Dezembro

Também chamado de Elcosiano (em hebreu “elgoshi”) o que provavelmente indica o nome de seu pai. A família de Naum era originária de uma aldeia que mais tarde recebeu o nome do profeta, em sua homenagem. No Evangelho, Cafarnaum é mencionada para designar a aldeia de Naum, na parte norte do Lago da Galileia. Depois da destruição do reino de Israel pelos assírios (722 a C) os descendentes de Naum se mudaram para Judá, onde iniciou seu serviço profético, no inicio do século VII a. C. No terceiro capitulo de seu Livro, Naum fala principalmente do castigo de Nínive, a capital da Assíria. No passado, Nínive sentiu o peso da mão de Deus, pelo castigo, para que o povo hebreu voltasse a razão. Por isso Isaías chamava a Assíria: “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos. (Is 10-5,15) Naum descreve em imagens muito reais o castigo dos hebreu pelos assírios:

“O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Ele repreende ao mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e o Carmelo, e a flor do Líbano murcha. Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença; e o mundo, e todos os que nele habitam. Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas. O Senhor é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele. (Na 1, 3-7)

Duzentos anos antes, na época do Profeta Jonas, Nínive, a capital da Assíria, foi perdoada por Deus, mediante a penitência e o arrependimento de seu povo. Depois disso Assíria começou a crescer e a progredir rapidamente. Embriagados por suas conquistas, os assírios tornaram-se muito arrogantes e cruéis com os povos vizinhos. Em seu livro, Naum descreve a situação moral da Nínive contemporânea como uma cidade de sangue e traição. No futuro castigo, o profeta prediz o que a cidade ira sofrer como conseqüência de todo sangue derramado. Até então a Nínive invencível, foi submetida pelo imperador Nabopolasar da Babilônia no ano de 612 a. C. Sua destruição e aniquilamento foram escritos por Heródoto, Dióscoro da Sicilia e outros escritores gregos.

Assim, como profetizou Naum, Nínive, depois de sua destruição desapareceu da face da terra. O profeta surpreso pergunta: “Onde está agora o covil dos leões, e as pastagens dos leõezinhos, onde passeava o leão velho, e o filhote do leão, sem haver ninguém que os espantasse? O leão arrebatava o que bastava para os seus filhotes, e estrangulava a presa para as suas leoas, e enchia de presas as suas cavernas, e os seus covis de rapina. (Na 2, 11-12). Efetivamente, durante 2 mil anos a cidade de Nínive foi esquecida, não se sabendo o local exato onde estava situada. Somente, no século XIX, foram encontrados sítios arqueológicos de Nínive pelas escavações feitas por Rawlinson e outros arqueólogos. Tais descobertas arqueológicas testificam a verdade e a surpreendente exatidão das profecias de Naum.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Ananias, o Persa, mártir;
  • S. Filarete de Amnia, o Taumaturgo;
  • S. Teocletos, arcebispo de Lacedaemonia;
  • Ss. Ananias e Solochon, arcebispos de Efeso.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tes 4:1-12;
— Ev.: Lc 20:1-8.

Habacuque era descendente dos Levitas, sacerdotes e servidores do Templo em Jerusalém. Viveu pouco antes da destruição do Templo e era contemporâneo do Profeta Jeremias. Seu livro se destaca pela linguagem simples, elevada e poética. Os conhecedores das Sagradas Escrituras o elogiam pela simplicidade, brevidade e pela profundidade das imagens. O profeta Habacuque ensinava que o ímpio e o injusto se perderão, enquanto os piedosos serão salvos pela fé. Com este pensamento (que os ímpios se perderão e os justos se salvarão) compõe um hino – um cântico – que descreve o Juízo Divino. «Porque, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação.

O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda)». (Ab 3, 17-19). O Profeta Habacuque predisse a salvação pela fé no Reino do Messias: «Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá». (Ab 2,4). (ver Gl 3,11 e Hb 10,38) Os capítulos 2 e 3 servem de inspiração para os “irmos” do quarto cântico dos cânones do serviço matutino (Matinas). Em alguns ‘irmos’ se repetem textualmente expressões destes capítulos, como por exemplo, o Canon da Páscoa «Estarei em minha guarda; o Senhor escutou a voz de teu apelo. Sua majestade cobriu o céu e a terra». Estas frases os santos padres relacionam com o Messias. O Profeta Habacuque profetiza o futuro quando disse: «Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Ab 2,14). O conteúdo de seu livro é o seguinte: o profeta se surpreende como prosperam os injustos (1,1-4); a resposta do Senhor (1, 5-11); outra surpresa do profeta (1,12-17); contestação do Senhor (2,1-5); a pregação das lamúrias dos caldeus por seus pecados (2,6-20) e um hino a Deus (cap 3).

Outras comemorações do dia:​
  • S. Cirilo de Fileus;
    S. Mirope, mártir de Chios;
  • S. Joanicos, monge de Devich;
  • S. Porfírios de Kavsokalyvia;
  • S. Teóofilos, o Eremita.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tes 4:18-5:10;
— Ev.: Lc 20:9-18.

Durante o longo reinado do ímpio rei Manassés (698-643 a.C), quase todos os profetas de Judá foram aniquilados ou viveram na clandestinidade. É possível afirmar que Sofonias tenha sido o primeiro profeta que levantou sua voz após meio século de silêncio dos enviados divinos. Sofonias pregou durante o reinado do piedoso Josias, rei de Judá (640-609 a. C.), vinte anos antes da destruição de Jerusalém. Os antepassados de Sofonias eram de origem nobre. Supõem-se que, induzido pelo profeta, o rei iniciou, aos poucos, uma difícil reforma religiosa, cujas bases foram lançadas na época do rei Manassás. Sofonias observava com dor o crescente esmorecimento espiritual do povo e sua adesão às crenças pagãs. O profeta acusava severamente os dirigentes da vida pública (príncipes, juízes e sacerdotes) de serem maus exemplos: «Ai da cidade rebelde, contaminada e opressora!

Não obedeceu à sua voz, não aceitou o castigo; não confiou no Senhor; nem se aproximou do seu Deus. Os seus príncipes são leões que rugem no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que não deixam os ossos para a manhã. Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanaram o santuário, e fizeram violência à lei. O SENHOR é justo no meio dela; ele não comete iniqüidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha» (Sf, 3,1-5)

Sem duvida, o objetivo destas severas censuras era prevenir das desgraças que ameaçavam o povo judeu. Sofonias predisse o castigo que Deus impetrou aos povos vizinhos, não para aniquilá-los, mas para que voltassem à fé no Deus único: aos moabitas e amonitas, ao leste e ao norte os assírios e ao sul os etíopes. Termina Sofonias seu livro com a descrição dos tempos messiânicos e a regeneração espiritual do mundo. «Naquele tempo então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR, para que o sirvam com um mesmo consenso (sf 3,9). O conteúdo de seu livro se resume neste esquema: Juízo divino sobre Jerusalém (1, 2-3 e 3,1-8); Juízo sobre os povos vizinhos (2,4-15); o Messias e a salvação do mundo ( 3,9-20).

Outras comemorações do dia:​
  • S. João, bispo e hesicasta;
  • Ss. Agapios e Seleucios, mártires;
  • S. Teodoro, arcebispo de Alexandria.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tes 5:9-13;5:24-28;
— Ev.: Lc 20:19-26.

Santa Bárbara era de Heliópolis, Fenícia, e viveu durante o reinado de Maximiano. Era filha de um certo Dióscoro, adorador de ídolos. Quando Barbara chegou à maioridade, ela recebeu a iluminação da fé e, em seu coração puro passou a crer secretamente na Santíssima Trindade. Foi nesta época que Dióscoro começou a construir uma casa de banho; antes de terminar, porém, viu-se na necessidade de viajar para cuidar de certos assuntos e, na sua ausência, Bárbara orientou os operários a construir uma terceira janela, além das duas que seu pai Dióscoro havia planejado e ordenado. Com o dedo, inscreveu o sinal da cruz no mármore da casa de banho, ficando tão profundamente marcado como se houvesse feito com uma ferramenta cortante. (Quando o Synaxarion de Santa Bárbara foi escrito, o mármore da casa de banho e a cruz inscrita por Santa Bárbara ainda estavam preservados, e muitas curas foram operadas lá.)

Quando Dióscoro retornou, perguntou por que a terceira janela havia sido acrescentada; Bárbara então passou a narrar-lhe o mistério da Trindade. Recusando-se a renunciar à sua fé, Dióscoro a submeteu a torturas e, depois de muitos sofrimentos, ele a decapitou com suas próprias mãos, no ano de 290.

São João Damasceno, mon. († 749)

Depois que a grande cidade de Damasco, metrópole da Síria caiu sob os muçulmanos no ano 635, os cristãos foram submetidos a muitas desvantagens em ralação aos demais cidadãos, obrigados a pagar tributos aos seus dominadores árabes. Na época do Califa Abdul-Malek (685-705), todos os assuntos relacionados aos cristãos era de responsabilidade de Sérgio Mansur, homem de confiança do Califa, e que vinha de uma das importantes famílias cristãs da cidade. Por volta do ano 675, nasceu um homem temente a Deus e de muita sinceridade, nosso Santo Pai João, «a Arpa do Espírito Santo». Desde sua infância foi educado num ambiente onde predominavam as virtudes da caridade, do amor ao próximo, do socorro aos mais necessitados, sobretudo na pessoa de seu pai que investiu sua riqueza no resgate e libertação dos prisioneiros cristãos. João cresceu em idade e sabedoria, ao lado de seu irmão Cosme (cf. 14 oct) que, tendo perdido seus pais, foi recebido em adoção por Sérgio.

A educação dos meninos foi então confiada ao monge Cosme, um erudito italiano resgatado dos árabes por Sérgio. Cosme os instruiu na filosofia em todas as ciências de seu tempo. Viva inteligência e modéstia nas atitudes lhes propiciou um rápido progresso nos estudos, especialmente nas artes, poesia e música. Assim, ao final de alguns anos, o mestre reconheceu que já não mais o que ensinar aos seus alunos, obtendo assim a permissão de Sérgio para retirar-se à Lavra de São Savas, onde desejava viver o resto de seus dias.

Tendo adquirido um perfeito conhecimento do árabe e do grego, João juntou-se ao seu pai adotivo na administração, mostrando sua grande capacidade nestas tarefas, o que lhe garantiu que, após a morte de Sérgio, fosse nomeado como seu sucessor pelo Califa Walid (705-715).

Quando Leão III, o Saurio (717-741) começou a perseguir a Igreja Cristã no Imério Romano, atacando a piedosa devoção aos santos ícones, São João lançou uma defesa vigorosa da fé através de suas muitas cartas que escreveu em Damasco aos seus correspondentes no império, estabelecendo as bases teológicas da veneração dos santos ícones com base nas Sagradas Escrituras e nos escritos dos Santos Padres. Assim fazendo, João atraiu sobre si o ódio de Leão que tentou livrar-se dele por meio de uma falsa carta não João, aparentemente, sugeria ao imperador que tomasse Damasco. Tal carta foi apresentada ao Califa que, furioso por seu conteúdo, ordenou a seu conselheiro que João tivesse sua mão direita decepada. Na tarde deste mesmo dia João depositou sua mão decepada diante do ícone da Mãe de Deus e, em lágrimas, por várias horas suplicou à soberana do mundo que pudesse ter de volta a sua mão. Caindo em ligeiro sono, viu que o ícone ganhava vida, e que a Virgem o consolava. Ao despertar, ficou perplexo e maravilhado ao ver sua mão direita restaurada. Desde aquele momento, fez votos de dedicar-se inteiramente ao louvor à Virgem Mãe de Deus e ao nosso Salvador, e à defesa da Santa Fé Ortodoxa. Renunciou sua posição na administração, distribuiu sua fortuna e partiu para Jerusalém com Cosme para tornar-se monge na Lavra São Savas. O abade colocou João sob a orientação de um ancião experimentado nas virtudes e muito austero, que lhe proibiu logo o contato com tudo o que estivesse relacionado com a filosofia, ciências, poesia, música ou leituras, dedicando-se a ele mesmo e sem queixar-se das tarefas domésticas, a fim de desenvolver as virtudes da obediência e humildade. Certo dia, no entanto, apesar da proibição de seu pai espiritual, João ficou comovido pelas súplicas de alguém que havia perdido seu pai espiritual, compondo para seu consolo um hino que é usado até os nossos dias. Quando seu pai espiritual soube deste seu ato de desobediência, pediu a João que recolhesse com as mãos todo o lixo do monastério, o que João, sem dizer uma palavra, tratou de fazê-lo. Dias depois, a Mãe de Deus apareceu ao ancião e lhe pediu que, dali em diante, deixasse seu discípulo compor hinos e poemas que podiam mesmo superar os salmos de Davi e as Odes dos santos Profetas, dada a sua beleza e doçura.

João, inspirado pelo Espírito Santo, como o doce som de uma harpa, deu voz, com perfeita harmonia, a um grande número de hinos que expressam a mais profunda percepção teológica do Pai da Igreja: escreveu o cânon que é cantado na Páscoa e compôs a maior parte de “Octoechos” (Oito tons) da Ressurreição. É também de sua autoria os maravilhosos cânones e as sublimes homilias de muitas das Festas do Senhor, da Mãe de Deus e dos Santos.

Além de seus dons poéticos, Deus também lhe brindou com a graça da expressão teológica. Sem acrescentar nada aos dogmas e à doutrina formulada pelos primeiros pais, como: Gregório, o Teólogo, Basílio, o Grande, João Crisóstomo, Gregório de Nissa, Máximo, o Confessor, São João Damasceno, num trabalho de três parte intitulado «A Fonte do Conhecimento», parte da essência da fé cristã com impressionante concisão e clareza de expressão, de tal modo que, todo o trabalho pode ser considerado como selo e glória máxima da grande época patrística. A terceira seção, «Sobre a Fé Ortodoxa», é um excepcional acontecimento na tradição cristã e, para os cristãos ortodoxos, é a fonte mais fidedigna em relação a tudo o que diz respeito aos dogmas da fé. João revela os erros das heresias que desviam, para a esquerda e para a direita, a sã doutrina do caminho que conduz ao céu, especialmente em suas contribuições na luta iconoclasta. Em três extensos tratados, compostos entre 726 e 730, indicou claramente as profundas bases teológicas e a necessidade de veneração dos santos ícones e relíquias, ou seja, uma autêntica proclamação da realidade da encarnação do Filho de Deus e da deificação de nossa natureza na pessoa dos Santos. Tendo adiquirido uma verdadeira sabedoria através da humildade e austeridade nos exercícios ascéticos, este filósofo do Espírito Santo adormeceu sua alma na paz do Senhor no dia 04 de dezembro de 749 (ou 753). A caverna, no monastério de São Savas, onde viveu algum tempo como anacoreta, é venerada até os dias atuais.

