Novembro
Os santos taumaturgos e anárgiros Cosme e Damião da Mesopotâmia nasceram na Ásia Menor. Seu pai, que era pagão, morreu enquanto eles ainda eram crianças, e sua mãe, Teodota, os criou na fé cristã. Seguindo o exemplo de vida de sua mãe e em imitação a Nosso Senhor, os gêmeos tornaram-se homens justos e virtuosos. Ao alcançarem a idade a adulta, aprenderam medicina e as artes da cura e, por sua virtude, receberam do Espírito Santo o dom de curar as enfermidades do corpo e da alma através de sua oração. Por amor a Deus e ao próximo eles jamais cobraram por seus serviços, seguindo estritamente o mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo: «Recebestes de graça, de graça dai!» (Mt. 10:8). Eles tratavam até mesmo os animais. A fama dos Santos Cosme e Damião se espalhou por toda a região da Mesopotâmia, e o povo apelidou os irmãos de médicos anárgiros, ou seja, «aqueles que não recebem dinheiro». Num certo dia os santos foram chamados para atender uma senhora acometida de uma doença incurável, de nome Paládia, a quem todos os médicos recusaram-se a tratar.
Pela fé, oração e pelos santos dons dos irmãos, o Senhor curou a doença de Paládia, que logo em seguida levantou-se de seu leito, com perfeita saúde, para agradecer a Deus. Desejando recompensar seus médicos de algum modo, em um gesto de gratidão a idosa senhora foi conversar com Damião, e lhe presenteou com três ovos, dizendo «Aceite este pequeno presente em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo». Ao ouvir o nome da Santíssima Trindade, o santo médico não ousou recusar o presente. No entanto, quando Cosme soube o que acontecera, entristeceu-se, pois cria que seu irmão havia quebrado seu voto de caridade. Após certo tempo, chegou a hora de São Cosme repousar no Senhor. Em seu leito de morte, ele declarou que não gostaria de ser enterrado ao lado de seu irmão. Alguns meses depois, São Damião também veio a falecer. Todos os seus amigos e parentes ficaram preocupados, pois não sabiam onde deveriam enterrar São Damião. Porém, pela vontade de Deus, um anjo apareceu aos presentes, dizendo que não deveria haver dúvidas se os irmãos deveriam ser enterrados lado a lado, pois São Damião aceitara o presente da velha senhora não como pagamento, mas em respeito ao Nome de Deus e em caridade, para não humilhar a nobre senhora. E assim, os gêmeos foram enterrados lado a lado, em Theremam, Mesopotâmia, atual Síria, no ano de 303 a.D.
II – Santos Cosme e Damião
São Cosme e São Damião sofreram martírio em Ciro (na Síria), provavelmente durante a perseguição de Diocleciano, nos inícios do século IV. sabe-se que os dois irmãos curavam “todas as enfermidades, não só das pessoas, mas também dos animais”, fazendo tudo gratuitamente. Em grego são chamados de “anargiros”, isto é, sem dinheiro. Os dois irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com setas, mas “os dardos voltavam para trás e feriam a muitos, porém os santos nada sofriam “. Foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos e somente assim os dois mártires, juntamente com outros três irmãos, puderam prestar seu testemunho a Cristo. Seus restos mortais, segundo consta, encontram-se em Ciro na Síria, repousando numa igreja a eles consagrada. Da Síria o seu culto alcançou Roma e dali se espalhou por toda a Igreja do Ocidente.
TROPÁRIO DA FESTA:
Santos anárgiros e taumaturgos Cosme e Damião,
curai-nos de nossas enfermidades.
Concedei-nos gratuitamente,
aquilo que de graça recebestes.
Outras comemorações do dia:
- S. Davi de Evia.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Cor 12:27-31; 13:1-8;
— Ev.: Mt 10:1, 5-8.
Ss. Aquindinos, Pegásio, Elpidoforo, Anempodiste e Afthonio, mártires († c. 350
Os santos Aquindinos, Pegásio, Elpidoforo, Anempodiste e Afthonio, eram dignitários da corte do Imperador persa Sapor II (310-381). Tendo aderido clandestinamente à fé cristã, foram denunciados pelos invejosos pagãos ao imperador quando este empreendeu uma onda de perseguição contra os cristãos. Intimados a comparecerem diante do imperador para julgamento, confessaram pública e destemidamente sua fé na Santíssima Trindade. O imperador ordenou, portanto, que fossem cruelmente chicoteados, esperando que assim, renegassem sua fé. Por duas vezes os executores ficaram esgotados e tiveram de ser substituídos, enquanto que, da boca dos santos mártires não se ouvia sequer um gemido. O imperador, impressionado com o que via, numa queda de pressão perdeu a consciência. Os que estavam presentes julgaram que tivesse morrido, mas os santos recorreram a Deus e o imperador voltou a si.
Recuperado, o imperador Sapor acusou os santos de feitiçaria, dando ordem para que fossem conduzidos amarrados ao longo de uma fogueira de modo que fossem sufocados pela fumaça. Os santos voltaram-se para Deus em orações, e o fogo foi milagrosamente extinto e as cordas que os amarrava foram soltas.
Impressionado, o imperador perguntou-lhes com aquilo fora possível, e os santos mártires lhes contaram sobre como Cristo operava milagres. Cego de ódio, o imperador passou a blasfemar o nome do Senhor. Os santos exclamaram, então: «Que a tua boca se cale»; ao que o imperador ficou sem voz. Enlouquecido de raiva, tentou ainda, através de gestos, dar ordem para que os santos mártires fossem jogados na prisão, mas os que o cercavam não compreendiam o que lhes queria dizer. A raiva do imperador tornava-se ainda maior até que, loucamente, arrancou e rasgou seu próprio manto, puxava seus próprios cabelos e espancava seu próprio rosto. Até que Aquindinos, compadecido, em nome livrou-o da mudez. Desta vez, porém, o imperador atribuiu tudop o que acontecia ao poder da feitiçaria, ordenando que os santos continuassem a ser torturados. Foram então postos sobre um grelha de ferro, acendendo por debaixo o fogo. Os santos começaram juntos a orar e, de repente, começou a cair uma chuva que apagou o fogo. Diante de mais este milagre realizado por meio das orações dos santos mártires, muitos dos que presenciavam acreditaram em Cristo e confessaram sua fé. Os santos glorificavam a Deus e convidavam a que acreditassem que Deus enviou a água da chuva que caía sobre eles para que fossem batizados. Um dos carrascos de nome Afthonio pediu publicamente perdão aos santos mártires por lhes terem causado tanto sofrimento, e saiu corajosamente confessando sua fé em Cristo. Elpidoforo, um alto dignitário imperial e até mesmo a mãe do imperador confessaram a fé no único Deus verdadeiro. O imperador percebeu que aumentava ainda mais o número dos que se convertiam à fé cristã com a tortura dos santos. Declarou então ao povo que as cabeças de Aquindinos, Pegásio, Elpidoforo, Anempodiste seriam cortadas, e que seus corpos não poderiam ser tomados pelos cristãos para sepultamento. Quando levaram os santos mártires para fora dos muros da cidade para a execução, uma grande multidão acompanhou, glorificando a Cristo. Por ordem do imperador, os soldados executaram todos os cristãos (cerca de 7 mil) que acompanhavam o cortejo. Juntamente com os outros, também Elpidoforo foi morto. Aquindinos, Pegásio e Anempodiste, mãe do imperador, foram queimados no dia seguinte. Os cristãos foram secretamente durante a noite ao local da execução, encontraram os corpos dos santos mártires ilesos da ação do fogo, e com reverência os sepultaram.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Domnina, Donna e Kiriaki, mártires;
- S. Rafael, bispo de Brooklin.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 2:16-23;
— Ev.: Lc 11:34-41.
Santo Aképsimas era bispo, José era sacerdote e Aítalas diácono. Os três confessaram sua fé em Cristo, enfrentando o martírio na época do imperador Sapor II da Pérsia. Aképsimas morreu sendo cruel e violentamente golpeado. José também foi submetido a torturas e morreu martirizado. Aítalas foi espancado e pendurado de cabeça para baixo até que deu o seu último suspiro no ano 330 da Era Cristã. O sangue e sacrifícios dos santos nos recordam as palavras do livro do Apocalipse, 16, 6: «Visto como derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores». Que estes santos Mártires intercedam por nós ante o Senhor, protetor e criador de todas as coisas. Amém
Outras comemorações do dia:
- S. Gregório, Novo Mártir de Neápolis;
- S. Teodoro, Confessor, Bispo de Ancira;
- S. Jorge de Neápolis, Novo Mártir;
- S. Rafael Hawaweeny, bispo de Brooklyn;
- S. Winifred de Treffynnon;
- Dedicação da Igreja de S. Jorge, na Lídia.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 2:24-30;
— Ev.: Lc 11:42-46.
São Joanício, que viveu desregradamente em seu tempo de juventude, alcançou, mais tarde, pela penitência, tal grau de santidade, que foi chamado «o Grande», sendo venerado como um dos mais ilustres monges de sua época. Era natural de Bitínia e, desde muito pequeno, ocupava-se do ofício de pastor. Aos dezenove anos entrou para a guarda militar de Constantino Copronymus. Deixando-se levar pela tendência da época, o futuro santo chegou a dar seu apoio aos perseguidores das imagens sagradas (iconoclastas), mas foi afastado do erro e de sua vida dissoluta e reconduzido à luz da verdade por um santo monge, passando a viver uma vida verdadeiramente exemplar durante seis anos. Com a idade de quarenta anos ele deixou o exército e se retirou para o Monte Olimpo, na Bitínia. Ali foi instruído nos rudimentos da vida monástica, aprendeu a ler, a orar, memorizou o Saltério, exercitando-se na disciplina própria do seu novo estado. O santo chamava este processo de «maturação do coração».
Mais tarde, retirou-se para a vida eremítica e chegou a ficar famoso por seus dons de profecia e milagres, bem como por sua prudência na direção das almas.
Numa certa ocasião, por suas orações devolveu a liberdade a um grupo de homens que haviam se tornado prisioneiro dos búlgaros. Outro prodígio a ele atribuído foi a expulsão de um espírito maligno que atormentava São Daniel de Tasión. São Joanício ingressou mais tarde no monastério de Eraste, localizado próximo a Brusa, onde defendeu zelosamente a ortodoxia contra o Imperador Leão V e outros iconoclastas. Aí permaneceu em estreita relação com os conhecidos santos Teodoro, o Estudita, e Metódio de Constantinopla. Este último, aconselhado por São Joanício, acalmou alguns de seus discípulos que, tomados por um excessivo zelo, exigiam que fossem invalidadas as ordens conferidas por bispos iconoclastas. Joanício disse a Metódio: «São nossos irmãos que caíram no erro. Trata-os como tais enquanto persistem em suas falhas, porém, devolva-lhes suas antigas dignidades tão logo se arrependam, a não ser que se trate, claramente, de hereges ou perseguidores da fé». São Joanício enfrentou com grande coragem o imperador Teófilo que, além de proibir as sagradas imagens, havia decretado que os santos não fossem venerados como tais. Joanício profetizou a restauração da presença das imagens nas igrejas, o que se cumpriu no reinado de Teodora, viúva do imperador, ela que jamais havia traído a Ortodoxia. Um dos discípulos que Joanício teve em sua velhice foi Santo Eutímio de Tessalônica. Depois de muitos anos desfrutando de elevada reputação como o mais distinto asceta e profeta de seu tempo, retirou-se a um eremitério onde morreu aos noventa e dois anos de idade, tendo testemunhado por duas vezes o triunfo da ortodoxia sobre a heresia iconoclasta que ele mesmo havia aderido em sua juventude e à qual se opôs vigorosamente depois.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Nicandro bispo de Myrra, Hermas, presbítero e Porfírio de Mime, mártires († séc. 11);
- S. George Karslidis de Pontos;
- S. Imperador João Batatze, o Misericordioso.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 3:1-8;
— Ev.: Lc 11:47-54; 12:1.
Galacião e Episteme viveram no século III. Os pais de Galacião, Clitofon e Leucipa, viviam em Emessa, na Síria. Durante muito tempo sofreram por não terem filhos. Leucipa, numa certa ocasião, prestou amavelmente auxílio a um eremita cristão de nome Onofre, protegendo-o de seus perseguidores e foi recompensada com a graça da fé. Deus atendeu suas preces concedendo-lhe que ficasse grávida, o que fez com que Clitofon também aderisse à fé. Tendo nascido o filho, perceberam que sua tez era branca como a neve e, por isso, deram-lhe o nome de Galacião (ou Galakteão). Com o passar do tempo Galacião se tornou um belo jovem, destacado por seus dons. Com as bênçãos de seu pai, casou-se com uma pagã chamada Episteme (ciência ou conhecimento). Depois de casado, Galacião disse a sua esposa que gostaria de viver castamente com ela. A jovem esposa, a quem pareceu muito estranha e desconfortável tal proposta, tentou de todos os modos dissuadi-lo, sem êxito.
Galacião expôs então os mistérios da fé, e Episteme concordou em receber o batismo de suas mãos. Depois, venderam todos os seus bens, repartiram o dinheiro com os pobres e Galacião se retirou para um eremitério em Publião, no deserto do Sinai. Episteme ingressou numa comunidade de virgens consagradas. Três anos mais tarde Galacião foi detido e levado diante do magistrado de Edessa. Tomando conhecimento do fato, Episteme decidiu entregar-se para estar ao lado de seu esposo no sofrimento. Os guardas lhe arrancaram suas vestes para com isso causar-lhe vergonha. Neste instante, porém, os cinqüenta e três oficiais que estavam presentes, ficaram cegos. O santo casal foi cruelmente torturado com golpes brutais, depois, lhes arrancaram a língua, lhes cortaram os pés e, finalmente, foram mortos por decapitação.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Dimitrianos, bispo de Khytri – Chipre;
- Paulo, Patriarca de Constantinopla e confessor († 351);
- Lucas o Monge, de Taormina.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 3:8-19;
— Ev.: Lc 12:2-12.
Dimitrianos nasceu no povoado de Sika, em Chipre. Seu pai era um sacerdote altamente reverenciado no local. Ele se casou muito jovem, mas sua esposa morreu três meses depois e Dimitrianos tomou o hábito no monastério de Santo Antônio. Logo se tornou famoso por seu espírito piedoso e seu dom de cura. Após ser ordenado sacerdote foi eleito abade do monastério, governando-o com grande prudência e santidade. Quando a sede de Khytri (antiga Citerea, atual Kyrka) tornou-se vaga, Dimitrianos foi eleito seu bispo.
O santo estava então com quase quarenta anos e não se sentia atraído pelas responsabilidades e ocupações do episcopado. Fugiu então e foi refugiar-se com um amigo chamado Paulo que o escondeu numa caverna. Mas em pouco tempo, Paulo, cheio de remorso, contou às autoridades onde se encontrava São Dimitrianos, que não teve escolha senão aceitar a consagração episcopal. O bispo Dimitrianos governou durante vinte e cinco anos aquela sede. Pouco antes de sua morte, os sarracenos devastaram a região levando como escravos muitos cristãos.
