Santos Diversos dos Calendários Latino e Bizantino

S. SEBASTIÃO, MÁRTIR (+288)
Sabe-se que foi um dos primeiros mártires cristãos a ser enterrado no cemitério da antiga via Appia, em Roma. A lenda conta que, em 283, tornou-se oficial da guarda imperial, sob comando do imperador Diocleciano. Mas o Imperador descobriu que ele era cristão e, por isso, foi martirizado, sendo crivado de flechas. Dado como morto, suas feridas foram tratadas pela viúva de outro santo, Cástulo, e conseguiu sobreviver. Confrontou-se com Diocleciano devido à sua crueldade para com os cristãos. A princípio, o imperador ficou sem fala, mas depois ordenou que Sebastião fosse espancado até a morte.

S. SÉRGIO, MÁRTIR (+304)
São Sérgio foi martirizado na Cesareia da Capadócia, no tempo do Imperador Diocleciano. A história do seu martírio é cercada de demonstrações de fé e coragem. Os cristãos tinham convidados pelo governador da Armênia e da Capadócia para uma festa em homenagem a Júpiter e, ao entrarem no salão, foram todos presos e obrigados a adorar o ídolo do Império. São Sérgio reprovou veementemente esse culto e proclamou que somente o Deus vivo, Jesus Cristo, era verdadeiramente digno de louvor. Foi conduzido ao governador, que ordenou imediatamente a sua decapitação. O seu corpo foi recolhido pelos cristãos e enterrado por uma senhora em sua própria casa.

S. TIMÓTEO, BISPO, COMPANHEIRO DE S. PAULO (SÉC. I)

Sobre São Timóteo, São Paulo diz: “Lembro-me de ti, noite e dia, em minhas orações. Conserva a lembrança da fé sincera que há em ti; fé que habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe, Eunice”. E o Apóstolo dá ainda, a São Timóteo o excelente conselho de empenhar-se inteiramente na sua missão de velar sobre sua pessoa, bem como sobre o seu ensino. E termina, dizendo: “Perseverando nessas duas missões, salvar-te-ás e aos que te escutam”. Nas duas epístolas que São Paulo escreveu a Timóteo, os sacerdotes de todos os tempos puderam encontrar conforto e incentivo para sua missão e sua vida.

S. TITO, BISPO, COMPANHEIRO DE S. PAULO (SÉC. I)

São Tito, exímio colaborador de São Paulo, recebeu uma carta preciosa, em que se lê: “Exorta os jovens a serem equilibrados em tudo, mostrando-te como modelo de boa conduta, correcção e ensino, dignidade, palavra sã e irrepreensível”. São Tito foi o chefe da comunidade cristã de Creta, onde deve ter sofrido muitos dissabores, apesar de sua grande habilidade.

SANTA FLÁVIA DOMITILA, VIRGEM E MÁRTIR (SÉC. I)

Pouco se sabe sobre a vida de Santa Flávia Domitila. Conta-se que ela era sobrinha de Flávio Clemente, dos cônsules de Roma, que foi martirizado por Domiciano por ter confessado ser cristão. Naquele época, os cristão que não adoravam os deuses romanos eram considerados ateus. Além disso, havia uma grande divergência em torno de quem era cristão e quem era judeu, não se sabendo como os diferenciar. Foi nesta época que Santa Flávia Domitila viveu e foi presa por também confirmar sua fé cristã perante o imperador. Foi enviada para a Ilha de Ponza e martirizada, jurando até á morte o seu amor por Jesus.

SANTA INÊS, VIRGEM MÁRTIR (+304)

“Quem não carrega a sua cruz e não vem após mim, não pode ser meu discípulo” Lc 14,27

A Igreja venera hoje uma santa muito conhecida e amada: Santa Inês. Ela é, sem dúvida, a mais famosa de todas as virgens e mártires dos primeiros tempos do cristianismo. Viveu por volta de 304-306. Sua lembrança e seu culto nunca foram interrompidos. Na idade de treze anos, recebeu uma proposta de casamento por parte do filho do prefeito de Roma, apaixonado pela sua beleza. Inês pertencia à nobreza romana. Mas era, acima de tudo, cristã. E queria dar a Cristo todos os seus dons, juntamente com a vida. Conta a história que, por vingança, ela foi condenada à fogueira. E o povo acrescenta que o fogo não tocou nem mesmo os seus longos e belos cabelos. Decidiram então os algozes decepar-lhe a cabeça. Só então ela morreu. Ou melhor, não morreu, mas passou definitivamente para a verdadeira Vida, com Cristo, no Reino do Pai. O Papa São Dâmaso escreveu sobre Santa Inês, exaltando-lhe as virtudes e propondo-a como modelo para as jovens cristãs de todos tempos. O Evangelho, bem o sabemos, leva os jovens a fazerem a sua grande opção. Tudo receberam de Deus! Tudo a Deus podem dar!