II

São João de Damasco (Damasceno) nasceu em 675, em Damasco (Síria), no período em que o Cristianismo tinha uma certa liberdade, tanto assim que o pai de João era cristão e amigo dos Sarracenos, que naquela época eram senhores do país. Esta estima estendia-se também ao filho. Os raros talentos e merecimentos deste levaram o Califa a distingui-lo com a sua confiança e nomeá-lo perfeito de Damasco. João Damasceno, ainda jovem e ajudante do pai, gozava de muitos privilégios financeiros, mas ao compreender o amor de Cristo pobre deu atenção à palavra que mostra as dificuldades de os ricos (os que vivem só para as riquezas) entrarem no Reino dos Céus. Assim, num forte desejo de perfeição, renunciou a todos os bens e deu-os aos pobres. Preferiu uma vida de maus tratos a uma vida de pecado . Retirou-se para um convento de São Sabas perto de Jerusalém e passou a viver na humildade, caridade e alegria. Escreveu inúmeras obras tratando de vários assuntos sobre teologia dogmática, apologética e outras, que fizeram São João digno do título de Doutor da Igreja. Certa vez, os hereges prenderam São João e cortaram-lhe a mão direita para não mais escrever, mas por intercessão de Nossa Senhora foi curado. Seu amor à Mãe de Jesus foi tão concreto que foi São João quem tomou presente a doutrina sobre a Imaculada Conceição, a maternidade divina, a virgindade, a Assunção em corpo e alma de Maria. Foi declarado doutor da Igreja Latina pelo Papa Leão XIII em 1890.


Outras comemorações do dia:​
  • S. Serafim, Novo Mártir, bispo de Fanar na Grécia;
  • S. Alexander Hotovitzky, Novo Hieromártir da Rússia, Missionário na América;
  • S. Juliana, Mártir de Heliópolis.
Leituras bíblicas:

— Mat.: Mt 25:1-13;
— Ep.: Gal 3:23-29;4:1-5;
— Ev.: Mc 5:24-34.

São Savas, um dos patriarcas mais renomados, entre os monges da Palestina, nasceu em Mutalaska da Capadocia, não muito distante de Cesaréia, no ano 439. Se pai era um oficial do exército. Este, sendo obrigado a partir com sua esposa para Alexandria, confiou seu filho Savas e a administração de suas propriedades a seu cunhado. Savas foi de tal modo, maltratado por sua tia que, menino, fugiu de casa aos oito anos, refugiando-se na casa de seu tio Gregório, irmão de seu pai, na esperança de que, ali, pudesse ser menos infeliz. Gregório então, exigiu que também lhe fosse entregue a administração dos bens de seu irmão. Tal exigência foi causa de uma disputa legal entre os tios de Savas. O menino, que era de temperamento pacífico, muito sofria por causa destas discórdias, e mais uma vez fugiu, desta vez, abrigando-se no monastério de Mutalaska. Depois de alguns danos, seus dois tios, envergonhados pela conduta que tiveram, decidiram tirar o sobrinho do monastério, devolver a ele suas propriedades e procuraram convencê-lo a casar-se.

O jovem Savas, porém, já havia degustado suficientemente a amargura do mundo e a suavidade de Cristo, e seu coração estava de tal modo apegado a Deus, que não houve argumento que o fizesse afastar do monastério.

Mesmo sendo o mais jovem entre os monges, o fervor e suas virtudes o destacavam dos demais. Em certa ocasião em que Savas ajudava o padeiro, colocou suas vestes para secar junto ao forno, mas acabou esquecendo e as queimou. Sentindo-se muito aflito pelo acontecido mudou-se para Jerusalém junto aos anacoretas. Passou o inverno em um monastério governado pelo santo Abade Elpídio. Os monges queriam que Savas permanecesse com eles, porém desejando maior silêncio e solidão, preferiu o modo de vida de São Eutímio. São Savas pediu então a São Eutímio que lhe aceitasse por discípulo, mas Eutímio, julgando-o muito jovem para viver em solidão absoluta, o recomendou a São Teoctisto que era superior de um monastério que ficava a uns cinco quilômetros da colina onde vivia.

São Savas se consagrou com renovado fervor ao serviço de Deus. Trabalhava o dia inteiro e passava em oração boa parte da noite. Por ser muito vigoroso, ajudava outros monges nos trabalhos mais pesados, cortava lenha e supria o monastério com água. Seus pais um dia foram visitá-lo. Seu pai desejava que seu filho ingressasse no exercito e desfrutasse das riquezas que ele havia passado. Como jovem Savas se negava lhe rogou que ao menos aceitasse algum dinheiro para poder viver. Savas aceitou somente três moedas de ouro e as entregou ao Abade. Aos trinta anos de idade, Savas conseguiu que São Eutimio lhe desse permissão para passar cinco dias por semana em uma cela bem afastada. Empregava esse tempo em oração e trabalhos manuais. Partia do monastério aos domingos a tarde e voltava aos sábados pela manha. Certa vez, São Eutimio escolheu Savas e Domiciano para que o acompanhasse em seu retiro anual no deserto de Jebel Quarantal, onde, segundo a tradição, o Senhor Jejuou durante 40 dias. Os três monges iniciaram sua penitencia no dia da oitava da Epifania e retornaram ao monastério no Domingo de Ramos. Em certa ocasião, durante aquele retiro, São Savas ficou inconsciente por causa da sede. São Eutimio, compadecio, rogou a Jesus Cristo que se apiedasse de seu fervoroso soldado. Golpeou com seu bastão a terra e fez brotar uma fonte de água. Savas bebeu um pouco e recobrou as forças. Depois da morte de Eutimio, São Savas adentou mais no deserto rumo a Jericó. Ali passou quatro anos sem falar com ninguém. Depois se mudou para uma cela em uma caverna próxima a nascente do Cedron. Para subir e descer de sua cela Savas usava uma corda. Seu único alimento era as ervas silvestres que cresciam entre as pedras, exceto quando os moradores da região lhe levavam um pouco de pão, queijo, etc. Para tomar um pouco de água andava durante muito tempo. Passado algum tempo, começaram a surgir vários outros monges que queriam servir a deus sob a direção de São Savas. Este resistiu de inicio, porém mais tarde fundou uma nova comunidade (Laura). Uma das primeiras dificuldades surgidas foi a escassez de água. Porém São Savas, observado um asno a fuçar a terra, mandou escavar naquele lugar um poço que durante muito tempo saciou a sede de muitas gerações. São Savas chegou a ter 150 discípulos; no entanto não havia nenhum sacerdote, pois São Savas acreditava que nenhum religioso podia aspirar a tanta dignidade sem incorrer em presunção. Isto levou alguns monges a queixar-se com o Patriarca de Jerusalém Salustio. O Patriarca julgou infundada as acusações feitas a Savas mas compreendeu a necessidade de se ter um sacerdote na comunidade para estabelecer a ordem e a paz. Diante disso ordenou Savas sacerdote em 491 e ele estava com 53 anos. Sua fama de santidade atraiu monges de varias regiões. Na comunidade de São Savas havia egípcios e armênios que celebravam os ofícios em seus próprios idiomas. Depois da morte do pai de Savas, sua mãe se mudou para a Palestina e serviu a Deus son sua direção. Com o dinheiro que sua mãe havia herdado, São Savas construiu duas hospedarias, um para os estrangeiros e outro para os enfermos; também construiu um hospital em Jericó. Em 493, o Patriarca nomeu Savas arquimandrita de todos os monges da Palestina que viviam em celas isoladas (ermitãos) e São Teodosio de Belem arquimandrita de todos os que viviam em comunidades (cenobitas).

Seguindo o exemplo de São Eutimio, São Savas partia de sua comunidade uma ou mais vezes por ano e passava a Quaresma sem ver ninguém. Alguns de seus monges foram se queichar ao Patriarca. Como o Patriarca não lhe deu ouvidos, 60 deles abandonaram a comunidade de São Savas e estabeleceram-se nas ruínas de um monastério de Tecua, onde nasceu o Profeta Amós.

Tempos depois, chegando ao conhecimewnto de São Savas que estes dissidentes estavam passando necessidades, os ajudou com víveres e na reconstrução da igreja

São Savas foi expulso de sua comunidade por alguns rebeldes. Porém São Elias, sucessor de Salustio de Jerusalém, mandou que regressasse.

Na época do imperador Anastacio que apoiava a heresia de Henrique, desterropu muitos bispos ortodoxos. No ano 511, São Savas foi enviado à presença do imperador que desejava perseguir os cristãos. Tinha 70 anos quando fez esta viagem a Constantinopla. Como sua aprencia assemelhasse a um mendigo, os guardas do palácio do imperador somente deixaram passar os outros membros do grupo, menos Savas que não disse nada e se retirou.

O imperador tendo lido a carta do Patriarca onde constava o nome de Savas e não o vendo entre o grupo, perguntou por ele. Os guardas procuraram por toda parte até encontrá-lo em um rincão, orando. Anastácio disse aos abades que pedissem o que quisessem. Cada um deles fez seus pedidos, exceto Savas. Como o imperador obrigou a fazê-lo, disse que não tinha nada que pedir, só desejava que o imperador restabelecesse a paz na Igreja e não molestasse o clero. São Savas passou todo o inverno em Constantinopla.Com freqüência visitava o imperador para discutir com as heresias. Mesmo assim. Anastácio desterrou Elias de Jerusalém e o substituiu por João. Sabendo disso, São Savas com outros monges partiram para Jerusalém e pediram a João que pelo menos não repudiasse os editos do Concilio de Calcedônia.

Conta-se que São Savas assistiu em seu leito de morte Elias em uma cidade chamada Aila, junto ao Mar Vermelho. Nos anos seguintes esteve em Cesárea e Escitópolis, pregando a fé e converteu muitas pessoas à ortodoxia e uma mudança de vida. Aos 91 anos, a pedido do Patriarca Pedro de Jerusalém, novamente viajou para Constantinopla, por causa de algumas desordens surgidas por conta da rebelião entre os samaritanos e as tropas imperiais que os repreenderam. Justiniano o acolheu com grandes honras e lhe ofereceu cuidar dos monastérios. Savas replicou agradecido que não necessitava de ajuda nenhuma pois os monges serviam fielmente a Deus. Em troca pediu ao imperador que diminuísse os impostos dos habitantes da Palestina, causa da rebelião entre os samaritanos. Igualmente, pediu que construísse um hospital para os peregrinos e uma fortaleza para proteger os ermitãos e os monges contra os perigos. O imperador aceitou todos os pedidos. Certo dia quando o imperador tratava dos assuntos de São Savas, este se retirou de sua presença para rezar. Seu co-irmão, Jeremias, chamou a atenção de São Savas dizendo que não era de bom tom retirar-se daquela maneira da presença do imperador. São Savas respondeu-lhe: “Filho meu, o imperador cumpre com seus deveres e nós devemos cumprir com os nossos.” Pouco depois de regressar a sua cela (laura) São Savas adoeceu . O patriarca o convenceu de mudar-se para uma igreja próxima, onde pôde assisti-lo pessoalmente. Os sofrimentos de São Savas eram grandes, mas Deus lhe concedeu paciência e resignação para suportá-lo. Quando São Savas compreendeu que se aproximava ‘sua ultima hora’ pediu ao Patriarca que retorna-se a sua cela (laura) para lá adormecer em Cristo. Imediatamente o Patriarca o nomeou seu sucessor e passou a instruí-lo no novo posto. Passou quatro dias recluso, ocupado unicamente de Deus. Morreu ao entardecer do dia 05 de dezembro de 532, aos 94 anos de idade. Suas relíquias foram veneradas em seu principal Monastério até que os venezianos as levassem.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Diógenes, mártir;
  • S. Philotheos, o Justo do Monte Athos;
  • S. Nektarios da Bulgária.
Leituras bíblicas:

— Mat.: Lc 6:17-23;
— Ep.: Gl 5:22-26; 6:1-2;
— Ev.: Mt 11:27-30.

São Nicolau Taumaturgo, da cidade de Mira, província de Lícia, é um santo especialmente querido pelos ortodoxos. Ele ajuda rapidamente em diversas calamidades da vida e perigos das viagens.

Nasceu na Ásia Menor no final do séc. III, e desde a sua infância, demonstrou a sua profunda religiosidade e aproximou-se do seu tio, bispo da cidade de Patara sendo, ainda jovem, ordenado sacerdote. Após a morte dos seus pais, Nicolau herdou uma grande fortuna a que começou a distribuir entre os pobres. Ele se empenhou em ajudar secretamente, para que ninguém pudesse agradecer-lhe. O seguinte caso mostra, como ele ajudava aos infelizes: Havia na cidade de Patara um rico comerciante com 3 filhas. Quando as suas filhas chegaram à maturidade, as transações comerciais de seu pai fracassaram e ele chegou a completa falência.

Teve então ele a ideia criminosa de usar a beleza das filhas para conseguir meios de sobrevivência. São Nicolau ficou a par do seu plano e decidiu salvar, a ele e as filhas de tal pecado e vergonha. Aproximando-se durante a noite da casa do comerciante falido, jogou pela janela aberta um saquinho com moedas de ouro. O comerciante, achando o ouro, com grande alegria preparou o enxoval da filha mais velha e arranjou-lhe um bom casamento.

