas. Este último tornou-se, mais tarde, seu protetor, ao ocupar o trono imperial. Abraão tomou o hábito no monastério que São Miguel dirigia, em Kimina de Bitínia, recebendo o nome de Atanásio. Ali viveu até o ano 958, mais ou menos.
O monastério de Kimina era uma «Laura», isto é, uma série de celas isoladas, construídas em torno de uma igreja. Quando morreu Miguel Maleinos, Atanásio, prevendo que seria eleito abade, fugiu para o Monte Athos. Ali Deus reservava para ele uma responsabilidade ainda mais pesada que o ofício de abade do qual tinha fugido. Vestido como um rude camponês e com o nome de Doroteo, Santo Atanásio se retirou para uma cela na proximidade de Karyes. Mas seu amigo Nicéforo Focas não demorou a descobri-lo. O imperador Nicéforo, que estava prestes a empreender uma expedição contra os sarracenos, Atanásio pediu a Atanásio para acompanhá-lo nesta viagem e que o apoiasse nesta empreitada com a sua benção e orações.
Atanásio, vencendo sua resistência em regressar ao mundo, acompanhou o seu amigo nesta viagem. Após a vitória da expedição, Atanásio pediu permissão ao imperador para retirar-se novamente ao Monte Athos. Nicéforo Focas concordou, mas não sem que, antes aceitasse uma importante soma que lhe deu para ajudá-lo na fundação de um monastério. O santo construiu o primeiro monastério, propriamente dito, em Monte Athos, no início do ano 961 e, dois anos mais tarde, a Igreja. Santo Atanásio dedicou o monastério à Santíssima Mãe de Deus; atualmente é conhecido como «Monastério de Santo Atanásio», ou, simplesmente, «Grande Laura», isto é, «o Monastério». Receando que o imperador o chamasse novamente à corte, Santo Atanásio se refugiou em Chipre para escapar das honras e títulos. Mas Focas novamente descobriu seu esconderijo e lhe disse para voltar a governar em paz o seu monastério, dando-lhe mais dinheiro para construir um porto em Athos. Santo Atanásio enfrentou muitas dificuldades com os solitários que, ocupando o Monte Athos há mais tempo, consideravam que a precedência lhes dava certos direitos de ocupação; tais solitários viam com «maus olhos» a construção de monastérios, igrejas e portos, e se opunham às regras que Santo Atanásio queria lhes impor. Por duas vezes o santo esteve prestes a ser assassinado. Sabendo que a violência é capaz de corromper a melhor das causas, o imperador João Tzimesces interveio, confirmou as doações que Nicéforo Focas havia feito a Atanásio, proibiu a oposição ao Santo e reconheceu a sua autoridade sobre todo o território e habitantes do Monte Athos. Desta forma, Santo Atanásio foi constituído o superior geral de cinqüenta e oito comunidades de eremitas e monges, além dos monastérios de Ivirón, Vatopedi e Esfigmenou, que ele mesmo havia fundado e que são conservados até os dias atuais. Morreu por volta do ano 1000, vítima do desabamento da cúpula da igreja onde ele estava trabalhando com cinco outros monges.
São Sisoé, que viveu no século V, foi um monge no deserto do Egito onde brilhou por sua espiritualidade, suas qualidades intelectuais, humildade e filantropia. Seu nome se propagou rapidamente entre os fiéis, e recorriam a ele para pedir sua benção e buscar seus conselhos espirituais.
Abaixo, alguns de seus ensinamentos: Um irmão, ao ter sido maltratado, levantou-se e veio ao Pai Sisoé e disse: «Meu irmão me maltratou e eu quero vingar-me». Então, o pai Sisoé lhe suplicou: «Não, meu filho, isto não cabe a ti, mas a Deus!» Mas ele insistiu: «Não descansarei até que me vingue dele». Então o pai Sisoé lhe disse: «Vem, vamos rezar juntos!» E começou a dizer: «Senhor, já não necessitamos mais de tua Providência, nem de teu cuidado para conosco; já não és o nosso auxílio, pois este nosso irmão quer depender de si próprio, seguir sua própria vontade e vingar-se de seu irmão». Ao ouvir isso, o irmão caiu aos pés do pai e lhe disse: «Perdoe-me, pai, pois já não quero a vingança».
Algumas pessoas perguntaram ao pai Sisoé: «Se um irmão cai, não deve ele arrepender-se por um ano inteiro?» Disse pai Sisoé: «Isso é muito duro”. Disseram-lhe, então: “Seis meses, é suficiente?» E o Pai contestou: «É muito!» E, mais uma vez, disseram: «Quarenta dias, então?» Ele disse: «É muita coisa». Replicaram então: «Mas, como? Tendo caído em pecado, pode participar de imediato, com os irmãos, na Liturgia?» O pai respondeu: «Não. Mas pouco tempo é suficiente para se arrepender. Creio que, quando o homem se arrepende de todo o seu coração, Deus o aceita e o perdoa».
Um irmão perguntou ao pai Sisoé: «Tendo caído, o que devo fazer, pai?» Disse o pai: «Levanta-te, pois!» O irmão disse: «Eu tinha me levantado, mas voltei a cair de novo». Disse o pai: «Levante-te novamente!» Disse então o irmão: «E até quando?» O pai Sisoé respondeu: «Até você morrer, porque o homem está exposto a queda, mas não têm que desesperar-se da misericórdia de Deus».
Santa Kiriaki (Dominga, em português), era filha de Doroteo e Eusébia. O casal não tinha filhos, e pedia insistentemente a Deus que lhes concedesse um. Deus ouviu seus rogos e Eusébia concebeu uma filha. A menina nasceu num domingo, e por isso lhe deram o nome de Kiriaki (Dominga, em português). Durante a perseguição de Diocleciano, seus pais foram presos e, em seguida, submetidos a interrogatório, torturados e decapitados pelo Duque Loisto. Kiriaki foi levada ao César Maximiano e, dali, para o soberano de Bizínias, Ilariano, que lhe disse que a sua beleza era para prazeres e não para torturas. Kiriaki respondeu então prontamente: «Nem à minha juventude, nem à minha beleza eu dou a menor importância; as mais brilhantes coisas deste mundo são passageiras como as flores, e vazias como as sombras. Hoje eu sou bela, amanhã serei uma velha cheia de rugas e feia. Porque faria eu então, de minha beleza o centro da minha vida? Que valor terá na sepultura que a espera? Pensaste, pois, que eu poderia ser tão inconsciente de perder meu eterno esplendor para permanecer um pouco mais aqui na terra? Portanto, eu te repito: sou e serei, na vida e na morte, uma cristã». Furioso Ilariano a torturou duramente e ordenou sua decapitação. Antes, porém, que a espada a tocasse, rezando, ela entregou sua alma ao Senhor.
São Procópio foi o primeiro dos mártires da Palestina. Era um homem cheio da graça divina que, desde menino cultivou-e casto, exercitando-se na prática das virtudes. De tal modo exercia domínio sobre o corpo, a ponto de convertê-lo, por assim dizer, num cadáver. Porém, a força que sua alma encontrava na palavra de Deus dava vigor ao seu corpo. Sobrevivia a pão e água, alimentando-se somente a cada dois ou três dias. Em certas ocasiões prolongava seu jejum por uma semana inteira. A meditação da palavra de Deus absorvia sua atenção dia e noite, sem a menor fadiga. Era amável e bondoso, mas se considerava o último dos homens, e a todos edificava com suas palavras. Concentrava seus estudos na Palavra de Deus e tinha apenas algum conhecimento das ciências profanas. Nasceu em Aelia (Jerusalém), mas residia em Escitópolis (Betsán), onde desempenhava três cargos eclesiásticos. Lia e traduzia a língua síria e expulsava os maus espíritos através da imposição de mãos.
Enviado com seus companheiros, de Escitópolis a Cesaréia, foi preso enquanto atravessava pelos portões da cidade. Antes de ser algemado e conduzido à prisão, Procópio foi levado ante o juiz Flaviano, que tentou persuadi-lo de oferecer sacrifícios aos deuses. Mas ele proclamou em alta voz que «só existe um Deus, criador e autor de todas as coisas». Esta resposta impressionou o juiz que, não tendo como replicar, buscou ainda convencê-lo a que, ao menos, oferecesse sacrifícios aos imperadores. Porém, o mártir de Deus, ignorando seu conselho, reagiu. «Lembra-te, – disse ele, – dos versos de Homero: ‘Não convêm que hajam muitos senhores’; tenhamos, pois, um só chefe e um só rei». Como se essas palavras representasse uma injúria contra os imperadores, o juiz ordenou que Procópio fosse executado imediatamente. Os carrascos cortaram-lhe a cabeça, e assim Procópio passou para a eternidade, no sétimo dia do mês de julho, no primeiro ano de nossa perseguição. Este martírio teve lugar em Cesaréia.