Diz-se que São Dimitrianos seguiu os invasores e intercedeu junto a eles pelos prisioneiros. Os sarracenos, impressionados com a idade já avançado do bispo, sua coragem e desprendimento, devolveram a liberdade aos escravos. São Dimitrianos é um dos santos bispos mais conhecidos e venerados em Chipre.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Galacião e sua mulher Episteme, mártires (início do séc. IV);
- Ss. Hermas, Patrovas, Lino, Gaio e Filólogo, apóstolos.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 3:8-19;
— Ev.: Lc 12:2-12.
Hieron, Hesykhios, Nikander, Athanasias, Mamant, Barakhios, Kallinikos, Theagenes, Nikon, Longinos, Theodore, Valerios, Xanthos, Theodoulos, Kallimakhos, Eugene, Theodokhos, Ostrykhias, Epiphanios, Maximian, Ducitios, Claudian, Theophilos, Gigantios, Dorotheos, Theodotos, Castrikhios, Anyketos, Themelios, Eutykhios, Hilarion, Diodotos e Amonites.
Estes santos foram martirizados durante o reinado dos imperadores Diocleciano e Maximiano (284-305). O primeiro deles, Hieron de Tyana da Capadócia, cujo pai morreu ainda jovem, foi educado por sua mãe, Stratonoki, tornando-se um jovem gentil e um bom cristão. O mesmo se pode dizer de seus dois irmãos, Matronianu e Antonio. Mesmo tendo adquirido uma educação de elevado nível, ocupava-se com o trabalho agrícola. Os pagãos idólatras depreciavam-no por isso ao passo que, os cristãos sabiam que a Cristo não era vergonhoso o suor do trabalhador humilde.
Quando Dioclesiano iniciou a perseguição aos cristãos, o administrador imperial Agrikolas ordenou a prisão de Hieron, acusado de ensinar aos trabalhadores a fé cristã aos domingos e dias festivos, atraindo assim muitos dos pagãos e idólatras à fé cristã. Com Hieron foram também presos seus dois irmãos e mais 30 de seus colaboradores em suas atividades como pregador do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na prisão foram todos submetidos à cruéis torturas. Finalmente, foram decapitados por causa de sua fé na cidade de Melitina. Um rico e ilustre cristão de nome Chrysanthos resgatou a cabeça do Hieron e de Lyzias e, quando finalmente cessaram as perseguições aos cristãos, construiu uma igreja no lugar onde haviam sido martirizados, pondo ali a venerável cabeça. Os corpos de todos os santos foram secretamente sepultados pelos cristãos. Mais tarde, durante o reinado do imperador Justiniano, durante as obras de construção de uma igreja dedicada a Santa Irene, as relíquias foram descobertas já em estado de degradação.
Outras comemorações do dia:
- S. Lázaro, mon. e taumaturgo († 1054);
- S. Athenodoros, mártir;
- S. Alexandre, mártir de Tessalônica.
Leituras bíblicas:
— Ep.: 2Cor 5: 1-10;
— Ev.: Lc 9: 1-6.
O Arcanjo Miguel
É um dos anjos superiores e está intimamente relacionado com o destino da Igreja. As Escrituras Sagradas nos ensinam que, para além do mundo físico, há um mundo espiritual habitado por seres espirituais, bons e sábios, e que se chamam anjos. Em grego a palavra “anjo” significa Mensageiro. São assim denominados nas Escrituras Sagradas porque Deus, através deles, comunica sua vontade aos homens. Como é a vida dos anjos no mundo espiritual onde habitam, e em que consiste sua missão? Sabemos muito pouco e, ademais, não estamos em condições de compreende-lo. O mundo angelical é muito diferente do nosso mundo material, não se aplicando as noções de tempo e espaço no sentido como entendemos em nosso mundo, bem como, as outras condições existenciais. A prefixo «arc» em «arcanjo», usado para alguns anjos, denotam sua superioridade em relação aos demais seres angelicais. O nome Miguel, em hebraico, significa «Quem como Deus!»
Sempre que nas Escrituras é dito sobre a aparição de anjos aos homens, só de alguns deles são mencionados seus nomes – possivelmente, porque tenham recebido missão especial de consolidar o Reino de Deus na Terra. Entre estes, os Arcanjos Miguel e Gabriel, mencionados nos livros canônicos da Escritura Sagrada, e também os dos arcanjos Rafael, Uriel, Sariel, Jerahmeel e Rachel, nos livros que não fazem parte do cânon das Escrituras. (Canon ou catálogo dos livros sagrados declarados autênticos pela Igreja no século V a. C. Os livros sagrados escritos posteriormente não entraram no cânone e, portanto, são chamados de «não-canônicos») Geralmente, o arcanjo Gabriel aparece como mensageiro de grandes e alegres eventos relacionados ao povo de Deus (Dan 8,16-9,21, Lc 1,19-26). No livro de Tobias o arcanjo Rafael diz de si mesmo: «Eu sou um dos sete anjos que elevam as orações dos santos e estão sempre de pé diante do Senhor». (Tb 12, 15). Daí a certeza de que lá no céu há sete arcanjos, um dos quais é o arcanjo Miguel.
Nas Escrituras Sagradas o arcanjo Miguel é mencionado como o «Príncipe dos espíritos celestiais». Ele aparece como um grande lutador contra o diabo e toda a iniqüidade entre os homens. Daí o seu nome na Igreja de «Príncipe dos espíritos celestiais». Assim o arcanjo Miguel se apresentou a Josué, como ajuda na conquista da Terra Prometida. Ele apareceu ao profeta Daniel durante a queda do reino da Babilônia, e quando teve início a implantação do reino do Messias. A Daniel lhe foi profetizado sobre a ajuda de Deus ao seu povo através do arcanjo Miguel nas futuras perseguições no reinado do Anticristo. No livro do Apocalipse, o arcanjo Miguel é apresentado como o grande defensor do povo de Deus contra o diabo e os outros anjos rebeldes. « E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele» Ap 12,7-9. O Apóstolo Judas faz menção ao arcanjo Miguel como o adversário do diabo. (Jo.5: 13, Dan. Cap.10, 12:1; Ju. 9; Ap.12 :7-9, Lc.10: 18).
Alguns dos Pais da Igreja pensam que, segundo as Escrituras Sagradas, o arcanjo Miguel participou noutros importantes acontecimentos na vida do povo de Deus, mas não mencionam precisamente quais foram. Por exemplo, identificam-no com a misteriosa coluna de fogo que seguia diante do povo hebreu durante a sua fuga do Egito, e que fez afogar o exército do Faraó e derrotar o grande exército assírio que cercava Jerusalém, no tempo do profeta Isaías. (Ex 33, 9; 14,26-28; 2 Reis 19,35).
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Os Anjos de Guarda
Os Anjos são antes de tudo os mediadores das mensagens da verdade Divina, iluminam o espírito com a luz interior da palavra. São também guardiões das almas dos homens, sugerindo-lhes as diretivas Divinas; invisíveis testemunhas dos seus pensamentos mais escondidos e das suas ações boas ou más, claras ou ocultas, assistem os homens para o bem e para a salvação. São Gregório Magno diz, que quase cada página da Revelação escrita, atesta a existência dos Anjos. No Novo Testamento aparecem no Evangelho da infância, na narração das tentações do deserto e da consolação de Cristo no Getsêmani. São testemunhas da Ressurreição, assistem a Igreja que nasce, ajudam os Apóstolos e transmitem a vontade Divina. Os Anjos preparam o juízo final e executarão a sentença, separando os bons dos maus e formarão uma coroa ao Cristo triunfante. Eles os Anjos, são mencionados mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Além de todas essas referências bíblicas, que por si só justificam o culto especial que os cristãos reservam aos anjos desde os primeiros tempos, é a natureza destes “espíritos puros” que estimula nossa admiração e nossa devoção.
Dizia Bozzuet :
“Os Anjos oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer diante de Deus os nossos pensamentos… Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos, intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos.”
Fundamentando a verdade de fé, a Igreja nos diz que cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado ao seu próprio Anjo Custódio, que tem a incumbência de guardá-lo, guiá-lo no caminho do bem, inspirando bons sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo Bem.
Arcanjo Miguel
Miguel, que significa: “Quem como Deus?” é o defensor do Povo de Deus no tempo de angústia. É o padroeiro da Igreja e aquele que acompanha as almas dos mortos até o céu.
Arcanjo Gabriel
Gabriel, que significa “Deus é forte” ou “aquele que está na presença de Deus”, aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria. É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens. É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que todas as gerações hão de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: “Ave, cheia de graça. O Senhor é contigo”.
Arcanjo Rafael
Rafael, que quer dizer “medicina dos deuses” ou “Deus cura”, foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com
Leituras bíblicas:
— Mat.: Mt 18:10-20;
— Ep.: Hb 2:2-10;
— Ev.: Lc 10:16-21.
Nectário: o Santo do afeto e do perdão
Não deixará, a Santa Igreja Ortodoxa de Cristo de gerar santos até o final dos tempos. A Igreja se rejubila pelos santos que se revelam em nossos dias, e hoje, em especial, pelo dulcíssimo néctar da vida virtuosa, o vaso precioso dos dons do Espírito Santo, o fiel e inspirado São Nectário, bispo de Pentápolis. Este homem santo nasceu em 1º de outubro de 1846, em Silibría da Trácia Oriental, recebendo o nome de Anastásio. Seus pais eram Demóstenes Kefalás e Maria. Sua mãe, Maria, era uma fiel devota, e quando Anastásio contava com apenas 5 anos de idade já lhe ensinara o Salmo 50. Quando o menino rezava este salmo, na altura de “ensinarei aos maus os teus caminhos”, ele repetia muitas vezes este versículo como previsse o que Deus lhe estava reservando para mais adiante. Por razões econômicas, concluindo a escola primária e o ciclo básico da escola secundária de sua cidade natal, com 14 anos de idade, mudou-se para Constantinopla, indo trabalhar no comércio de um parente seu, remunerado apenas com a comida e a habitação.
Apesar das condições adversas, encontrou refúgio no estado que foi sua fiel companhia durante toda a sua vida. Os aforismos que julgava úteis para os clientes do comércio ele os escrevia nas embalagens do fumo que lhes vendia. Mais tarde, trabalhou como preceptor num estabelecimento de Constantinopla que pertencia ao Santo Sepulcro, e no qual seu tio exercia o cargo de reitor. Apreciava muito participar dos ofícios religiosos diários, e já sentia uma forte inclinação para a vida monástica.
Em 1868, com 20 anos de idade, deixou Constantinopla indo morar na Ilha de Quíos onde trabalhou como funcionário público e mestre de escola em Liti até 1873, ano em que ingressou no monastério Nea Moni. Após um tempo de noviciado que durou três anos, recebeu a tonsura monástica com o nome de Lázaro. No dia 15 de janeiro de 1877, data de aniversário de seu batismo, foi ordenado diácono pelo metropolita Gregório, de Quíos, recebendo o nome de Nectário. Em Quíos, concluiu a escola secundária, mas, por causa de um terremoto que aconteceu em 1881, viu-se obrigado a transferir-se para Atenas onde presta seus últimos exames na escola de Varvaquios como aluno livre e recebe seu diploma secundário.
Ainda em 1881 viaja para Alexandria, onde é recebido pelo Patriarca Sofrônio, que lhe recomenda estudar na universidade. Isso foi possível graças à ajuda econômica dos irmãos Joremis. Em 1822 ganhou uma bolsa da Fundação A. G. Papadakis. Em outubro de 1885 completou sua formação universitária, diplomado com qualificação de «bom».
Em 23 de março de 1886 foi ordenado presbítero pelo Patriarca Sofrônio de Alexandria. Em 16 de agosto deste mesmo ano foi promovido ao ofício de Grande Arquimandrita e confessor, sendo designado como legado patriarcal do Cairo (Egito). Trabalhou incansavelmente, sem parar e com muita abnegação e, por isso, a Igreja de Alexandria lhe conferiu o grau máximo do sacerdócio. Em 15 de janeiro de 1889 é ordenado Metropolita de Pentápolis, na Igreja de São Nicolau, do Cairo (restaurada mais tarde pelo santo), pelo Patriarca Sofrônio, pelo ex-metropolita Antônio de Corfú e pelo metropolita Porfírio de Sineo. Como metropolita, seguiu cumprindo as mesmas funções, agora, porém, sem nenhuma remuneração por conta da péssima situação econômica do Patriarcado.
Participou ativamente nas celebrações das bodas de ouro no episcopado do Patriarca, seu benfeitor e protetor, que mais adiante se tornaria seu perseguidor.
Recebeu com muita humildade o episcopado e é notável e digno de menção o que dizia ao Senhor em suas orações: «Senhor, porque me elevaste a um tão alto grau e dignidade? Eu só te pedi para poder estudar teologia na escola metropolitana. Desde a minha juventude te pedia para ser um simples trabalhador de tua divina Palavra, e Tu, Senhor, agora me provas com tantas coisas! Porém, eu me submeto, Senhor, à tua vontade, e te suplico que cultives em mim a humildade e as demais santas virtudes, da maneira como me conheces, e faz-me digno de viver todos os dias de minha vida de acordo com as palavras do bem-aventurado Paulo que dizia: ‘Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’». E o Senhor ouviu as preces do humilde bispo. As virtudes deste santo foram divulgadas por todas as partes, e todo comentavam com admiração sobre aquele tesouro com o qual Deus os havia presenteado.
As maquinações do mal, porém, o diabo, não tardou em aparecer. Um grupo de clérigos ambiciosos que se envolveram no entorno do nonagenário patriarca, caluniaram o santo com acusações de que agitava os fiéis com o intento de usurpar o trono de Alexandria. Além disso, sugeriram que o justo Nectário teria incorrido em desregramento moral. Com tudo isso, conseguiram a remoção do santo bispo como legado patriarcal e só lhe era permitido receber alimentos da mesa comum, junto aos demais clérigos. Pouco tempo depois foi expulso do Egito com a alegação de que não havia se adaptado ao clima do Egito. Solicitou, em vão, uma audiência com o Patriarca. Isso deixou os fiéis muito aflitos, pois estavam sendo privado da presença do mais «simpático dos bispos e do melhor e mais ativo dos clérigos».
São Nectário aceitou com humildade esta injusta e amarga prova, agradecido ao Senhor, e partiu do Egito para Atenas em 1889, sem nenhum dinheiro e aflito, a procura de emprego para poder pagar o aluguel da casa que ocupava em Neápolis (Exarquia). Depois de muitos esforços conseguiu que o designassem como pregador na Ilha de Ebea. Em julho de 1893 foi transferido para o departamento de Ftiótida-Fokida, onde trabalhou incansavelmente durante seis meses, causando a todos ótimas impressões. Em março de 1894 foi designado como reitor da Escola Eclesiástica Rizarios, em Atenas. Ali ele se dedicou zelozamente ao trabalho para enraizar no zelo sacerdotal os seminaristas, visando assegurar o futuro ministerial de todos eles, para a reorganização do programa de estudos e para melhorar a dieta e os exercícios físicos dos estudantes. Conseguiu que lhe concedessem quatro bolsas de estudos por ano que destinou aos alunos provenientes da Ásia Menor. Ele, em pessoa, foi um exemplo vivo para os seminaristas. Deus especial ênfase à vida litúrgica, convertendo em centro litúrgico a Igreja de São Jorge de Rizarios, e toda a escola num instituto espiritual, convidando destacadas personagens da ciência para lá dar conferências. Sua oração era o fertilizante mais importante para o florescimento da escola. Paralelamente, exercia seu ministério litúrgico, a pregação, a confissão e a filantropia. Estabeleceu relações com o cura Planás e participava em vigílias na capela de Santo Eliseu onde cantavam dois famosos escritores da literatura moderna, Papadiamentis e Moraitidis.