Passado um pouco de tempo, São Nicolau novamente jogou na janela um saquinho com ouro, o suficiente para o enxoval e o casamento da segunda filha. Quando o jogou o terceiro saquinho com ouro para a filha mais nova, o comerciante já estava a sua espera . Prostrando-se diante do Santo, agradeceu-lhe com lágrimas pela salvação da sua família de um horrível pecado e vergonha. Após o casamento das três filhas, o comerciante conseguiu recuperar os seus negócios e começou a ajudar aos próximos, imitando o seu benfeitor.

São Nicolau desejou visitar os lugares santos e embarcou num barco de Patara para a Palestina. O mar era calmo, mas ao Santo foi revelado que em breve haveria uma tempestade e ele avisou aos outros viajantes. Veio uma tremenda tempestade e o barco virou um brinquedo indefeso nas ondas violentas. Como todos sabiam que São Nicolau era padre, pediram que rezasse pela salvação dos que ali estavam. Após a oração do Santo, o vento se acalmou e veio uma grande calmaria. Depois disto, um dos barqueiros foi derrubado pelo vento do mastro ao convés e morreu. São Nicolau, com suas orações, fez voltar à vida.

Após a sua peregrinação a lugares santos, São Nicolau queria se isolar num deserto e passar sua vida inteira longe dos homens. Mas não era esta a vontade de Deus que o escolheu para ser o pastor de almas. São Nicolau ouviu uma voz que ordenava a ele voltar à sua pátria e servir àquele povo.

Não querendo morar na cidade onde foi tão bem conhecido, São Nicolau dirigiu-se a uma cidade vizinha, Mira, capital da província de Lícia e sede episcopal, estabelecendo lá como um pobre. Com profundo amor pela Igreja, visitava-a diariamente, logo cedo quando eram abertas suas portas.

Nesta época o bispo de Mira faleceu e os bispos vizinhos se reuniram para eleger o seu sucessor.Como não conseguissem chegar à unanimidade na escolha, um deles aconselhou: “O Senhor deve Ele mesmo nos indicar a pessoa certa. Assim, irmãos, vamos rezar, jejuar e esperar pelo escolhido de Deus.” E, ao mais velho dos bispos Deus revelou, que a primeira pessoa a entrar na igreja após a abertura das portas devia ser o eleito para ser o bispo daquela sede. Ele contou o seu sonho aos outros bispos e, antes da missa da manhã, ficou vigiando a porta e esperando pelo escolhido de Deus. São Nicolau, como de costume, chegou cedo para para fazer suas orações. Vendo o Santo, o bispo lhe perguntou: “Qual é seu nome?” E, com humildade, São Nicolau prontamente lhe respondeu. “Siga-me, meu filho” – disse o bispo, e tomando-o pela mão, conduziu-o até a igreja dizendo-lhe que seria ordenado bispo de Mira. São Nicolau não se sentia a altura de tão elevado cargo, mas finalmente cedeu à vontade dos bispos e do povo.

Após a sua ordenação, São Nicolau resolveu: “Até agora pude viver para mim mesmo e para a salvação de minha própria alma, mas daqui em diante, todo o tempo da minha vida deve ser dedicado aos outros.” E, esquecendo-se de si mesmo, abriu a porta de sua casa a todos, tornando-se o verdadeiro pai dos órfãos e pobres, defensor dos oprimidos e benfeitor de todos. Conforme testemunho de seus contemporâneos, ele era humilde, pacífico, vestia-se com simplicidade, alimentava-se com o estritamente necessário e uma única vez por dia, à noite.

Quando, no reinado do imperador Diocleciano (284-305) teve a perseguição da Igreja, São Nicolau foi encarcerado. Na prisão ele também esquecia-se de si mesmo, indo ao encontro de dos mais fracos e necessitados, animando-os com suas palavras e seu exemplo aos que com ele sofriam. Mas, certamente, não era desígnio e vontade de Deus que ele sofresse o martírio. O novo imperador Constantino era benévolo aos cristãos e deu à eles o direito de abertamente confessar a sua fé e suas convicções religiosas. São Nicolau pode assim retornar ao seu povo.

Seria uma tarefa quase impossível enumerar todos os seus feitos, de ajuda ao próximo e de milagres que se fez por seu intermédio:

Aconteceu na Lícia uma grande fome. São Nicolau apareceu em sonho a um comerciante que, na Itália, carregava seus barcos com trigo, dando a ele moedas de ouro e mandando-lhe navegar para a cidade de Mira na Lícia. Ao acordar, o comerciante achou moedas de ouro em sua mão e, possuído de um grande temor, não ousou desobedecer à ordem do Santo. Trouxe seu trigo para a Lícia e contou aos habitantes o seu milagroso sonho, graças ao qual chegou lá.

Naquele tempo, em muitas igrejas, teve início uma forte agitação sobre a heresia de do arianismo que negava a Divindade do Senhor Jesus Cristo. Para apaziguar a Igreja, o imperador Constantino, o Grande, convocou o Primeiro Concílio na cidade de Nicéia, em 325. Entre os bispos deste Concílio estava também São Nicolau. O Concílio condenou a heresia de Ário e estabeleceu o Credo onde, com palavras bem claras expressa a fé ortodoxa em Nosso Senhor Jesus Cristo, como Filho Unigênito, da mesma essência do Pai. Durante os debates, São Nicolau, ouvindo a blasfêmia ariana ficou tão indignado que agrediu seu opositor diante de todos. Pela indisciplina, o Concílio retirou a dignidade episcopal a São Nicolau. Logo após este incidente, porém, alguns bispos tiveram uma visão em que Senhor Jesus Cristo entregava à São Nicolau Evangelho e a Virgem Mãe de Deus impunha-lhe Seu manto. Os bispos entenderam como contrária a vontade de Deus a heresia ariana, reintegrando São Nicolau em seu múnus e sede episcopal.

Da hagiografia de São Nicolau sabemos que uma vez o imperador condenou à morte 3 dos seus chefes. Estes se lembraram dos milagres de S. Nicolau e mandaram-lhe um pedido de ajuda. O Santo rezou piedosamente e, no sonho, apareceu ao imperador ordenando que libertasse seus fiéis servos, ameaçando, caso contrário, de castigos divinos. Quem és tu – perguntou o imperador – que ousas dar ordens aqui?” – “Eu sou Nicolau, arcebispo de Mira,” respondeu o Santo. Não ousando desrespeitar a ordem, o imperador reviu com atenção o caso dos seus chefes, libertando-os com as devidas honras.

Aconteceu, que saiu do Egito para a Líbia um barco. Em alto mar começou uma horrível tempestade e o barco estava já quase afundando. Algumas pessoas se lembraram de São Nicolau e começaram a rezar a ele. Viram claramente como o Santo corria em direção a eles por sobre as ondas enfurecidas e, entrando no barco, tomou o leme com as suas mãos. A tempestade acalmou e o barco chegou a salvo no porto.

São Nicolau morreu já muito idoso em meados do século IV, mas com a sua morte, não cessou sua ajuda aos que a ele recorrem. Durante mais de 1500 anos, muitos são os que atribuem a ele grande ajuda em atenção às suas orações e pedidos de intercessão. Estes testemunhos constituem uma vasta literatura, e o amor dos cristão ortodoxos por este Santo cresce a cada dia.

Quando, em 1087 a província de Lícia foi devastada, o Santo apareceu em sonho a um padre em Bari, na Itália pedindo que suas relíquias fossem trasladadas para aquela cidade. Esta ordem do Santo foi rapidamente atendida e, desde aquela época, suas relíquias repousam na igreja de Bari. Delas vertem bálsamo que cura os doentes. Este acontecimento é comemorado em 22 de maio de cada ano (9 de maio no antigo calendário).

Outras comemorações do dia:​
  • S. Nicolau, o novo mártir da Ásia Menor.
Leituras bíblicas:

— Mat.: Jo 10:1-9;
— Ep.: Hb 13:17-21;
— Ev.: Lc 6:17-23.

Santo Ambrósio nasceu em Trevere, provavelmente no ano 430. Seu pai também se chamava Ambrósio e era prefeito da Gália e faleceu quando Ambrósio ainda era jovem Sua mãe, então, voltou a morar com a família em Roma. A mãe de Santo Ambrósio deu a seus filhos uma educação esmerada. Pode-se afirmar que a santidade de Santo Ambrósio se deveu muito a sua mãe e sua irmã Santa Marcelina. Aprendeu grego, chegou a ser poeta e dedicou-se a advocacia. O Bispo Euxenio, um ariano que governou a diocese de Milão durante quase 20 anos, morreu no ano 374. Para eleger o seu sucessor, a cidade se dividiu em dois candidatos. Para evitar quanto possível que a eleição gerasse confusão, Santo Ambrósio aceitou que ela fosse realizada no interior de uma Igreja, e exortou ao povo que votasse de maneira pacifica e sem tumultos. Enquanto Ambrósio falava, alguém gritou no meio da multidão: “Ambrósio, Bispo!” Todos os presentes repetiram unanimemente o grito e os membros dos dois partidos o elegeram para o cargo.

Ambrósio ficou desconcertado, pois ainda que se declarasse cristão, não fora ainda batizado. Os Bispos presentes ratificaram sua nomeação por aclamação.

Ambrósio alegou com certa ironia: “a emoção havia pesado mais que o direito canônico”. Passou a morar em Milão. O imperador recebeu um comunicado sobre o acontecido. Da mesma maneira, Ambrósio o escreveu, pedindo-lhe que lhe possibilitasse renunciar. Santo Ambrósio tentou escapar uma vez mais e se escondeu em casa do senador Leôncio. Porém, quando Leôncio soube da decisão do imperador, convenceu Santo Ambrosio a aceitar e este não teve como negar. Assim, pois, recebeu o batismo e uma semana mais tarde, no dia 7 de dezembro de 374, foi consagrado Bispo com 35 anos de idade. Consciente de que já não pertencia a este mundo, Santo Ambrosio decidiu romper todos os laços que ainda o mantinha ligado ele. Repartiu entre os pobres os seus bens e cedeu à Igreja todas as suas terras e posses. A única coisa que conservou foi uma renda destinada a sua irmã, Santa Marcelina. Confiou, também, ao seu irmão Sátiro a administração temporal de sua diocese para poder se consagrar exclusivamente ao ministério espiritual. Pouco depois de sua ordenação, escreveu para Valentiniano queixando-se com amargura dos abusos de certos magistrados imperiais. O imperador lhe respondeu “Há tempo estou habituado a tua liberdade para expressar-te, e nem por isso deixei de aceitar tua eleição. Não deixes de aplicar às nossas faltas os remédios que a Lei divina prescreve”. São Basílio escreveu a Santo Ambrósio para lhe felicitar, ou melhor, para felicitar a Igreja de Milão por sua eleição e para pedir que combatesse os arianos. Santo Ambrósio que se cria muito ignorante em questões teológicas, entregou-se aos estudos da Sagrada Escritura e das obras dos autores eclesiásticos, particularmente de Orígenes e São Basílio. Seus estudos foram acompanhados por São Simpliciano, um sábio sacerdote romano a quem amava como amigo, honrava como pai e o reverenciava como mestre. Santo Ambrosio combateu com tanto êxito o arianismo que, dez anos mais tarde, não havia em Milão um só cidadão contaminado por tal heresia, exceto alguns godos que pertenciam à corte imperial. Uma das obras que escreveu foi o tratado sobre “A bondade da morte”. As suas obras homiléticas, exegéticas, teológicas, ascéticas e poéticas são numerosas. Enquanto o Império Romano começava a decair no Ocidente, santo Ambrosio cultivava o idioma e enriquecia a Igreja com suas obras. Quando Santo Ambrósio caiu enfermo, predisse que morreria após a Páscoa. Mesmo assim prosseguiu com seus estudos e escreveu uma meditação sobre o Salmo 43. Enquanto Santo Ambrosio ditava as meditações, Paulino, seu secretário que mais tarde foi seu biógrafo, viu uma chama em forma de escudo posar em sua cabeça e descer pouco a pouco até sua boca e seu rosto resplandeceu como a neve. A este respeito, escreveu Paulino: “estava tão assustado que permaneci imóvel, sem poder escrever. E, a partir daquele dia deixou de ditar e de escrever; não terminou de meditar sobre o Salmo 43. A meditação do Salmo foi interrompida no versículo 24. Depois de ordenar o novo Bispo de Pavia, Santo Ambrósio permaneceu de cama. Quando o conde Estilicon, tutor de Honório, soube da noticia, disse publicamente: “No dia em que este homem morrer, a ruína entrará na Itália. Imediatamente o conde enviou alguns mensageiros para pedir que Santo Ambrósio rogasse a Deus para prolongar um pouco mais a sua vida. Santo Ambrosio respondeu: “Vivi de maneira que não me envergonharia de viver um pouco mais. Porém tão pouco tenho medo de morrer, pois meu Senhor é bom”. No dia de sua morte, Santo Ambrósio esteve várias horas rezando de braços abertos e orava constantemente. Santo Honorato de Vercelli que estava descansando em outro quarto, ouviu uma voz que dizia três vezes: «Levanta-te rápido! Ambrósio está a ponto de morrer…». Honorato desceu imediatamente – continua contando Paulino – «e ofereceu-lhe o Santo Corpo do Senhor. Ao acabar de recebê-lo, Ambrósio entregou o espírito, levando consigo o viático. Deste modo, sua alma, alimentada pela virtude desse alimento, goza agora da companhia dos anjos» («Vida» 47). Era Sexta-Feira Santa, 04 de abril de 397, e contava com aproximadamente 57 anos. Foi um dos grandes pastores da Igreja de Deus desde a época dos Apóstolos. Foi sepultado no dia da Páscoa..

II.

Santo Ambrósio, bispo († 397) era funcionário do Império e governava o norte da Itália quando os fiéis da diocese de Milão, inspirados por Deus, o aclamaram seu bispo. Àquela altura, Ambrósio era apenas catecúmeno e ainda não havia recebido o batismo. Mas foram tão claros os sinais de que era a voz de Deus que naquele momento falava pela boca dos populares que, depois de alguma hesitação, Ambrósio aceitou. Foi batizado, ordenado sacerdote e sagrado bispo. Tomando inteiramente a sério as novas responsabilidades, colocou sua imensa cultura e sua invulgar capacidade administrativa ao inteiro serviço da Igreja. Combateu heresias, favoreceu e defendeu a virgindade consagrada a Deus, empenhou-se tenazmente para extirpar os restos de paganismo do Império. Não hesitou em enfrentar o imperador Teodósio, impondo a ele uma penitência pública porque se portara mal. Deixou numerosos escritos de alto valor intelectual, e teve papel eminente na conversão de Santo Agostinho.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Athenodoros, Mártir da Mesopotâmia;
  • S. Gerasimus, Asceta de Eubeia;
  • S. João de Kronstadt.
Leituras bíblicas:

— Ep.: II Tes 1:10-12;2:1-2;
— Ev.: Lc 21:12-19.