Era natural de Antioquia e viveu na época dos apóstolos. Ainda jovem, foi com seus pais à Jerusalém e lá se batizou. Logo após a morte de seus pais, Pancrácio desejava dedicar-se de alma inteira a Cristo e à propagação de seu Evangelho. No entanto, como fazê-lo se herdara toda a riqueza de seus pais? A resposta Pancrácio encontrou nas próprias palavras do Senhor: «Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!» (Mt 19:21) De fato, Pancrácio pôs em prática esta exigência: libertou os escravos, repartiu todos os bens com os pobres e, livre de todas as preocupações existenciais, dedicou-se exclusivamente à propagação da Palavra do Evangelho. Seguiu São Pedro e São Paulo em Antioquia e em Kilikίa encontrou o Apóstolo São Paulo que lhe nomeou bispo de Tabromenίu na Siscilia.
São Pancrácio foi notável neste cargo, destacando-se por suas virtudes como um perfeito pastor, ensinando e servindo com amor seus fiéis. Com sua pregação, à luz do conhecimento de Deus, chamou a atenção do povo que o escutava. Muitos, convertidos à fé cristã através de suas pregações, passavam a segui-lo, inclusive o soberano do lugar, de nome Bonifácio. Fundou neste lugar um santo templo para o culto cristão. No entanto, sua notabilidade chamou a atenção dos judeus e idólatras que, movidos pela inveja de seu trabalho evangélico, mataram Pancrácio enquanto este orava por eles.
Estes santos foram martirizados no início do século 4º, na época do imperador Licínio, na cidade de Nikópolis, na Armênia. Entre eles, encontravam-se Daniel, Mauricio, Antonio e Leão, os mais conhecidos e líderes espirituais do grupo. Após tomarem conhecimento de um decreto contra os cristãos publicados por ordem do imperador Licínio, os Santos Mártires se apresentaram diante do imperador e confessaram sua fé. Licínio, depois de escutá-los, interrogou-lhes por que não adoravam aos deuses (pagãos), ao que responderam: «Cristo nos ensinou a não prestarmos adoração a deuses que não existem». Ouvindo a resposta, Licínio ordenou que amarrassem pés e mãos e conduzissem todos à prisão, privando-os de água e pão.
Os Santos passaram a noite em oração, dizendo: «Abençoa-nos, Senhor, Rei glorioso, porque Tu és a Vida verdadeira, oferecida em sacrifício por nós, pecadores, Tu que és o Filho do Deus verdadeiro; concede Senhor, que de tal modo estejamos unidos, que nos tornemos uma só alma, e assim possamos testemunhar a Ti; e que, juntos, possamos empreender a viagem ao Reino de Deus!» Na manhã seguinte, Licínio ordenou que fossem trazidos à sua presença. Perguntou-lhes, então, se haviam se arrependido de sua posição de não adorar aos deuses pagãos. Eles, num só coração e a uma só voz responderam: «Somos cristãos». Movido de ódio o imperador ordenou que lhes cortassem as mãos e os pés e, depois, foram todos lançados ao fogo. Assim, unidos pela mesma fé no mesmo sentimento, foram dignos de receber o título de Mártires de nossa Santa Igreja.
No ano 862, os eslavos de Novgorod chamaram Riurik para que assumisse seu governo. Dois de seus companheiros, Ascold e Dir, deixaram Novgorod rumo ao Sul do país em busca de fortuna. Às margens do rio Dnieper, avistaram a cidade de Kiev e a conquistaram. De Kiev, no ano 866, partiram para Constantinopla. O imperador Miguel III e o Patriarca Fócio, depois do ofício de Vésperas na Igreja de Vlajern, saíram em procissão às margens do rio Bósforo, elevando a Deus as suas orações. Durante a procissão, as vestes da Virgem submergiram nas águas do Golfo. O mar, até aquele momento tranqüilo e calmo, agitou-se de repente, destruindo as embarcações russas. Muitos deles pereceram. Os que puderam voltar a salvo para as suas casas ficaram muito impressionados com aquilo, que receberam como um castigo de Deus. (Foi este acontecimento que deu origem à comemoração do Manto da Mãe de Deus).
Pouco tempo depois chegou a Kiev um bispo vindo da Grécia, e começou a pregar ao povo eslavo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, falando sobre os extraordinários feitos de nosso Deus, narrados pelas Escrituras Sagradas, no Antigo e no Novo Testamento. O povo, ouvindo a história dos três jovens que saíram ilesos de uma fornalha ardente em Babilônia (Dan 3), interromperam o pregador naquele momento, dizendo: «Se não nos é dado ver algo semelhante, não poderemos crer nesta história». O bispo, depois de voltar-se em oração a Deus, atreveu-se a colocar sobre as chamas o Evangelho. Este permaneceu intacto; nem mesmo as fitas usadas como marcadores de páginas se queimaram. Este acontecimento milagroso causou grande impacto junto ao povo e, depois disso, muitos se fizeram batizar. Posteriormente, sobre o túmulo de um destes cristãos, foi erigida a Igreja de São Nicolau, o Milagroso.
Após Riurik, o país foi governado por Oleg, um de seus parentes. Oleg conquistou Kiev realizando uma campanha muito bem sucedida contra Constantinopla (906), negociando com os gregos um tratado comercial altamente vantajosa para a Rússia. Em 945, após uma nova guerra, Igor, filho de Riurik, acordou um novo tratado comercial com Constantinopla. O relato deste fato aponta para a intenção do cronista de nos recordar que a protetora do príncipe jurou em Kiev a observância deste tratado: os pagãos, diante do ídolo Perun, e os cristãos, na catedral de Santo Elias. Isto indica que, em Kiev, durante o governo de Igor, já havia cristãos, até mesmo entre a sua guarda.
A esposa de Igor, Princesa Olga, se destacava por sua beleza, sua castidade e sua clarividência. Ao ficar viúva, dada a tenra idade de seu filho Sviatoslav, assumiu o governo da Rússia. Conta-nos a crônica que, para os inimigos de sua pátria, era temível e terrível. O povo a amava e estimava como sua própria mãe, por sua misericórdia, a sua sabedoria e senso de justiça. Santa Olga a ninguém ofendia; julgava com a verdade, impunha os castigos com clemência, amava os pobres, os indigentes, aos idosos e os deficientes. Escutava pacientemente todos os pedidos que lhes eram dirigidos e se alegrava com aqueles que eram justos.
Quando Sviatoslav já era homem adulto, a princesa Olga pode dedicar-se mais à filantropia. Inclinada ao cristianismo por suas conversações com sacerdotes de Kiev, conheceu a superioridade da fé cristã sobre o paganismo e, em 957, decidiu batizar-se. A antiga história conta que, para isso, viajou à Constantinopla, e que o batismo lhe foi ministrado pelo então Patriarca Poliecto. O imperador Constantino foi seu padrinho e Santa Olga recebeu o nome de batismo de Helena. Uma vez cristã, buscou convencer seu filho a se tornar também cristão. O guerreiro Sviatoslav, porém, não cedeu às suas persuasões. «A guarda irá rir-se de mim», dizia ele, não proibindo, no entanto, que seus súditos se fizessem batizar.
De volta à sua pátria, Santa Olga dedicou-se integralmente à devoção e difusão da fé em Cristo entre os seus súditos.
Conforme a crônica do antigo escritor, Santa Olga, «ao conhecer o verdadeiro Deus, Criador do céu e da terra, e ao receber o batismo, mandou destruir os lugares demoníacos (os ídolos dos templos pagãos), e começou a viver segundo os preceitos cristãos, amando a Deus com todo o seu coração e com toda a sua alma; seguiu a Nosso Senhor em todas as suas boas obras, iluminando-se com isso, vestindo aos desnudos, saciando aos sedentos e acolhendo aos peregrinos, indigentes, viúvas e órfãos, compadecendo-se de todos, dando-lhes o que era necessário, com serenidade e amor em seu coração».
Santa Olga morreu no ano 969. Seu corpo foi encontrado intacto durante o governo de Volodemer (Valdomiro ou Vladimir) que o depositou na igreja de Desiatina. Esta foi, na Rússia, a primeira ocasião da abertura das relíquias. Posteriormente, Deus glorificou através dos milagres as relíquias da Princesa Olga, que foi canonizada.