Em julho de 1898 visitou pela primeira vez o Monte Athos lá permanecendo durante um mês inteiro visitando os monastérios mais importantes. Conheceu, em particular, o Ancião Daniel com quem manteve uma longa amizade. Fez também amizades com Abba Jerônimo Simonopetritis que mais tarde sucedeu São Savas de Kalimnos na direção espiritual do monastério de Éguina. No verão seguinte, agosto de 1898, viajou para Constantinopla e à sua terra natal, Silibría. Teve a oportunidade de venerar a imagem da Virgem de Silibría e a sepultura de seus pais. Em 1904 tornou realidade seu desejo de criar uma comunidade monástica feminina que, inicialmente, era constituída por quatro irmãs. O santo não deixou nunca de guiá-las espiritualmente e de sustentá-las, moral e economicamente. Em 17 de fevereiro de 1908 apresentou sua renúncia da direção da escola de Rizarios por razões de enfermidades. Dali em diante se consagrou à direção das monjas e à construção do monastério em Éguina, ao estudo da Sagrada Escritura e à ajuda espiritual e econômica aos pobres habitantes da ilha. As provações, porém, não haviam terminado. Por diversas razões o reconhecimento canônico do monastério só aconteceu depois de sua morte. Além disso, foi injustamente acusado de imoralidades pela mãe de uma jovem que chegou ao monastério para tornar-se monja. Todas estas provações ele as relevava com absoluta confiança em Deus e, não por acaso, uma de suas tarefas favoritas era confeccionar pequenas cruzes nas quais escrevia: «Cruz, parte de minha vida».
A saúde do santo foi sempre frágil e, no início do ano de 1919, uma infecção na próstata tornou seu estado ainda pior. A pedido das monjas foi internado no dia 20 de setembro no Hospital Areteio de Atenas onde permaneceu internado durante cinqüenta dias. No domingo, 08 de novembro de 1905, próximo da meia noite, entregou, pleno da paz celestial, sua ditosa alma nas mãos do Deus vivo a quem amava desde a sua juventude e a quem glorificou ao longo de toda a sua vida, até a ida de 74 anos. Dos restos mortais do pobre santo exalavam um aroma de celestial fragrância. Nesse mesmo dia seu corpo foi levado a Éguina, para seu pequeno monastério onde se deu o ofício fúnebre e foi sepultado em meio a uma grande afluência de clero e de povo. Sua sepultura foi repetidamente aberta nos anos seguintes e, depois de mais de 20 anos, seu corpo encontrava-se ainda intacto e incorrupto, exalando um perfume indescritível de santidade como um receptáculo do Espírito Santo. Depois, porém, se consumiu inexplicavelmente, por razões que só Deus as conhece, assim como aconteceu também inexplicavelmente muitas outras relíquias de santos até então intactas.
No dia 2 de setembro de 1953 aconteceu a exumação das relíquias do santo pelo metropolita Procópio de Hidra, estando presentes muitos clérigos, monges e monjas, além de uma grande multidão de fiéis. Um perfume indescritível inundava todo o local. Em 1961 foi realizado o solene reconhecimento de sua santidade pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
«Grande é o Senhor nosso, e sua grandeza não tem limite, que glorifica aos que lhe glorificaram», como o anunciou sem desmentir. Com efeito, São Nectário é o santo do século XX. Doce, manso, isento de maldade, humilde, e por tudo isso, recebeu e recebe a graça do Senhor da glória. Que este simpático santo conceda a cada um de nós, em todo tempo e lugar, sua proteção e socorro paternal e salvífico. Amém.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Onesíforo e Porfirio, mártires de Éfeso († ?);
- S. Matrona, abadessa de Constantinopla, mon. (séc. V);
- S. Teoctisto de Lesbos;
- S. Simeão, o tradutor.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Jo 10:1-9;
— Ep.: Ef 5:8-19;
— Ev.: Mt 4:25, 5:1-12.
Os seis santos faziam parte do grupo dos setenta apóstolos do Senhor. As Sagradas Escrituras se refere a eles no capítulo 16 da Epístola de Paulo aos Romanos. A maior parte deles foram Bispos da Igreja de Cristo e se tornaram modelos de prática do Evangelho. «Cuidem, como pastores do rebanho de Deus que está sob vossos cuidados, e sejam exemplos para o rebanho, não por obrigação, nem por interesse por dinheiro, mas por desejo de servir, como quer Deus. Não sejam tiranos com os que estão sob vossos cuidados, mas sejam exemplos para o vosso rebanho. De fato, os cinco apóstolos foram modelos de virtudes. Olimpo e Herodião morreram martirizados por Nero; Sosípatro foi bispo de Icônio e morreu tendo realizado um excelente trabalho pastoral; Tércio tornou-se o segundo Bispo de Icônio. Erasto foi Bispo de Neados e Quarto de Biritu, lutando corajosamente através do ensinamento e da fé, atraindo para fé cristã muitos idólatras de sua época.
Outras comemorações do dia:
- S. Orestes da Capadócia, mártir;
- S. Arsênio da Capadócia;
- S. Gregório, bispo de Assa.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Cor 4:9-16;
— Ev.: Lc 12:48-59.
Durante o reinado do imperador Marco Aurélio (anos 161-180) na cidade de Damasco, na Síria, um cristão de nome Victor, nascido na itália, desempenhava o ofício de guerreiro. Quando o imperador ordenou a perseguição aos cristão, o chefe do exército, Sebastião, exigiu de Victor que abjurasse sua fé em Cristo e oferecesse sacrifício aos ídolos locais. «És um guerreiro imperial e, como tal, é teu dever cumprir suas ordens», disse Sebastião. «Não», respondeu Victor. «Agora sou guerreiro do Rei Celestial e somente a Ele devo obediência, e desprezo aos repugnantes ídolos». Sebastião, ouvindo isto, deu ordens para que Victor fosse submetido a torturas. Os carrascos quebraram tão os dedos das mãos e pés de Victor. Durante as torturas que sofria São Vitor rezava a Deus e, corajosamente, suportava todos os sofrimentos que lhe impunham as torturas. Posteriormente, os carrascos obrigaram Victor a comer uma carne envenenada por um bruxo. Depois de rezar e abençoar aquela carne, o mártir Victor a comeu sem que nenhum mal lhe causasse.
Todos ficaram impressionados com o milagre. Cumpriu-se, portanto, o que o Senhor havia prometido aos seus discípulos: «E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão». O feiticeiro, vendo que o veneno que havia introduzido no alimento nenhum mal causara a Victor, abandonou suas crenças abraçando a fé cristã. Ele, melhor que ninguém, compreendia que nenhuma força terrena poderia neutralizar seu mortal veneno. Victor, então, foi submetido a torturas ainda mais cruéis. Stefania, esposa de um dos guerreiros que torturavam Victor não suportou mais olhar os sofrimentos que aquele mártir de Cristo suportava e começou a interceder por ele. Os carrascos, enlouquecidos pelo sangue, em vez de parar se enfureceram ainda mais com a intervenção de Stefania, vendo nela a sua nova vítima. Amarraram-na a duas palmeiras inclinadas e a fizeram em pedaços. Assim morreu Stefania, na flor de sua juventude, quando contava apenas 15 anos de idade. Depois, os torturadores seguiram torturando Victor até, finalmente, ser decapitado. Os santos mártires Victor e Stefania foram martirizados por amor a Cristo no ano 175. Antes de sua morte, Victor predisse aos torturadores que morreriam em 12 dias, e ao chefe do exército imperial, que o fariam prisioneiro em 24 horas. E assim se deu.
Outras comemorações do dia:
- S. Teodoro Estudita, mon. († 826);
- S. Bartolomeu de Rossárto, mon. (it.-gr. † 1065 em Grottaferrata);
- S. Vicente, o novo mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Cor 4:6-15;
— Ev.: Lc 13:1-9.
Entre os discípulos de São João Crisóstomo havia um, de nome Nilo, que ocupava um alto cargo em Constantinopla. Era casado e tinha dois filhos. Quando estes já se encontravam crescidos, Nilo sentiu-se fortemente chamado à vida eremítica, entrando em acordo com sua esposa para que ambos deixassem a vida do mundo. Seu filho, Teódulo, partiu com ele e se estabeleceram junto aos monges de Monte Sinai. Daí, Nilo escreveu cartas de protesto ao imperador Arcádio quando este ordenou o desterro de São João Crisóstomo de Constantinopla. Tempos mais tarde, os árabes saquearam o monastério, mataram muitos monges sinaítas, levando como prisioneiro seu filho Teódulo. Nilo então os seguiu na esperança de poder resgatar seu filho. Finalmente o encontrou em Eleusa, ao sul de Beersheba, já que o bispo desta cidade, compadecido da sorte de Teódulo, o comprara dos árabes, dando a ele trabalho na igreja. O bispo de Eleusa conferiu a ordenação sacerdotal a Nilo e ao seu filho, antes que partissem de volta ao Monte Sinai.
São Nilo tornou-se bastante conhecido por seus escritos teológicos, bíblicos e, sobretudo, pelos escritos ascéticos que são atribuídos à sua autoria. Em seu Tratado Sobre a Oração recomenda-nos que peçamos a Deus, antes de tudo, o dom da oração, e que supliquemos ao Espírito Santo que Ele faça brotar em nosssos corações os desejos que lhes são irresistíveis; recomenda-nos ainda que peçamos a Deus que se faça a Sua vontade da forma mais perfeita possível. Às pessoas que vivem no mundo, Nilo prega a temperança, a meditação sobre a morte e a obrigação da caridade.
São Nilo sempre esteve pronto a comunicar aos outros os seus conhecimentos ascéticos. As suas cartas, que foram conservadas, mostram quão longe havia chegado na vida interior e no estudo da Sagrada Escritura, e quão frequentemente recorriam a ele pessoas de todas os níveis sociais, para buscar orientação espiritual. Uma dessas cartas constitui a resposta de São Nilo ao prefeito Olimpiodoro, ele que havia construído uma igreja e queria saber se podia adorná-la com mosaicos com temas profanos, cenas de caça, imagens de pássaros, animais e outras coisas assim. São Nilo reprovou a idéia e aconselhou Olimpiodoro a colocar cenas do Antigo e do Novo Testamento para «instruir aqueles que não sabem ler». Acrescentou que deve haver apenas uma cruz, situada no ponto principal da igreja. São Nilo escreveu um tratado inteiro para demonstrar que a vida de eremita é melhor do que a dos monges que vivem em comunidade (vida cenobítica), nas cidades, mas também constata que os eremitas têm as suas dificuldades e provações próprias. O santo era experimentado nisso, já que havia enfrentado violentas tentações, prturbações e assaltos dos espíritos maus. São Nilo escreveu a certo «Etilita» que o seu retiro para o alto lhe havia sido indicado pela soberba: «Quem se exalta será humilhado».
II – São Nilo, Asceta
São Nilo do Sinai é também conhecido como São Nilo, o Asceta, São Nilo, o Velho e São Nilo, o Sábio.
Era um oficial bizantino e parece que foi um prefeito pretoriano. Casado e pai de dois filhos. Quando os filhos cresceram, Nilo e esposa concordaram em se separarem e levar uma vida dedicada a Deus. Ele foi monge no Monte Sinai com o seu filho Teódulo. Após alguns anos no Monte Sinai, os árabes raptaram Teódulo. Nilo saiu a sua procura e o encontrou em Eleusa, na Palestina, onde o Bispo tinha resgatado Teódulo da escravidão e o colocou como porteiro da sua igreja. O bispo ordenou a ambos e ele retornou ao Sinai. Notável conhecedor de assuntos teológicos e autor de vários livros, seus escritos influenciaram a Igreja Oriental. Bispo de Ancyra, (hoje Ankara – Turquia) amigo e conselheiro de São João Crisóstomo, nasceu no 4° século em Bizancio, e faleceu no ano 430 de causas naturais.
A Profecia atribuida a São Nilo
Antes de apresentarmos essa Profecia, é bom fazer algumas considerações iniciais, para que a sua simples leitura não seja superficial, nem passem desapercebidas as coisas e acontecimentos que ela nos revela. Essa profecia tem mais de 1570 anos, o que equivale a mais de XV séculos e meio, e é de estilo Apocalíptico.
Humanamente falando, é absolutamente impossível que um homem, sem a ajuda de Deus, possa conhecer o futuro, dizendo, com incrível precisão, as coisas que estão por acontecer. A indicação da época em que esta viria realizar-se e a sua realização revela a sobrenaturalidade da profecia, ou seja, faz-nos ver que foi Deus que falou, afastando, assim, a argumentação de que sua realização seja apenas uma mera coincidência, ou fruto de uma interpretação comodata dos textos proféticos da Bíblia. A predição da época, e a sua realização, é um testemunho que faz brilhar a onisciência de Deus, e sinal de que a Profecia não veio do homem, mas de Deus. Ora, nem o homem e, segundo a teologia, nem os Anjos e nem os Demônios podem conhecer, com certeza, o que irá acontecer, porque têm a inteligência limitada. Deus, porém, pode conhecer, com certeza, o que irá acontecer, num futuro próximo ou longínquo, porque sua inteligência é ilimitada, ou seja, compreende tudo: o presente, o passado e o futuro. A inteligência do homem mau compreende o presente; a do Anjo compreende o presente e o passado; e tanto um como o outro, não podem, de maneira absoluta, conhecer o futuro. Portanto, a Profecia de São Nilo, que trás a compreensão exata de coisas futuras, que viriam acontecer XV séculos depois de sua predição, só pode ter a Deus por autor. Deus quis, por meio dessa Profecia, assistir à sua Igreja, nestes tempos conturbados pelo qual ela está passando, porque essa Profecia é um Dom do Espírito Santo, o qual foi prometido aos Apóstolos para guiar toda a Igreja no caminho da verdade como tal, conforme disse nosso Senhor Jesus Cristo:
“Quando vier, porém, o Espírito de verdade, ele vos guiará no caminho da verdade integral, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-se-vos-á as coisas que estão para vir.” (Jô. 16, 13). As “coisas que estão para vir” são todas aquelas “coisas” que foram profetizadas por nosso Senhor Jesus Cristo, pelos Profetas e pelos Santos Apóstolos, ou seja, as “coisas que estão para vir” são as Profecias que dizem respeito ao final dos tempos e sobre a aparição do Anticristo.