São Patápio era natural do Egito. Desde a sua infância já manifestava um «espírito de amor e temperança» ( IITm 1,7) que foi se evidenciando na medida em que crescia. Depois de compartilhar toda a sua herança com os pobres, retirou-se para o deserto despreendendo-se de todas as coisas. Lá ocupava todo o seu tempo orando e estudando. A cada peregrino que cansado da viagem, passava por por sua casa, oferecia-lhe hospedagem e descanso para que passava por sua casa, oferecia-lhe hospitalidade para que, recuperando suas forças, pudesse prosseguir seu caminho. Nestas ocasiões aproveitava para aconselhar espiritualmente as almas em vista da salvação. Assim, a fama de São Patápio se espalhou rapidamente por muito longe, e muitos iam a sua procura para ouvir de sua boca os ensinamentos do Evangelho. Pouco tempo depois, São Patápio, querendo passar despercebido, mudou-se para Constantinopla. Encontrou em Blajernes um lugar muito tranqüilo onde se estabeleceu.

Mas não tardou muito, e sua fama de santidade e humildade fêz com que se tornasse conhecido também naquela região. Este grande monge ermitão entregou sua alma a Deus rezando a curando os doentes.

Outras comemorações do dia:​
  • Véspera da Festa da Concepção de Sant’Anna, Mãe da Theotokos;
  • Ss. Apolo, Tychikos, Sóstenes, Cefas, Epafrodito, César, Onesiphoros [apóstolos dos 70].
Leituras bíblicas:

— Ep.: II Tes 2:1-12;
— Ev.: Lc 21:5-8, 10-11; 20-24.

Não se faz referências sobre a mãe da Santíssima Virgem Maria, nem nos Evangelhos, nem nos outros escritos do Novo Testamento. O que se sabe a respeito de Santa Anna nos vem dos escritos apócrifos. Segundo estas narrativas, que coincidem com a Tradição da Santa Igreja, o sacerdote Matthan, que residia em Belém, teve três filhas: Maria, Sobi e Ana. Maria, após casar-se em Belém, deu à luz Isabel, mãe de João Batista. Ana se casou com Joaquim da Galileia; após muitos anos de casados, geraram a Santíssima Virgem Maria. A Tradição nos relata que seus pais a consagraram ao serviço do Templo de Jerusalém. Quando Maria Santíssima contava com apenas três anos de idade, seus pais faleceram. Santa Anna era uma mulher honrada desde muito cedo, como se conclui pelos escritos dos Santos Padres da Igreja, hinos sacros e antigos escritos em honra à mãe da Virgem Maria. Também existem referências apontando que no ano de 550, o imperador Justiniano consagrou um templo em Constantinopla em seu nome.

Peçamos, pois, a intercessão de Santa Anna pela salvação de nossas almas.

Outras comemorações do dia:​

S. Narses, Mártir da Pérsia;
S. Ana, a Justa, mãe de Samuel, o Profeta;
Consagração da Igreja da Ressurreição (Santo Sepulcro) na Cidade Santa de Jerusalém.

Leituras bíblicas:

— Ep.: Gal 4:22-27;
— Ev.: Lc 8:16-21.

São Mena era natural de Atenas, de uma família idólatra. Sua esmerada formação lhe fez perceber que cultuar muitos deuses era um erro. Nem na filosofia pode encontrar algo que lhe satisfizesse, iniciando-se então nos estudos dos livros cristãos. Começou com o Evangelho onde encontrou luz e verdade para seu espírito. Tomou então a decisão de batizar-se cristão. Mais tarde o rei Maximino (311-313), sem saber que era cristão, o nomeou governador de Alexandria. Ao ter início as perseguições aos cristãos na cidade, por ordem do rei, São Mena não só se negou a executar tais ordens, como dedicou-se a organizar a Igreja. O rei Maximino enviou então a Atenas Hermógenes para que o substituísse na sua função. O novo governador observava ao pé da letra as ordens do rei, capturando assim São Mena que foi submetido a cruéis torturas, o que lhe resultou em graves ferimentos. Ferido, foi levado para a prisão e deixado lá para que morresse.

Passado algum tempo, o novo governador quis saber se Mena teria morrido. Ficou surpreso quando soube que, ao contrário, encontrava-se vivo e as suas feridas já haviam sido todas curadas. O governador, perguntando a Mena como aquilo era possível, teve dele a seguinte resposta: «Quando me encontrava ferido e jogado ao chão, comecei a rezar, pois como diz o salmista: ‘ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam’» (Sl 32,4). Esta resposta foi tão iluminadora para Hermógenes que se converteu também ao cristianismo. Quando o rei Maximino soube do que havia acontecido, ordenou que decapitassem a ambos. E, assim que estes mártires entregaram suas almas ao Criador. .

Outras comemorações do dia:​
  • S. Tomé, o justo de Bitínia.
Leituras bíblicas:

— Ep.: II Tes 3:6-18;
— Ev.: Lc 21:37-38, 22:1-8.

Depois de São Simeão, primeiro e maior de todos os estilitas, o mais famoso dentre eles é São Daniel. São Daniel nasceu na aldeia de Bythar, perto da cidade de Samósata, na Mesopotâmia. Sua mãe, Marta, não teve filhos por um longo tempo e, em suas orações, fez a Deus um voto que, se tivesse um filho, iria dedicá-lo ao Senhor. Suas preces foram ouvidas e Marta deu à luz um menino, que permaneceu sem nome até a idade de 5 anos. Os pais do desejado menino consideraram que, uma vez que seu nascimento foi dádiva de Deus, também seu nome deveria ser indicação Daquele que os concedeu tal graça. Certo dia, foram com o filho a um monastério situado nas proximidades e, aproximando-se do Hegúmeno (abade), este lhes ordenou que abrissem o livro de ofícios. Assim o fizeram e, ao abri-lo, encontraram a menção ao profeta Daniel (Comemorado no dia 17 de dezembro).

E este nome foi dado por eles ao menino. Depois, pediram para que Daniel permanecesse no monastério, mas o Hegúmeno, não concordou, considerando que era ainda uma criança. Aos 12 anos de idade, sem dizer nada a ninguém, o rapaz saiu de casa e foi para o monastério.

Seus pais ficaram felizes quando souberam onde o filho se encontrava, indo logo ao seu encontro. Vendo que ele ainda vestia suas roupas seculares, rogaram ao Hegúmeno que lhe concedesse um hábito. No domingo seguinte o Hegúmeno atendeu ao pedido de seus pais, permitindo ainda que pudessem visitá-lo quantas vezes desejassem. Os monges ficaram surpresos com esta atitude incomum do Hegúmeno. Certa ocasião, o Hegúmeno o levou consigo numa viagem à Antioquia. Ao passarem por Telenisse, visitaram São Simeão em sua coluna. São Simeão pediu a Daniel que se aproximasse e lhe deu a sua bênção, predizendo que sofreria muito por causa de Jesus Cristo. Pouco depois da morte do Hegúmeno, Daniel foi eleito como seu sucessor, mas não quis aceitar tal cargo, indo novamente visitar São Simeão. Depois de passar duas semanas no monastério próximo a coluna de São Simeão, Daniel iniciou uma peregrinação à Terra Santa. Como a guerra o impediu de prosseguir viagem ao destino pretendido, dirigiu-se à Constantinopla. Ali passou uma semana na igreja de São Miguel extra-muros. Após ter construído um erimitério num templo abandonado em Filempora, lá viveu durante nove anos sob a proteção de Patriarca Santo Anatólio. Finalmente, Daniel decidiu seguir o mesmo estilo de vida de São Simeão que havia morrido no ano de 459. São Simeão havia dado sua túnica ao imperador Leão I. No entanto, seu discípulo Sérgio não havia conseguido entregar o presente ao seu destinatário já que não lhe foi concedida uma audiência com o imperador. Assim, São Simeão presenteou a túnica a Daniel. São Daniel escolheu um lugar sobre o Bósforo,a uns quatro quilômetros da cidade, lá instalando-se numa ampla coluna que um amigo havia mandado construir. Certa noite, como São Daniel estava a ponto de perecer de frio, o imperador lhe construiu uma coluna mais alta e melhor. Na verdade eram duas colunas unidas e na plataforma superior havia uma espécie de refúgio. Ainda que naquela região houvesse ventos muito gelados, São Daniel viveu lá até seus 84 anos. Sua ordenação sacerdotal aconteceu naquele mesmo lugar. São Gennádios, Patriarca de Constantinopla, iniciou as orações de ordenação já na parte de baixo da coluna, subindo depois para, provavelmente, fazer a imposição de mãos sobre Daniel. Algumas crônicas dizem que o Patriarca subiu para dar-lhe a comunhão. São Daniel não desejava ser ordenado e, por isso, não teria descido naquela ocasião. No ano 465, um incêndio destruiu oito dos bairros de Constantinopla. São Daniel havia predito esta catástrofe e havia aconselhado ao Patriarca e ao imperador que fizessem orações públicas duas vezes por semana, mas não lhe deram fé. Ao se cumprir o vaticínio, todo o povo recorreu à coluna de São Daniel que estendeu os abraços ao céu e orou pela multidão. O imperador Leão, que tinha uma grande veneração por Daniel, ia visitá-lo com freqüência. Nem todos, porém, respeitavam São Daniel. Certa vez, alguns homens que frequentavam os prostíbulos, enviaram uma mulher de má reputação, de nome Basiana para tentá-lo. A tentativa fracassou, mas Basiana sustentou o contrário, até que enredada em suas próprias mentiras, confessou publicamente a verdade e delatou aqueles que a tinham enviado. Muitas pessoas acorriam a ele para lhe escutar. Não pregava da mesma maneira que os retóricos e filósofos, mas falava do amor de Deus, o cuidado com os pobres, o amor fraternal e sobre a condenação eterna que espera os pecadores. Aos 84 anos, São Daniel comunicou seu testamento aos amigos e discípulos. Tratava-se de um documento muito breve, cheio de um amável espírito de caridade e amor, onde expunha sucintamente os deveres dos homens. Depois de celebrar pela ultima vez os sagrados mistérios a meia noite em sua coluna, São Daniel compreendeu que Deus o chamava para si. Imediatamente pediu para se avistar com Patriarca Eufêmico. Sua morte ocorreu no ano de 493 e foi sepultado ao pé da coluna onde viveu por 33 anos.

Outras comemorações do dia:​
  • Ss. Ascepsia e Aethal, Mártires;
  • Ss. Miracus e Barsabás;
  • S. Leôncio, o Justo de Monemvasia;
  • S. Glorioso Rei Nicéforo Phokas.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Gal 1:3-10;
— Ev.: Lc 13:19-29.

Santo Espiridião é muito amado na Igreja Ortodoxa. Em sua vida se recapitulam todos os ensinamentos do Evangelho. O pastor de ovelhas se converte em pastor de almas, confirma a fé ortodoxa e vence a impiedade dos hereges. Se por um lado não possuía tesouros terrenos, por outro, era imensamente rico em tesouros celestiais, pois quem se humilha será imensamente exaltado. «Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens». (1Cor 1,25). Suas santas relíquias são veneradas na ilha grega de Kerkira e permanecem incorruptas até os dias de hoje. Chipre foi o lugar de seu nascimento e o lugar onde passou sua vida a serviço da Igreja. Veio de uma família de agricultores e permaneceu simples e humilde até o final de sua vida. Casou-se jovem e teve uma filha, porém, ao ficar viúvo, dedicou-se inteiramente ao serviço de Deus. Como conseqüência de sua fé, de seu amor a Jesus e do seu respeito à Igreja, foi escolhido como bispo de Tremitunte, no Chipre.

Mesmo bispo, não mudou seu simples estilo de vida. Preocupava-se muito com os pobres o os ajudava.

O Senhor lhe deu a graça de operar grandes milagres. Pelo poder de Deus fez chover após uma grande seca, trouxe de volta à vida alguns que haviam morrido, e curou o imperador Constantino de uma grave doença. Via e ouvia os santos anjos, antevia o futuro e lia os segredos dos corações dos homens. Converteu muitos à verdadeira fé, entre outros milagres. Esteve presente no Primeiro Concilio Ecumênico celebrado em Nicéia em 325. Diante de suas claras e simples exposições sobre a fé e dos milagres que operou, muitos hereges regressaram à ortodoxia. Glorificou o Senhor através dos milagres e foi de grande ajuda para o povo e a Igreja. Descansou no Senhor no ano de 350. Suas relíquias, que operaram maravilhas, repousam na ilha de Kerkira, onde continuam glorificando a Deus pelos seus milagres.

TROPÁRIO: Revelado como triunfador do Primeiro Concilio Ecumênico, São Espiridião, o milagroso, portador de Deus. Por tua voz, chamaste do túmulo uma mulher que havia morrido, transformaste em ouro uma serpente e, ao som de tuas orações, os anjos associaram-se ao teu culto, oh santo pai. Glória Àquele que te glorificou. Glória Àquele que te coroou. Glória Àquele que por ti nos concede o dom da cura de nossas almas!

Outras comemorações do dia:​
  • S. Pedro, o Novo mártir de Aleut;
  • S. João (ou Joaquim), bispo de Zichni.
Leituras bíblicas:

— Mat.: Jo 10: 1-9;
— Ep.: Ef 5: 8-19;
— Ev.: Jo 10: 9-16.