SANTO ALEXANDRE, PATRIARCA DE ALEXANDRIA (+326)

Em 7 de maio, comemora-se a vida de Santo Alexandre, que governou a Igreja em Alexandria. Alexandre, santo bispo, esteve zelando pelo rebanho do Cristo e, principalmente, cuidando do alimento doutrinal que começou a ser ameaçado pelo Arianismo. Ário era um sacerdote de Alexandria, que começou a espalhar uma mentira, afirmando que somente o Pai poderia ser chamado Deus, enquanto que Cristo é inferior ao Pai, distinto por natureza Dele seria, portanto, uma criatura, excelente e superior às demais, mas não divina, nem eterna. Várias correções, o bispo Alexandre fez a Ário, mas, irreversível, não deixou de envenenar os cristãos, mesmo depois de saber da condenação de sua doutrina. Santo Alexandre, um ano antes de sua morte, juntamente com o imperador Constantino e principalmente com Papa da época, foram os responsáveis pela realização do Concílio Ecumênico em Nicéia, Ásia Menor, que definitivamente condenou a heresia e definiu: “Filho Unigênito do Pai… Consubstancial ao Pai”.

SANTO ANDRÉ, APÓSTOLO

Os gregos chamam a este ousado apóstolo “Protókletos”, que significa: o primeiro chamado. Ele foi um dos afortunados que viram Jesus na verde planície de Jericó. Ele passava. O Baptista indicou-o com o dedo de Precursor e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo”. André e João foram atrás d’Ele. Não se atreveram a falar-Lhe até que Jesus se virou para trás e perguntou: “Que procurais?” – Mestre, onde habitas? – “Vinde e vede”. A Igreja deve muito a Santo André. Terá sido martirizado numa cruz em forma de aspa ou X, que é conhecida pelo nome de cruz de Santo André.

Papa Bento XVI, Audiência geral de 14/06/06 (© copyright Libreria Editrice Vaticana):  Santo André imita a Cristo até na morte

Uma tradição […] narra a morte de André em Patras, onde também ele sofreu o suplício da crucifixão. Mas, naquele momento supremo, de modo análogo ao de seu irmão Pedro, pediu para ser posto numa cruz diferente da de Jesus. No seu caso tratou-se de uma cruz decussada, isto é, cruzada transversalmente inclinada, que por isso foi chamada «cruz de Santo André».  Eis o que o Apóstolo disse naquela ocasião, segundo uma antiga narração […]: «Salve, ó Cruz, inaugurada por meio do corpo de Cristo e que se tornou adorno dos Seus membros, como se fossem pérolas preciosas. Antes que o Senhor fosse elevado sobre ti, tu incutias um temor terreno. Agora, ao contrário, dotada de um amor celeste, és recebida como um dom. Os crentes sabem, a teu respeito, quanta alegria possuis, quantos dons tens preparados. Portanto, certo e cheio de alegria venho a ti, para que também tu me recebas exultante como discípulo Daquele que em ti foi suspenso […]. Ó Cruz bem-aventurada, que recebeste a majestade e a beleza dos membros do Senhor! […] Toma-me e leva-me para longe dos homens e entrega-me ao meu Mestre, para que por teu intermédio me receba Quem por ti me redimiu. Salve, ó Cruz; sim, salve verdadeiramente!» Como se vê, há aqui uma profundíssima espiritualidade cristã, que vê na Cruz não tanto um instrumento de tortura como, ao contrário, o meio incomparável de uma plena assimilação ao Redentor, ao grão de trigo que caiu na terra. Devemos aprender com isto uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor se forem consideradas e aceites como parte da cruz de Cristo, se reflectirem a sua luz. Só naquela Cruz são também os nossos sofrimentos nobilitados e adquirem o seu verdadeiro sentido.

SANTO ISAÍAS, PROFETA

O profeta Isaías, teria vivido entre 740 e 681 a.C., durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, sendo contemporâneo da destruição de Samaria pela Assíria e à resistência de Jerusalém ao cerco das tropas de Senaqueribe que sitiou a cidade com um exército de 185 mil assírios em 710 a. C.

Isaías, cujo nome significa Iavé salva ou Iavé é salvação exerceu o seu ministério no reino de Judá, tendo se casado com uma esposa conhecida como a profetisa que foi mãe de dois filhos: Sear-Jasube e Maer-Salal-Hás-Baz.

