Hinos Bizantinos da Igreja Ortodoxa Grega

Spyridon Péristêris, 1º chantre da Catedral de Atenas, com Coro e acompanhamento "lssokratima"
- Leitura da Epístola pelo Rev. E. Bonoris
- Leitura do Evangelho pelo Rev. A. Tsoumaris
A música bizantina é o canto tradicional da Igreja Ortodoxa Grega, ligada historicamente a Bizâncio, com raízes na música do mundo antigo. Durante o período bizantino e, particularmente, em Constantinopla – então centro da civilização cristã ortodoxa – foi ela desenvolvida por um grande número de hinógrafos e eminentes melodistas. Destacam-se, neste antigo período bizantino, Santo Athanasius o Grande, São Gregório, o Teólogo, São Basílio o Grande, Kyriakus, Romano, o Melodista. No período médio bizantino surgem São João Damasceno, Kosmas, o Melodista, Teodoro e Miguel do Studion, João Glykys, João Kladas e João Koukouzeles professor, que foram sucedidos por Pedro o Peloponês, Jaime o Protopsaltes, João o Protopsaltes, e muitos outros.
O canto ortodoxo é inteiramente vocal e – não importa se for cantado por um ou mais cantores – é sempre homofônico, sendo sua única consoante harmônica o assim chamado Ison, o tom dominante (Isso Kratima), com suas variadas alternações.
É cantado na modulação tradicional conhecida como Patriarcal. A música bizantina, na contemporaneidade, utiliza oito grupos ou Echoi que, até certo ponto, correspondem aos modos da antiga música grega e aos do canto gregoriano. Estes “Echoi”, por sua vez, são divididos em quatro plagais autênticos e quatro correspondentes cantados na seguinte sequência: primeiro, segundo, terceiro, quarto – plagal do primeiro, plagal do segundo, Barys ou Grave (plagal do terceiro), plagal do quarto. Destes oito “Echoi” o primeiro e o quarto com seus plagais são diatônicos, o segundo com seu plagal é cromático e o terceiro com seu plagal é harmônico. Os componentes básicos do “Echoi” são:
- a) o “Apechemata” – curtas frases musicais cantadas no início para introduzir o “Echos”;
- b) as “escalas”, com seus intervalos particulares, tão diversos dos intervalos da música ocidental. Elas são empregadas, ora de acordo com o sistema de oito modos, ora de acordo com o sistema de cinco, ora de acordo com o sistema de quatro, sendo os sons das escalas representados por meio de silabas formadas pelas primeiras sete letras do alfabeto grego, com acréscimo de uma consoante, vogal ou ditongo, estes últimos correspondendo aos nomes das notas na música ocidental:
PA | BOU | GHA | DI | KE | ZO | NI |
RÉ | MI | FÁ | SOL | LÁ | SI | DÓ |
- c) o “Som dominante”, no qual é baseado e composto a melodia; (d) as diversas “terminações” das frases musicais que variam segundo cada “Echos” e que são adaptadas ao texto poético correspondente.
As melodias bizantinas são divididas em:
- a) “Hirmologia”, curtas melodias que dão origem aos “Hirmi” (estrofes), à troparia dos Kanons, aos hinos do fim das missas, “kontakia” (hinos curtos) e o “Stichera Prosomoia” são cantados;
- b) os “Sticheraria” – melodias mais lentas que dão origem aos “Stichera Idiomela Doxastika” e outras peças são cantadas;
- c) a “Papadica”, melodias lentas que dão origem aos “Hinos Querubínicos e de Comunhão”, são cantados.
A música bizantina possui sua própria notação ou “parasemântico”, originalmente simbólico e abreviado (São João Damasceno, João Koukouzeles) mas desenvolvida e transformada até nossos dias, embora tenha sido mantida continuidade com a forma original. A última reforma desta notação, em 1814, foi feita para simplificar o seu ensinamento por três mestres: Gregório, o Protopsaltes, Hourmousios, o Arquivista, e Chrysanthos de Madytos. Esta notação reformada foi mais tarde aceita pela Igreja e continua em uso até hoje. Todas as antigas melodias eclesiásticas têm sido reescritas de acordo com o novo sistema.