Estes mártires viveram na época em que as perseguições aos cristãos, impetradas pelo imperador Diocleciano, eram freqüentes. Eustrácio, um oficial superior, foi aprisionado pelo Duque de Lysia que, após torturá-lo cruelmente, o enviou ao prefeito Agricola, conhecido por sua crueldade aos cristãos. Este, por sua vêz, submeteu Eustrácio a novas formas de torturas, ordenando depois que se fossem calçados em seus pé sapatos de ferro com lâminas afiadas, obrigando-o a caminhar. Por fim, ainda vivo, foi jogado ao fogo. Auxêncio era sacerdote, conterrâneo de Eustrácio. O monarca tentou, com muitas promessas, persuadí-lo a renegar a fé cristã. O digno sacerdote de Cristo, porém, contestou: «Não é necessário que eu lhe diga muitas palavras, caro Lysia. Nesta vida sou de Cristo e o serei até a morte.

E, nem com inumeráveis castigos e feridas, nem com fogo ou ferro, conseguirás me fazer mudar minha fé porque Cristo é onipotente e sua cruz invencível» – isto é, o homem Auxêncio pode ser frágil, mas o cristão Auxêncio e sua fé são indestrutíveis. O monarca, muito irritado com a resposta de Auxêncio, ordenou que fosse decapitado. Mardário, após ter sido perfurado no tornozelo, foi pendurado de cabeça para baixo e depois queimado. O oficial Eugênio, após ter sua língua e mãos cortadas, quebraram-lhe as pernas e faleceu. O soldado Orestes foi queimado sobre uma pilha de madeira. Que Deus os tenha em seus braços, estes santos mártires e confessores, exemplos de fé.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Luzia (Lúcia ), virgem e mártir (séc. IV);
  • S. Herman, o Taumaturgo do Alaska, primeiro santo da América;
  • S. Gabriel, o Hieromártir, arcebispo da Sérvia;
  • Ss. Thyrsus, Leucius e Callinicus da Ásia Menor, Philemon, Apolônio e Arian de Alexandria.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tm 1:1-7;
— Ev.: Mc 8:11-21.

Estes santos mártires viveram no século III e eram naturais de Bithynia na Capadócia. Todos de famílias distintas, eram humildes servidores do Senhor «na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido» (II Cor. 6,6). Eles se afastaram da agitação, o que não foi suficiente para se ocultarem da fama de homens muito caridosos, o que os tornou conhecidos. O prefeito Kombrikios, um fanático idólatra, percebendo que se tornavam cada vez mais conhecidos e procurados, de muitas formas tentou pôr limites ao trabalho que realizavam, o que levou Léucio ir conversar com ele e solicitar sua benevolência para com eles. Após lhe ter ouvido, Kombrikios o condenou a morte, e na manhã do dia seguinte Léucio foi decapitado do lado de fora da cidade. Tal acontecimento entristeceu os cristãos, porém aumentou o fervor dos seguidores de Cristo. Depois de dois dias, outro cristão chamado Tirso, foi à presença do prefeito e, destemidamente lhe admoestou:

«A idolatria é um erro e Cristo será, finalmente, vencedor». Estas e outras palavras sábias proferidas por Tirso foram ouvidas por um sacerdote idólatra de nome Calinico que, depois, se converteu ao cristianismo após ter iluminada sua alma. O prefeito ordenou que ambos fossem decapitados.

Outras comemorações do dia:​
  • Ss. Apolônio e Ariano de Alexandria, mártires († séc. III).
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tm 1:8-14;
— Ev.: Mc 8:22-26.

Santo Eleutério nasceu na Grécia no século II, na época dos imperadores Cômodo e Septímio Severo. Órfão de pai, Eleutério foi criado e educado por sua mãe Antia, nos preceitos do Santo Evangelho. Antia tinha o grande desejo de visitar Roma, por ser a terra regada com o sangue dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo. Chegou então o dia em que pode realizar seu grande desejo e levou consigo o seu filho Eleutério. Ao chegar a Roma, conheceram o bispo que, impressionado com fé e inteligência de Eleutério o tomou sob a sua proteção. Poucos anos depois, o ordenou diácono e, mais tarde, sacerdote. Em Roma, Eleutério ensinava com zelo a Palavra de Deus e realizava trabalhos de filantropia. No ano 182, acendeu ao trono episcopal de Roma com votos dos clérigos e leigos. A fama de suas virtudes chegou até a Grã Bretanha. O Rei Luis, da Grã Bretanha, escreveu uma carta a Eleutério na qual expressava seu desejo de se batizar cristão, bem como, todos os habitantes de seu reino.

Eleutério imediatamente atendeu ao pedido do Rei enviando para lá dois homes de fé que se encarregaram da instrução, batizando o Rei Luis e o seu povo. Quando Septímio Severo iniciou as perseguições aos cristãos, o bispo de Roma, Eleutério, deu seu testemunho de fé, sendo condenado à morte. Sua mãe, enquanto lamentava, abraçada ao corpo de seu filho, foi decapitada. Assim que Eleutério alcançou a gloriosa liberdade dos filhos de Deus (Rm 8,21).

Santa Susana, a Portadora de Aroma

Santa Susana, a Portadora da Mirra, fazia parte do grupo de oito mulheres identificadas no Novo Testamento que são chamadas de mulheres portadoras de mirra. Susana é mencionada em Lucas 8:3 como uma dessas mulheres, junto com Joana, Maria Madalena e outras, que seguiram Cristo desde a Galiléia e apoiaram a Ele e aos discípulos. Ela está associada ao grupo como uma das mulheres ricas que apoiaram Jesus durante seus três anos de ministério público.

Estas mulheres foram as primeiras a contemplar a Ressurreição e foram elas que anunciaram a boa nova aos Discípulos; pois era apropriado que o gênero que primeiro caiu no pecado e herdou a maldição fosse o primeiro a contemplar a Ressurreição e a ouvir a alegre saudação, tendo ouvido anteriormente as palavras: com dor darás à luz filhos. Eram chamadas de Portadoras de Mirra, porque José e Nicodemos, com pressa em sepultar o corpo do Senhor na sexta-feira, já que o dia seguinte era o grande dia do sábado, ungiram-no segundo o costume judaico, mas não como deveria ter sido feito; eles apenas o ungiram com aloés e especiarias, embrulharam-no em um lençol e o depositaram na sepultura; por esta razão, tendo um amor ardente por Cristo, como suas discípulas, essas mulheres compraram mirra cara e vieram à noite, tanto por medo dos judeus quanto porque a Lei lhes permitia chorar mais cedo durante o dia e ungir o corpo, compensando assim uma deficiência que se devia à pressão do tempo.

Ao chegarem ao túmulo, viram as coisas diferentes de como haviam deixado: os dois anjos brilhantes dentro do túmulo e o outro sentado na pedra; depois disso, contemplaram o Senhor e O adoraram; Santa Maria Madalena o confundiu primeiro com o jardineiro. O Domingo das Mulheres Portadoras de Mirra cai no segundo domingo seguinte à Páscoa.

Leituras bíblicas:

— Ep.: II Tm 1:8-18;
— Ev.: Mc 2:23-28; 3:1-5.

O Santo Profeta Ageu profetizava em Judá, na época do rei persa Dario I (522-486 a. C). Naquele tempo, sob a liderança de Zorobabel, os judeus retornaram do cativeiro da Babilônia para Judá. O sumo sacerdote se chamava Josué. Dois anos depois do regresso, os judeus começaram a construir em Jerusalém um Templo no mesmo lugar em que, antes, se encontrava o antigo Templo de Salomão, destruído. Por causa de um desacordo com os samaritanos e outros opositores, a construção do templo foi interrompida por 15 anos até que o rei Dario ordenasse a retomada a obra. O povo era pobre, mas desejava que o novo templo não fosse menos magnífico que o de Salomão, destruído por Nabucodonosor, e isso era um grande incentivo aos construtores. Como estímulo para que a obra fosse concluída, Deus enviou o profeta Ageu, cujo ofício profético durou cerca de um ano. Ageu buscava convencer o povo a construir o templo dizendo:

«Semeais muito e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vesti-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado. Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o SENHOR. Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o SENHOR dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos. (Ag 1,6-10) E, em outra parte: «Segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, o meu Espírito permanece no meio de vós; não temais. Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca; E farei tremer todas as nações, e virão coisas preciosas de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o SENHOR dos Exércitos. Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o SENHOR dos Exércitos. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos (Ag 2,5-9). O livro de Ageu contem 3 capítulos que compreendem quatro discursos dirigidos ao povo para encaminhar a construção.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Marino, mártir (séc. III);
  • S. Modesto, Arcebispo de Jerusalém;
  • S. Theophania, Imperatriz;
  • S. Nicolau, Patriarca de Constantinopla;
  • S. Memnonus, Arcebispo de Éfeso.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tm 3:1-13;
— Ev.: Mc 9:10-15.

O Santo Profeta Daniel era um aristocrata e, possivelmente, oriundo de família real. No quarto ano do reinado de Joaquim, durante a primeira conquista de Jerusalém por Nabucodonosor (605 a.C), o jovem Daniel era prisioneiro na Babilônia. Com outros jovens de famílias abastadas, foi enviado a uma escola preparatória de serviços à corte do rei, que prepara jovens na faixa de idade entre 14 a 17 anos. Na escola estudava com 3 amigos: Ananias, Azarias e Misael. Durante vários anos os quatro se dedicaram a aprender a língua local e outras diversas ciências caldeias. Tiveram que mudar seus nomes: Daniel passou a se chamar Balthasar; Ananais recebeu o nome de Sidrac; Misael de Mesac e Azarias tomou o nome de Abidnego. Porém, mesmo com novos nomes, os jovens não mudaram a fé que receberam de seus pais. Temendo profanar seus corpos com comida pagã, pediram ao seu educador para não receber alimentos vindos da mesa do rei (que era regada com sangue de sacrifícios), mas que pudessem consumir apenas comidas simples compostas de vegetais.

Por algum tempo o educador acatou o pedido e, durante 10 dias, os jovens se alimentaram apenas com comida de origem vegetal. Depois de algum tempo, sentiram-se mais sadios e dispoostos que seus companheiros que comiam da mesa do rei. Esta constatação fez com que lhes fosse permitido continuar com a dieta alimentar. O Senhor recompensou os jovens piedosos com progressos nas ciências e o rei, durante os exames, descobriu que eles eram mais sábios que os magos babilônicos. Depois de concluir seus estudos, Daniel e seus três companheiros foram designados para servir na corte do rei. Daniel tornou-se cortesão durante os reinados de Nabucodonosor e de seus cinco herdeiros. Após a derrota da Babilônia, tornou-se conselheiro do rei Dario de Media e do rei persa Ciro (cf. Dn 6,28).

Deus concedeu a Daniel o dom de interpretar visões e sonhos, conforme narra os capítulos 2 e 4 onde explica o sonho de Nabucodonosor. No primeiro sonho o rei viu um enorme ídolo ser destruído por uma pedra que caiu de uma montanha. Daniel explicou que o ídolo simbolizava os quatro reinos pagãos que sucederiam, entre os quais estavam o babilônico e o romano. A pedra que destruía o ídolo simbolizava o Messias e a montanha era seu Reino Eterno. Daniel termina assim a explicação do sonho: «Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre; As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra. Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do rei. Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro. E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra. E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços. E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação». (Dn 2, 31-45)

Este sonho era uma visão profética acerca da Igreja. Efetivamente, a fé cristã que surgiu no império romano, espalhou-se logo por todo o mundo, e seguirá existindo até o fim do mundo, até que os grandes reinos pagãos desapareçam sem deixar rastros. No terceiro capítulo de seu livro, Daniel conta a façanha de seus três amigos que se negaram a adorar um ídolo de ouro (Marduk)e por isso foram jogados numa fornalha ardente. Porém, um anjo do Senhor lhes preservou intactos. A oração de agradecimento dos três jovens tornou-se modelo dos cânticos oitavo e nono da Cânon das matinas. Sobre a atividade de Daniel, durante os sete anos dos reinados dos três sucessores de Nabucodonosor (Evil-Merodac, Neriglisor e Lavosoadac), nada se conhece. O assassino de Lavosoardac, Nabonid co-governou com seu filho Belsasar. No primeiro ano do reinado de Belsasar, Daniel teve uma visão sobre os quatro reinos que se transformou na visão do céu e de Deus, na imagem do «Ancião» e do «Filho do Homem», (isto é, o Filho de Deus que deveria encarnar-se. (Dn, 7)

Como sabemos pelos Evangelhos, o Salvador chamava-se a si mesmo de «Filho do Homem», fazendo recordar aos judeus a profecia de Daniel. Durante o julgamento no Sinédrio, quando o Sumo sacerdote inquiriu a Jesus se Ele era mesmo o Messias prometido, o Senhor se refere à visão de Daniel, e recorda a glória celestial do Filho do Homem. (Dn 7; Mt 26,64)

A parte mais importante da visão de Daniel se refere aos tempos que precederão o fim do mundo e o Juizo Final. Porém, alguns trechos destas profecias se referem às perseguições à Igreja por Antioco Epifanes, no século III, nos tempos do Anticristo. A visão seguinte, registrada noterceiro anos de Belsasar sobre duas monarquias sob o aspecto de um cabrito e de um cordeiro também se referem ao fim do mundo. Estas visões tem características comuns com as visões narradas no Apocalipse de São João, o Teólogo. (Dn 7-8) (Ap 11, 12 e 17).

