Quinta-feira da Ascensão
SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
«A Ascensão do Senhor»
Quarenta dias após a Ressurreição, a Igreja celebra a Ascensão do SENHOR aos Céus, onde Ele está sentado à direita do Pai, conforme professamos no CREDO. Como celebração litúrgica, esta Festa teve seu início no século IV, no Oriente, instituída por São Gregório de Nissa e, posteriormente, por São João Crisóstomo.
Este espaço de 40 dias entre a Ressurreição e a Ascensão, é um espaço de tempo que atende melhor a uma necessidade pedagógica do que cronológica.
Após a Páscoa, Jesus não apareceu aos seus discípulos para reivindicar seu posto de Mestre ou para implantar um teocrático reino de Deus no mundo, como muitos achavam que Ele devia ter feito durante sua vida terrestre. Jesus, após a Páscoa, se apresenta em dimensões diferentes: a dimensão de sua glória, de seu senhorio transcendente. As atividades aqui na terra ele as incumbe a todos nós. «Sede minhas testemunhas» (At 1,8).
Através da Ressurreição Jesus volta a nós glorioso. Assim, paradoxalmente, ao celebrarmos a entrada de Jesus na sua Glória, não celebramos uma despedida, mas um novo modo de presença. Sua promessa foi muito explícita: «Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos» (Mt 28,20). De fato, a partir desta promessa celebramos o «Emanuel» (Deus conosco) com mais certeza.
Esperar o Senhor até que Ele venha não deve provocar em nós uma alienação. Viver esta expectativa, viver esta espera, exige de nós atitudes concretas, pois viver com a mente no céu não nos dispensa de estar com os dois pés firmes no chão. Tal admoestação foi feita pelos anjos para alertar que esta segunda vinda do Senhor exigirá uma preparação constante. Pois se o seu nascimento aconteceu de maneira despercebida, rodeado apenas pelos pastores e animais da estrebaria, a próxima não seguirá estas proporções.
A Festa da «Ascensão do Senhor»
Após a Ressurreição dentre os mortos, Nosso Senhor permaneceu entre o povo durante 40 dias. Com seu Corpo purificado aparecia às santas Miróforas, aos apóstolos e a outros. Aos apóstolos, admoestava que, quando recebessem a força do Espírito Santo, fossem anunciar o Evangelho até os confins da terra, «batizando a todas as nações em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…» (Mt.28, 19).
No quadragésimo dia após sua gloriosa Ressurreição deu-se o último acontecimento visível da sua vida terrena – sua gloriosa Ascensão. Este episódio aconteceu no Monte das Oliveiras quando Nosso Senhor elevou-se aos céus diante de seus apóstolos, que puderam contemplar quando o Divino Mestre se elevava e os abençoava. Continuando os apóstolos a olhar para os céus entristecidos com a partida de seu Divino Mestre, eis que aparecem diante deles dois homens vestidos de branco que, consolando-os disseram: «Homens da Galileia, por que permaneceis olhando para os céus? Este mesmo Jesus que dentre vós ascendeu-se aos céus, novamente virá assim como vistes elevar-se aos céus…» (Atos 1,10-11).
Pelas palavras dos Anjos após a Ascensão, entendemos o ensinamento dogmático da Igreja sobre a segunda e gloriosa Vinda de Nosso Senhor quando virá para julgar os vivos e os mortos.
Na vida da Igreja, cada um de nós é chamado por vocação particular a cumprir uma missão. Cristo, o Enviado do Pai Celeste, cumpriu sua missão, resgatando a humanidade da corrupção, para que todos tivéssemos Vida, e Vida em abundância, isto é, Vida eterna. Os apóstolos não permaneceram parados, mas voltaram para casa e, após receberem o Espírito Consolador, o Espírito da Verdade, Vivificante, Força do Altíssimo, partiram destemidos, anunciando a Boa-nova a todos. E a Graça da Salvação chegou a nós através do batismo pelo qual fomos revestidos do próprio Cristo e fortalecidos pelo Espírito Santo que age em nós para conhecermos exatamente qual é a nossa vocação específica, a que fomos chamados, qual nossa missão terrena perante Deus, sua Igreja e a comunidade da qual fazemos parte. E após o cumprimento de nossa missão seremos também conduzidos para a Glória Eterna.
Dom JEREMIAS de Aspendos
Arcebispo Eparca da América do Sul
Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado Ecumênico
Fonte: «Seara Ortodoxa.