A Profecia de São Nilo anuncia, de maneira extraordinária, o tempo em que os sinais da Parusia, profetizados por nosso Senhor Jesus Cristo e pelos Santos Apóstolos, viriam acontecer. Embora a Profecia de São Nilo indique a época de sua realização, isto não contradiz em nada o que está escrito: “Mas, quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os Anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai”. (Mt. 24, 36). Não contradiz, porque a Profecia indica o século que se inicia, e não o dia e a hora, em que os sinais ali descritos viriam acontecer, como anúncio da aparição do Anticristo e do fim dos tempos.
A Vinda do Anticristo
Depois do ano 1900, por meados do século XX, as pessoas desse tempo tornar-se-ão irreconhecíveis … Quando se aproximar o tempo da vinda do Anticristo, a inteligência dos homens será obscurecida pelas paixões carnais: a degradação e o desregramento acentuar-se-ão. O mundo, então, tornar-se-á irreconhecível. As pessoas mudarão de aparência, e será impossível distinguir os homens das mulheres, por causa do atrevimento na maneira de se vestir e na moda de seus cabelos. Essas pessoas serão desumanas e como autênticos animais selvagens, por causa das tentações do anticristo. Não se respeitará mais os pais e os mais idoso. O amor desaparecerá. E os pastores cristãos, bispos e sacerdotes, serão homens frívolos, completamente incapazes de distinguir o caminho à direita, ou à esquerda. Nesse tempo as leis morais e as tradições dos cristãos e da Igreja mudarão. As pessoas não praticarão mais a modéstia e reinará a dissipação! A mentira e a cobiça atingirão grandes proporções, e infelizes daqueles que acumularão riquezas! A luxúria, o adultério, a homossexualidade, as ações secretas e a morte serão a regra da sociedade. Nesse tempo futuro, devido o poder de tão grandes crimes e de uma tal devassidão, as pessoas serão privadas da graça do Espírito Santo, recebida no seu batismo, e nem sequer sentirão remorsos. As Igrejas serão privadas de pastores piedosos e tementes a Deus, e infelizes dos cristãos que restarem sobre a terra, nesse momento! Eles perderão completamente a sua Fé, porque não haverá quem lhes mostre a luz da verdade. Eles se afastarão do mundo, refugiando-se em lugares santos, na intenção de aliviar os seus sofrimentos espirituais, mas, em toda a parte, só encontrarão obstáculos e contrariedades. Tudo isto resultará do fato de que o Anticristo deseja ser o senhor de todas as coisas, e se tornar o mestre de todo o Universo. Ele realizará milagres e sinais inexplicáveis. Dará também a um homem sem valor uma sabedoria depravada, a fim de descobrir um modo pelo qual um homem possa ter uma conversa com outro, de um canto ao outro da terra. Nesse tempo, os homens também voarão pelos ares como os pássaros, e descerão ao seio do oceano como os peixes. E quando isso acontecer, infelizmente, essas pessoas verão as suas vidas rodeadas de conforto, sem saber, pobres almas, que tudo isso é uma fraude de Satanás. E ele, o ímpio, inflará a ciência da vaidade, a tal ponto que ela se afastará do caminho certo e conduzirá as pessoas à perda da Fé na existência de Deus, de um Deus em Três Pessoas…
Então, Deus, infinitamente Bom, verá a decadência da raça humana, e abreviará os dias, por amor do pequeno número daqueles que deverão ser salvos, porque o Inimigo desejaria arrastar mesmo os eleitos à tentação, se isso fosse possível. Então a espada do castigo aparecerá de repente e derrubará o corruptor e seus servidores.” (Bibl. Sanctorum, v. IX, p. 1008.).
Se compararmos a Profecia de São Nilo com todas as Profecias Bíblicas, de estilo apocalíptico, notaremos uma identidade de idéias muito profundas, de forma que elas se compreendem e se completam. As profecias Bíblicas que tratam sobre o “Fim dos Tempos” e sobre a “Vinda do Anticristo”, descrevem de forma extraordinária todos os sinais que acontecerão naqueles dias, mas só que não revelam o tempo exato em que estas coisas viriam a se realizar, ao passo que São Nilo, ao tratar sobre o mesmo assunto, indica o tempo em que tudo isso viria a acontecer. Por isto a Profecia de São Nilo torna-se uma interpretação divina e profética das Escrituras.
(Fonte: Servos da Rainha).
Outras comemorações do dia:
- S. João Esmoler, o Misericordioso, Patriarca de Alexandria († 619);
- S. Martin, bispo de Tours;
- S. Nilo, Asceta de Monte Sinai;
- S. Leondos Styppi, Patriarca de Constantinopla.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Cor 9:6-11;
— Ev.: Mt 5:14-19.
São João Crisóstomo nasceu na cidade de Antioquia, cresceu no meio da multidão sem se deixar contaminar por ela. Conheceu os pobres e desafortunados e soube amá-los como eram. Sua família era culta e possuía muitos bens. O pai de João, oficial de alto nível, morrera jovem. Desde criança foi educado pela mãe, mulher admirável que, aos vinte anos, sacrificou sua juventude, renunciou a novas núpcias, para dedicar-se inteiramente a seu filho. João recebeu o Batismo mais ou menos aos dezoito anos de idade. Concluídos de forma brilhante os seus estudos de cultura geral, retórica e filosofia, renunciou a uma carreira que se apresentava promissora para receber as ordens menores. Quis partir para o deserto, mas sua mãe, que por ele sacrificara tudo, não lho permitiu. Fugiu, então, da agitação de Antioquia e estabeleceu-se fora das portas da cidade, a fim de encontrar a paz, consagrando-se à ascese e ao estudo bíblico. Antioquia era um centro teológico de grande reputação. João aprende lá de forma brilhante a exegese bíblica.
Depois passou a viver nas montanhas entre monges uma vida austera a ponto de prejudicar sua saúde. Após algum tempo nas montanhas, achou-se preparado para enfrentar a ação missionária. O amor aos outros, mais do que sua saúde abalada, fê-lo voltar a Antioquia, onde o bispo Melécio o ordenou diácono, em 381..
Escreveu aos 34 anos o tratado sobre o Sacerdócio, que é conhecido e estudado até os nossos dias. Com 39 anos foi ordenado padre. Consagrou-se à pregação, substituindo o bispo, nas homilias pois esse era pouco dotado para falar.
Durante doze anos, pregou ao povo contra o paganismo e tinha esperança de transformá-lo em gente de fé cristã. É dele a frase: “Basta um só homem, para reformar todo um povo.”
Sua tarefa era séria. Precisava denunciar os abusos existentes no interior da Igreja e na sociedade; defender os pobres, clamar contra as injustiças sociais. Manteve ainda uma intensa atividade literária, respondendo a todos os que lhe pediam conselho.
A maioria de suas homilias era comentários a respeito do Antigo e o Novo Testamento : explicou o Gênesis, comentou Isaías e os Salmos. O que fazia com mais agrado era pregar sobre o Evangelho. Comentou longamente o de Mateus e o de João. São Paulo era seu autor preferido: sentia afinidade com o Apóstolo dos gentios. Cognominaram-no de o “novo Paulo”.
Resta-nos, de João Crisóstomo, uma série de catequeses batismais, que preparavam os catecúmenos para o batismo. As últimas foram reencontradas em 1955, no monte Atos. João Crisóstomo era um orador nato e igualmente um moralista que analisava os segredos do coração em profundidade e com rara psicologia. O povo de Antioquia sabia que João só repreendia para corrigir e para converter.
Inúmeras vezes João tomou a defesa dos pobres e dos infelizes, dos que morriam de fome e sede. Com veemência, João-Boca-de-Ouro ergueu sua voz contra os flagelos sociais, o luxo e a cobiça. Lembrou a dignidade do homem, mesmo pobre, e os limites da propriedade. Dizia: “Libertai o Cristo da fome, da necessidade, das prisões, da nudez.”
A fama de João ultrapassava as fronteiras de Antioquia e chegava à nova capital do império. Em 397, o bispo da capital, Nectário, que sucedera a Gregório Nazianzeno, acabava de morrer. Intimado a comparecer à Capital do Império, foi eleito o Bispo de Constantinopla, a Sé do Oriente. João começou uma grande reforma, desembaraçando a casa episcopal do luxo, fazia suas refeições sozinho e acabou com as recepções suntuosas. Reformou as ordens de vida dos clérigos e dos monges, organizou a Reforma Litúrgica com a preocupação de levar Deus aos homens pela Divina Liturgia.
O texto da Divina Liturgia (Santa Missa) que toda a Igreja Ortodoxa celebra em todo o mundo, é conhecida como sendo de São João Crisóstomo.
Empreendeu a evangelização das zonas agrícolas e esforçou-se para trazer à ortodoxia aos pagãos, que eram numerosos na região. Combateu as seitas heréticas com intransigência e rudeza.
Em 402, São João Crisóstomo foi deposto e exilado acusado de não coadunar os interesses da Igreja com as do Império. O bispo foi detido em sua catedral, durante a celebração pascal. Depois de uma palavra de despedida, João deixou a sua igreja que jamais haveria de rever. O exílio foi penoso. João foi enviado para uma aldeia, Cucusa, na fronteira com a Armênia.
A saúde do bispo achava-se enfraquecida. O clima era duro e desfavorável para o seu estado. A maior parte de suas cartas data dessa época. Este homem atingido em cheio pela provação procurou mais consolar do que ser consolado.
No sofrimento, pensava nos outros. Finalmente morreu, no dia 14 de setembro de 407, festa da Exaltação da Santa Cruz. Suas últimas palavras foram: “Glória a Deus por tudo.”
Os contemporâneos descrevem-nos João Crisóstomo como um homem de estatura baixa, de rosto magro, de testa enrugada, de cabeça calva. Tinha voz fraca. As austeridades comprometeram definitivamente sua saúde. Não falava para ser escutado, falava para instruir, exortar, reformar, preocupado com o combate aos costumes pagãos e com a instauração da moral do Evangelho. Era um reformador, um missionário. Se não era um teólogo original, era um pastor incomparável. Sua pregação desempenhou na liturgia bizantina o mesmo papel que a de Agostinho no Ocidente. Ele foi lido, copiado, traduzido, imitado. De todos os Padres da Igreja, São João Crisóstomo é aquele cuja pregação menos envelheceu. Sua pregação moral e social parece escrita hoje.
A honra da Igreja consiste em contar com homens, como João Crisóstomo, que não pactuaram com o poder, com o dinheiro, e que souberam tomar o partido dos pobres. Toda a fé deste homem exprime-se em sua palavra. E esta palavra vive sempre.
* * *
São João Crisóstomo é considerado o príncipe dos oradores da Igreja, recebeu o cognome – Crisóstomo, ―Boca de Ouro‖, do grego antigo chrysos=ouro e Stoma=boca, é também reconhecido como um exegeta, um moralista e reformador genial, um grande pedagogo, um defensor da justiça diante das arbitrariedades do despotismo, um bispo exemplar, um pai dos pobres que pregou pela palavra e pelo exemplo, e um mártir da verdade.
João nasceu em 344 na cidade de Antioquia, seu pai chamava-se Secundo, ostentava o título de Magister Militum Orientis (general dos exércitos do Oriente), morreu pouco depois do nascimento de João. Coube a sua mãe de nome Antusa, viúva aos 20 anos de idade, a missão de criá-lo junto com a irmã mais velha. João aprendeu com a mãe a doutrina cristã, e a Sagrada Escritura serviu-lhe de silabário para as primeiras letras. Quando contava com dezesseis anos começou a freqüentar os Centros de Ensino, assistiu aulas de filosofia com Andragácio. Na disciplina de retórica, que na época dava uma formação jurídica, foi aluno de Libânio. João exerceu a profissão de advogado dos 20 aos 25 anos.
No ano de 370, João abandonou a profissão forense e recebeu o batismo das mãos do bispo de Antioquia, Melécio que o confiou à orientação de Diodoro, um erudito, mais tarde, bispo de Tarso, que dirigia uma ―escola de ascetas‖, dedicado ao estudo da Sagrada Escritura. Diodoro conferiu-lhe a ordem de leitor, o que equivalia a torná-lo clérigo, e confiando-lhe a guarda dos rolos da Bíblia.
Após a morte da mãe, por volta de 374, João pôs em prática enfim o seu projeto longamente acalentado de retirar-se para um Mosteiro localizado na montanha nas proximidades de Antioquia, antes, porém, liquidou todo o seu patrimônio, vendendo e distribuindo entre os pobres. Por quatro anos ficou no Mosteiro, sob a direção de Syro, um monge ancião. Sentindo crescer em si a sede de solidão, o jovem monge retirou-se ainda mais para dentro das montanhas, até uma gruta isolada, vivendo por dois anos em absoluta solidão. Neste retiro João escreveu alguns dos seus mais belos livros. Certo dia, ao acordar, percebeu que tinha ambas as pernas paralisadas e teve de arrastar-se até o eremitério vizinho, onde foi socorrido, viu-se, pois, obrigado a contragosto a suspender aquele gênero de vida e a regressar a Antioquia. Capital da Síria, segunda maior cidade do Império Oriental. Estima-se que no século IV sua população beirava os trezentos mil habitantes. Foram cinco anos de repouso e convalescença para que se repusesse do seu esgotamento físico devido a experiência monástica. Período que serviu a Igreja como diácono e enriqueceu as letras cristãs com mais alguns livros, sua obra intitulada Tratado sobre o Sacerdócio, dividida em seis volumes, já no ano de 386, corria de mão em mão e o nome do seu autor de boca em boca. O bispo de Antioquia, Flaviano, ordena-o presbítero e o nomeia mestre de pregadores, pois passava a fazer as vezes do bispo nessa função.
Doze anos durou seu magistério, João impôs a sua personalidade àquele mundo empanturrado de novidades, ressoava agora pela cidade uma palavra que reunia em sumo grau os dons do pedagogo, a palavra fluida, veemente, colorida, dotada do ardor da mais viva paixão e as iluminações do doutor. Em 387 a fama do presbítero João haveria de aumentar ainda mais, aureolando-se com a fama de salvador. O episódio foi conseqüência de um grande motim ocorrido em Antioquia devido a ordem do imperador Teodósio para que a população pagasse tributos extraordinários. O governador Tisameno ordenou uma sangrenta repressão, os cidadãos voltaram-se para o presbítero João, já não apenas porque o admiravam, mas porque viam nele a tábua de salvação. João rogou ao bispo Flaviano que se dirigisse a Constantinopla para interceder diretamente diante do imperador, e preparou o discurso que o prelado deveria ler, deu-lhe instruções precisas sobre o modo de agir, o eixo principal era uma alusão à glória imperecedoura e à grandeza do perdão: ―É fácil ao amo castigar uns súditos rebeldes; mas é raro e difícil perdoá-los. Se o fizerdes, dareis um grande exemplo aos séculos sem fim‖. O imperador decretou uma anistia geral a todos os implicados, e mal chegou aos ouvidos dos antioquenhos o perdão imperial, a alegria transbordou por toda a cidade, quando as prisões se abriram, os cativos caíram numa multidão de braços que os esperavam e foram passeados em triunfo com clamores de júbilo, uns e outros se abraçavam pelas ruas sem se conhecerem; banquetes e várias manifestações sucediam. João deu um glorioso arremate ao incidente com um sermão em que entoou um hino de ação de graças a Deus e tirou de todo o acontecido uma preciosa lição moral: ―Não esqueçais, se sois cristãos, que vossa pátria não se encontra na terra.
