O Sacramento da Comunhão (Eucaristia)

Rev. Chris Dimolianis
Arquidiocese Ortodoxa Grega da Austrália (Victória)

A Comunhão​

De acordo com Santo Inácio de Antioquia (†107 d.C.), a santa Comunhão é a «medicina da imortalidade». O próprio Senhor nos diz que se não comermos seu Corpo e não bebermos seu Sangue, não temos vida em nós (cf. Jo 6:53); e ainda, que «aqueles que comem ninha Carne e bebem meu Sangue permanecem em Mim, e eu neles» (Jo 6:56). O Senhor nos convida a nos unirmos a ele em cada Divina Liturgia, através da recepção da santa Comunhão – seu Corpo e seu Sangue.

Mas, com que frequência devemos receber a santa Comunhão?

Infelizmente, devido a circunstâncias históricas, alguns passaram a acreditar que receber a santa Comunhão algumas vezes por ano é suficiente. Esqueceram, no entanto, que a recepção da santa Comunhão é a realização e o propósito final de toda Liturgia Divina e, que é o meio por excelência de alcançar o objetivo da vida espiritual ortodoxa – lembre-se, se não comermos seu Corpo e não bebermos seu Sangue, não temos vida em nós (cf. Jo 6:53). A meta da vida cristã ortodoxa é estar unido com o Senhor e tornar-se, por sua Graça, como ele, pouco a pouco e cada vez mais. Idealmente, então, devemos receber a Comunhão em cada Divina Liturgia e, quem sabe, até mesmo ir à confissão antes de cada Liturgia! Na prática, no entanto, a Igreja nos aconselha a receber os sacramentos «com frequência» e sempre sob orientação espiritual.

A melhor maneira, então, de vermos com que frequência devemos nos aproximar da santa Comunhão é falando a respeito com nosso padre confessor. Quanto mais nossos pontos fortes e fracos são conhecidos, mais orientações podem nos ser dadas sobre o «remédio» necessário para a cura, a renovação, o fortalecimento e o crescimento.

Quando as crianças são batizadas ainda pequenas na Igreja Ortodoxa e são educadas na fé da Igreja, seus pais, avós e padrinhos são os responsáveis pelo seu alimento espiritual tanto quanto do alimento para seus corpos. Uma das fontes mais vitais deste alimento espiritual é a participação habitual na Divina Liturgia e a santa Comunhão, pelo menos aos domingos. Não é necessário entender mais sobre a eficácia da santa Comunhão como nutriente da alma, do que sobre o processo de digestão para que os alimentos regulares sejam eficazes. Se as pessoas não comem – sejam crianças ou adultos –ficam fracas, desnutridas e podem morrer.

Da mesma forma, nossas almas ficam fracas, murchas e podem morrer sem o alimento espiritual. As crianças que frequentam a Divina Liturgia todas as semanas, desde a infância, aprendem muito cedo que receber a santa Comunhão é algo realmente especial, e eles esperam ansiosamente por isso com santa expectativa.

Nossa preparação para a Santa Comunhão​

É um privilégio realmente incrível estarmos unidos ao Senhor participando de seus santos dons, e por isso não devemos nos aproximar casualmente, frivolamente ou sem adequada preparação. Nós nos preparamos orando, buscando nos purificar de nossos pecados, para nos tornarmos templos dignos para que o Senhor faça em nós morada, pois ele quer nosso consentimento para habitar em nossos corações. Ele nos diz: « Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo» (Ap 3:20).

Somos purificados pelo arrependimento sincero, pela santa Confissão, pelo jejum, dizendo as Orações Antes e Depois da Santa Comunhão, e orando diante dos santos dons, conscientes de que estamos participando do Corpo e do Sangue de Cristo e nos unindo a Ele. O Senhor nos oferece um presente inestimável – Ele mesmo! Este é o melhor presente do mundo – não há nada melhor! Ele nos pede que estejamos dispostos a aceitar o dom que nos faz de Si mesmo em seu grande Banquete, e nos prepara adequadamente para nos tornarmos templos vivos de sua Divina Presença.

São Paulo nos adverte sobre receber a santa Comunhão de maneira indigna (descuidadamente ou sem preparação adequada), dizendo: «Portanto, qualquer que comer este Pão, ou beber o Cálice do Senhor indignamente, será culpado do Corpo e do Sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem» (1 Cor 11:27-30).

Mais uma vez, saberemos qual a melhor maneira de nos prepararmos para a santa na orientação espiritual específica dada pelo nosso padre confessor.