Domingo de PÁSCOA
SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
«Domingo da Santa PÁSCOA da Ressurreição de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo»
A Ressurreição e a vitória de Cristo é reafirmada nesta manhã. O evangelho é lido em diversos idiomas para mostrar a universalidade da Boa-nova da Ressurreição a todos os povos da terra. Amor, perdão, reconciliação, triunfo e alegria são os dons que recebemos, pois Cristo viveu, morreu e triunfou por nossa salvação. Este tempo abrange as oito semanas que seguem a Páscoa: sete semanas, da Páscoa até o Pentecostes; uma semana do Pentecostes até o Domingo de Todos os Santos. No Grande Domingo de Páscoa, celebramos a Ressurreição vivificadora de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo, pois Cristo desceu a Hades para lutar com o inferno, e subiu trazendo com Ele troféus de vitória.
Antes da proclamação da Ressurreição de Cristo nos preparamos para o serviço solene da Ressurreição, repetindo o Cânon do Sábado Santo, enquanto o templo permanece no escuro. À meia noite, a Porta Real (no centro da Iconostase) é aberta. O sacerdote celebrante sai com um círio iluminado e proclama: «Vinde! Tomai luz da Luz Eterna. Vinde! E glorificai o Cristo ressuscitado dos mortos». Os fiéis se aproximam para acender suas velas na vela do celebrante, e assim a igreja vai sendo iluminada à medida que a luz da Ressurreição é distribuída. Tem início então a procissão solene que se dirige ao exterior do templo. Todos, portando em suas mãos as velas acesas, em uníssono, entoam este cântico: «Os Anjos do Céu, ó Cristo Salvador, cantam à Tua Ressurreição, concede a nós que estamos na terra te glorificar com o coração puro».
No centro do átrio, o sacerdote dá início ao Ofício de Matinas, próprio da Páscoa. O Evangelho que relata a ida das santas Mulheres ao sepulcro é lido. Depois de glorificar a Santíssima Trindade, o celebrante entoa solenemente o tropário da Ressurreição: «Cristo ressuscitou dos mortos. Pela morte ele venceu a morte. Aos que estavam no túmulo, Cristo deu a vida». A procissão retorna à Igreja, onde é cantado o Cânon de Páscoa, escrito por São João Damasceno, glorificando a Ressurreição do Senhor. O ofício de Matinas é concluído, e tem início a Divina Liturgia de São João Crisóstomo.
«Homilia Pascal de São João Crisóstomo»
Quem tiver piedade e amor a Deus, regale-se nesta gloriosa e brilhante festa; quem for servo bom, entre alegre no gozo de seu Senhor; quem suportou a fadiga do jejum, receba agora a sua remuneração; quem trabalhou desde a primeira hora, receba hoje o seu justo salário; quem veio após a terceira hora, festeje com gratidão; quem chegou após a sexta hora, entre sem hesitar, porque não será castigado; quem atrasou-se até a nona hora, venha sem receio; quem chegou somente na undécima hora, não tenha medo por causa de sua demora, porque o Senhor é generoso, acolhe o último como o primeiro; remunera o operário da undécima hora como o da primeira; cobre um com sua misericórdia e outro com sua graça; a um dá, a outro perdoa; aceita as obras e abençoa a intenção; recompensa o trabalho e louva a boa vontade.
Entrai, pois, todos no gozo de nosso Senhor; primeiros e últimos recebei a recompensa; ricos e pobres, alegrai-vos juntos; justos e pecadores, honrai este dia; vós que jejuastes e vós que não jejuastes, regozijai-vos uns com os outros; a mesa é farta, saciai-vos à vontade; o vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome; tomai todos parte no banquete da fé; participai todos da abundância da graça; que ninguém se queixe de fome, porque o reino universal foi proclamado; que ninguém chore por causa de seus pecados, porque o perdão jorrou do túmulo; que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou a todos.
(O Salvador) destruiu a morte, quando a ela se submeteu; despojou o inferno, quando nele desceu; o inferno tocou seu corpo e foi ANIQUILADO. Foi isto que profetizou Isaías, exclamando: “o inferno foi aniquilado e ARRUINADO; aniquilado e MENOSPREZADO, aniquilado e EXECUTADO, aniquilado e ESPOLIADO, aniquilado e SUBJUGADO. Agarrou um corpo e encontrou um Deus; apossou-se da terra e achou-se defronte ao céu; pegou no que viu e caiu donde não viu”.
Onde está tua vitória, ó inferno? Onde está o teu aguilhão, ó morte? CRISTO RESSUSCITOU e foste arrasada: CRISTO RESSUSCITOU e os demônios foram vencidos; CRISTO RESSUSCITOU e os anjos rejubilaram-se; CRISTO RESSUSCITOU e a vida foi restituída; CRISTO RESSUSCITOU e não ficou morto nenhum no túmulo, porque Cristo, pela sua ressurreição dos mortos, tornou-se primícias de todos os mortos.
A ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.
Os sinais da Ressurreição
Os primeiros sinais da Ressurreição são de ausência: Jesus não estava mais lá onde havia sido sepultado. A pedra fora do lugar, o sepulcro vazio, os lençóis e o sudário abandonados faziam parte do cenário que Maria de Magdala vislumbrava. Ela, a primeira mensageira do sepulcro vazio, a evangelista da ressurreição, correu para chamar os discípulos, ainda temerosos com os acontecimentos vividos naqueles dias. Encontrou Pedro e João que se lançaram em direção ao inexplicável. Não acharam o que procuravam! Aquela ausência, aquele vazio são preenchidos por uma nova realidade: a perplexidade. Os discípulos voltaram para casa, deixando o cenário livre para Maria. Repetiu-se o fato: Jesus e Maria se encontram a sós, como em Samaria, quando estava prestes a ser apedrejada. Parece que as testemunhas dos diálogos entre o Senhor e Maria se esvaem. Antes pela inconveniência de escutar aquelas palavras que feriam o orgulho: “se alguém não tiver pecado, atire a primeira pedra”; agora, eles se vão pelo excesso de silêncio. Justamente neste diálogo, sem testemunhas, ela reconhece o Senhor e imediatamente o chama de “Raboni”, ou seja, Mestre. Embora fosse conhecida pelos discípulos novamente vai ao encontro deles pra lhes dizer: “Eu vi o Senhor”, mas eles não acreditam. A incredulidade dos discípulos não diminui a alegria de Maria, pois momentos mais tarde o próprio Ressuscitado, trazendo-lhes a paz, invadirá o cenáculo confirmando o que Maria anunciou. A partir de então os apóstolos não sentiriam mais constrangimento nem desprezo pelo povo que codinomeavam seu Mestre de “Crucificado”. Estes sentimentos transformam-se em coragem e missão. Os primeiros missionários do cristianismo anunciavam o “Ressuscitado” para transformar a vida de muitos. E esta força provinha da fé ratificada pela visão. A nós, destinatários das palavras do Senhor: «Bem-aventurados são os que não viram mais acreditaram», cabe a fé, dom e graça de Deus!”