Estes santos viveram nos anos do imperador Trajano (98-117). Eram originários de uma aldeia próxima de Anquira, chamada Kalipi. Proclo era tio de Hilário, e estavam unidos, não somente por laços sanguíneos, mas também pelo amor a Cristo. Trabalharam intensamente na edificação de uma vida espiritual melhor e, assim, poder iluminar aos judeus e idólatras. As incansáveis atividades dos santos era do conhecimento de todos naquela região e, chamando a atenção do governador Máximo que, então, ordenou que Proclo fosse encontrado e aprisionado. Logo, após um breve julgamento, Proclo foi condenado à morte. Quando era conduzido pelas ruas da cidade para ser executado, Hilário aproximou-se dele, beijou sua cabeça e confessou que também ele era um cristão. Os guardas, após executarem Proclo com flechas, decapitaram, portanto, Hilário.
Os Anjos são superiores ao homem em sua força espiritual sendo, porém, limitados em sua sabedoria – só Deus é onipotente e onisciente. Nosso Senhor Jesus Cristo falou muitas vezes sobre os Anjos. Segundo ele, os Anjos levaram a alma do mendigo Lázaro ao seio de Abraão (Lc 16,22) Nas Escrituras Sagradas alguns Anjos possuem nomes próprios: o nome Gabriel significa «Força de Deus». É mencionado pelo Profeta Daniel e também pelo Evangelista São Lucas (Dn 8,16; 9,21 e Lc 1,19-26). O nome do Arcanjo Miguel é mencionado pelo profeta Daniel, pelo apóstolo Judas e pelo Apocalipse (Js 5,13; 12,1, Jd 7-8). O nome Miguel, em hebraico, significa «Quem, senão Deus?» Nas Escrituras ele é chamado de «Chefe do Exército do Senhor» e é representado como o principal guerreiro contra o diabo e seus servidores, portando, normalmente, uma espada de fogo na mão. O Arcanjo Gabriel é representado nas Sagradas Escrituras como o Mensageiro do mistério divino, portando um ramo do paraíso em sua mão. São nomeados ainda, nas Sagradas Escrituras, três Anjos: Rafael, que significa «Ajuda de Deus (Tb 3,16; 12,12-15); Uriel – «Fogo de Deus» (3Esd 4,1; 5,20); Selafiel – «O que ora a Deus» (3 Esd 5,16).
Santo Áquila, natural de Ponto, na Ásia Menor, era judeu produzia tendas para o comércio. No ano 52, ele e sua esposa Priscila estavam em Corinto onde se encontrava o Apóstolo São Paulo. Eles ofereceram hospitalidade ao Apóstolo que, aceitando, permaneceu com eles durante muitos dias, dispondo-se, inclusive a ajudá-los no trabalho (At 18, 2-3). E, aderindo à fé cristã através de São Paulo, eles o seguiram, desde aquele momento, trabalhando junto com ele e enfrentando todos os perigos e riscos por pregarem o Evangelho de Cristo, como o próprio São Paulo declara em sua Epístola aos Romanos, quando afirma: «Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus; pela minha vida eles expuseram as suas cabeças. E isso lhes agradeço, não só eu, mas também todas as igrejas dos gentios» (Rm 16,3-4).
Santa Julieta era uma cristã natural de Lacônia. Ficando viúva, assim permaneceu, vivendo uma vida de absoluta dedicação à educação piedosa de seu pequeno filho Kirikos. Quanto teve início a perseguição aos cristãos por Diocleciano, Julieta tomou seu filho, mudando-se para outra cidade distante dali, para estar a salvo das perseguições. No entanto, a mão do tirano não tardou em chegar aonde se encontravam e, novamente, tomando seu filho nos braços, foi para Taurus na Cilícia. O governador Alexandre, inteirando-se sobre Julieta, ordenou que a detivessem imediatamente. Logo, por diversas vezes buscou persuadi-la a abandonar sua fé e aderir a idolatria. Ao perceber, porém, que fracassara em seu intento, tomou fria e brutalmente de seus braços o menino, atirando-o com força por sobre uma escada, o que resultou na fratura de sua cabeça e conseqüente morte instantânea. Ao assistir tal desgraça, a mãe, angustiada e desesperada, lhe disse: «Governador, do mesmo modo como quebraste a cabeça de meu filho, tua falsa religião se quebrará. Enfurecido por estas palavras, o tirano, depois de torturá-la, decapitou Julieta. Isto aconteceu por volta do ano 296.
São Fausto viveu nos anos do imperador Trajano Décio (249-251), um cruel perseguidor dos cristãos. Nestes difíceis tempos de perseguição, exílios, prisões, martírios e mortes, São Fausto, um espírito valente e pacífico, proclamava o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo por onde andava. Não tardou a ser perseguido e preso e, depois, condenado à crucifixão. Este cruel e duro castigo ele suportou com admirável integridade. Seu martírio se estendeu por cinco dias quando, finalmente, bendizendo e dando graças a Deus, São Fausto entregou o seu espírito.
Santa Marina nasceu em Antioquia (na Ásia Menor, atual Turquia). Seu pai era sacerdote pagão. Através de sua «mãe de leite», Santa Marina conheceu a fé cristã. Isto, no tempo em que o imperador Diocleciano (284-305) iniciou uma perseguição contra os cristãos. Por isso, muitos cristãos tiveram de se esconder em cavernas ou nos desertos. Ao completar 12 anos, Marina se batizou. Ao tomar conhecimento disso, seu pai a renegou. Um dia, quando Marina já tinha 15 anos, encontrava-se pastoreando algumas ovelhas. Passou por este lugar o governador da região e, fascinado pela beleza da jovem, a pediu em casamento. Marina não escondeu que era cristã e, então, o governador a entregou aos cuidados de uma nobre mulher, na esperança de que esta pudesse convencê-la a abandonar sua fé. Marina, porém, manteve-se firme, negando-se a oferecer sacrifícios aos ídolos pagãos.
Foi então submetida às mais cruéis torturas: rasgaram-lhe o corpo com tridentes, perfuraram-no com cravos, queimaram-no a fogo. Ao presenciar tais sofrimentos, o povo chorava compadecido. A graça de Deus lhe curou as feridas, mas, mesmo diante de tal milagre, seus algozes não caíram em razão. No dia seguinte, mais uma vez queimaram-lhe o corpo e começaram a afogá-la num grande barril. Durante estas torturas, a terra tremeu. Dos punhos de Marina caíram as algemas e, de sua cabeça, começou a irradiar uma extraordinária luz. No interior dessa luz, voava girando uma Paloma que sustentava em seu bico uma coroa de ouro. A multidão, assustada, começou a glorificara Deus. O governador ordenou então a execução de Marina e de todos os que haviam aderido a fé em Cristo. Naquele dia, juntamente com Marina, foram decapitadas cerca de 1500 pessoas.
Feotim, uma das testemunhas, foi quem relatou o martírio de Santa Marina. Suas relíquias estavam em Constantinopla até a conquista da cidade pelos cruzados no ano 1204. Um dos braços de Santa Marina encontra-se no Monte Athos, no Monastério de Vatopedi.
São Pambo foi um dos fundadores do conjunto de monastérios do deserto de Nitria, no Egito. Em sua juventude, foi discípulo de Santo Antônio, o Grande, companheiro dos grandes padres, Santo Isidoro e os dois Makarios, instrutor de Dióscoro e Anion, Eusébio e Eutímio, os «irmãos altos» que foram perseguidos por apoiarem o origenismo. Quando o perseguidor dos «irmãos altos», Teófilo de Alexandria, reprovou Pambo por ele não ter informado o arcebispo sobre os fatos, respondeu ironicamente: «Se não és capaz de interpretar o meu silêncio, tampouco entenderias o que dissesse com minhas palavras.» Pambo, como os demais monges de Tebaida, dedicava-se a tecer esteiras com folhas de palmeira, praticava prolongados jejuns e outras severas mortificações, consagrando-se exclusivamente à oração durante longos períodos de tempo. Era de aparência tão majestosa que ninguém fixava o olhar nos trapos com os quais se vestia, e que eram recolhidos do que era descartado pelos demais. Destacava-se, particularmente, pelo domínio que tinha da língua e que se manifestava tanto no silêncio como no falar. Como sempre ponderava muito antes de pronunciar qualquer palavra, o que dizia soava às vezes, a quem não o conhecesse, um tanto indelicado.