Babilônia foi tomada pelo rei Dario de media, no 17º. ano do reinado de Belsasar (539 aC). Belsasar foi assassinado durante a conquista da cidade, tal qual foi profetizado por um mão misteriosa que escreveu na parede «Mene, Mene, Tekel, Uparsin» (tu eras insignificante e teu reino será dividido entre Medos e Persas (Dn 5, 25-31), tal qual Daniel tinha interpretado a inscrição. Antes, a queda da Babilônia foi predita pelos profetas Isaias e Jeremias (Is 13,14 e 21; Jr 50 e 51). No livro do Apocalipse, a Babilônia representa o reino do mal (Ap 16,19)

No reinado de Dario de Media, Daniel era um dos principais dignitários do reino. Os cortesãos pagãos caluniaram Daniel ao rei e, por inveja e pela astúcia, fizeram com que Daniel fosse jogado na cova dos leões. Deus, porém, preservou seu profeta intacto. (Dn 6) Mais tarde, Daniel teve outra visão relacionada aos 70 por 7 (490 anos) que se referia a chegada do Messias. (Dn 9) Daniel foi prosperando durante o reinado de Dario e de Ciro, o persa. Por sua influência, Ciro decretou a libertação do povo hebreu do cativeiro, no ano 536 aC. Segundo a tradição, o profeta Daniel interpretou para Ciro o que Isaias profetizara para ele. (Is 44, 28 a 45,13) Surpreso com a profecia acerca de si mesmo, o rei reconheceu o poder do Senhor e ordenou que os hebreus construíssem em sua honra o templo de Jerusalém. (Es 1) Pela segunda vez, foi milagrosamente salvo dos leões. (Dn 14) No terceiro ano do reinado de Ciro, na babilônia, Daniel teve uma revelação sobre o destino do povo de Deus. (Dn 10-12)

Sobre sua vida posterior pouco se sabe. Morreu muito idoso, com cerca de 90 anos, em Suzac (Ekbatana). Seu livro compreende 14 capítulos onde os seis primeiros constituem uma resenha histórica onde relata como a glória de Deus se espalhava durante o tempo do cativeiro na Babilônia. Os capitulos 7 ao 12 são proféticos e contém as visões sobre o futuro e o destino do povo judeu . É surpreendente a exatidão com que Daniel profetizou a chegada do Messias e o inicio do Novo testamento..

Santa Olímpia, viúva, diaconisa, († 408)

Pertencia a mais alta nobreza bizantina e cascando viúva aos 20 anos de idade, não quis contrair novo casamento, mas resolveu consagrar-se inteiramente a Deus, e utilizou sua imensa riqueza na fundação de um hospital e um orfanato, servidos por religiosas das quais ela era superiora. Quando São João Crisóstomo, seu diretor espiritual, foi injustamente expulso do Patriarcado de Constantinopla, Olímpia continuou fiel a ele e recusou-se a reconhecer o intruso irregularmente nomeado para substituí-lo como patriarca. Foi por isso perseguida e a sua comunidade foi dispersada. Partiu para o exílio, onde morreu ainda jovem.

S. Dionysios de Zakynthos

São Dionísio de Zakynthos foi arcebispo de Egina no século XVI. Nasceu na ilha grega de Zakynthos, em 1547 e adormeceu no Senhor em 17 de dezembro de 1622. Seus pais, Mocius e Paulina, cristãos piedosos e muito ricos, lhe proporcionaram uma boa e completa educação. Além do grego e do italiano, aprendeu o latim. A teologia sempre foi sua paixão. Quando fazia 20 anos da morte de seus pais, Dionísio doou toda a sua fortuna ao seu irmão e se tornou monge no monastério das Ilhas Strophada (Strofades), ao sul de Zakynthos, e lá recebeu o hábito monástico. Depois de algum tempo, foi encorajado por seus companheiros monges a ser ordenado sacerdote. Finalmente decidiu viajar para a Terra Santa passando por Atenas. Em 1577, em Atenas, foi eleito e consagrado arcebispo de Égina, apesar de sua resistência, em sua humildade, por reconhecer-se indigno para tal.  Por volta do ano de 1589, o Patriarca de Constantinopla fez de Dionísio o arcebispo de Zakynthos. No entanto, dois anos depois, alguns problemas de saúde o forçaram a renunciar e a retornar à sua terra natal, onde permaneceu como abade no monastério de Strofades. onde viveu até morte em 17 de dezembro de 1622.

Conta-se, a seu respeito que, em certa noite chuvosa, um homem desesperado veio ao seu monastério pedir por ajuda. Havia acabado de cometer um assassinato. O monge Dionísio o acolheu e, após algum tempo de conversa, descobriu que a vítima era o seu próprio irmão, cuja família perseguia o assassino. Apesar de sentir-se muito abatido e amargurado com a triste descoberta, Dionísio deu abrigo ao assassino ajudando-o, até mesmo, a escapar da ilha para salvar sua vida porque, como disse, queria evitar outro crime. A tradição local afirma que o assassino mais tarde retornou e se tornou monge no mesmo monastério. Esta história certamente tocou o coração dos Zakynthianos. São Dionísio era frequentemente visitado por pessoas em busca de aconselhamento ou para se confessar. Morreu em 17 de dezembro de 1622, aos 75 anos. Atendendo seu desejo, seu corpo foi sepultado na igreja de São Jorge, em Strofades, onde havia sido ordenado sacerdote. Três anos depois, por ocasião da exumação, o seu corpo foi encontrado intacto, tendo sido trasladado, em 24 de agosto, para a ilha grega de Zakynthos, de onde tornou-se patrono. Lá permanece até os dias de hoje na igreja de São Dionísio, visitada todos os anos em sua festa por uma multidão de peregrinos. Sua memória é celebrada em 17 de dezembro (dia de sua morte) e 24 de agosto, trasladação de seu corpo para a sua igreja na Ilha de Zakynthos.

Leituras bíblicas:

— Ep.: Hb 11:33-40;12:1-2;
— Ev.: Mc 9:33-41.

Nasceu em Milão, na Itália, entre os anos 250 e 256. De família distinta, foi agraciado pelo imperador Carinos com a nomeação para um cargo militar. Posteriormente, Diocleciano o promoveu à guarda pretoriana. Possuía um coração generoso e, em seu posto, foi frequentemente protetor dos pobres e de cristãos em geral, ajudando também a suprir as necessidades da Igreja de Roma. Por causa disso, o Papa Gaio de Roma (283-296) o nomeou defensor da igreja. Ao ter início as perseguições aos cristãos, foram presos um grupo de crentes. Ao saber do disso, Sebastião foi até eles para apoiá-los espiritualmente e, no momento em que eram julgados e condenados à morte, para surpresa de todos, Sebastião declarou sua fé em Cristo. Diocleciano, então, o condenou à morte. E logo começaram a torturá-lo, golpeando com lanças o seu peito. Seu corpo, que já consideravam sem vida, foi recebido por Luciana que, notando que ainda respirava, depois de tratar cuidadosamente de suas feridas, recuperou a saúde. Ciente do restabelecimento de Sebastião, o imperador Diocleciano ordenou sua prisão, tendo lá sido açoitado até a morte.

II

Sabe-se que foi um dos primeiros mártires cristãos a ser enterrado no cemitério da antiga via Appia, em Roma. Conta-se que, em 283, tornou-se oficial da guarda imperial, sob comando do imperador Diocleciano. Mas o Imperador descobriu que ele era cristão e, por isso, foi martirizado, sendo crivado de flechas. Dado como morto, suas feridas foram tratadas pela viúva de outro santo, Cástulo, e conseguiu sobreviver. Confrontou-se com Diocleciano devido à sua crueldade para com os cristãos. A princípio, o imperador ficou sem fala, mas depois ordenou que Sebastião fosse espancado até a morte.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Miguel Syngellon, o Confessor.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Gal 3:8-12;
— Ev.: Lc 13:19-29.

Estes mártires viveram no terceiro século de nossa era. Aglais pertencia a uma nobre e muito rica família de Roma, e estava sempre disposta a ajudar aos mais pobres. Bonifácio era o supervisor e administrador da fortuna de sua esposa. Como Aglais, também ele era bondoso e filântropo, administrando a fortuna da esposa de forma muito honesta. Bonifácio e Aglais viviam uma união irregular. Ele, mesmo inclinado à embriaguez, era generoso para com os pobres, hospitaleiro para com os estrangeiros e compassivo com os que caíam em desgraça. Aglais apreciava ouvir as histórias dos Mártires e, acreditando no poder de sua intercessão para a obtenção da misericórdia de Deus, enviou Bonifácio a Tarso para obter relíquias dos santos mártires. Antes de partir, porém, em tom de brincadeira, perguntou à sua esposa: “E se tomarem meu próprio corpo como relíquias sagradas? Partiu depois em companhia de alguns servos para Cilícia, onde os cristãos estavam sendo martirizados. Quando se encontrou com eles, incentivou-lhes, fortalecendo-os a suportar a dor por amor a Cristo.

Mas foi preso pelo governador e assim descobriu-se que também ele era cristão. Assim foi martirizado no ano de 290, confessando sua fé em Cristo. E o que, em tom de brincadeira, havia dito a sua esposa, se cumpriu: seus restos mortais foram tomados como relíquias sagradas por seus servos e companheiros. Aglais, depois de vender todos os seus bens e distribuí-los aos pobres, dedicou sua vida à oração e ao alívio do sofrimento dos pobres. São Bonifácio é conhecido, sobretudo, por interceder a Deus para a libertação do alcoolismo.


Outras comemorações do dia:​
  • S. Gregentius, o Justo, bispo da Etiópia;
  • S. Aglaia, o Justo de Roma.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Gl 3:8-12;
— Ev.: Lc 13:19-29.

Discípulo dos Apóstolos, Pai dos bispos, vigoroso guerreiro na vanguarda dos vitoriosos mártires, Santo Inácio foi três vezes coroado e brilha reluzente no firmamento dos amigos de Deus. O significado de seu nome é “fogo” (ignis em latim). O amor por Cristo ardeu tão fortemente depois de seu Batismo que foi codinominado “Cristóforos” (portador de Cristo). Codinome que, sem vanglória, não titubeou em aplicar a si mesmo, já que todos os cristãos, após o batismo, se tornam “portadores de Cristo” e revestidos do Espírito Santo. Inácio conheceu os apóstolos em sua juventude e, juntamente com Policarpo, foi iniciado nos mais profundos mistérios da fé por São João, o Apóstolo e Evangelista. Mais tarde, foi Inácio quem sucedeu Evdus, como segundo bispo de Antioquia, capital da Síria, e a maior cidade do Oriente, cuja sede episcopal foi fundada pelo apóstolo Pedro.

Durante as perseguições aos cristãos, no governo de Domiciano (81-96), Santo Inácio alentou muitos cristãos confessos a suportar suas tormentosas tribulações, na esperança de ganhar a vida eterna; consolou os prisioneiros, compartilhou desejo de unir-se a Cristo para sempre, em sua morte. Porém, Santo Inácio, bispo temerário, não fora aprisionado nesse tempo, a tal ponto de se sentir desiludido pelo fato de as perseguições terem acabado sem que Deus o tivesse chamado a confessar sua fé como verdadeiro discípulo de Cristo. Nos anos de paz que se seguiram, Santo Inácio ocupou-se em organizar a Igreja, mostrando que a graça que veio sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, continuava no ministério episcopal, ainda que os doze primeiros já tivessem sido chamados para a eternidade. Exortou que todas as Igrejas permaneçam na unidade e que seus membros amem o bispo de sua Igreja que é a imagem terrena do único e verdadeiro Bispo e Sumo Sacerdote, Jesus Cristo.

Unidos pela fé no Salvador Crucificado e Ressuscitado, unidos em um mesmo coração que brota do amor e esperança comum, os fiéis devem reunir-se freqüentemente, especialmente no dia do Senhor, para celebrar em assembléia a Eucaristia com o seu bispo, sacerdotes e diáconos. Assim, todos repartem o mesmo pão que é o remédio contra a morte que dá a imortalidade, a vida eterna em Cristo. Disse ele: «Onde está o bispo, aí está o Cristo; onde está o bispo aí está a Igreja, a segurança da vida eterna e a promessa da comunhão com Deus». Na época das perseguições em Antioquia, no governo de Trajano (98-117), Santo Inácio se apresentou voluntariamente diante dele e confessou sua fé em um só Deus, criador e filântropo, em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito. Com desprezo, Trajano lhe perguntou: «Eras discípulo do Crucificado, na época de Pôncio Pilatos?» Santo Inácio respondeu: «Sim, sou discípulo daquele que apagou meus pecados na Cruz, que derrotou o demônio e seus símbolos sob seus pés.» O imperador ainda perguntou: «Por que te chamas portador de Deus?» Respondeu-lhe: «Porque trago Cristo vivente dentro de mim». Trajano então ordenou: «Que seja então o portador do Crucificado nas prisões de Roma, e que lá sejas jogado aos leões para diversão do povo». Como São Paulo e muitos outros mártires, o servo de Deus Inácio se encheu de alegria e fervorosamente beijou as pesadas correntes que carregava, chamando-as de «minhas preciosas pérolas espirituais». Durante o longo caminho até Roma, soube que os fiéis daquela cidade pretendiam evitar seu martírio. Enviou então uma mensagem, rogando-lhes que se contivessem, e que não interviessem, pois «suplico ser um discípulo… Meu desejo terreno foi crucificado; não há mais fogo em mim por amar as coisas materiais. Porém há em mim uma água vivente que murmura e diz em meu interior ‘venha ao Pai’». Nele o amor de Cristo operou tão fortemente que, inspirado, disse com palavras de fogo: «Perdoem-me irmãos, não me peçam para viver, não desejem que eu não morra. Permitam-me que eu seja um imitador da Paixão de meu Deus. Deixem-me ser alimento para as feras, pois assim me será possível encontrar-me com meu Deus. Sou trigo de Deus, e devo ser triturado pelos dentes das feras, convertendo-me em puro pão do Senhor, à semelhança de Cristo, verdadeiro Pão Eucarístico que se oferece a Si mesmo na perfeita Liturgia». Este era o desejo de Santo Inácio. Quando o momento de sua prova final chegou, Santo Inácio entrou na arena como se adentrasse no Santo Altar para oficiar a liturgia na presença do fiéis. Assim, bispo e discípulo do Sumo Sacerdote de nossa Salvação, Jesus Cristo, sacerdote e vítima ao mesmo tempo, ofereceu-se a si mesmo complacentemente aos ferozes leões que se jogaram sobre ele e o devoraram lentamente, sem nada deixar, exceto os ossos maiores, como havia desejado. Estas preciosas relíquia foram devotamente reunidas pelos fiéis e levadas solenemente de volta a Antioquia. Os cristãos, venerando aquelas relíquias ao longo do caminho, seguiam rumo ao seu rebanho como se seguissem o seu pastor.

II.