Toda essa fama não podia deixar de chegar à capital do Império Bizantino. Quando vagou a sede de Constantinopla, devido ao falecimento do patriarca Néctário em 397, apareceram logo o biógrafo de João Crisóstomo. Apesar de vários pretendentes, da difícil missão de convencê-lo aceitar o episcopado e por última barreira, conseguir que o povo de Antioquia concordasse em perder o seu ídolo. Na primavera, 26 de fevereiro de 398, João foi apresentado aos sufrágios do clero local e dos fiéis e sagrado bispo de Constantinopla. Ao tomar posse da residência episcopal, desterrou dali, todo o luxo, mandou vender os tesouros e aplicou o produto com os pobres: o dinheiro reunido com a venda da tapeçaria foi destinado à construção de um hospital; o dos móveis, candelabros, banheiras de mármore, espelhos e quadros, à de um albergue para peregrinos; e a cozinha com todas as instalações, foi para um asilo, por fim, a cama de seda, veludo e madeiras exóticas seguiu o destino do resto do mobiliário, sendo substituída por um leito de taboas com um único cobertor. Quando o pessoal do serviço ousou recordar-lhe que o patriarca de Constantinopla era o segundo bispo mais importante do mundo, e devia por isso respeitar o protocolo, recebendo altas personalidades e o próprio casal imperial, João respondeu-lhes que sua função não era a de estalajadeiro, mas médico e pai espiritual. E dispençou a todos. Também chamou a si o controle do erário eclesiástico. As receitas vultuosas, eram por vezes mal destinadas, quer por incúria, quer por má vontade administrativa. Essa atitude granjeou-lhe alguns inimigos, mas permitiu-lhe dispor de somas respeitáveis para organizar as suas obras de caridade. A residência episcopal ficou reduzida a uma pobreza cenobítica, a única obra de arte, que mereceu graças aos seus olhos foi um retrato de São Paulo. Relativamente às refeições, atinha-se aos mesmos dos tempos de eremita: legumes, que preparava sozinho ou com ajuda de algum monge. Empregava o seu tempo em cumprir os seus deveres. Umas vezes, no altar, no enevoado cume dos mistérios divinos, proferindo com lágrimas as palavras da consagração; outras, na tribuna, desempenhando as funções de doutor e de profeta, numa gama que ia da conversação familiar à inspiração arrebatada; outras ainda, nas prisões, que visitava com freqüência, levando pão e consolo aos presos, ou nos tugúrios dos miseráveis; algumas vezes na casa dos magnatas e dos poderosos para interceder por um escravo, ou por algum devedor garroteado pela usura. È verdade que investir contra os ricos era um dos temas prediletos do pregador, mas João não condenava nem a riqueza nem o capital; unicamente assinalava os abusos. ‖Não pretendo afirmar que a riqueza seja um pecado – afirma numa das homilias -; pecado é não ajudar os pobres e fazer mal uso delas – […] As riquezas não são um mal; mal é a estreiteza do espírito que transforma o rico em avarento.
Porém os seus inimigos iam se infiltrando por toda parte, dois eram os principais Teófilo, patriarca de Alexandria, conhecido como ―o faraó eclesiástico‖ movido pela paixão da inveja, o luminar da igreja de Santa Sofia feria-lhe os olhos e também não achava razoável que a Igreja de Alexandria, que remontava ao Evangelista Marcos, tivesse de tratar de igual para igual a de Constantinopla, nascida na véspera. E o mais terrível dos inimigos, a imperatriz Eudoxia que recebia censuras públicas pelo seu comportamento. A imperatriz e o patriarca conspiraram para eliminá-lo. Num povoado dos arredores de Calcedônia conhecido como ―o Carvalho‖ reuniram-se uma trintena de bispos egípcios como se estivesse montado um concílio e tendo o apoio do imperador julgaram o bispo João, impondo-lhe as mais sórdidas calúnias. Encerrando o conciliábulo do Carvalho dirigiram a carta ao imperador: ―….as acusações o tornam culpado do crime de lesa-majestade, de modo que Vossa Majestade deve desterrar o culpado… ) Na Semana Santa de 404 João Crisóstomo foi preso dentro da Igreja de Santa Sofia pelo exército imperial, quando celebrava a cerimônia de batizado de algumas centenas de catecúmenos vestidos de branco. Houve resistência dos fiéis. O historiador Sozomeno escreveu: ―as águas da regeneração dos homens tingiram-se de vermelho com o sangue humano‖. João foi levado para o exílio, o ponto de destino era Cucuso, um misérrimo vilarejo perdido num dos inúmeros recôncavos da cordilheira do Tauro na Armênia. Foram três anos e três meses de sofrimento e privações convivendo em terras cercadas por povos bárbaros e assassinos, o clima frio e a altitude de mais de 1400 metros, foram debilitando a já frágil saúde de João, e no dia 13 de setembro de 407 seu coração parou de bater. A notícia da morte propagou-se por todo o Império com uma velocidade insólita para a época. Juntamente com a notícia do falecimento, começaram a conhecer-se os antecedentes e a circunstâncias que o tinham acompanhado, o que suscitava o mais amargo juízo sobre o Império e os seus dirigentes. O bispo de Roma Papa Inocêncio escreveu ao imperador Arcádio uma epístola serena e firme: ―…atreveste-te a levantar uma violenta perseguição contra Deus e a sua Igreja. Antes que a sua causa fosse julgada, expulsaste do seu trono episcopal um grande doutor do universo, e na sua pessoa perseguiste o próprio Jesus Cristo …..Por esta causa, eu, a quem foi confiada a Cátedra do grande Apóstolo apesar da minha vileza e dos meus pecados, te separo e te rechaço da participação nos imaculados Sacramentos de Cristo nosso Deus, e não somente a ti, mas a todos os bispos e clérigos de qualquer grau que dispuserem a administrá-los a ti à reveria das nossas proibições.‖ Passado mais de 1600 anos de sua morte, as suas palavras e obras se mantêm vivas, não apenas nos países do Oriente, mas no continente Europeu e em terras jamais imagináveis pelo filho de Antioquia; o continente da América do Sul onde há Igrejas que celebram a Santa Liturgia de Rito Bizantino no modelo de São João Crisóstomo. ―Todo o mundo se empenha em que os filhos sejam instruídos nas artes, nas letras e na eloqüência, mas a ninguém ocorre pensar em como exercitar-lhes a alma (….) antes de mais nada, eduques bem vossos filhos.
Outras comemorações do dia:
- S. Damasceno do Monte Athos;
- S. Anthousa, a Mãe de São João Crisóstomo.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Jo 10:1-9;
— Ep.: Hb 7:26-28;8:1-2;
— Ev.: Jo 10:9-16.
Filipe era um dos doze Apóstolos. Todos os evangelistas fazem referência a ele, porém, São João o citou mais que os outros, provavelmente, porque fosse amigo muito próximo de Filipe. Os textos evangélicos mostram que Filipe teve contato São João Batista; talvez até tenha sido um de seus discípulos e tenha ouvido da boca de João: «Eis aqui o Cordeiro de Deus!» [Jo. Santo do dia, Synaxarion, Hagiografia, Santos, São Filipe apóstolo, Santo André, 36].
Outros dos discípulos de Jesus era André, o Primeiro Chamado, conforme reconhece a Tradição. Ambos, Filipe e André, juntos, como nos revelam os capítulos 6 e 12 do evangelho de São João; mais provavelmente é que ambos fizessem parte de um grupo que estudava as Leis e os Profetas, e discutiam sobre o perfil do Messias esperado. Natanael também pertencia a este grupo, pois Filipe, ao encontrar o Senhor, foi ao seu encontro para dizer-lhe:
«Aquele sobre o qual escreveu Moisés na Lei e também os Profetas, nós o encontramos: Jesus, o filho de José…»
O caráter de Filipe, como é manifestado no Evangelho segundo São João, em certo sentido, parece ao de Tomé: um homem tranqüilo, espontâneo, prático, que buscava fazer sua própria experiência e ser convencido mais pelo toque que pelas palavras. Tanto é que, quando Jesus falava aos discípulos acerca do Pai que «…desde agora o conheceis, e o tendes visto»… Filipe disse: «Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta»… Mas, Jesus o repreendeu, orientando a sua fé: «Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?»
A respeito de sua pregação depois da Ascensão de Senhor e de Pentecostes, a Tradição nos informa que esteve pregando na Ásia Menor, junto com Bartolomeu, tendo alcançado lá tanto êxito a ponto de converter a própria esposa do governador da Ásia. Furiosos, os pagãos o tomaram, arrastando-o pelas ruas da cidade e, finalmente, o crucificaram com a cabeça voltada para o chão. Seu martírio aconteceu nos anos 80 da era cristã. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas à Roma.
Pelas intercessões do Apóstolo São Filipe, Senhor Jesus Cristo nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos!
Outras comemorações do dia:
- S. Gregório Palamás, arcebispo de Tessalônica;
- S. Grande Mártir Constantino de Hydra;
- Ss. Justiniano, o Imperador e sua esposa Teodora.
Leituras bíblicas:
— Ep.: 1Cor 4: 9-16;
— Ev.: Jo 1: 43-51.
Os santos Gorias e Samonas foram presos durante a perseguição de Diocleciano. Como eles se recusassem a render sacrifícios aos deuses pagãos, foram pendurados pelas mãos com pesos amarrados aos pés. Depois, passaram três dias no interior de um horrível calabouço, sem comer ou beber. Quando foram retirados de lá, Gorias estava agonizante. Samonas foi cruelmente torturado mais uma vez, mas permaneceu firme na fé. Ambos morreram decapitados. Mais tarde, um diácono de Edessa de nome Habib, escondeu-se durante a perseguição de Licínio, mas finalmente se entregou para também ganhar a coroa do martírio. O magistrado perante o qual compareceu, fez a tentativa de convencê-lo a abjurar a fé e, em troca, escapar com vida, mas Habib se recusou a isso, sendo por isso condenado à fogueira. Sua mãe e outros parentes acompanharam até o local da execução. Os carrascos deram permissão para que se desse o beijo da paz entre eles, antes de serem atirados às chamas.
Os cristãos recolheram depois o corpo do mártir, que o fogo não havia consumido, e sepultaram-no num local próximo de seus companheiros e amigos Gorias e Samonas. As relíquias desses mártires estão conservadas num dos dois principais santuários de Edessa, na Síria
Outras comemorações do dia:
- Início do jejum em preparação à Natividade do Senhor;
- Ss. Gorias (Esl.: Gurij), Samonas e Habib, mártires e confessores de Edessa (início do séc. IV);
- S. Tomé, arcebispo de Constantinopla.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Col 2:13-20;
— Ev.: Lc 14:1, 12-15.
Na época em que a Palestina era apenas uma província romana, os impostos cobrados eram onerosos e pesavam brutalmente sobre os ombros dos judeus. A cobrança desses impostos era feita por rendeiros públicos, considerados homens cruéis, sanguessugas, verdadeiros esfoladores do povo. Um dos piores rendeiros da época era Levi, filho de Alfeu, que, mais tarde, trocaria seu nome para Mateus, o «dom de Deus». Um dia, depois de pregar, Jesus caminhava pelas ruas da cidade de Cafarnaum e encontrou com o cruel Levi. Olhou-o com firmeza nos olhos e disse: «Segue-me». Levi, imediatamente, levantou-se, abandonou seu rendoso negócio, mudou de vida, de nome e seguiu Jesus. Acredita-se, mesmo, que tal mudança não tenha realmente ocorrido dessa forma, mas sim pelo seu próprio e espontâneo entusiasmo no Messias. Na verdade, o que se imagina é que Levi havia algum tempo cultivava a vontade de seguir as palavras do profeta e que aquela atitude tenha sido definitiva para colocá-lo para sempre no caminho da fé cristã.
Daquele dia em diante, com o nome já trocado para Mateus, tornou-se um dos maiores seguidores e apóstolos de Cristo, acompanhando-o em todas as suas caminhadas e pregações pela Palestina. São Mateus foi o primeiro apóstolo a escrever um livro contando a vida e a morte de Jesus Cristo, ao qual ele deu o nome de Evangelho e que foi amplamente usado pelos primeiros cristãos da Palestina. Quando o apóstolo são Bartolomeu viajou para as Índias, levou consigo uma cópia.
Depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos espalharam-se pelo mundo e Mateus foi para a Arábia e a Pérsia para evangelizar aqueles povos. Porém foi vítima de uma grande perseguição por parte dos sacerdotes locais, que mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois ser sacrificado aos deuses. Mas Deus não o abandonou e mandou um anjo que curou seus olhos e o libertou. Mateus seguiu, então, para a Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por feiticeiros que se opunham à evangelização. Porém o príncipe herdeiro morreu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina fez o filho da rainha Candece ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ato, Mateus conseguiu converter grande parte da população. Na época, a Igreja da Etiópia passou a ser uma das mais ativas e florescentes dos tempos apostólicos. São Mateus morreu por ordem do rei Hirtaco, sobrinho do rei Egipo, no altar da igreja em que celebrava o santo ofício. Isso aconteceu porque não intercedeu em favor do pedido de casamento feito pelo monarca, e recusado pela jovem Efigênia, que havia decidido consagrar-se a Jesus. Inconformado com a atitude do santo homem, Hitarco mandou que seus soldados o executassem.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Rm 10: 11-21; 11: 1-2;
— Ev.: Mt 9: 9-13.
Teodoro, que mais tarde seria chamado Gregório e, por seus milagres, tornou-se conhecido como «o Taumaturgo», nasceu em Neo-Cesaréia do Ponto (Ásia). Seus pais eram de linhagem nobre e pagãos. Quando Gregório tinha catorze anos de idade, ficou órfão de pai. O jovem seguiu com sua carreira jurídica. A irmã de Gregório empreendeu uma viagem a Cesaréia da Palestina para encontrar-se com seu esposo que ocupava um cargo oficial. Gregório a acompanhou nessa viagem, bem como o seu irmão, Atenodoro, que mais tarde tornou-se bispo e muito sofreu por sua fé. Gregório planejava exercer o ofício de advogado em seu país, porém, pouco depois de sua chegada, foi eleito bispo de Neo-Cesaréia, cidade que contava, nesta época, com apenas dezessete cristãos. Neo-Cesaréia era, nesta época, uma cidade muito rica e com uma grande população, predominando a idolatria e o vício. São Gregório, consumido pelo zelo e caridade, entregou-se energicamente no cumprimento de seus deveres pastorais, sendo agraciado por Deus com um extraordinário dom de operar milagres.