Tendo seu mestre iniciado sua primeira lição com o Salmo 38, que diz «Velarei sobre os meus atos, para não mais pecar com a língua», disse Pambo a seu mestre: «Isso é o que eu vou começar a fazer a partir de hoje», e se retirou para meditar, passando a se dedicar ao exercício constante do domínio da língua. Tendo meditado sobre todas as conseqüências deste texto, voltou para a segunda lição… seis meses depois! O mundo tende a considerar como sábio os que falam pouco por este simples fato. O silêncio, porém, não pode ter por causa a falta de idéias, mas a abundância delas e a força de vontade. Em qualquer caso, os que o procuravam para com ele se aconselhar, não voltavam decepcionados. De sua boca brotavam sábios conselhos e, alguns de seus «ditos» se tornaram famosos.
No ano 374, Rufino foi visitá-lo; Santa Melânia, a Grande, viúva romana que fundou um monastério em Jerusalém, o visitou também, mais tarde. Em sua primeira visita, Santa Melânia presenteou São Pambo com trezentas libras de prata que o Santo aceitou para doá-las depois aos monastérios carentes, sem pronunciar uma única palavra de agradecimento. Melânia lembrou discretamente: «Não esqueça as trezentas libras». Pambo Replicou: «Aquele para quem deste este presente não necessita que digas o valor de vosso dinheiro»
Numa outra ocasião, como um visitante lhe pedisse para contar um dinheiro que lhe haviam enviado para os pobres, Pambo respondeu: «A Deus não importa ‘quanto’, mas ‘como’». Diferentemente de tantos outros monges e ascetas, São Pambo não tinha uma mentalidade limitada.
Em certa ocasião, Pambo encontro dois monges que discutiam sobre qual de dois homens era o melhor: o que havia gasto sua fortuna para se tornar monge, ou outro que gastou sua fortuna fazendo o bem aos pobres. E Pambo disse: «Diante de Deus, os dois são perfeitos».
Ainda numa outra oportunidade, dois visitantes lhe descreveram com detalhes as austeridades que praticavam e a caridade (esmolas) que haviam feito. Perguntaram a Pambo se com isso salvariam suas almas, e o santo respondeu: «Eu faço o mesmo que vocês e, nem por isso, sou um bom monge. Tratai de não ofender jamais ao vosso próximo, e assim vos salvareis».
A morte surpreendeu São Pambo quando este tecia um cesto para o seu discípulo Paládio. «Desde que cheguei ao deserto, jamais comi nada que não tivesse ganhado com o trabalho de minhas mãos, e não me lembro de ter dito nada tenha me arrependido depois. E, no entanto, tenho a impressão de que Deus me chama para Si quando ainda não comecei a servi-Lo realmente».
Santa Melânia, que esteve presente à sua morte cuidou de seus funerais recolhendo, como uma preciosa relíquia, o cesto que ainda estava por acabar.
Macrina era a mais velha dos dez filhos de São Basílio Maior [São Basílio Maior era pai de São Basílio, o Grande, irmão de Santa Macrina e Santa Emelia]. Nascida em Cesaréia da Capadócia, por volta do ano 330, Macrina foi educada com especial esmero por sua mãe que lhe ensinou a ler e acompanhava cuidadosamente suas leituras. O livro da Sabedoria e os Salmos de Davi eram as suas obras preferidas, mas, nem por isso, descuidava de suas tarefas domésticas e de seu trabalho de fiação e costura. Aos doze anos, foi prometida em casamento, mas tendo seu noivo morrido repentinamente, Macrina recusou-se a aceitar qualquer outra proposta de casamento para dedicar-se a ajudar sua mãe na educação dos irmãos mais jovens. São Basílio, o Grande, São Pedro de Sabaste, São Gregório de Nissa e os outros irmãos de Macrina, aprenderam dela o desprendimento das coisas deste mundo, o temor à riqueza e o amor à oração e à Palavra de Deus.
Diz-se que São Basílio teria retornado de seus estudos um tanto quanto envaidecido, e que sua irmã lhe teria ensinado a humildade. Macrina foi «pai, mãe, guia, mestra e conselheira» de seu irmão mais novo, São Pedro de Sebaste, pois o pai, São Basílio, o Maior, morreu pouco depois do nascimento de seu último filho. Depois da morte do pai, São Basílio instalou sua mãe e sua irmã numa casa às margens do rio Íris. Ali as duas mulheres, mãe e filha, se entregaram exclusivamente à prática de uma vida ascética, juntamente com outras companheiras.
Com a morte se Santa Emélia, Macrina repartiu sua parte da herança entre os pobres e passou a viver do trabalho de suas mãos. Se irmão, Basílio, morreu no início do ano 379 e, nove meses mais tarde, Macrina ficou gravemente enferma. Quando São Gregório de Nissa foi visitá-la, depois de nove anos longe, encontrou Macrina num leito de tábuas. O santo ficou consolado ao ver com que alegria sua irmã suportava os sofrimentos e impressionou-se com o fervor com que se preparava para a morte. Macrina exalou seu último suspiro ao entardecer, com uma expressão de alegria em sua face. A pobreza na qual vivia era tal que, como mortalha, não dispunha senão de um velho vestido de tecido grosseiro. São Gregório, porém, providenciou uma túnica de linho para esta finalidade. O bispo do lugar, de nome Arauxio, dois sacerdotes e o próprio São Gregório conduziram suas exéquias e, durante o cortejo funerário cantaram-se os hinos dos Salmos. Uma grande multidão se juntou para a despedida de Macrina e suas lamentações chegavam a perturbar a cerimônia fúnebre.
No Diálogo sobre a alma e a Ressurreição, num panegírico dedicado ao monge Olímpio, São Gregório deixou registrada a biografia de sua irmã Macrina, rica em detalhes sobre suas virtudes, sua vida e sobre a morte e sepultamento da Santa. Nele o Santo fala dos milagres: o primeiro, quando Macrina teve sua saúde restabelecida após sua mãe ter traçado sobre ela o sinal da cruz; o segundo, quando a Santa curou uma menina filha de um militar, de uma enfermidade das vistas. São Gregório acrescenta:
«Creio que não será necessário repetir aqui todas as maravilhas que contam os que conviveram com ela e a conheceram de perto… Por incríveis que possam parecer estes milagres, posso vos assegurar que, aqueles que tiveram oportunidade de estudá-los exaustivamente, os consideram como tais. Só os homens carnais se recusam a crer e os consideram impossíveis. Assim, pois, para evitar que os incrédulos sejam castigados por negarem a realidade desses dons de Deus, preferi me abster aqui de repetir essas maravilhas sublimes…»
Este comentário confirma, mais uma vez, o dito de que, «só um santo poderia propriamente escrever sobre a vida de outro santo».
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O profeta Elias nasceu em Tisbé, sudeste da Terra Santa, e foi contemporâneo do rei Acab e da rainha Jezebel. Morreu depois deles, julgando-se que ainda vivia no ano 850 antes de Cristo. Era da Tribo dos Levitas, da geração de Aarão. Algum tempo antes de seu nascimento, o reino Hebreu se dividiu em duas partes: o Reino Judeu e o Israelita. O primeiro ficou com as Tribos de Judas e Benjamim, sendo a sua capital, a cidade de Jerusalém. Ocupava a região do meio-oriente, da Terra Santa. O reino de Israel estava na região setentrional e ficou com as outras 10 tribos, sendo sua capital a cidade de Samaria.
Nos tempos do Profeta Elias, o povo hebreu que habitava o reino de Israel começou a se distanciar da sua fé e a venerar os ídolos pagãos, como Baal entre outros mais. Durante o reinado do rei israelita Ajab (877-854 antes de Cristo), Elias se viu chamado a servir a Deus como seu Profeta, convertendo-se num fervoroso defensor da verdadeira fé.
Assim, o Profeta Elias buscou convencer o ímpio rei Ajab a renegar os ídolos e aderir ao verdadeiro Deus, mas o rei não quis ouvi-lo. O profeta então predisse que, durante três anos, Israel não veria nem a chuva nem o orvalho, e que a seca e a fome se abateriam sobre Israel. Retirou-se depois para um lugar afastados nas proximidades de um riacho e, neste lugar, era alimentado por um corvo. Ao cabo de um ano, o arroio secou e Elias se dirigiu a Serepta de Sidón, ao norte da Terra Santa lá se estabelecendo na casa de uma pobre viúva. Mesmo carecendo de alimentos, com sua última porção de azeite e farinha preparou-lhe uma refeição. Depois disso, graças às orações que o Profeta dirigiu a Deus, nunca mais faltaram na casa da pobre viúva a farinha e o azeite e, por muito tempo, pode alimentar seu filho e seu hóspede. Quando a viúva de adoeceu repentinamente e faleceu, o Profeta a trouxe de volta à vida (3Reis 17).