SÃO FIRMINO, BISPO, MÁRTIR (SÉC. III)

Bispo itinerante, apóstolo na Aquitânia e noutras regiões de França. Mártir em Irunia / Pamplona (Navarra Espanhola) em companhia de Santa Eugénia.

SÃO GREGÓRIO (NAZIANZENO), BISPO DE NAZIANZO, DOUTOR DA IGREJA (†390)

Gregório de Nazianzo foi ao mesmo tempo homem de acção e de contemplação; filósofo e poeta; incerto entre a vida activa e a vida ascética, entre a pregação e a meditação. Desde pequeno, consagrou-se Gregório à castidade, que lhe aparecera em sonhos como uma menina vestida de branco. Já maior, estudou nas mais importantes cidades do Oriente: Cesareia, na Palestina; Alexandria, no Egipto; e Atenas, na Grécia.

Em Atenas, cimentou a sua amizade com Basílio (Santo cuja festa é celebrada neste mesmo dia) e voltando os dois à Capadócia, decidiram retirar-se para a solidão e meditação. Aliás, foi esta vocação para a vida solitária que viria a ser a fiel companheira dos altos e baixos de S. Gregório. Tempos depois, ao regressar a Nazianzo é ordenado sacerdote.

A sua actividade mais célebre encontra-se ligada a Constantinopla, onde bastava entrar numa padaria para ouvir falar do problema da Santíssima Trindade (segundo S. Gregório), ou seja, tratava-se de um tempo de polémicas religiosas em que questões de fé era rebaixadas ao nível do sacrilégio e da blasfémia. Como dizia S. Gregório, quem trata do dogma, deve estar à altura do dogma. E foi assim, estando à altura da sua missão de pregação que, além de sábio, convicente, não o era somente porque conhecia a doutrina cristã, mas também porque a vivia de forma exemplar.

No entanto, por uma série de oposições maldosas, Gregório não chegou a ser Bispo de Constantinopla, como desejava o povo e despedindo-se humildemente, teve que voltar à sua terra natal: Nazianzo. Aí, em silêncio, continuou o seu falar com os homens e com Deus, escrevendo 240 cartas, muito importantes pelo seu conteúdo teológico ou moral e belas pela sua forma literária. Antes de partir para o Paraíso, em 390, compôs centenas de poesias em elegantes versos gregos que lhe mereceram um lugar de destaque na história da poesia, além da gloriosa fama de Santo.

SÃO JERÔNIMO, PRESBÍTERO, CARDEAL, DOUTOR DA IGREJA, SÉC. IV

Nasceu em Estridon (Dalmácia) cerca do ano 340. Estudou em Roma e aí foi batizado. Tendo abraçado a vida ascética, partiu para o Oriente e foi ordenado sacerdote. Regressou a Roma e foi secretário do papa Dâmaso. Nesta época começou a revisão das traduções latinas da Sagrada Escritura e promoveu a vida monástica. Mais tarde estabeleceu-se em Belém, onde continuou a tomar parte muito activa nos problemas e necessidades da Igreja. Escreveu muitas obras, principalmente comentários à Sagrada Escritura. Morreu em Belém no ano 420.

São João, o Teólogo

João, filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, de profissão pescador, originário de Betsaida, como Pedro e André, ocupa um lugar de primeiro plano no elenco dos apóstolos. O autor do quarto Evangelho e do Apocalipse, será classificado pelo Sinédrio como indouto e inculto. No entanto, o leitor, mesmo que leia superficialmente os seus escritos, percebe não só o arrojo do pensamento, mas também a capacidade de revestir com criativas imagens literárias os sublimes pensamentos de Deus. A voz do juiz divino é como o mugido de muitas águas. João é sempre o homem da elevação espiritual, mais inclinado à contemplação que à acção. É a águia que desde o primeiro bater das asas se eleva às vertiginosas alturas do mistério trinitário: “No princípio de tudo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e ele mesmo era Deus.” Ele está entre os mais íntimos de Jesus e nas horas mais solenes de sua vida João está perto. Está a seu lado na hora da ceia, durante o processo, e único entre os apóstolos, assiste à sua morte junto com Maria. Mas contrariamente a tudo o que possam fazer pensar as representações da arte, João não era um homem fantasioso e delicado. Bastaria o apelido humorista que o Mestre impôs a ele e a seu irmão Tiago: “Filhos do trovão” para nos indicar um temperamento vivaz e impulsivo, alheio a compromissos e hesitações, até aparecendo intolerante e cáustico. No seu Evangelho designa a si mesmo simplesmente como “o discípulo a quem Jesus amava.” Também se não nos é dado indagar sobre o segredo desta inefável amizade, podemos adivinhar uma certa analogia entre a alma do Filho do homem e a do filho do trovão, pois Jesus veio à terra não só trazer a paz mas também o fogo. Após a ressurreição, João está quase constantemente ao lado de Pedro. Paulo, na epístola aos gálatas, fala de Pedro, Tiago e João como colunas na Igreja. No Apocalipse, João diz que foi perseguido e degredado para a ilha de Patmos “por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo”. Conforme uma tradição unânime ele viveu em Éfeso em companhia de Maria e sob o imperador Domiciano foi colocado dentro de uma caldeira com óleo a ferver, mas saiu ileso e todavia com a glória de ter dado testemunho. Depois do exílio de Patmos voltou definitivamente para Éfeso, onde exortava continuamente os fiéis ao amor fraterno, resultando em três cartas, acolhidas entre os textos sagrados, assim como o Apocalipse e o Evangelho. Morreu carregado de anos em Éfeso durante o império de Trajano (98-117), onde foi sepultado.