São Basílio disse a seu respeito que «com a ajuda do Espírito Santo, tinha um poder formidável sobre os maus espíritos. Em certa ocasião, fez secar um lago que era motivo de disputa entre dois irmãos. Sua capacidade de prever e predizer os acontecimentos futuros o elevava a altura dos profetas. Os milagres que operava eram tão notáveis que amigos e inimigos o consideravam como um novo Moisés».
Pouco depois de tomar posse de sua sede como bispo, São Gregório foi hospedar-se na casa de Musonio, um personagem importante da cidade que lhe havia convidado para que fosse morar com ele. Nesse mesmo dia iniciou sua atividade de pregação e, antes que a noite caísse, já havia convertido um número suficiente para formar uma pequena igreja. No dia seguinte, aglomeravam-se à porta da casa de Musonio muitos enfermos aos quais Gregório restaurava a saúde, e os convertia à fé cristã. Logo os cristãos eram em tal número que Gregório pode construir uma Igreja, já que todos colaboravam com suas esmolas e trabalho. A prudência e o tato de São Gregório moviam as pessoas a buscar sua orientação acerca de questões civis e religiosas e, nesse sentido, foram de grande proveito ao santo, seus estudos dos assuntos jurídicos.
São Gregório de Nissa e ser irmão, São Basílio, ficaram sabendo através da avó, Santa Macrina, do que se dizia a respeito do Taumaturgo, já que a santa, quando ainda era pequena, vivia em Cesaréia, mais ou menos na época em que morreu São Gregório. São Basílio diz que, a vida do Taumaturgo refletia a sublimidade de seu fervor evangélico. Em suas práticas devocionais, mostrava grande reverência, recolhimento, e jamais orava com a cabeça coberta. Amava a simplicidade e modéstia nas palavras: o «sim» e o «não» constituíam a medula de suas conversações. Detestava a mentira e a falsidade; em suas palavras, tanto como em sua conduta, não havia nunca a menor sombra de cólera ou de amargura.
Quando irrompeu a perseguição aos cristãos sob o império de Décio no ano 250, São Gregório aconselhou aos cristãos que se escondessem para não ficarem expostos aos perigo de perder a fé. Ele mesmo se retirou para o deserto em companhia de um antigo sacerdote pagão a quem havia convertido e ordenado diácono para estar ao seu lado. Os perseguidores ficaram sabendo que Gregório se refugiara nas montanhas e enviaram um pelotão de soldados para que fosse capturado. Estes, porém, voltaram sem a «presa», dizendo que só haviam encontrado vegetação. Então, o homem que havia indicado o lugar onde estava escondido São Gregório foi ao bosque e encontrou o Santo e seu companheiro entregues à oração. Diante de tal quadro, compreendeu que Deus devia ter protegido aqueles dois homens, fazendo com que os soldados os confundissem com as árvores. De delator de cristãos, este homem converteu-se à fé cristã.
Depois da perseguição, teve início uma epidemia que foi seguida da invasão dos godos. Assim, não é de se estranhar que, em tais circunstâncias, não lhe tenha restado muito para escrever, pois que devia dedicar-se à sua tarefa pastoral. Ele mesmo é quem descreve as dificuldades de seu ministério na «Carta canônica», que escreveu por ocasião dos problemas causados pela invasão dos bárbaros. Diz-se que o Santo organizava entretenimento nos dias das festas dos mártires, e que isso tenha contribuído para atrair os pagãos e popularizar as reuniões religiosas entre os cristãos. Além disso, o santo estava certamente convencido de que, a diversão saudável, além das práticas religiosas, constituíam também uma maneira de venerar os mártires.
De qualquer modo, São Gregório foi, ao que se sabe, o único missionário que, durante os três primeiros séculos da Igreja, empregou tais métodos em sua ação pastoral, ele que era um grego de notável cultura.
Pouco antes de sua morte São Gregório fez investigações para verificar quantos infiéis restavam ainda na cidade e, tomando conhecimento de qu somavam dezessete, exclamou alegremente: «Graças sejam dadas a Deus! Pois, quando cheguei a esta cidade, não havia mais que dezessete cristãos». Depois de orar pela conversão dos infiéis e pela santificação daqueles que já eram agraciados com a fé no verdadeiro Deus, recomendou aos seus amigos que, quando morresse, não fosse sepultado num lugar distinto, já que havia estado no mundo como peregrino, sem buscar a si mesmo e desejava compartilhar da mesma sorte das pessoas simples depois da morte. No ano 270, São Gregório adormeceu, entregando ao Senhor sua alma em paz.
Outras comemorações do dia:
- S. Genádios, Patriarca de constantinopla, e sua mãe Hilda;
- S. Máximos;
- S. Whitby.
Leituras bíblicas:
— Ep.:I Cor 12:7-11;
— Ev.: Lc 15:1-10.
Platão era natural de Ankara e viveu em finais do século II. Homem de alma virtuosa, realizou uma grande e importante obra no campo da evangelização, propagando e ensinando o conteúdo da fé cristã. De posição econômica privilegiada, socorria aos pobres, enfermos e necessitados em geral com importantes doações em dinheiro. Denunciado, foi levado à presença do governador Agripino, assumindo diante dele sua fé em Cristo, acrescentando ainda que trabalhava e vivia pela graça de Cristo. Agripino, percebendo tratar-se de um homem de posses, através de vários e diferentes subterfúgios buscou persuadí-lo a renegar sua fé. Depois, tentou atrí-lo apresentando-lhe sua linda e jovem sobrinha, oferecendo-a em casamento à Platão em troca de que este abandonasse sua fé. O santo, porém, reagiu prontamente à proposta do governador, repetindo as palavras do Evangelho: «E vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.» (Jd 1,20-21).
Agripino ordenou então que Platão fosse açoitado, e após ser submetido a várias formas de torturas, fo decapitado no ano 306, entregando assim a sua alma a Deus.
Outras comemorações do dia:
- S. Zaqueu, o Diácono;
S. Anastasios de Paramithia; - S. Anastasios, o Novo Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Col 4:2-9;
— Ev.: Lc 16:1-9.
São Barlaam foi um agricultor numa aldeia localizada nas proximidades de Antioquia. Sua fé em Cristo mexeu com seus perseguidores que o mativeram durante um longo tempo na prisão antes que fosse julgado. O juiz zombou da aparência e linguagem rústicas de Barlaam, mas não podia deixar de reconhecer e admirar suas virtudes e sua firmeza. Apesar disso, foi cruelmente açoitado, mas de sua boca não se ouviu uma única queixa. Depois, como consequência das torturas que sofreu, teve os ossos desconjuntados. Como também isso não surtisse os efeitos esperados, o prefeito o ameaçou de morte, ordenando que lhe mostrassem a espada e feixes manchados com o sangue de outros mártires. Barlaam tudo assistiu sem dizer uma palavra. O juiz, envergonhado ao se sentir vencido, ordenou que fosse levado de volta para o prisão, enquanto planejava um tormento ainda pior. Finalmente, acreditou que tivesse descoberto uma forma para fazer com que Barlaam renegasse sua fé e oferecesse sacrifícios ao ídolos.
O prisioneiro foi conduzido diante de um altar onde se encontrava um braseiro. Os guardas puseram incenso na mão de Barlaam que estava presa, de tal modo que, ao menor movimento, o incenso caísse sobre as brasas como num gesto de sacrifício. Embora, na realidade, tal movimento resultasse de um ato instintivo, Barlaam, temendo escandalizar seus irmãos, manteve firme sua mão direita sobre o fogo ate que o calor a queimasse inteiramente. Logo depois, entregou seu espírito ao criador sem, no entanto, abandonar a sua fé. Isso se deu no ano 304 da era cristã.
Outras comemorações do dia:
- S. Abdias, profeta (séc. IV a.C);
- Ss. Anthimos e Talaleos;
- Ss. Cristóforo, Eufimia e seus filhos, mártires.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Col 4:10-18;
— Ev.: Lc 16:15-18; 17:1-4.
São Gregório viveu no século IX e era natural de Erinopolis de Decápolis, na Ásia Menor. Recebeu uma esmerada educação cristã de sua mãe Maria que, com sua fé viva em Cristo, educou seu filho de acordo com os preceitos evangélicos. Gregório foi tonsurado monge ainda jovem e buscava aperfeiçoar-se sempre, com muita luta e permanente dedicação. O que mais era notável em sua vida era o amor pela oração e o aguçado conhecimento, o que julgava essencial para manter sua mente limpa e a soberania moral da carne. A todos os que lhe perguntavam por que se dedicava com particular empenho neste sentido, respondia com as palavras do Evangelho: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.”. (1Cor 9:25). São Gregório, não se satisfazendo apenas com a vida monástica, participou ativamente de duras lutas contra os iconoclastas.
Realizou muitas viagens a Éfeso, Constantinopla, Corinto, Roma, Cicília e Tessalônica onde instalou o Monastério de São Minas. Por último, foi a Constantinopla onde, depois de muito trabalho na defesa da ortodoxia da Fé Cristã, descansou em paz no ano 816.
Santo Edmundo, rei, mártir, +870
Santo Edmundo subiu ao trono da Inglaterra no Natal de 854. O seu reinado foi conturbado pelas invasões bárbaras, com grande poder de destruição. Para não se tornar vassalo de Ivar, chefe bárbaro, decidiu lutar em favor da liberdade de seu povo, mas caiu prisioneiro. Amarrado a uma árvore, teve o corpo cravejado de flechas e, depois de decapitado, foi atirado para uma floresta. Contam que procurando a cabeça do rei, os cristãos, para não se dispersarem, gritavam uns para os outros: “Onde estás? Onde estás?” No meio da busca, o rei teria respondido: “Aqui. Aqui. Aqui.” Acorrendo ao lugar, encontraram a cabeça do rei guardada por um lobo que a defendia dos outros animais. Santo Edmundo morreu em 870.
Outras comemorações do dia:
- Pré-festa da Apresentação da Ssma. Virgem no templo;
- S. Proclos, Patriarca de Constantinopla († 446).
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Cor 5:1-10;
— Ev.: Lc 9:57-62.
Esta festa da Santíssima Virgem teve início por volta do século VII, caracterizando-se pela profundidade de seu sentido histórico. O virtuoso casal, Joaquim e Ana, sendo estéreis, foram agraciados por Deus com o fruto do ventre: Maria. Quando levaram ao templo a menina de três anos, de acordo com a promessa que haviam feito, Joaquim chamou algumas virgens hebréias para que a acompanhasse com lâmpadas. A menina, Maria, adiantou-se sem nenhum temor ou vacilo e, chegando no átrio de templo, Zacarias encontrou-se com o sumo sacerdote que a tomou em seus braços e disse: «O Senhor te glorifica em todas as gerações, pois eis que em ti Deus revela nestes últimos dias a salvação preparada para seu povo». Em seguida, tomando a menina, adentra com ela o Santo dos Santos – parte do templo reservada somente ao sacerdote que lá entrava uma vez ao ano para oferecer sacrifícios pelos pecados do povo. Zacarias fez Maria sentar no terceiro degrau da escada do altar.
E a graça do Altíssimo veio sobre ela naquele momento, e a menina, logo em seguida, começou a dançar de alegria.Todos os presentes glorificaram a Deus por tudo o que haveria de realizar através desta menina.
Joaquim e Ana voltaram para casa, porém, sem a menina. Ela permaneceu no templo durante nove anos, assimilando as coisas celestiais, sem preocupações ou paixões que foram superadas pela graça de Deus, assim como todos os desejos materiais, vivendo unicamente para Deus, contemplando sua beleza. A pureza de coração ela alcançou através da oração constante e da vigília, tornando-se um espelho que refletia tão somente a glória de Deus. Foi adornado com vestes esplendorosas de virtudes, como uma noiva que se prepara a si mesma para receber seu noivo celestial, Cristo Deus. Com a mente purificada pelo recolhimento e o jejum, pode perscrutar os insondáveis mistérios das Santas Escrituras, compreendendo o plano de Deus para a salvação da humanidade, e que todo o tempo anterior foi necessário para que Deus preparasse para si uma mãe escolhida desta rebelde humanidade. Adentrando o Santo dos Santos onde eram guardados os símbolos das promessas de Deus, soube que estes eram sombras do que nela se realizaria.
Maria entrou no templo, e lá conteve a Deus; o templo já é ela; ela é a tenda, o tabernáculo da Nova Aliança; o jarro do Maná Celestial; a vara de Aarão; as tábuas da Lei e da Graça.
Pelas intercessões da Mãe de Deus, ó Senhor Jesus Cristo Nosso Deus, tem piedade de nós e salva-nos! Amém.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Lc 1:39-49, 56;
— Ep.: Hb 9:1-7;
— Ev.: Lc 10:38-42, 11:27-28 (Modo 1º Pl.).
O Santo Mártir Paranomos foi martirizado juntamente com mais 370 cristãos no século II, época do imperador Décio que já havia assassinado muitos cristãos. Próximo do Rio Tigre existia um lugar para banhos públicos. Neste lugar, havia um chefe militar, idólatra fanático de nome Aquilino que, após oferecer sacrifícios aos seus ídolos no templo, ordenou a Paranomos e a mais 370 cristãos que haviam sido feitos seus prisioneiros, que também eles oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos. Foram, porém, unânimes em negar a atender tal pedido e, enquanto os idólatras rendiam sacrifícios aos seus ídolos, os cristãos entoavam salmos, recordando as palavras da Escritura Sagrada que diz: «Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo» (Ef 5,19-20). Aquilino, irritando-se pela atitude dos cristãos, ordenou que todos fossem mortos.
Filêmon era cidadão de Colosso, na Frigia, um homem de linhagem nobre e de muitas posses que se converteu à fé cristã, provavelmente, em Éfeso, movido pela pregação do Apóstolo São Paulo, e de quem se tornou amigo pessoal.Os membros de sua família se destacavam pela devoção e piedade e, ao que parece, os cristão se reuniam em sua casa para celebrar os divinos mistérios. Entretanto, Onésimo, um dos servos de Filêmon, longe de imitar os bons exemplos que recebia, roubou seu senhor fugindo em seguida para Roma. Lá conheceu São Paulo, na prisão. O espírito de caridade com o qual São Paulo o tratou tocou o coração de Onésimo que se converteu em seu filho espiritual. O Apóstolo queria que Onésimo ficasse com ele para auxiliá-lo, mas, como Filêmon tinha direito aos seus serviços, São Paulo o enviou de volta à Colosso com uma carta que escreveu a Filêmon, conhecida como uma das suas epístolas, a “Epístola a Filêmon”. Nesta carta o Apóstolo revela sua ternura e o poder de persuasão, referindo-se a Filêmon como o seu amado companheiro de trabalho, louvando sua caridade e sua fé. A Apia, que era provavelmente a esposa de Filêmon, São Paulo a chama de “nossa queridíssima irmã”; e a Arquipo, “o soldado, nosso companheiro”. Em seguida, o Apóstolo lembra modestamente a Filêmon que, ainda que pudesse lhe dar ordens, em nome de Cristo, prefere rogar-lhe que, por amor, perdoe a Onésimo e o acolha, “não como servo, mas como irmão muito querido, pois o é para mim, e muito mais deverá ser para ti, tanto na carne como no Senhor”. Não se sabe como Filêmon recebeu este pedido de São Paulo. A Tradição, porém, afirma que Filêmon concedeu liberdade a Onésimo, perdoando-lhe a sua falta e fazendo dele um companheiro de trabalho na obra de evangelização.