No reino de Israel, o principal local de adoração de Baal era o Monte Carmelo. Ao final de três anos e meio do início da grande seca, o Profeta Elias reuniu ali o rei Ajab, seus sacerdotes e o povo e disse-lhes: «Até quando ficareis mancando nas duas pernas? Se o Senhor é Deus, sigam a Ele, e se é Baal, então sigam Baal! Então, para que todos soubessem quem é o verdadeiro Deus, Elias propôs erguer dois altares, um para cada um deles, e que o novilho sacrificado fosse posto sobre eles, mas que o fogo não fosse aceso. Invocaria então, cada qual, seu Deus, para que enviasse do céu o fogo para acender as lenhas. O Deus invocado no altar em que o fogo fosse aceso seria adorado como Deus Verdadeiro. E todos concordaram com a proposta do Profeta. Primeiro, os sacerdotes de Baal invocaram seu deus, pedindo que lhes mandasse o fogo. Gritavam e dançavam em torno do altar durante um dia inteiro. Elias debochava deles dizendo que seu deus estava dormindo, e que deveriam gritar ainda mais forte. Ao anoitecer, Elias mandou que se reunissem todos diante de seu altar. Seguindo suas orientações, cavaram em torno do altar um buraco e encheram de água, molhando completamente a lenha a lenha preparada para o fogo. Assim foi feito para que ninguém tivesse qualquer dúvida do que aconteceria. Logo, o Profeta começou a rezar: «Escuta-me, Senhor, e faze que este povo também saiba que só Tu és o único Deus em Israel, e que eu sou teu servo». E desceu do céu um fogo, queimando toda lenha, as pedras do altar e o pó em torno do altar, fazendo evaporar toda a água que estavam na vala aberta em torno do altar. Ao presenciar o que acontecera, o povo aterrorizado caiu de joelhos e exclamavam: «O Senhor é Deus! O Senhor é Deus! Depois, capturaram todos os sacerdotes de Baal e os mataram, pois que, durante tanto anos, foram por eles induzidos ao engano. Pressionado pelo que havia acontecido, o rei Ajab e seu povo começaram a descer do monte. Então o céu se cobriu de nuvens e a chuva voltou, a primeira chuva depois de três anos de seca. Assim, muitos israelitas se converteram a Deus.
Depois deste acontecimento, Jezebel, a esposa de Ajab, começou a perseguir o Profeta que teve de esconder-se no deserto e, finalmente, chegou ao monte Horeb, próximo do Sinai. Neste lugar Elias teve uma visão; primeiro sentiu uma brisa suave, e logo viu Deus que lhe ordenou que ungisse Eliseu, que o sucederia como profeta (3Rs 19). Sua vida, como Profeta, teve um fim extraordinário: foi transportado ao céu numa carruagem de fogo (4Rs 2,11) na presença do profeta Eliseu que recebeu a capa do Profeta Elias com a qual realizou seu primeiro milagre. E, Elias, como o seu ancestral Henoc, foi conduzido em vida, alma e corpo, para o céu (Gn 5,24). Diz-se que, tanto o profeta Elias como Henoc retornarão à terra antes do final do mundo, para acusar o anti-Cristo, e serão martirizados em suas mãos.
Elias, com seus grandes feitos, ajudou no estabelecimento da verdadeira fé, junto ao povo Israelita, destruindo a idolatria e preparando, portanto, a vinda de nosso Salvador ao mundo. A sua fervorosa defesa da fé, a sua absoluta obediência à vontade de Deus, a pureza e castidade de sua vida, a dedicação à oração e a contemplação dos mistérios divinos, são qualidades que distinguem este grande Profeta. Na Sagrada Escritura o profeta Elias aparece como o homem que caminha sempre na presença de Deus. O seu lema era «ardo de zelo pelo Senhor Deus dos exércitos». Seus contemporâneos o chamavam «O homem de Deus». «Então surgiu um profeta como um fogo cujas palavras era um forno aceso» (Ecl 48,1).
Santo Elias, profeta, séc. IX a.C.
Oprofeta Elias nasceu em Tisbé e foi contemporâneo do rei Acab e da rainha Jezabel. E morreu depois deles, julgando-se que ainda vivia no ano 850 antes de Cristo. Mas pouco mais se sabe. A sua memória perdurou como a de um homem de Deus.
«Então surgiu um profeta como um fogo cujas palavras era um forno aceso» (Ecle. 48,1). O profeta é Elias. A Ordem do Carmo reconhece-o como seu pai e inspirador espiritual. Na verdade o primeiro grupo de Carmelitas ao fixar-se no Monte Carmelo escolheu viver no lugar junto à fonte de Elias. Este lugar forneceu o nome ao grupo – Carmelitas – e marcou profundamente o seu carisma. Elias, porém não foi um legislador ou organizador, não foi um chefe com inclinações para estruturar fosse o que fosse. Não escreveu nada sobre oração, não o vemos a passar longas horas em oração (embora certamente as tenha passado). Porém, o seu amor aos lugares solitários fez com que os habitasse e os enchesse de sentido com a sua presença de homem de Deus. No Carmelo um homem de Deus – Elias –, viveu apenas para Deus porque a única ocupação que vale a pena é contemplar a beleza de Deus.
Para o peregrino que visitava a Terra Santa, o Monte Carmelo era o lugar onde Elias vivera. Elias escolhera a Montanha do Carmelo para, no silêncio e na solidão, saborear a presença de Deus; aí levou uma vida eremítica e travou uma grande e decisivo duelo contra os profetas de Baal, que levavam o povo de Israel à idolatria. No ponto mais alto do monte Elias venceu o desafio e provou aos israelitas (rei incluído) que Jahvé, o Senhor Deus, é o único e verdadeiro Deus.
Elias é líder espiritual, mas essencialmente é um profeta e um homem de Deus. As suas primeiras palavras são como que um grito de guerra que saem da sua boca para afirmar: «Vive Deus!». Ao escolher viver no Monte Carmelo, nas proximidades da fonte de Elias, os Carmelitas exprimiam o desejo de imitar o Profeta, pois também eles desejam adorar o único Deus verdadeiro e mostrá-lo ao povo. O nome Elias significa «Deus é meu o Senho». A sua fé no único Deus – fé amadurecida na provação – impressionou muitíssimas gerações de homens e mulheres crentes. Na Sagrada Escritura o profeta Elias aparece como o homem que caminha sempre na presença de Deus…
O seu lema era «ardo de zelo pelo Senhor Deus dos exércitos».
Estes santos eram naturais de Odessa, e viveram na época do rei Justino, o Jovem. Eram dois jovens devotos, unidos por uma forte e fraterna amizade. Certa vez, foram à Jerusalém, em peregrinação à Terra Santa. Movidos de grande emoção com tudo o que viram e sentiram, abandonaram tudo e ingressaram no Monastério de Santo Erasmo, cujo Abade, naquela época, era São Tikon. Lá permaneceram até sete dias depois que foram tonsurados monges, quando decidiram então partir para o deserto. Lá permaneceram completamente isolados, vivendo uma vida de muita austeridade, de oração e jejum, por quarenta anos. Certo dia, Simeão sugeriu a João que deixassem o deserto para pregar o Evangelho às pessoas nas cidades, recordando as palavras do apóstolo São Paulo: «Que ninguém procure satisfazer aos seus próprios interesses, mas os do próximo».
Não conseguindo, porém, convencer João, manteve-se em sua decisão e, após despedir-se de seu irmão espiritual, seguiu para Jerusalém, onde pregou a Palavra de Deus e, com sua pregação, iluminou muitos dos habitantes da Judéia e aos sectários. Por meio de sua oração, muitos foram os que alcançaram a cura de suas enfermidades. Mais tarde, Simeão retornou para Odessa, sua cidade natal, onde passou o resto de seus dias dedicando-se ao cuidado e amparo dos doentes, a tal ponto que era chamado de «louco». Tendo oferecido tudo o que possuía para ajudar aos mais necessitados, morreu, mais tarde, completamente pobre.
