Domingo da Samaritana
SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
O «Domingo da Mulher Samaritana»
Ir a uma fonte pública para buscar água era função das jovens e das mulheres casadas como parte de seus afazeres domésticos. Geralmente elas se dirigiam à fonte muito cedo ou já no fim do dia. Neste episódio narrado pelo Evangelho vimos que a Samaritana, ao contrário do uso costumeiro, foi ao meio-dia buscar água na fonte, provocando circunstancialmente um encontro com o Senhor.
O diálogo travado entre eles, enveredou por caminhos que levaram a Samaritana a constatar que estava diante de alguém extraordinário, possuidor de dons especiais por “adivinhar” sua vida pregressa. «Vejo que és um profeta», diz a Samaritana a Jesus.
Já a Leitura dos Atos dos Apóstolos revela-nos que foi em Antioquia que pela primeira vez os seguidores do Senhor foram chamados de cristãos. (At 11,28) Desde então todos batizados trazem este nome.
Estes pontos convidam-nos a refletir sobre a estreita ligação entre a água e o Batismo.
As Sagradas Escrituras reconhecem a importância da água para o homem e ressaltam seu simbolismo na História da Salvação. No livro do Gênesis, o autor sagrado descreve que «o Espírito de Deus pairava sobre as águas» (Gn 1,2); em seguida, o Dilúvio, que põe fim aos vícios e pecados e dá a Noé a missão de perpetuar uma nova humanidade (Gn 6,5); depois, Moisés é salvo das águas do Rio Nilo (Ex 2,10); no Rio Jordão, Naamã é curado da lepra (2R 5, 1-19).
No Novo Testamento Jesus é batizado por João Batista no Jordão (Mt 3,13-17); Jesus caminha sobre as águas (Mt 14, 22-33); convida a saciar a sede: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba… pois jorrarão rios de água viva” (Jo 7,37) e diz na liturgia deste Domingo à Samaritana: “O que beber da água que eu lhe der, jamais terá sede, mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água que jorrará até a Vida Eterna”. (Jo 4,14).
No Batismo cristão, a água é a matéria pela qual o Espírito Santo por meios sensíveis e visíveis se faz presente, dando a pessoa nova identidade. A pertença a uma Comunidade, à filiação divina e à herança eterna faz com que os cristãos que passaram pela água viva do batismo também sejam identificados como a “raça eleita”, o “povo escolhido”.
A Samaritana, admirada por ter conhecido Aquele que era tão esperado pelo povo de Israel, apressadamente correu ao encontro dos seus para anunciar que conhecera o “Enviado”, o “Messias Prometido”. Ao ter contato com a Água Viva ela não se estagnou, pelo contrário, anunciou aquele encontro aos demais, dando início a uma nova vida, porque experimentou o agradável prazer de saciar sua sede espiritual, diretamente da fonte da qual jorra água viva. Nós, os batizados, devemos da mesma forma, viver com alegria de coração, a grandeza de sermos chamados cristãos. Se pela primeira vez fomos chamados de cristãos em Antioquia, hoje parece já não mais existir lugar onde não estejamos presentes. Basta o testemunho!
Referências Bibliográficas:
DONADEO, Madre Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1990.