A EPISTOLA DO APÓSTOLO SÃO PAULO A FILÊMON
Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e seu irmão Timóteo, a Filêmon, nosso muito amado colaborador, a Ápia, nossa irmã, a Arquipo, nosso companheiro de armas, e à igreja que se reúne em tua casa. A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo! Não cesso de dar graças a meu Deus e lembrar-me de ti nas minhas orações, ao receber notícia da tua caridade e da fé que tens no Senhor Jesus e para com todos os santos, para que esta tua fé, que compartilhas conosco, seja atuante e faça conhecer todo o bem que se realiza entre nós por causa de Cristo. Tua caridade me trouxe grande alegria e conforto, porque os corações dos santos encontraram alívio por teu intermédio, irmão. Por esse motivo, se bem que eu tenha plena autoridade em Cristo para prescrever-te o que é da tua obrigação, prefiro fazer apenas um apelo à tua caridade. Eu, Paulo, idoso como estou, e agora preso por Jesus Cristo, venho suplicar-te em favor deste filho meu, que gerei na prisão, Onésimo. Ele poderá ter sido de pouca serventia para ti, mas agora será muito útil tanto a ti como a mim. Torno a enviá-lo para junto de ti, e é como se fora o meu próprio coração. Quisera conservá-lo comigo, para que em teu nome ele continuasse a assistir-me nesta minha prisão pelo Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis resolver, para que tenhas ocasião de praticar o bem (em meu favor), não por imposição, mas sim de livre vontade. Se ele se apartou de ti por algum tempo, foi sem dúvida para que o pudesses reaver para sempre. Agora, não já como escravo, mas bem mais do que escravo, como irmão caríssimo, meu e sobretudo teu, tanto por interesses temporais como no Senhor. Portanto, se me tens por amigo, recebe-o como a mim. Se ele te causou qualquer prejuízo ou está devendo alguma coisa, lança isto em minha conta. Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: Eu pagarei. Para não te dizer que tu mesmo te deves inteiramente a mim! Sim, irmão, quisera eu receber de ti esta alegria no Senhor! Dá esta alegria ao meu coração, em Cristo! Eu te escrevi, certo de que me atenderás e sabendo que farás ainda mais do que estou pedindo. Ao mesmo tempo, prepara-me pousada, porque espero, pelas vossas orações, ser-vos restituído em breve. Enviam-te saudações Epafras, meu companheiro de prisão em Cristo Jesus, assim como Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus colaboradores. A graça do Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito!
Santa Cecília, virgem, mártir, séc. III ou IV
Segundo a Passio Sanctae Caeciliae, Santa Cecília pertencia a mais antiga nobreza romana. A seu respeito diz a Liturgia das Horas da Igreja Latina: “O culto de Santa Cecília, em honra da qual no século quinto foi construída em Roma uma basílica, difundiu-se por causa de sua Paixão (descrição de seu martírio). Nela, Santa Cecília é exaltada como o modelo mais perfeito de mulher cristã, que por amor a Cristo professou a virgindade e sofreu o martírio. Segundo esta Paixão, ela havia-se consagrado a Deus. No dia das núpcias, participou essa decisão ao marido, dizendo-lhe que um anjo velava noite e dia por ela. Valeriano, seu marido, disse que somente acreditaria se visse o anjo. Santa Cecília aconselhou-o a visitar o papa Urbano, que se havia refugiado nas catacumbas. Deste encontro resultou a conversão do marido e de Tibúrcio, seu irmão, os quais sofreram o martírio logo depois, por sepultarem os corpos dos mártires.” Santa Cecília recolheu os corpos do esposo e do cunhado e sepultou-os na sua propriedade, na via Ápia.
Isto lhe valeu o martírio. Morreu decapitada, por ter sobrevivido à morte por asfixia no caldário. Santa Cecília foi uma das santas mais veneradas durante a Idade Média. O seu nome vem citado no cânon da liturgia latina. Dentre as santas é a que maior número de basílicas teve em Roma. A nenhuma outra santa a cristandade consagrou tantas igrejas quanto a ela. É também a padroeira dos músicos.
Outras comemorações do dia:
- S. Clemente de Ocrida, bispo da Macedônia († 916);
- S. Paulo, o Discípulo;
- S. Kallistos Xanthopoulos, Patriarca de Constantinopla;
- S. Anthimos, presidente de Creta.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fl 1:1-25;
— Ev.: Lc 17:20-25.
Anfilóquio foi amigo íntimo de São Gregório de Nazianzeno, seu primo, e de São Basílio, ainda que fosse mais jovem que ambos. As cartas que estes dois santos enviaram a Anfilóquio constituem a principal fonte de informação. Anfilóquio nasceu na Capadócia. Em sua juventude, foi retórico em Constantinopla onde, ao que parece, passou por dificuldades econômicas. Sendo ainda jovem, retirou-se para um lugar solitário nas proximidades de Nazianzo, juntamente com seu pai que já contava idade bastante avançada. São Gregório dava ao seu amigo um pouco de grãos em troca de alguns legumes que Anfilóquio e seu pai colhiam em sua horta. Numa de suas cartas, queixa-se de sempre sair perdendo no negócio. No ano 374, quando estava com 35 anos de idade Anfilóquio foi eleito bispo de Icônio, aceitando este cargo muito a contragosto. O pai de Anfilóquio queixou-se a Gregório de que, assim, haviam lhe privado da companhia de seu filho.
Em sua resposta, São Gregório afirmou que não havia participado desta nomeação e que ele também sofria, vendo-se privado da companhia do amigo. São Basílio, que muito provavelmente tenha sido o principal responsável por esta eleição, escreveu a Anfilóquio uma carta de felicitações. Nela, exorta ao amigo a nunca se deixar seduzir pelo mal, ainda que lhe pareça estar na moda ou que existam outros precedentes, já que foi chamado a guiar seu rebanho, e não a deixar-se guiar por ele. Imediatamente após sua consagração, Santo Anfílóquio foi visitar São Basílio em Cesaréia.
Lá pregou ao povo, e suas homilias foram apreciados, ainda mais que de todos os estrangeiros que haviam pregado naquela cidade. Santo Anfilóquio consultava com freqüência a São Basílio acerca de diversos aspectos da doutrina e disciplina, e graças ao pedido de São Basílio, escreveu o Tratado sobre o Espírito Santo. Foi ainda Santo Anfilóquio quem pregou o panegírico de São Basílio em seus funerais. Mais tarde, reuniu em Icônio um concílio contra os hereges macedonianos que negavam a divindade do Espírito Santo. No ano 381, participou do Concílio Ecumênico de Constantinopla contra os mesmos hereges. Nesta ocasião conheceu São Jerônimo a quem leu seu próprio Tratado sobre o Espírito Santo. Anfilóquio pediu ao imperador Teodósio I que proibisse as reuniões de arianos, mas o imperador se negou por julgar demasiado rigorosa esta medida. Mais tarde o santo se dirigiu ao palácio, quando Arcádio, seu filho, já havia sido proclamado imperador e o encontrou junto ao seu pai. Santo Anfilóquio saudou Teodósio, ignorando a presença de seu filho Arcádio. Quando Teodósio o fez notar, Anfilóquio acariciou as bochechas de Arcádio deixando Teodósio furioso com esse seu gesto. Então, Anfilóquio lhe disse: “Vejo como não suportas que teu filho seja tratado com leviandade. Como podes, pois, permitir que desonrem ao Filho de Deus?” Impressionado com essas palavras, o imperador proibiu logo depois aos arianos de realizarem suas reuniões, pública ou privadamente. Santo Anfilóquio também combateu zelozamente a heresia nascente dos messalianos, maniqueus e “iluminados” que punham a essência da religião exclusivamente na oração. Em Sida da Panfilia, Santo Anfilóquio presidiu um sínodo contra estes tais hereges. São Gregório Nazianzeno chamava Santo Anfilóquio de “bispo irrepreensível”, anjo e arauto da verdade. O pai de nosso santo afirmava que ele curava os enfermos através de suas orações.
Outras comemorações do dia:
- S. Ischirion, bispo do Egito;
- S. Dionísio, Patriarca de Constantinopla;
- S. Sisinios o Confessor.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tes 1:6-10;
— Ev.: Lc 17:26-37; 18:8.
É Santo Irineu quem nos conta que, na Cátedra de Roma, o terceiro sucessor se chamava Clemente. São Clemente I (também conhecido como Clemente Romano) ocupou o Trono da Sé de Roma entre os anos de 88 a 97. Nascido em Roma, de família hebraica, foi o sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente Romano (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes), o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto. Discípulo de São Pedro, após eleito restabeleceu o uso da Crisma, seguindo o rito de São Pedro e iniciou o uso da palavra Amém nas cerimônias religiosas. É conhecido pela carta que escreveu para atender a um pedido da comunidade de Corinto, na qual rezava uma convincente censura à decadência daquela igreja, devida, sobretudo, às lutas e invejas internas entre os fiéis (consta que os presbíteros mais jovens teriam usurpado as prerrogativas dos mais velhos), estabelecia normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos).
O tempo em que São Clemente esteve à frente da Igreja de Roma (92-102) foi marcado por uma relativa paz e tolerância por parte dos imperadores Vespasiano e Tito.
Outras comemorações do dia:
- S. Hermógenes, o Mártir;
- Ss. Filomeno e Cristofer, Mártires.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Fp 3:20-21;4:1-3;
— Ev.: Lc 18:15-17, 26-30.
Catarina vem da junção: “Catha”, que significa total, e “ruin” que significa ruína: portanto, “ruína total”. Realmente, o prédio do diabo foi totalmente demolido dentro de Santa Catarina: o edifício do orgulho, destruído pela sua humildade, aquele da concupiscência carnal, pela virgindade que ela preservou, e aquele da cobiça terrestre, pelo menosprezo a todo tipo de bens mundanos. O nome Catarina pode vir ainda de “catenula”, uma pequena corrente: através de seus bons trabalhos, ela formou para si uma corrente pela qual subiu até o Céu. Esta corrente ou escada, possui quatro degraus, que são: a inocência de ação, pureza de coração, desprezo pela vaidade e a verdade. As propostas destes degraus, um a um são: — «Quem subirá à montanha do Senhor?…o que tem mãos limpas e puro de coração, que não conduziu em vão sua alma, nem testemunhou em falso enganando seu próximo». Como estes quatro degraus estavam presentes na santificada vida de Catarina, tornar-se-á claro, à medida que lemos sua história.
Catarina, a filha do Rei Costus, foi bem instruída em todos estudos liberais [*]. Quando Catarina tinha dezoito anos, o imperador Maxentius convocou a todas pessoas, tanto ricos como os pobres a irem a Alexandria a fim de oferecer sacrifícios aos ídolos, e perseguia os cristãos que se recusavam a fazê-lo. Nesta época, Catarina morava sozinha num palácio repleto de tesouros e com muitos criados, ouviu os berros dos animais e as aclamações dos cantores e depressa enviou um mensageiro para descobrir o que se passava […] Leia mais…
Outras comemorações do dia:
- Conclusão da festa de 21 de novembro;
- S. Mercúrio († c. 250) Grande Mártir da Cesareia na Capadócia.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Mt 25:1-13;
— Ep.: Gal 3:23-29;4:1-5;
— Ev.: Mc 5:24-34.
São Nikon, nascido em Ponto, abandonou seus amigos de juventude para entrar no monastério de Crisopetro. Lá viveu doze anos entregue à oração e exercícios penitenciais austeros. Por causa de suas eloqüentes conferências e exortações, fruto espiritual de sua vida monástica, motivou seus superiores a designá-lo como pregador da palavra de Deus ao povo. Assim pois, São Nikon partiu para uma missão em Creta, que acabava de livrar-se dos sarracenos. São Nikon converteu muitos cristãos que tinham abraçado a religião islâmica. Por iniciar sempre as suas pregações coma palavra “Metanoia” (Arrependimento, conversão), o povo lhe deu este sobrenome. São Nikon ensinava seus ouvintes a cortar os vícios pela raiz e, desse modo, conseguiu muitas conversões. Depois de quase 20 anos de missão e pregação em Creta, mudou-se para o continente. Em Esparta e outras regiões da Grécia, anunciou a palavra de Deus e confirmou a doutrina que pregava com milagres. Faleceu em 998 num monastério do Peloponeso.
Outras comemorações do dia:
- S. Alípio Estilita de Adrianópolis, mon. († c. 630);
- S. Inocêncio de Irkutsk († 1731);
- S. Stilianos, monge de Paflagonia;
- S. Jorge, Novo Mártir de Chios;
- S. Acácio do Sinai, mencionado no Ladder;
- S. Inocente de Irkutsk.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tes 2:14-20;
— Ev.: Lc 19:12-28.
A segunda perseguição persa teve início por volta do ano 420, devido ao excessivo zelo do bispo Abdias. A principal vítima desta perseguição foi São Tiago que, nesta época, era bastante próximo do rei Yezdigerdo I. Quando o tal príncipe empreendeu um movimento de perseguição aos cristãos, São Tiago não tendo sido suficientemente forte para romper sua amizade, acabou por dissimular ou abandonar sua fé no Deus Único e verdadeiro que até então professava abertamente, o que causou a aflição de sua mãe e de sua esposa. Quando o rei Yezdigerdo veio a falecer, mãe e esposa acolheram São Tiago, não sem antes, por carta, condenar a covardia de sua conduta. Muito impressionado com esta carta, São Tiago começou a compreender melhor a sua falta, deixando de freqüentar a corte e renunciando a todas as honras que havia antes procurado e manifestando publicamente o seu arrependimento e sua fé cristã. Bahram reprovou sua ingratidão, lembrando-lhe de todas as honras que seu pai lhe havia conferido.
São Tiago respondeu serenamente: «E onde está agora? O que é feito dele?» Tal resposta aborreceu Bahram que ameaçou São Tiago de submetê-lo a uma morte lenta. Ao que o santo respondeu: «Qualquer que seja o tipo de morte, não passará de um sonho. Queira Deus que eu possa morrer como os justos». Bahram contestou: «A morte não é um sonho, é o terror dos reis». Disse São Tiago: «A morte assombra aos reis e a todos quanto não conhecem a Deus, pois a esperança dos maus é efêmera». Replicou o rei: «Tu, que não adoras o sol, nem a lua, nem o fogo, nem a água, que são todos emanações de Deus, nos chamas a nós de malvados?» E São Tiago respondeu: «Eu não te acuso, mas afirmo que dás o nome de Deus às criaturas».