Santo Inácio de Antioquia, conforme historiadores, viveu por volta do segundo século. Coração ardente (o nome Inácio deriva de ignis = fogo ), ele é lembrado sobretudo pelas expressões de intenso amor a Cristo. A cidade da Síria, Antioquia, terceira em ordem de grandeza do vasto império romano, teve como primeiro bispo o apóstolo Pedro, ao qual sucederam Evódio e em seguida Inácio, o Teófolo, o que traz Deus, como ele mesmo gostava de ser chamado.

Pesquisadores indicam que Inácio de Antioquia conheceu pessoalmente os apóstolos Pedro e Paulo.

Por volta do ano 110, foi preso vítima da perseguição de Trajano. Nessa viagem de Antioquia a Roma para onde ia como prisioneiro, o santo bispo escreveu sete cartas, dirigidas a várias Igrejas e a São Policarpo. Tais cartas constituem preciosos documentos sobre a Igreja primitiva, seus fundamentos teológicos, sua constituição hierárquica… Trazido acorrentado para Roma, onde terminou os seus dias na arena, devorado pelas feras selvagens, tornou-se objeto de afectuosas atenções da parte das várias comunidades cristãs nas cidades por onde passou. A ânsia de alcançar Deus, de encontrar Cristo, expressa com intensidade que faz lembrar São Paulo.

As suas palavras inflamadas de amor a Cristo e à Igreja ficaram na lembrança de todas as gerações futuras.

“Deixem-me ser a comida das feras, pelas quais me será dado saborear Deus. Eu sou o trigo de Deus. Tenho de ser triturado pelos dentes das feras, para tornar-me pão puro de Cristo.”

“Onde está o Bispo, aí está a comunidade, assim como onde está Cristo Jesus aí está a Igreja”, foi escrito na carta endereçada ao então jovem bispo de Esmirna, São Policarpo. Os cristãos de Antioquia veneravam, desde a antiquidade, o seu sepulcro nas portas da cidade.

Fonte: EAQ

Outras comemorações do dia:​
  • S. Filogonius, o Justo, bispo de Antioquia;
  • S. João, o Novo Mártir de Thassos;
  • S. João de Kronstadt.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Hb 10:32-38;
— Ev.: Mc 9:33-41.

Santa Juliana era natural de Nicomédia. Filha de pais abastados, viveu durante os anos de Maximiano. Seus pais eram pagãos e Juliana, por isso, mantinha em segredo sua fé cristã. Sem consultá-la, seus pais a prometeram em casamento a um idólatra membro do Senado de nome Eleusius. Juliana não pretendia casar-se e lhe disse então que não se casaria a menos que ele obtivesse uma alta posição no governo. E quando isto aconteceu,novamente lhe impôs uma condição: deveria renunciar a adorar os ídolos e converter-se à fé cristã. Eleusius comunicou então ao pai de Juliana, pedindo-lhe que intercedesse junto a filha. O pai tentou persuadi-la de abandonar sua fé. Eleusius, seu noivo, percebendo, porém que isto seria impossível, entregou-a ao governador para que fizesse valer o que ordenava as leis para esses casos. Este, diante de mais um fracasso, ordenou que Juliana fosse torturada. E, depois de lhe queimarem o rosto com um ferro quente, disseram-lhe: «Vá agora te olhar num espelho e orgulhar-te de tua formosura!»

Juliana, com voz serena, respondeu: «No dia da ressurreição, já não existirão feridas nos rostos, tão pouco queimaduras. Nesse dia, existirão apenas as feridas nas almas, causadas pelos pecados. Por isso, prefiro estas feridas agora em meu rosto, que são provisórias, às da alma, que serão eternas». E depois de suportar muitos tormentos a jogaram num forno. Pela graça de Deus, porém, o fogo se apagou ao contato com seu corpo. Ao presenciar este milagre cerca de quinhentos homens e cento e cinqüenta mulheres creram em Cristo e, por sua fé, foram mortos por decapitação. Depois de suportar grandes sofrimentos impostos por múltiplas formas de torturas, Santa Juliana foi decapitada no ano 299.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Temístocles, mártir de Mira;
  • S. Pedro, Metropolita de Moscou.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tm 5:11-21;
— Ev.: Mc 10:2-12.

Esta Santa Mártir, natural de Roma, era uma jovem muito gentil, rica e poderosa, filha de Pretextatus e de Fausta. Sua mãe a iniciou desde logo na fé e virtudes cristãs. Anastásia casou-se quando ainda era ainda muito jovem com um homem chamado Publius Patricius, um fanático, idólatra, de vida licenciosa e torturador de cristãos. Por isso, a santa não havia se batizado ainda, mas exercitava-se numa vida cristã muito ativa: vestia-se com roupas simples e velhas, ia às prisões para visitar os mártires cristãos que lá se encontravam em situação de sofrimento ajudando-os com comida, roupa ou dinheiro. Depois que seu marido faleceu ela passou a dedicar-se ainda com mais afinco a estas atividades. Tratava os ferimentos dos mártires, libertava-os das correntes que os feria e os consolava em suas angústias. Através da intercessão de Santa Anastásia, muitos alcançaram de Deus a cura de suas enfermidades.

Sua fama rapidamente se espalhou por muitos lugares, e logo chamou a atenção do imperador Diocleciano que ordenou sua prisão. Anastásia, depois de suportar vários e terríveis tormentos, foi jogada ao fogo e entregou sua alma a Deus no ano 290 de nossa era.

Outras comemorações do dia:​
  • Ss. Chrysogonos, Theodota, Evodias e Eutychianus, Mártires;
  • Abertura dos portões da Grande Igreja de Deus.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tm 5: 22-25; 6: 1-11;
— Ev.: Mc 10: 11-16.

Quando foi publicado o Edito de Décio contra os cristãos, um cruel governador da Ilha de Creta deu início à perseguição. As vítimas mais distintas foram os dez mártires de Creta: Teódulo, Saturnino, Euporo, Gelásio, Euniciano, Zótico, Cleomenes, Agatopo, Basílides e Evaristo. Os três primeiros eram naturais de Cortina, a capital. Os juízes ordenaram-lhes oferecer sacrifícios para Júpiter, pois neste dia era celebrada a festa em sua honra. Eles reagiram, respondendo que jamais ofereceriam sacrifícios para um ídolo. O governador então lhes disse: «Vós, que depreciais esta grande assembléia, na qual se rende culto ao todo-poderoso Júpiter, Juno, Rea e outras divindades, vereis o poder dos deuses». Os mártires responderam que conheciam muito bem a lenda da vida de Júpiter, e que, seguramente, os que lhe consideravam uma divindade, deviam ter por virtude imitar os seus vícios. A multidão teria terminado ali mesmo com mártires, se o governador não houvesse contido para submetê-los depois a tortura.

Os três sofreram com grande alegria. Aos gritos da multidão, que os exortava a obedecer e oferecer sacrifícios para salvar-se, responderam: “«Somos cristão e preferimos mil vezes morrer» Finalmente, o governador se deu por derrotado, condenando-os a morrer pela espada. Os mártires se dirigiram jubilosos ao lugar da execução, pedindo a Deus que se mostrasse misericordioso para com eles e toda a humanidade e que dissipasse a treva da Idolatria entre seus compatriotas. A multidão se dispersou depois da execução. Os cristãos sepultaram com reverencio os corpos dos mártires. Os Pais do Concílio de Creta (458) declarados em carta dirigida ao Imperador Leão, que a Ilha de Creta tinha sido preservada até então da heresia, graças ao intercessão destes santos mártires.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Paulo, arcebispo de Nova Cesaréia;
  • S. Naúm, o Iluminador da Bulgária;
  • Ss. Nicolau e João, os Novos Mártires;
  • Recordação dos fundadores da Igreja Santa e Grande Igreja de Cristo, Santa Sofia em Constantinopla.
Leituras bíblicas:

— Ep.: I Tm 6:17-21;
— Ev.: Mc 10:17-27.

Santa Eugênia era filha de uma distinta família de nobres e tinha dois irmãos: Abita e Sérgio. Seus pais se chamavam Felipe e Claudia. Felipe era prefeito de Roma e logo foi transferido pra Alexandria com toda a sua família. Em Alexandria, Eugênia teve a possibilidade de conhecer e aprender a fé cristã, em particular, quando encontrou nas mãos de uma menina as epístolas de São Paulo. Ao ler as escrituras comentou: «Aqui dentro não existem teorias filosóficas de adoração. Destas escrituras emanam vida e esperança». Neste tempo seus pais havia comprometido Eugênica em um casamento com algum romano da alta sociedade, porém ela não queria assumir este compromisso. Então, fazendo-se acompanhar de dois servos, Protas e Jacinto, partiu à noite e em segredo de Alexandria. Vestindo-se com trajes masculinos e fazendo-se passar por eunuco, assumiu o nome de «Eugênio» e entrou para a vida monástica num mosteiro masculino. Depois de vários anos, viajou para o seu lugar para visitar, em sua casa, sua família. Seus pais a receberam em lágrimas e a abraçaram.

Muito rapidamente, toda sua família se converteu ao cristianismo. O pai de Eugênia foi mortalmente ferido pelos idólatras que o odiava. Santa Eugênia foi trasladada para Roma onde, por renunciar a oferecer sacrifícios aos ídolos, ela e seu pai foram decapitados, nos tempos do reinado de Commodus (180-192).

Outras comemorações do dia:​
  • Véspera da Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Hb 1:1-12;
— Ev.: Lc 2:1-20.

Homilia de Natal de São João Crisóstomo

Surpreende-me um novo e maravilhoso mistério!
Meus ouvidos ressoam ante o hino dos pastores,
que não entoam uma melodia suave,
mas um hino celestial ensurdecedor.

Os anjos cantam!
Os Arcanjos unem suas vozes em harmonia!
Os Querubins entoam cheios de alegria os seus louvores!
Os Serafins exaltam a sua glória!

Todos se unem para louvar, nesta santa festividade,
surpreendendo-se ante o mesmo Deus aqui na terra,
e o homem no céu.

Aquele que está acima,
repousa aqui embaixo pela nossa salvação;
e nós, que estávamos abaixo,
somos exaltados pela divina misericórdia

Hoje Belém se torna semelhante aos céus
escutando, lá das estrelas,
os cânticos das vozes angelicais
e, no lugar do sol,
presencia o surgimento do Sol da Justiça.

Não perguntem como isto é possível,
pois quando Deus quer,
a ordem da natureza é alterada.
Porque Ele quis,
teve o poder para descer.
Ele salvou.
Tudo se moveu em obediência a Deus.

Hoje, Aquele que é, nasce.
E, Aquele que é,
converte-se no que não era.
Pois, quando era Deus,
se fez homem sem deixar de ser Deus…


E assim os reis chegaram,
vendo o Rei celestial que veio a terra,
sem trazer anjos nem arcanjos,
nem tronos nem dominações,
nem poderes nem principados,
mas iniciando um novo e solitário caminho,
a partir de um seio virginal.
E, não obstante,
não se esqueceu de seus anjos,
não os privou de seu cuidado,
porque, por sua encarnação,
não deixou de ser Deus.

E, vejam só:
os reis chegaram para servir
o chefe dos exércitos celestiais;
as mulheres vieram para adorá-Lo,
pois Ele nasceu de uma mulher,
para que as dores do parto
se tornassem alegria;
as virgens, ao filho da Virgem…

Os pequeninos vêm adorá-Lo,
pois se fez pequeno,
e da boca dos pequeninos
sai o perfeito louvor;
as crianças, à criança que levantou mártires
pela matança de Herodes;
os homens, Àquele que se faz homem
para curar as misérias de seus servos.

Os pastores, ao Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas;
os sacerdotes, Àquele que se faz Sumo Sacerdote
segundo a ordem de Melquisedec;
os servos, Àquele que tomou a forma de servo
para abençoar nosso trabalho com a recompensa da liberdade (Fil 2,7);
os pescadores, ao Pescador da humanidade;
os publicanos, Àquele que, estando entre eles,
os escolheu e nomeou evangelistas;
as mulheres pecadoras,
Àquele que entregou seu pesas lágrimas da mulher pecadora arrependida,
e para que eu também, assim, pudesse abraçá-los;
todos os pecadores vieram para ver o Cordeiro de Deus
que carrega sobre Si os pecados do mundo.
Por isso, todos se regozijam,
e eu também quero regozijar-me.

Desejo participar desta dança
e deste coro para celebrar esta festa.
Tomo, porém, meu lugar,
não tocando uma harpa nem trazendo uma lâmpada,
mas abraçando o madeiro de Cristo.

Porque este é a minha esperança!
Este é minha vida!
Este é a minha salvação!
Este é meu canto, minha harpa!
E, trazendo-o em meus braços,
venho diante de vós,
tendo recebido o poder e o dom da palavra,
e com os anjos e os pastores, canto:

Glória a Deus nas alturas,
paz sobre a terra, benevolência entre os homens!


Outras comemorações do dia:​
  • Adoração dos Magos: Melchior, Gaspar e Baltasar;
  • Comemoração dos Pastores de Belém que estavam vigiando seus rebanhos e foram ver o Senhor.
Leituras bíblicas:

— Mat.: Mt 1:18-25;
— Ep.: Gl 4:4-7;
— Ev.: Mt 2:1-12.

No século VI, quando governava Diocleciano e Máximos, havia muitos cristãos na cidade de Nicomédia. O bispo da cidade era Antimos, homem digno que incansavelmente, noite e dia, rezava pelas almas dos fiéis. Este número expressivo de cristãos fez aumentar a inveja dos idólatras que desejavam eliminar as igrejas cristãs, principalmente as maiores e as centrais da cidade. Planejaram então na festa da Natividade fazer uma matança de cristãos. Os cristãos como nada sabiam, reuniram-se para celebrar o Nascimento de Cristo, normalmente. O bispo Antimos, ao saber que estavam rodeados por um exército e idólatras armados, ordenou que se celebrasse rapidamente o Sacramento da Eucaristia. Batizou os catecúmenos para lhes assegurar a salvação. Os idólatras atearam fogo na Igreja onde morreram muitos cristãos. Este trágico fato, no entanto, não diminuiu o número de membros da Igreja, pelo contrário, mais pessoas abraçaram a fé. Esta situação recorda as palavras de Jesus Cristo que disse: «edificarei a minha igrejas e as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16,18).

