Kallistos Ware: «O poder do Nome: a Prece de Jesus na Espiritualidade Ortodoxa»

“Quando você orar, disse com sabedoria um escritor ortodoxo da Finlândia, seu ‘eu’ deve se calar. Cale-se, e deixe a prece falar ”. Realizar o silêncio: isto é tudo, e é o mais duro e mais decisivo na arte da prece. O silêncio não é puramente negativo – uma pausa entre palavras, uma parada temporária do discurso – mas, bem compreendido, ele é altamente positivo: uma atitude de despertar atento, de vigilância e, acima de tudo, de escuta. O hesicasta, o homem que alcançou a hesiquia, a paz e o silêncio interiores, é por excelência aquele que escuta. Ele escuta a voz da prece de seu próprio coração, e compreende que esta voz não é sua, mas a de um Outro que lhe fala desde dentro.

A relação entre orar e fazer silêncio ficará mais evidente se considerarmos quatro curtas definições. A primeira é extraída do Concise Oxford Dictionary, o qual descreve a prece como “um solene pedido dirigido a Deus (…) uma fórmula utilizada para orar”. A prece aqui é vista como alguma coisa expressa em palavras e, de um modo mais específico, como um ato de pedir a Deus a concessão de algum benefício. Mas aqui estamos ainda no nível da prece “exterior”, mais do que no grau da prece interior.

Poucos de nós se sentiriam satisfeitos com tal definição…