O conselho real decidiu então que, se São Tiago não renunciasse sua fé em Cristo, seria enforcado e os membros de seu corpo dilacerados. E a cidade inteira acorreu para presenciar esta nova forma de tortura. Os cristãos começaram então a rezar pedindo a Deus que Tiago perseverasse em sua fé. Os carrascos tomaram bruscamente o santo pelos braços como se quisessem desconjuntá-los. Neste gesto já sinalizavam o tipo de morte que esperava por Tiago. Exortaram-no então mais uma vez a abjurar a sua fé e renovar sua obediência ao rei, evitando assim o castigo. Chegaram a lhe propor que fingisse ao menos momentaneamente tal postura e, depois, teria liberdade para praticar a sua religião. São Tiago respondeu: «Esta morte que vos parece tão terrível, é um preço muito baixo para comprar a vida eterna». Em seguida, voltando-se para os carrascos, lhes disse: «O que estão esperando? Comecem logo a tarefa de vocês!» E, quando os carrascos lhe cortaram um dos dedos de seu pé direito, o mártir disse em voz alta: «Salvador dos cristãos, recebe o primeiro ramo desta árvore. A árvore irá apodrecer, mas novamente surgirão os brotos e ela se cobrirá de glória. A videira morre durante o inverno, porém, surge renovada na primavera. Assim também, o corpo reflorescerá depois de ser podado. E quando lhe cortaram o primeiro dedo de uma de suas mãos disse: «Meu coração se rejubila no Senhor, e minha alma se enche de alegria em Deus meu Salvador». E assim seguiu louvando a Deus conforme iam lhe cortando os dedos. E quando já não lhe restava nenhum dos dedos das mãos e dos pés, disse aos carrascos: «Já cortaste os pequenos galhos, corte agora os ramos». E passaram a cortar-lhes os membros, parte por parte. Quando já não lhe restava senão o tronco, Santiago ainda louvava a Deus, até que um dos soldados lhe decapitou.
Outras comemorações do dia:
- S. Natanael de Nítria;
- S. Pinofrios, o Milagroso do Egito;
- S. Tiago, o Milagroso, bispo de Rostov; esl.;
- Ícone da «Mãe de Deus do Sinal»;
- S. Gregório de Sinai e seu discípulo Gerasimos;
- S. Arsenios de Rhaxos.
Leituras bíblicas:
— Ep.: II Cor 8:1-5;
— Ev.: Lc 10:19-21.
Um dos mais célebres mártires da perseguição iconoclasta, Santo Estevão, o Jovem, nasceu em Constantinopla. Aos 15 anos foi confiado por seus pais aos monges do Monastério de Santo Auxencio, não muito distante de Calcedônia. Lá recebeu o ofício de comprar as provisões para o monastério. Quando seu pai faleceu, Estevão precisou ir à Constantinopla. Lá, aproveitou para vender todas as suas posses, repartindo com os pobres o dinheiro resultante da venda. Uma de suas irmãs já era religiosa. A outra partiu para Bitínia com sua mãe, retirando-se, ambas, num monastério. Ao morrer o abade João. Estêvão, com apenas 30 anos, foi eleito para sucedê-lo em seu posto. O monastério era constituído por uma série de celas isoladas, espalhadas pela montanha. O novo abade se estabeleceu numa caverna localizada em seu topo. Ali, uniu trabalho e oração, ocupando-se em copiar livros e confeccionar redes.
Alguns anos mais tarde, Estevão renunciou ao cargo e, num lugar ainda mais retirado construiu uma cela tão pequena que, sequer podia estar de pé em seu interior nem deitar-se sem encostar-se em suas paredes. Encerrou-se neste espécie de sepulcro até seus 42 anos de idade.
O imperador Constantino Coprônimo, seguiu com as perseguições que se pai Leo havia declarado às imagens. Como já era de se esperar, encontrou nos monastérios a oposição mais forte que podia esperar, e contra eles, portanto, adotou as medidas mais rigorosas. O imperador estava tentando assinar o decreto promulgado pelos bispos no sínodo iconoclasta de 754 dC. Patrício Calixto fez uma tentativa de convencer o santo a assiná-lo, mas fracassou na empresa. Constantino, furioso ao ver a assinatura de Santo Estêvão, enviou Calixto com um grupo de soldados para que arrancassem o santo de sua cela e o conduzisse à prisão. Estêvão achava-se já tão exausto, que os soldados tiveram de carrega-lo até o topo da montanha. Algumas testemunhas acusaram Santo Estêvão de ter vivido com sua filha espiritual, a santa viúva Anna. Anna protestou, afirmando sua inocência e, tendo negado a testemunhar contra o santo, como lhe pedia o imperador, foi encarcerada num monastério onde morreu pouco depois em decorrência dos maus tratos sofridos.
O imperador, que buscava um novo pretexto para condenar Estêvão à morte, surpreendeu-lhe quando conferia o hábito a um noviço, o que estava proibido. Imediatamente os soldados dispersaram os monges e incendiaram o monastério e a igreja. Igreja foi aprisionado e conduzido num navio a um monastério de Crisópolis onde foi julgado por Calixto e alguns outros bispos. No início, foi tratado com cordialidade, não tardando, porém, a ser maltratado com brutalidade. O santo lhes perguntou como se atreviam qualificar de ecumênico um concílio não aprovados por outros patriarcas, defendendo com coragem e firmeza a veneração das imagens sagradas. Por isso, foi desterrado para a Ilha de Proconeso de Propôntide. Dois anos mais tarde, Constantino Coprônimo mandou que fosse transferido para uma prisão em Constantinpla. Alguns dias depois São Estêvão comparecia diante do imperador que lhe perguntou se acreditava mesmo que pisotear uma imagem era o mesmo que pisotear Cristo. Estevão respondeu: «Claro que não!» E tomando uma moeda perguntou ao imperador que castigo merecia o que pisoteasse a imagem do imperador que havia nela. Só pensar num crime desta natureza provocou visível indignação no imperador. Então, Estêvão voltou a perguntá-lo: «De modo que, é crime insultar a imagem do rei da terra, mas não o é atear fogo às imagens do Rei do Céu?» O imperador então ordenou que Estêvão fosse açoitado, o que seus carrascos cumpriram com violência extrema. Sabendo que Estêvão não tinha morrido no suplício, Constantino exclamou: «Será que não existe quem seja capaz de me livrar desse monge?» Imdetiatamente um dos que estavam presentes correu ao cárcere e arrastou o santo pelas ruas da cidade, sendo apedrejado e açoitado pela multidão, até que um homem atingiu sua cabeça, destrocando-a mortalmente.
Outras comemorações do dia:
- Ss. Irenarco e cc., mártires de Sebaste (início do séc. IV);
- Ss. Euxentios e os 16 mártires de Tiberiópolis.
Leituras bíblicas:
— Ep.: Gl 1: 3-10;
— Ev.: Lc 10: 19-21.
O Santo Mártir Paranomos foi martirizado juntamente com mais 370 cristãos no século II, época do imperador Décio que já havia assassinado muitos cristãos. Próximo do Rio Tigre existia um lugar para banhos públicos. Neste lugar, havia um chefe militar, idólatra fanático de nome Aquilino que, após oferecer sacrifícios aos seus ídolos no templo, ordenou a Paranomos e a mais 370 cristãos que haviam sido feitos seus prisioneiros, que também eles oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos. Foram, porém, unânimes em negar a atender tal pedido e, enquanto os idólatras rendiam sacrifícios aos seus ídolos, os cristãos entoavam salmos, recordando as palavras da Escritura Sagrada que diz: «Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo» (Ef 5,19-20). Aquilino, irritando-se pela atitude dos cristãos, ordenou que todos fossem mortos.
E os soldados, armados prontamente com suas lanças, atacaram e mataram a todos. Assim, estes destemidos cristãos entregaram suas almas aos braços do Criador.
Outras comemorações do dia:
- S. Nicolau, arcebispo de Tessalônica;
- S. Dionísio, bispo de Corinto;
- S. Acácio, bispo do Sinai;
- S. Fedro, o Mártir.
Leituras bíblicas:
— Ep.: I Tes 2:20-3:8;
— Ev.: Lc 19:37-44.
André era irmão do Apóstolo Pedro. Eram ambos filhos de Jonas e pescadores no mar de Tiberíades. Naturais de Betesda, uma cidadezinha situada às margens do Lago de Genesaré (Mar de Tiberíades). «André» é um nome grego, e lhe foi dado porque este era um costume entre os hebreus. Ficou conhecido por «Protóklitos», (primeiro chamado) pois foi o primeiro a ser chamado pelo SENHOR para formar o grupo dos 12 apóstolos. Iniciou suas viagens apostólicas logo após o Pentecostes, pregando no Mar Negro, depois na Frigia, na Misia e na Bytinia. Posteriormente voltou ao Mar Negro escapando da morte. Seguiu depois para Esquitia (Sul da Rússia) seguindo para Tracia. Em Argirúpolis, (atualmente, um dos bairros de Constantinopla) fundou uma Igreja e ordenou como primeiro bispo de Bizâncio um dos 70 discípulos, chamado Estaquis. Foi em seguida para Tessália e, por último, para Acaia. Em Patras, foi preso e condenado a crucifixão numa cruz em forma de X. Seu corpo foi sepultado com muita veneração e honra.
No ano 357, por ordem do imperador Constâncio, suas relíquias foram trasladadas para Constantinopla e depositadas na Igreja dos Santos Apóstolos. Mais tarde, por obra dos Cruzados, suas relíquias passaram por diferentes lugares. Um fragmento delas foi levado para a Escócia e, desde então, é considerado como o santo Patrono daquele país. A letra X de cor branca, na bandeira da Escócia, e que também está presente na bandeira do Reino Unido, representa a cruz de Santo André. Desde o ano 1964, seu precioso crânio se encontra guardado na cidade grega de Patras, no interior da majestosa Igreja Catedral de Santo André.
Santo André imita a Cristo até na morte
Uma tradição […] narra a morte de André em Patras, onde também ele sofreu o suplício da crucifixão. Mas, naquele momento supremo, de modo análogo ao de seu irmão Pedro, pediu para ser posto numa cruz diferente da de Jesus. No seu caso, tratou-se de uma cruz decussada, isto é, cruzada transversalmente, que por isso foi chamada «cruz de Santo André».
Eis o que o Apóstolo disse naquela ocasião, segundo uma antiga narração […]: «Salve, ó cruz, inaugurada por meio do corpo de Cristo, que se tornou adorno dos seus membros, como se fossem pérolas preciosas. Antes que o Senhor fosse elevado sobre ti, tu incutias um temor terreno. Agora, ao contrário, dotada de um amor celeste, és recebida como um dom. Os crentes sabem, a teu respeito, quanta alegria possuis, quantos dons tens preparados. Portanto, certo e cheio de alegria venho a ti, para que também tu me recebas exultante como discípulo daquele que em ti foi suspenso […]. Ó cruz bem-aventurada, que recebeste a majestade e a beleza dos membros do Senhor! […] Toma-me e leva-me para longe dos homens e entrega-me ao meu Mestre, para que por teu intermédio me receba quem por ti me redimiu. Salve, ó cruz; sim, salve verdadeiramente!»
Como se vê, há aqui uma profundíssima espiritualidade cristã, que vê na cruz não tanto um instrumento de tortura como, ao contrário, o meio incomparável de uma plena assimilação ao Redentor, ao grão de trigo que caiu na terra. Devemos aprender com isto uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor se forem consideradas e aceites como parte da cruz de Cristo, se refletirem a sua luz. Só naquela cruz são também os nossos sofrimentos nobilitados e adquirem o seu verdadeiro sentido.
Bento XVI (papa de Roma – 2005 a 2013,
Audiência geral de 14/06/06
Santo André, Apóstolo
«Ó cruz há tanto tempo desejada, oferecida agora às aspirações da minha alma, venho a ti com gozo e confiança; recebe‐me com alegria, a mim, discípulo daquele que pendeu em teus braços», dizia Santo André [segundo a tradição], vendo ao longe a cruz que fora erigida para o seu suplício. Como podia ele sentir alegria e exaltação tão espantosa? De onde provinha tanta constância num ser tão frágil? Onde alcançou alma tão espiritual, caridade tão fervorosa, vontade tão firme? Não pensemos que tão grande coragem lhe vinha de si próprio; era o dom perfeito, que descia do Pai das luzes (cf Tg 1,17), do único que opera maravilhas. Era o Espírito Santo que vinha em auxílio da sua fraqueza, instilando no seu coração um amor forte como a morte, e até mais forte do que a morte (cf Cant 8,6). Queira Deus que também nós participemos hoje nesse Espírito! Porque, se o esforço da conversão é penoso, se velar em oração nos aborrece, é devido à nossa indigência espiritual. Se o Espírito Santo estivesse conosco, viria seguramente ajudar-nos na nossa fraqueza, fazendo por nós o que fez por Santo André: retirando ao labor da conversão o seu caráter penoso, torná-lo-ia desejável e delicioso. […] Irmãos, procuremos este Espírito, envidemos todos os esforços para O possuir, ou possuí-lo mais plenamente se O tivermos já. Porque «se alguém não tem o espírito de Cristo, não Lhe pertence» (Rom 8,9); e «nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus» (1Cor 2,12). […] Devemos, pois, tomar a nossa cruz com Santo André, ou antes, com Aquele que ele seguiu, o Senhor, nosso Salvador. A causa da sua alegria era, não só morrer com Ele, mas como Ele, e saber que, intimamente unido à sua morte, reinaria com Ele. […] Porque a nossa salvação está nesta cruz.
2º sermão para a festa de Santo André
São Bernardo (1091-1153)
Quando ouviste a voz do Precursor […], quando o Verbo Se fez carne e trouxe à terra a Boa Nova da salvação, vieste a seguir colocar-te na Sua companhia e ofereceste-te como primícias, como primeira oferenda, Àquele que de imediato deste a conhecer e que apontaste a teu irmão como o nosso Deus (Jo 1,35-42). Roga-Lhe que salve e ilumine as nossas almas […], André, irmão do Corifeu dos apóstolos.
Com a linha da pregação e o anzol da fé, deixaste a pesca do peixe pela pesca dos homens e afastaste do abismo do erro todos os povos; a tua voz ressoa por toda a terra. Vem instruir e iluminar todos aqueles que celebram a tua benigna memória, André, o primeiro a ser chamado [Protóclito] entre os discípulos.
Senhor, imitou a Tua Paixão aquele que Te seguiu igualmente na morte e, pela cruz, pescou do abismo da ignorância aqueles que por lá vagueavam, a fim de os levar até Ti. Por isso Te suplicamos, Senhor de bondade: por intercessão de André dá a paz às nossas almas.
Alegra-te, André, tu que anuncias por todo o mundo a glória de Deus com a eloquência do céu (Sl 18,2); tu, que foste o primeiro a responder ao chamamento de Cristo e te tornaste Seu amigo íntimo; tu, que imitando a Sua bondade, refletes a Sua luz por sobre aqueles que habitam nas trevas. Por isso celebramos a tua festa e cantamos: «O seu eco ressoou por toda a terra, e a sua palavra até aos confins do mundo» (Sl 18,5).
(Liturgia bizantina,
Vésperas de 30 de Novembro,
Festa de Santo André, o Protóclito).
Outras comemorações do dia:
- S. Frumêncio, arcebispo de Abissina.
Leituras bíblicas:
— Mat.: Mt 4:18-23;
— Ep.: I Cor 4:9-16;
— Ev.: Jo 1:35-51.