Santa Maria Madalena, portadora de mirra, [Mirófora] nasceu na cidade de Magdala, às margens do Lago de Genesaré [Mar da Galileia], ao norte da Terra Santa. Desde a sua juventude era vítima de possessões que lhe causavam sofrimentos. Pela misericórdia divina, Maria teve um encontro com o Senhor, quando, pregando o evangelho, ele visitou sua cidade. Jesus se compadeceu dela e expulsou sete demônios que a atormentavam, propiciando-lhe, assim, uma cura tanto física como espiritual. Daquele momento em diante, Maria se converteu numa discípula do Divino Mestre, servindo-lhe, juntamente com outras virtuosas mulheres.
Quando Jesus foi levado ante Pilatos, sendo por todos injuriado, os discípulos vacilaram e fugiram; Maria, porém, não abandonou o Senhor; esteve junto à Cruz, ao lado de sua puríssima Mãe e do Apóstolo São João, o Discípulo Amado; foi ela quem acompanhou o corpo do Salvador quando era trasladado para o sepulcro no jardim de José de Arimateia, ungindo ali o corpo com o precioso mírron e as substâncias aromáticas, sendo, por isso chamada de Portadora de Mirra [Mirófora]. O sepultamento de Jesus foi realizado às pressas, já que era sexta-feira e, em poucas horas, ao anoitecer, deveria ter início a celebração da Páscoa judaica.
No dia seguinte, depois da Páscoa, primeira hora da manhã de Domingo, quando ainda estava escuro, Maria foi a primeira a chegar ao sepulcro para terminar o rito do sepultamento do corpo do Salvador. Ainda no caminho, pensava sobre como iria mover a pedra à entrada do túmulo, porque era muito pesada. Chegando, viu que a pedra já estava retirada. Voltou apressada aos apóstolos e contou a Pedro e a João o que tinha visto. Os apóstolos foram correndo à sepultura e, ao chegar, encontrando apenas os véus com os quais o corpo de Jesus tinha sido envolvido, foram-se de lá. Maria chegou depois dos apóstolos e, entrando no lugar onde estava a tumba, começou a chorar. Viu então dois jovens vestidos de branco e, um deles, lhe dirigiu a palavra perguntando: «Mulher, por que choras?» Maria respondeu: «Levaram meu Senhor, e não sei onde o puseram.» Tendo dito isto, virou-se e viu Jesus, mas não o reconheceu. Pensando ser o jardineiro, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me, onde o puseste?» Jesus lhe disse: «Maria!» E ela reconheceu aquela voz familiar, e viu que o Senhor tinha ressuscitado. Num ímpeto de alegria, prostrou-se aos seus pés.
Nesse mesmo dia, pela terceira vez, Maria foi digna de ver o Salvador Ressuscitado quando, junto às outras mulheres portadoras de aroma [Miróforas], voltou à sepultura. Contou logo aos apóstolos sobre as aparições do Salvador, mas não lhe deram crédito.
Maria, testemunha da vida e dos milagres realizados pelo Salvador, percorreu numerosos países anunciando o Evangelho. Diz-se que, estando em Roma, foi ao Palácio do Imperador Tibério. Durante a audiência que este lhe concedeu, falou-lhe de Jesus Cristo, dos seus ensinamentos, de sua morte e ressurreição. O imperador duvidou da ressurreição e pediu-lhe algumas evidências. Maria então, tomando um ovo cozido que estava sobre uma mesa, entregou ao imperador, dizendo-lhe: «Cristo ressuscitou!» Enquanto pronunciava estas palavras, o ovo de cor branca que estava nas mãos do imperador, tornou-se vermelho bem vivo. [Este acontecimento está muito bem representado na parede oriental do altar da bela igreja de Santa Maria Madalena, localizada no Jardim do Getsêmani, e que foi construída pelo imperador russo Alexandre III, no ano de 1886. A santa se encontra vestida humildemente de branco, ao estilo apostólico, diante do imperador Tibério, que está cercado de guarda-costas. Em sua mão estendida ela segura um ovo vermelho]. No dia de sua comemoração, no Jardim Getsêmani, depois da Divina Liturgia, os peregrinos costumam trocar ovos vermelho pascais, dizendo uns aos outros: «Cristo ressuscitou!»
Depois de Roma, Santa Maria Madalena foi a Éfeso, e lá ajudou o Apóstolo São João, o Teólogo, na pregação do Evangelho. As circunstâncias de sua morte são desconhecidas.
Depois de Roma, Santa Maria Madalena foi a Éfeso, e lá ajudou o Apóstolo São João, o Teólogo, na pregação do Evangelho. As circunstâncias de sua morte são desconhecidas.
SÍNTESE HAGIOGRÁFICA
Maria Madalena é uma personagem feminina do Novo Testamento. Provavelmente natural de Magdala (daí o nome Madalena), foi uma das «piedosas mulheres» que acompanhavam Jesus, que a havia libertado de sete demônios. Assistiu à crucifixão e à deposição de Cristo e foi testemunha da Ressurreição do Mestre. Tradicionalmente é identificada com a anônima «pecadora arrependida» de que fala Lucas, aquela que perfumou os pés de Jesus, banhou-os com suas lágrimas e enxugou-os com os próprios cabelos; a sua figura representa, para a cristandade, o símbolo da penitente. A Igreja romana, seguindo são Gregório Magno, além de a identificar com a «pecadora», também a confunde freqüentemente com Maria de Betânia, irmã de Lázaro, e celebra as três Marias com uma única festa. A Igreja grega, ao contrário, seguindo Orígenes, distingue as três figuras, celebrando três festas diferentes.
Quando foi publicado o Edito de Décio contra os cristãos, um cruel governador da Ilha de Creta deu início à perseguição. As vítimas mais distintas foram os dez mártires de Creta: Teódulo, Saturnino, Euporo, Gelásio, Euniciano, Zótico, Cleomenes, Agatopo, Basílides e Evaristo. Os três primeiros eram naturais de Cortina, a capital. Os juízes ordenaram-lhes oferecer sacrifícios para Júpiter, pois neste dia era celebrada a festa em sua honra. Eles reagiram, respondendo que jamais ofereceriam sacrifícios para um ídolo. O governador então lhes disse: «Vós, que depreciais esta grande assembléia, na qual se rende culto ao todo-poderoso Júpiter, Juno, Rea e outras divindades, vereis o poder dos deuses». Os mártires responderam que conheciam muito bem a lenda da vida de Júpiter, e que, seguramente, os que lhe consideravam uma divindade, deviam ter por virtude imitar os seus vícios. A multidão teria terminado ali mesmo com mártires, se o governador não houvesse contido para submetê-los depois a tortura.
Os três sofreram com grande alegria. Aos gritos da multidão, que os exortava a obedecer e oferecer sacrifícios para salvar-se, responderam: «Somos cristão e preferimos mil vezes morrer» Finalmente, o governador se deu por derrotado, condenando-os a morrer pela espada. Os mártires se dirigiram jubilosos ao lugar da execução, pedindo a Deus que se mostrasse misericordioso para com eles e toda a humanidade e que dissipasse a treva da Idolatria entre seus compatriotas. A multidão se dispersou depois da execução. Os cristãos sepultaram com reverencio os corpos dos mártires. Os Pais do Concílio de Creta (458) declarados em carta dirigida ao Imperador Leão, que a Ilha de Creta tinha sido preservada até então da heresia, graças ao intercessão destes santos mártires.
Outras comemorações do dia:
- S. Paulo, arcebispo de Nova Cesaréia;
- S. Naúm, o Iluminador da Bulgária;
- Ss. Nicolau e João, os Novos Mártires;
- Recordação dos fundadores da Igreja Santa e Grande Igreja de Cristo, Santa Sofia em Constantinopla.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tm 6:17-21;
— Ev.: Mc 10:17-27.
Santo Apolinário foi o primeiro bispo de Ravena e o único mártir desta cidade. De acordo com as atas de seu martírio, Apolinário nasceu em Antioquia, onde foi discípulo de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, que o nomeou Bispo de Ravena. Santo Apolinário foi um dos mais conhecidos mártires da Igreja primitiva, e a grande veneração que todos tinham por este santo é o melhor testemunho de seu espírito apostólico e de sua santidade. Por suas orações, a esposa de um oficial foi milagrosamente curada e, ela com seu marido se converteram à fé cristã. A cura de um surdo, de nome Bonifácio, fez com que uma grande multidão aderisse à fé, o que chamou a atenção das autoridades que o expulsaram da cidade. Apolinário foi então para Bolonha, anunciando nesta cidade o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e convertendo, através de sua pregação, todos os membros da família do aristocrata Rufino. Novamente partiu para o exílio, e durante a travessia, naufragou na costa da Dalmácia, onde foi maltratado por pregar o Evangelho.