SÃO JUSTINO, MÁRTIR, (+167)

Nasceu em 103, na cidade de Siquém, na Palestina. Espírito inquieto, São Justino incursionou pelas escolas estoica, pitagórica, aristotélica … No platonismo julgou ter encontrado a resposta para suas inquietações intelectuais e espirituais. Segundo ele próprio relata, logo percebeu que o platonismo não satisfazia inteiramente a sua busca metafísica e transcendental. Um velho sábio de Cesaréia convenceu-o de que residia no cristianismo a verdade absoluta; a verdade capaz de satisfazer o espírito humano mais exigente. Este encontro marcou a sua conversão, aos 30 anos de idade. A partir daí, tornou-se um dos mais famosos apologistas do século II. Escreveu três “apologias”, justificando a fé cristã e contra as calúnias dos adversários oferecendo-nos uma síntese doutrinal. Das suas numerosas obras, a mais célebre é o “Diálogo com Trifão”. Os seus escritos oferecem-nos ricas informações sobre ritos e administração dos sacramentos na Igreja primitiva. Descontentes pelo seu bom desempenho apologético, Crescêncio e Trifão denunciaram-no como cristão. Condenado à morte, foi decapitado juntamente com outros companheiros, durante a perseguição de Marco Aurélio, imperador romano.

SÃO MARCELINO E SÃO PEDRO, MÁRTIRES (+304)

São Marcelino e São Pedro deram o seu testemunho de fé durante a perseguição de Diocleciano, por volta do ano 304. Marcelino era sacerdote e Pedro cumpria o ministério de exorcista. São Dâmaso afirma que, quando menino, ouviu do próprio carrasco dos santos o relato da morte deles: “Marcelino e Pedro, escutai a história do vosso triunfo. Quando eu era menino, o próprio carrasco contou-me, a mim Dâmaso, que o perseguidor furioso ordenara que vos fossem cortadas as cabeças no meio dum bosque, para ninguém saber onde estavam os vossos corpos. Mas vós, triunfantes, com as vossas próprias mãos vos preparastes esta sepultura, onde agora descansais. Depois de terdes descansado por breve tempo numa Selva Branca, revelastes a Lucila que teríeis gosto em descansar aqui”.

SÃO MARINO E SANTO ASTÉRIO

São Marino era oficial do exército imperial em Cesaréia da Palestina. Devido à sua bravura, fora nomeado centurião romano, cargo bastante almejado. Enquanto se aguardava a cerimónia da entrega da vara da videira, símbolo da sua promoção, um dos pretendentes ao cargo acusou-o de ser cristão. O facto ocorreu por volta do ano 260, quando a Igreja de Cristo era bastante perseguida. São Marino teve o apoio do bispo Teotecno, que o incentivou a perseverar na fé, embora isso lhe custasse a vida. O bispo, diante do altar, apresentou-lhe uma espada e a Bíblia pedindo-lhe que escolhesse. São Marino, com segurança, escolheu a Bíblia e, diante das autoridades, afirmou ser cristão. Estava presente na execução outro cristão, o senador Astério, que o incentivou a permanecer firme em sua decisão. Logo após o martírio, Astério tomou o seu corpo a fim de lhe dar uma sepultura digna, embora soubesse que esse gesto também lhe custaria a vida, como de facto aconteceu. Dessa maneira, São Marino divide com Astério a honra do martírio por ser seguidor de Cristo.