A revelação do hino «Axion Estin»
Traduziu para Ecclesia: Máximo Cardoso
[..] Em um sábado à noite, no ano 980 d.C., um ancião do Monte Athos deixou seu eremitério para participar de uma vigília noturna em Karyes, no Monte Athos, dizendo a seu discípulo para ficar e cantar o serviço sozinho. Pouco tempo depois, um monge desconhecido que se autodenominava Gabriel entrou na cela e juntou-se ao serviço. Durante a Nona Ode do Cânon, depois que o discípulo entoou as palavras costumeiras à virgem, “Tu mais venerável que os querubins e incomparavelmente mais gloriosa que os serafins; deste à luz o Verbo de Deus, conservando intacta a glória da tua virgindade. Nós te glorificamos, ó Mãe de nosso Deus!”– palavras compostas mais de duzentos anos antes por São Cosmas, o Hinógrafo (675-760 DC) – o visitante começou o mesmo hino novamente, mas com a seguinte introdução: “É verdadeiramente digno e justo que te bendigamos, ó bem-aventurada Mãe de Deus”. Enquanto ele cantava, um ícone da Mãe de Deus na parede do eremitério começou a brilhar com luz não-criada.
Impressionado com a beleza dessas palavras e maravilhado com seu efeito sobrenatural, o discípulo pediu a seu misterioso visitante que as registrasse por escrito. O outro “monge” obedeceu, escrevendo milagrosamente as palavras em um pedaço de rocha, usando apenas o dedo, como se a pedra fosse feita de argila. Ele então imediatamente desapareceu de vista. O discípulo soube imediatamente que este não era um Gabriel comum, mas o próprio arcanjo. A rocha foi levada para a Igreja do Protaton em Karyes, e de lá para Constantinopla, para a corte imperial e para o Patriarcado Ecumênico, como prova do milagre. Enquanto isso, o ícone da Mãe de Deus, doravante conhecido como Axion Estin (“É digno“), foi transferido da cela humilde do ancião para o catholikon em Karyes, onde permanece até hoje (quando não está na estrada sendo venerada pelos fiéis), e é considerada a “Protetora” da Montanha e o objeto mais sagrado. A versão angélica mais recente e mais longa deste hino à Teótoco tem sido cantada desde então durante a Divina Liturgia em todas as igrejas ortodoxas.
O eremitério onde o milagre aconteceu agora é chamado de Adein, uma palavra grega que significa “cantar”. Daí o título desta narrativa icônica, “O Milagre no [lugar] do Canto”. Claramente representadas (se você ampliar a imagem) estão as palavras originais do hino, no estande do cantor na frente do discípulo do ancião com a nova introdução do hino, escritas na peça de rocha nas mãos do anjo. Você também pode ver o ícone brilhante do próprio Axion Estin na parede ao fundo. De fato, um Thauma (“Maravilha”)!
Aqui está o texto completo (combinado) do hino:
Ἄξιόν ἐστιν ὡς ἀληθῶς, μακαρίζειν σε τὴν Θεοτόκον, τὴν ἀειμακάριστον καὶ παναμώμητον καὶ μητέρα τοῦ Θεοῦ ἡμῶν. Τὴν τιμιωτέραν τῶν Χερουβεὶμ καὶ ἐνδοξοτέραν ἀσυγκρίτως τῶν Σεραφείμ, τὴν ἀδιαφθόρως Θεὸν Λόγον τεκοῦσαν, τὴν ὄντως Θεοτόκον, σὲ μεγαλύνομεν.
É justo em verdade, *glorificar-te, ó Theotokos (Mãe de Deus), *sempre bem-aventurada e imaculada *Mãe de nosso Deus. *Mais venerável que os Querubins *e, incomparavelmente, mais gloriosa que os Serafins; *que, sem mácula, deste à luz o Verbo de Deus; *a ti, que és realmente a Theotokos (Mãe de Deus), nós te enaltecemos.
Fonte: The Revelation of Axion Estin, 2013.
Disponível em: https://www.cutsinger.net/the-revelation-of-axion-estin/. Acesso em: 04 dez./2020