A questão da origem da música bizantina, da sua interpretação em antigos manuscritos, da sua qualidade estética e das influências a que foi submetida no decorrer de séculos é um assunto que só agora está sendo esclarecido pelos estudiosos. No que diz respeito à sua origem, há ainda muito campo para discussões. Contudo, parece certa a afirmação de que ela contém importantes elementos da música clássica grega, alguns da Síria e alguns da música judaica, sendo todos estes assimilados, fundidos numa nova forma de música litúrgica da Igreja Cristã Ortodoxa. Em tempos pós-bizantinos, esta música sofreu transformações devido a uma tendência de acrescentar ornamentos melódicos não autênticos como parte orgânica da estrutura original da música. Porém, apesar destas modificações, o caráter essencial da música tem sido preservado como parte viva da tradição cristã ortodoxa, não somente entre as comunidades de língua grega, mas também na Síria e na Palestina, e entre os povos ortodoxos dos Balcãs.
Da mesma forma que a tradição iconográfica ortodoxa, à qual corresponde, a música bizantina é uma das grandes formas de arte espiritual de tradição cristã, forma que manteve o seu vigor como elemento essencial na vida litúrgica da Igreja dos mais remotos tempos da Era Cristã até os nossos dias.
A presente gravação contém hinos das missas das festas principais da Igreja Ortodoxa Grega.
O primeiro lado consiste de:
- a) um hino do serviço de Natal (nº 1-2);
- b) extratos do hino de Chairetismoi (saudações) para a Teotokos (a Mãe de Deus) (nº 3-9).
Este hino é também conhecido como “Hino Acathistos” porque é cantado de pé. Foi consagrado pela Igreja como hino panegírico em homenagem a Theotokos que protegeu e salvou Constantinopla durante o cerco dos Avars, em 626 da Era Cristã. Compõe-se de 24 oikoi (estrofes) formando um acróstico das letras do alfabeto, e é cantado nas Sextas-Feiras da Quaresma. O disco apresenta os dois primeiros oikoi, cujo texto se refere a Anunciação, segundo Theotokos. É cantado por um sacerdote;
- c) hinos das Matinas da Segunda-Feira Santa, o Inicio da Paixão de Cristo (nº 10-12).
O segundo lado contém hinos das Matinas e das Vésperas da Sexta-Feira Santa, bem como das Matinas do Sábado de Aleluia (nº 1-5). Seguem-se os hinos da Missa da Ressurreição e os das Matinas do Domingo de Páscoa (nº 6-11).
Spyridon Peristeris
- Ilustração da capa: A Ascenção – Cenas da Vida da Virgem Maria. séc. X – Biblioteca do Vaticano.
- Gravação “Philips” – Nº original: A 02219 L
LADO 1:
- Hino da Ode de Natal: Minh’ alma exalta o Criador
- Hino Dismissal: Vosso nascimento
- Automelon troparion Echos plagal: A ordem foi dada
- Ode da Theotokos Kanon: Abro meus lábios
- Kontakion: Ao maior líder
- 1º Oikos: Capitão dos anjos
- Última linha do Oikos: Ave, noiva inesposada
- 2º Oikos: Vêde, a Santa Mulher
- Última linha do Oikos: Aleluia
- Automelon troparion Echos plagal 4: Vêde o Noivo
- Kathisma: A Santa Paixão
- Exapostelarion: Vejo a Câmara Nupcial.
LADO 2:
- Troparion 3º Antiphonal para a Quarta-Feira de Trevas: Por trinta dinheiros
- Troparion 15º Antiphonal para a Quarta-Feira de Trevas: Hoje pende da cruz
- 1° Apostichon para Vésperas da Sexta-Feira Santa: Quando descendo da cruz
- 1ª, 2ª e 3ª Troparia: Ecominus do Epitáfio; Graças da Ressurreição; Bendito seja o Senhor
- Muito cedo – Sticheron plagal 2 do Echos da Ressurreição: Vossa Ressurreição
- A nova Ressurreição – Troparion da Ressurreição: Cristo ascendeu
- 1° Sticheron do Hino da Páscoa: Santa Páscoa
- 2º Stlcheron do Hino da Páscoa: As mulheres Miróforas
- 3º Sticheron do Hino da Páscoa: Dia de Ressurreição.