Apolinário voltou ainda três vezes à sua sede, e em todas elas foi capturado, torturado e expulso. Em sua quarta visita a Ravena, o imperador Vespasiano publicou um decreto pelo qual condenava ao exílio todos os cristãos. Santo Apolinário conseguiu ficar escondido por algum tempo com a ajuda de um centurião cristão, mas, finalmente descoberto, foi golpeado até a morte. São Pedro Crisólogo, o mais ilustre de seus sucessores, num de seus sermões o qualificou de mártir, acrescentando que Deus havia preservado a vida de Santo Apolinário durante um longo tempo para o bem da Igreja.
II
O nome, o culto, e a glória de Santo Apolinário são legados que recebemos da história, e também da arte de Ravena, a capital do Império Bizantino no Ocidente, no período de meados do século I e século II. Lá, existem duas grandiosas igrejas dedicadas a santo Apolinário, ambas célebres na história da arte e do cristianismo. Na igreja nova de Santo Apolinário, no centro da cidade, encontramos o célebre mosaico representativo, mais extenso do que um quarteirão, com todos os mártires e as virgens. No destaque, encontra-se santo Apolinário. Na outra igreja, fora da cidade, está o outro esplêndido mosaico, no qual, pela primeira vez, a figura de um santo, e não a de Cristo, ocupa o centro de uma composição, circundado por duas fileiras de ovelhas. Apolinário, o primeiro bispo de Ravena, segundo a tradição, teria sua origem no Oriente. A mando do próprio apóstolo Pedro, de quem foi discípulo, foi enviado para converter os pagãos nas terras ao norte do Império Romano. A sua obra de evangelização transcorreu num ambiente repleto de imensas dificuldades, fruto do ódio, do egoísmo, da incredibilidade que o cercavam, além do culto aos ídolos pagãos que teve de combater. A tal apostolado dedicou toda a sua vida. Embora representado no mosaico da cidade, sereno e tranqüilo, na realidade era um homem de vida dura, combativa e atuante. Apolinário sempre foi considerado um mártir. Mártir de um suplício muito longo, que foi todo o seu episcopado. Ele não viu o resultado de sua obra, que só se revelou após a sua morte. A população da nova capital do Império Romano tornou-se exclusivamente cristã, reforçando suas raízes no próprio culto de seu primeiro bispo, considerado por eles um exemplo de santidade. Dessa maneira se explica a grande devoção a ele, não somente em Ravena, mas em muitas outras localidades da Itália, da França e da Alemanha. Apolinário morreu como mártir da fé no dia 23 de julho, durante as primeiras perseguições impostas contra os cristãos. Entretanto não se encontrou nenhuma referência indicando o ano e a localidade. Suas relíquias, encontradas nas catacumbas, foram enviadas para a catedral de Santo Apolinário, em Ravena, na Itália.
Santa Cristina era a filha de um governante da cidade de Tiro. Seus pais eram pagãos, mas pela providência de Deus, foi chamada com um nome que indicava o seu futuro cristão. Não havia naquela cidade, entre todas as jovens, uma mais bela e graciosa do que ela. Seu pai, desejando preservar sua virgindade, construiu uma habitação exclusivamente para ela e, pondo ali alguns ídolos, ordenou que ela os venerasse. Vivendo na solidão, Cristina contemplava o céu estrelado e, como Santa Bárbara, concluiu que devia haver um único Criador de todas as coisas. Deus lhe providenciou que conhecesse alguns cristãos que a ensinaram sobre a fé cristã. Cristina passou então a crer em Nosso Senhor Jesus Cristo, destruindo, com grande indignação, todos os ídolos que estavam em sua casa. Por causa disso, por ordem de seu pai, foi submetida a diferentes formas de tortura: foi espancada impiedosamente, teve seu corpo cortado com lâminas afiadas, foi queimada com fogo e depois jogada em uma cova com serpentes venenosas etc. Finalmente, os carrascos traspassaram com lanças e espadas o seu corpo, e assim foi como o Santa mártir Cristina sofreu por amor a Cristo no ano 300.
Tradução e publicação neste site
com permissão de: Ortodoxia.org
Trad.: pe. André
Santa Cristina, mártir cristã, séc. IV
Os registros gregos mostram como sua terra natal Tiro, na Fenícia, hoje conhecida como Tunísia, enquanto os latinos citam Bolsena, na Toscana, Itália. Estes relatos do antigo povo cristão contam que o pai de Cristina, Urbano, era pagão e um oficial do Império, que ao saber da conversão da filha, queria obrigá-la a renunciar ao Cristianismo. Por isso, decidiu trancar a filha numa torre na companhia das doze servas pagãs. Para mostrar que não abdicava da fé em Cristo, Cristina despedaçou as estátuas dos deuses pagãos existentes na torre e jogou janela abaixo as jóias que as adornavam, para que os pobres pudessem aproveitá-las. Quando tomou conhecimento do feito, Urbano mandou chicoteá-la e prendê-la num cárcere. Nem assim conseguiu a rendição da filha e, por isso, a entregou aos juízes.
Cristina foi torturada terrivelmente e depois lançada numa cela, onde três anjos celestes limparam e curaram as suas feridas. Como solução final, o governante pagão mandou que lhe amarrassem uma pedra ao pescoço e a jogassem num lago. Novamente anjos intervieram: sustentaram a pedra que ficou boiando na superfície da água e levaram a jovem até a margem do lago.
As torturas continuaram: Cristina foi novamente flagelada, depois amarrada a uma grade de ferro quente e colocada numa fornalha superaquecida, mordida por cobras venenosas e teve os seios cortados, antes de finalmente ser morta com duas lanças transpassando seu corpo.
Sant’Anna, mãe da Santa Mãe de Deus, era descendente da tribo de Leví. Seu pai era um sacerdote de nome Matzán, e sua mãe Maria. Anna tinha duas irmãs, uma com o mesmo nome de sua mãe, Maria, e a outra chamada Sovín. Maria teve uma filha, de nome Salomé; Soví também teve uma filha, Elizabeth, e Ana concebeu a Santíssima Virgem Maria.
Santa’Anna foi digna de ter a honra e a felicidade de conceber esta única filha que se tornou a Mãe do Salvador do mundo. Terminado o período de amamentação de Maria, Anna consagrou a Deus a sua filha, e passou o resto de sua vida em jejum e orações, praticando a caridade para com os pobres e desvalidos. Ao final dos seus dias, em paz entregou a Deus a sua alma, recebendo como herança bondades eternas que o Senhor mesmo assegurou quando disse que «os justos, ainda em vida, desfrutarão da eternidade».
Os Santos Hermolau, Hermipo e Hermócrates eram membros do clero da Santa Igreja de Nicomédia nos tempos do imperador Maximiliano Galerno (286-303). Ao ficar sabendo das obras e da propagação da Palavra de Deus que os santos realizavam, o imperador ordenou que fossem encontrados e presos. Santo Hermolau, porém, apresentou-se voluntariamente ao Juiz de Nicomédia, acompanhado de seus amigos e dos sacerdotes Hermipo e Ermocrates. O Juiz, após examinar bem Hermolau, perguntou aos outros dois sacerdotes o que eles queriam vindo a ele. Ao que lhe responderam: «somos soldados de Hermolau, sob a bandeira de Cristo, e o acompanhamos porque vivemos uma vida fraterna em comum e enfrentamos tudo juntos. Como resposta, ao invés de comover o juiz, estas palavras despertaram ainda mais seu ódio que condenou então os três à decapitação, e receberam assim, por sua fé e amor a Deus, a recompensa eterna.
São Panteleimon (Pantaleão) nasceu em Nicomédia da Bitínia (atual Turquia). Seu pai era um nobre pagão. Sua mãe, a justa Evola, educou seu filho na fé cristã, mas morreu quando Pantaleão era ainda um menino. O santo freqüentou um colégio pagão e depois estudou medicina com um médico famoso. Mais tarde foi apresentado ao imperador Maximiliano Galerno (286-303), que o reteve como médico em sua corte. Nessa época, em Nicomédia, estavam escondidos os presbíteros Hermolau, Ermipo e Ermocrates que foram salvos de serem queimados com outros cristãos no templo da cidade. O sacerdote Hermolau. Depois de ficar atento ao jovem médico, explicou-lhe as verdades fundamentais da fé cristã. Pantaleão começou então a visitá-lo com freqüência e recebeu de Deus o dom de curar enfermidades invocando o nome do Senhor Jesus Cristo. Certa vez, ao avistar na rua uma criança que havia morrido por uma picada de cobra, Pantaleão começou a suplicar a Deus que lhe devolvesse a vida. O menino reviveu, e depois deste milagre Pantaleão foi batizado, recebendo o nome de Panteleimon, que significa «todo-misericordioso».