Outras comemorações do dia:​
  • S. Marcelo, o Acemeta, mon. († 470);
  • S. Tadeu, o Confessor;
  • S. Jorge, bispo de Nicomédia, Poeta de Asmatikons, (Cânons e e Tropários).
Leituras bíblicas:

— Ep.: Hb 2:11-18;
— Ev.: Mt 2:13-23.

Santo Estêvão pertencia a uma família judia que vivia no estrangeiro – isto é, fora da Terra Santa. Esses judeus eram chamados helenistas, pois cultivavam a cultura grega, que dominava o Império Romano. Depois que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, a Igreja começou a crescer rapidamente e surgiu a necessidade de cuidar dos órfãos, das viúvas e dos pobres em geral que haviam sido batizados. Os apóstolos incumbiram aos cristãos de escolher entre eles sete homens qualificados para cuidar dos necessitados. Depois de consagrar a estes sete homens como diáconos (ou seja, assistentes ou colaboradores) os nomearam como seus auxiliares mais próximos. Entre estes, o jovem Estevão se destacava pela sua fé inabalável e sua facilidade com as palavras. Estevão era chamado Arquidiácono, o que significa, o primeiro diácono. Muito em breve os diáconos, além de ajudar no cuidado com os pobres, começaram a participar nas orações e cerimônias religiosas.

Estevão pregava a palavra de Deus em Jerusalém. Fundamentava a verdade de suas palavras com presságios e milagres. Seu êxito foi muito grande e isso provocou o ódio dos fariseus, rigorosos defensores da lei de Moisés. Eles o prenderam e o conduziram ao Sinédrio, o supremo tribunal dos judeus. Lá, os fariseus apresentaram falsos testemunhos que asseguravam que ele ofendia a Deus e ao profeta Moisés em suas pregações. Justificando-se perante o Tribunal, Santo Estevão expôs diante do Sinédrio a história do povo judeu, e demonstrou, citando os exemplos, de como os judeus sempre se opunham a Deus e matavam os profetas que Ele enviava. Ouvindo isso, os membros do Tribunal ficaram cheios de indignação e cólera contra Estevão.

Neste momento Estevão viu como se os céus se abrissem sobre ele e exclamou: «Eu vejo o Filho do Homem sentado à direita de Deus». (At (7, 60) Os membros do Sinédrio ficaram ainda mais indignados ao ouvir isto e tapavam os ouvidos. Logo, lançaram-se contra Estevão e o arrastaram para fora da cidade. Ali, de acordo com o que determinava a lei, teve início a execução de sua sentença. Os que prestaram os falsos testemunhos foram os primeiros a apedrejá-lo. Um jovem chamado Saulo, que consentia com o assassinato de Estevão, assistia a tudo enquanto guardava as capas dos apedrejadores. Sob uma chuva de pedras, Estevão exclamou: «Senhor, não lhes imputes esse pecado e recebe a minha alma». Todos estes acontecimentos, e o que foi dito por Estevão no Sinédrio, foi registrado pelo evangelista Lucas em At 6, 8.

Assim que o Arquidiácono Estevão foi o primeiro mártir de Cristo no ano 34 após o nascimento de Jesus Cristo. Depois disso, teve início em Jerusalém, a grande perseguição aos cristãos. Para salvar a si mesmos, muitos tiveram de se proteger em diferentes partes da Terra Santa e em países vizinhos. E, a fé cristã começou a ser disseminada em diferentes partes do Império Romano. O sangue do mártir não foi derramado em vão. Logo, Saulo que havia consentido com este assassinato, tornou-se cristão e se tornou o famoso Paulo – um dos maiores pregadores do Evangelho de Cristo. Muitos anos depois, quando Paulo visitava Jerusalém, foi também capturado por uma multidão enfurecida de judeus que queriam apedrejá-lo. Falando com eles, lembrou-lhes a morte do inocente Estevão e sua participação nela. (At 22)

II. S. Estêvão, Protomártir e arquidiácono (séc. I)

Depois do Pentecostes, os apóstolos dirigiam o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus, aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do judaísmo. Como Cristo, os apóstolos conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã, para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento. Com o crescimento da comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete ministros da caridade, chamados diáconos.

Entre eles sobressaía o jovem Estêvão, que além de exercer as funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa Nova, e o fez com tanto sucesso que os judeus “apareceram de surpresa, agarraram Estêvão e levaram-no ao tribunal. Apresentaram falsas testemunhas, que declararam: “Este homem não faz outra coisa senão falar contra o nosso santo templo e contra a Lei de Moisés. Nós até o ouvimos afirmar que esse Jesus de Nazaré vai destruir o templo e mudar as tradições que Moisés nos deixou.”

Estêvão, como se lê nos Actos dos Apóstolos, cheio de graça e de força, como pretexto de sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários. Primeiro, resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou não ter falado contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem fora do Templo. Demonstrou, de facto, que Deus se revelava também fora do Templo e se propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, “taparam os ouvidos e atiraram-se todos contra ele, em altos gritos. Expulsaram-no da cidade e apedrejaram-no.”

Dobrando os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedra, o primeiro mártir cristão repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a Cruz: “Senhor, não os condenes por causa deste pecado.” Em 415 a descoberta das suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A festa do primeiro mártir foi sempre celebrada imediatamente após a festividade do Natal.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Teodoro, o confessor, mon., irmão de Teofanes, o poet a(†844);
  • S. Teodoro, Patriarca de Constantinopla.
Leituras bíblicas:

— Ep.: At 6:8-15;7:1-5,47-60;
— Ev.: Mt 21:33-42.

No século VI, quando governava Diocleciano e Máximos, havia muitos cristãos na cidade de Nicomédia. O bispo da cidade era Antimos, homem digno que incansavelmente, noite e dia, rezava pelas almas dos fiéis. Este número expressivo de cristãos fez aumentar a inveja dos idólatras que desejavam eliminar as igrejas cristãs, principalmente as maiores e as centrais da cidade. Planejaram então na festa da Natividade fazer uma matança de cristãos. Os cristãos como nada sabiam, reuniram-se para celebrar o Nascimento de Cristo, normalmente. O bispo Antimos, ao saber que estavam rodeados por um exército e idólatras armados, ordenou que se celebrasse rapidamente o Sacramento da Eucaristia. Batizou os catecúmenos para lhes assegurar a salvação. Os idólatras atearam fogo na Igreja onde morreram muitos cristãos. Este trágico fato, no entanto, não diminuiu o número de membros da Igreja, pelo contrário, mais pessoas abraçaram a fé. Esta situação recorda as palavras de Jesus Cristo que disse: «edificarei a minha igrejas e as portas do inferno não prevalecerão contra ela» (Mt 16,18).

Outras comemorações do dia:​
  • S. Marcelo, o Acemeta, mon. († 470);
  • S. Tadeu, o Confessor;
    S. Jorge, bispo de Nicomédia, Poeta.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Hb 2:11-18;
— Ev.: Mt 2:13-23.

(cerca de 14.000 –  decapitados por Herodes

A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços das suas mães para escrever com o seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: “Quem perder a vida por amor a mim há-de encontrará-la”.

Herodes, chamado «o Grande», governava o povo judeu, dominado por Roma, na época do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Herodes era idumeo, isto é, não era um judeu pertencente à casa de David e Aarão, mas descendia de um povo que foi forçado a abraçar o judaísmo por um tal de João Hyrcan. Ocupava o trono da Judéia por um favor especial da casa Imperial de Roma. Portanto, desde que ouviu dizer que já estava no mundo um ser nascido como «rei dos judeus», a quem os três sábios magos do Oriente vieram adorar, Herodes ficou perturbado e vivia com medo de perder sua coroa.

Assim, ele convocou os sacerdotes e escribas para sondar-lhes sobre o lugar preciso onde deveria nascer o Messias. A resposta unânime foi: «Em Belém da Judeia». Mais assustado do que nunca, ordenou todo o tipo de diligências para encontrar os magos que vieram do Oriente em busca do «rei» para lhe prestarem homenagens. Tendo encontrado os magos, interrogou-lhes secretamente sobre seus conhecimentos, os motivos da viagem, suas esperanças, até que, por fim, recomendou-lhes que fossem a Belém e os despediu dizendo: «Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore» Mt 12,8. E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, depois de prestarem suas homenagens ao menino, partiram para a sua terra por outro caminho. «E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: `Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar`». O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas profecias: “Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganadom ficou furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios. Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É Raquel a chorar seus filhos; e não quer ser consolada, porque eles já não existem.”

Esta festa dos Santos Meninos é celebrada pela Igreja desde o V século, que os venera como mártires que não apenas morreram por Cristo, mas também no lugar de Cristo.

II – Santos Inocentes, mártires, séc. I

A Igreja honra como mártires este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços das suas mães para escrever com o seu próprio sangue a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos e merecer a glória eterna, segundo a promessa de Jesus: “Quem perder a vida por amor a mim há-de encontrará-la.” Para eles a liturgia repete hoje as palavras do poeta Prudêncio: “Salvé, ó flores dos mártires, que na alvorada do cristianismo fostes massacrados pelo persseguidor de Jesus, como um violento furacão arranca as rosas apenas desabrochadas! Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada, num mesmo altar recebestes a palma e a coroa.” O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus, que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas profecias: “Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganadom ficou furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios. Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias tinha dito: Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É Raquel a chorar seus filhos; e não quer ser consolada, porque eles já não existem.” A origem desta festa é muito antiga. Aparece já no calendário cartaginês do século IV e cem anos mais tarde em Roma no Sacramentário Leonino. Hoje, com a nova Reforma Litúrgica, a celebração tem um carácter jubiloso e não mais de luto, como o era antigamente, e isto em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam nestas circunstâncias a festa dos meninos do coro e do serviço do altar. Entre as curiosas manifestações temos aquela de fazer descer os cónegos dos seus lugares ao canto do versículo: “Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes.” Deste momento em diante, os meninos, revestidos das insígnias dos cónegos, dirigiam todo o ofício do dia. A nova liturgia, embora não querendo ressaltar o carácter folclórico que este dia teve no curso da história, quis manter esta celebração, elevada ao grau de festa por São Pio V, muito próxima da festa do Natal. Assim colocou as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um coro gracioso de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena vanguarda do exército de mártires que testemunharão, com o sangue, a sua pertença a Cristo.

Outras comemorações do dia:​
  • Zótico, «pai dos orfãos» (séc. IV);
  • S. Gedeão, o Novo Mártir de Monte Athos;
  • S. Mártir Filetero;
  • S. Leondus, o arquimandrita.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Tt 1:5-14;
— Ev.: Mc 10:24-32.

Santa Anísia nasceu na cidade de Tessalônica, na Grécia, nos fins do século III. Seus pais eram pessoas bondosas, de muita fortuna e muito devotos. Educaram sua filha na fé cristã. Anísia tornou-se órfã muito cedo, e herdeira de muitos escravos, terras e jóias. Naquele tempo, persistiam ainda as perseguições aos cristãos. Havia um mandato do imperador Maximiano (284-305) determinando que os cristãos que não abjurassem sua fé e não oferecessem sacrifícios aos ídolos pagãos deveriam ser martirizados. Assim, qualquer pessoa poderia matar impunemente um cristão. Sabendo que era difícil os ricos entrarem no Reino dos Céus, Anísia libertou seus escravos, vendeu suas propriedades e ajudou os necessitados: viúvas, órfãos, mendigos e presos. Não os ajudava comente com dinheiro, como também cuidava dos doentes e consolava os aflitos. Quando terminaram todos os seus recursos, Santa Anísia começou a viver em extrema pobreza, trabalhando para suprir suas necessidades, e continuava visitando os presos e consolando os aflitos.

Certa vez quando ia para uma reunião religiosa, viu muitas pessoas tentando entrar em um templo pagão para festejar sua divindade, mas prosseguiu seu caminho. Porém, um guerreiro que estava na multidão a fixou e a abordou, perguntando-lhe quem era e para onde ia. Santa Anísia respondeu «Sou uma serva de Cristo e vou à minha igreja». Então o guerreiro a agarrou brutalmente e tentou levá-la ao templo pagão para que participasse do culto aos seus ídolos. Quando o guerreiro estava fazendo sua oferenda, Santa Anísia se libertou de suas mãos dizendo: «Que o Senhor Jesus Cristo te proíba». Ao escutar o nome de Cristo, a quem odiava, o guerreiro a golpeou com uma espada. Santa Anísia caiu por terra coberta de sangue. Assim, a jovem Anísia entregou sua pura alma nas mãos de Cristo. Os cristãos sepultaram seu corpo próximo ao portal de entrada da cidade de Tessalônica.

Outras comemorações do dia:​
  • S. Zótico, «pai dos orfãos» (séc. IV);
  • S. Gedeão, o Novo Mártir de Monte Athos;
  • S. Mártir Filetero;
  • S. Leondus, o arquimandrita.
Leituras bíblicas:

— Ep.: Tt 1:5-14;
— Ev.: Mc 10:24-32.

Sua beatíssima avó, Santa Melânia, a Anciã, participava direta e indiretamente do monacato, não somente mediante a fundação de um monastério feminino em Jerusalém — onde vivera por 27 anos em companhia de cinquenta virgens (WHITE, 2010, p. 53 apud OSAVA, 2021, p. 616), no Monte das Oliveiras, juntamente com Rufino (MESSIAS, 2014, p. 295), como também por, em virtude do banimento de um grupo monástico de cerca de vinte monges para a Palestina, cujo o responsável fora o prefeito do Egito, auxiliar pessoalmente estes monges exilados (PALLADIUS. The Lausiac history apud SILVA, 2007, p. 86–87).

Esse auxílio tornara-se ainda mais valioso por ter sido exilada da mesma forma que aqueles os quais ajudava e justamente por auxiliá-los. Esta assim fora exilada porque, por obter linhagem nobre, devido a ser filha do ex-cônsul Marcelino, cogitavam que receberiam algum benefício sob extorsão. No entanto, o que fora levado em consideração para seu exílio, fora considerado para sua absolvição, podendo, desta forma, dar continuidade aos seus trabalhos caridosos para com estes monges (SILVA, 2007, p. 86–87) (Seguir lendo…)