Certo dia Panteleimon foi levado a um cego que, após suas orações e Jesus Cristo, este teve sua visão recuperada. O pai de Panteleimon, testemunhando esse milagre, aderiu à fé em Jesus Cristo e foi batizado. Panteleimon curava a todos os que recorreriam a ele, com medicamentos ou orações, sem nada cobrar por isso. Todos estes grandes feitos suscitou a inveja no âmbito do círculo médico, e Panteleimon foi denunciado como cristão ao imperador Maximiliano que tentou convencer o Santo a oferecer sacrifícios aos ídolos. Panteleimon, não só se recusou a isso, como, diante de todos os presentes, curou um doente que se encontrava prostrado. Irado com o que presenciara, Maximiliano ordenou que, Panteleimon e o enfermo que fora curado, fossem submetidos à tortura. Não obstante todas as torturas aplicadas, Panteleimon permaneceu ileso. Em seguida, foram trazidos os presbíteros Hermolau, Ermipo e Ermocrates que foram mortos por decapitação.
São Panteleimon foi finalmente decapitado e de suas feridas fluíram leite e sangue. Morreu, portanto, como mártir, no ano 305. A oliveira na qual São Panteleimon foi amarrado enquanto era submetido à torturas, ficou coberta de frutos. O imperador ordenou então que fosse cortada e queimada junto com o corpo do santo. Este permaneceu intacto após ter ser retirado da fogueira, sendo sepultado nas imediações. [Consta que cristãos armênios teriam trazido o corpo de São Panteleimon para o Porto no século XV. Durante muitos anos, foi o padroeiro daquele cidade].
A vida, o martírio e a morte de São Panteleimon foram escritos por testemunhos. Suas santas relíquias estão espalhadas em pequenos fragmentos por todo o mundo cristão. No dia da comemoração do Grande Mártir São Panteleimon, reúnem-se em Nicomédia milhares de cristãos ortodoxos, armênios, católicos romanos e até mesmo muçulmanos, levando doentes de todos os lugares do mundo em busca de curas para suas enfermidades. Na Metropólia de Nicomédia são conservados uma grande quantidade de testemunhos por escrito de gregos, turcos, armênios, italianos, entre outros, que receberam alguma graça de cura de seus males por intercessão do Grande Mártir. O nome de São Panteleimon é lembrado e citado nas orações durante os ofícios pelos doentes e de bênção da água. Os médicos o têm como seu Santo patrono.
Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo» (Mt 20,26). Esta era a principal qualidade dos Apóstolos, e entre os 70 discípulos do Senhor, em Prócoro, Nicanor, Timão e Parmena, esta condição estava presente. Foram dos primeiros diáconos da Igreja Cristã de Jerusalém e a Santa Igreja os comemora juntos em 28 de Julho, embora tenham morrido em tempo e lugares diferentes. O ofício principal destes apóstolos consistia em organizar e servir à mesa aos membros mais pobres da Igreja, particularmente, aos órfãos e viúvas. Também ajudavam na pregação da Palavra de Deus.
«Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: ‘Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra’. Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, PRÓCORO, Nicanor, TIMÃO, PÁRMENAS e Nicolau, prosélito de Antioquia» (At 6,1-6).
Prócoro seguiu depois com São João, o Teólogo, para a Ásia Menor, onde foi eleito e consagrado Arcebispo de Nicomédia, cumprindo seu ofício episcopal com um perfeito espírito de diaconia (serviço). Timon sofreu o martírio e morte na Arábia, para onde tinha sido enviado para propagar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os outros dois, Nicanor e Parmena, morreram em Jerusalém, cumprindo ali o ofício diaconal para o qual haviam sido escolhidos. Nos funerais, mereceram serem considerados iguais em aos demais apóstolos, e toda a Igreja sofreu muito com aquela grande perda.
Kalinico nasceu em Kalikía. Com particular eloqüência e muito fervor ensinava o evangelho. Quando chegou para o Egito, fanáticos e idólatras se levantaram contra ele, o prenderam e conduziram-no ao rei Sakérdona. Este, fingindo simpatia, manifestou pesar e, pretendendo enfraquecer a auto-estima de Kalinico, citou alguns casos em que valentes cristãos, após terem sido submetidos a cruéis torturas, acabaram por renegar sua fé. Kalinico, dando-se conta da hipocrisia do monarca, disse-lhe sorrindo: «Já não é necessário postergar, majestade, mas experimenta a força com a qual Cristo arma aqueles que nEle crêem verdadeiramente. Prepara logo todos os teus instrumentos infernais de tortura: o fogo, as espadas, as rodas, as lâminas, os chicotes, e quaisquer outros que disponhas. Essas e as outras eu as desejo por amor a Cristo». O monarca então o açoitou com violência. Cortou seu corpo com unhas metálicas e, estando já desfalecendo, prendeu-o com cordas atrás de num cavalo selvagem que saiu arrastando seu corpo por muitos quilômetros. Tal era o ódio do monarca que, antes mesmo que Kalinico desse o seu último suspiro o atirou ainda ao fogo. Assim que Kalinico recebeu com glória a coroa da vitória.
Todos esses santos faziam parte dos setenta discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo que anunciavam o seu Evangelho. «Muitas vezes tenho passado trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e com sede, freqüentes jejuns, frio e nudez!» (2Cor 11, 27). De fato, quando Silas se encontrava em Filipos, (a principal cidade do distrito da Macedônia), foi espancado e preso junto com São Paulo (At 16,25-39). Silas Foi designado pelos Apóstolos para acompanhar São Paulo e São Barnabé em suas pregações aos gentios. «Cheio da graça de Deus, exerceu fervorosamente o ministério da pregação». Após ter acompanhado o Apóstolo Paulo em muitas de suas viagens apostólicas, tornou-se bispo de Corinto. São Crescêncio foi bispo de Karjidonos; São Silvano bispo de Tessalônica, onde lutou e sofreu muito para prosseguir ensinando o Santo Evangelho. O mesmo aconteceu com Epêneto, como bispo de Karthagenis, e com Santo Andrônico, que também muito lutou e sofreu para propagar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Santo Eudokimos, o Justo, era natural da Capadócia (Ásia Menor) e viveu no século IX, durante o reinado do imperador Theophilos (829-842). Era filho de um piedoso casal cristão, Basílio e Evdoquia, e formavam uma ilustre família conhecida do imperador. A vida de São Eudokimos, o Justo, foi totalmente orientada ao serviço de Deus e do próximo. Prosperava nos ensinamentos cristãos e, muito logo os frutos de sua vida foram surgindo. Desde cedo imitava seus pais na caridade, tudo compartilhando com os mais necessitados, especialmente com os órfãos, viúvas e com os pobres desamparados. Por sua vida virtuosa o imperador designou Santo Eudokimos como governador do distrito Kharsian, com especial missão de vigiar a fronteira da Capadócia. Santo Eudokimos cumpriu com seu dever como um servo temente a Deus, regendo o povo com justiça e bondade. Aos 33 anos de idade, sua morte prematura trouxe grande dor àquelas incontáveis almas às quais transmitiu o Evangelho. «Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça».(Mt 13,43).
Após a morte do filho, Basílio e Evdoquia foram para Constantinopla e 18 meses depois, sua mãe veio de lá para venerar os restos mortais do filho, ordenando que fosse removida a pedra e que cavassem o chão. Ao abrir o túmulo todos puderam ver o rosto brilhante do santo, tal como se ainda estivesse vivo, completamente intocado pela decomposição e exalando uma agradável fragrância. Retiraram então o caixão com as relíquias do santo, revestindo-o com novas roupas. Sua mãe queria levar as relíquias para Constantinopla, mas o povo de Kharsian a impediu. Passado algum tempo, um monge de nome José, que viveu e trabalhou próximo do túmulo do santo, trasladou as relíquias de Santo Eudokimos para Constantinopla. Lá foram colocadas num relicário de prata na Igreja da Santa Mãe de Deus, construída pelos pais do santo.