Grande e Santo Sábado

Desceste das alturas, ó Misericordioso, e suportaste a sepultura por três dias, para nos libertar dos sofrimentos. Senhor, nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti!
Mons. Irineo Tamanini​
Arquimandrita

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS​

O «Grande e Santo Sábado»

Cristo dorme no sepulcro, desce aos infernos, onde lhe esperam os justos do Antigo Testamento, e lhes anuncia a salvação próxima e a ascensão com ele ao céu.

Na manhã deste Sábado a Igreja nos recorda a recompensa da fidelidade. A crucifixão terminou, Cristo foi sepultado e os doze apóstolos e discípulos estão dispersos e derrotados. Porém, três portadoras de aromas aproximam-se por fidelidade para executar um derradeiro ato de amor – ungir o corpo de Jesus com Mirra, seguindo os costumes funerários judaicos. Sua devoção inabalável é recompensada – elas são as primeiras a compartilhar do triunfo de Cristo sobre a morte e o mal; são as primeiras a testemunhar sua Ressurreição. Celebramos essa alegria quando o sacerdote espalha folhas de louro e pétalas de rosa pela igreja.

Na madrugada de domingo são repetidas as lamentações da noite anterior e todas as luzes da igreja se apagam, simbolizando o desespero e a derrota sentidos às vésperas da vitória de Cristo sobre o inimigo de nossa salvação.

Precisamente à meia-noite uma única chama é acesa no altar representando a vitória de Jesus sobre a morte e a derrota do príncipe das trevas ante a majestade de Cristo, a Luz do Mundo. Essa luz é passada de pessoa para pessoa, iluminando a igreja até afastar por completo a escuridão. A Ressurreição é proclamada por meio de canções e de uma procissão, e após a liturgia a chama é levada para as nossas casas, para que elas também se encham com a sua luz, calor e o triunfo da Ressurreição.


As cerimônias deste dia são:

  • OFÍCIO DE ORTHROS do sábado, que se celebra na Sexta-feira à noite, conhecido como «SEPULTAMENTO DO SENHOR».
  • BÊNÇÃO DO FOGO NOVO, antes da Divina Liturgia: que simboliza a luz que raiou do sepulcro de Cristo e iluminou o mundo com as luzes dos ensinamentos divinos.

Vésperas e Divina Liturgia de São Basílio

1. O Orthros – Ofício de Matinas:

  • Ez 37: 1-14;
  • 1 Cor 5: 6-8;
  • Gl 3: 13-14;
  • Mt 27: 62-66.

2. O Ofício de Vésperas:

  • • Gn 1: 1-13;
  • Is 60: 1-16;
  • Ex 12: 1-11;
  • Jn 1: 1-4: 11;
  • Js 5: 10-15;
  • Ex 13: 20-15: 19;
  • Sf 3: 8-15;
  • 3 [1] Rs 17: 8-24;
  • Is 61: 10-62: 5;
  • Gn 22: 1-18;
  • Is 61: 1-9;
  • 4 [2] Rs 4: 8-37;
  • Is 63: 11-64: 5;
  • Jr 31: 31-34;
  • Dn 3: 1-23 (Cântico dos Três: 1-66 com versos).

A Manhã de Sábado

«Resplandece, resplandece, ó nova Jerusalém,
pois a Glória do Senhor brilhou sobre ti!
Dança de alegria e rejubila o Sião!
E Tu, Mãe de Deus Toda Pura,
sê exaltada na Ressurreição
d’Aquele a quem deste a luz.»

Ó divina, ó amável, ó doce Palavra,
tu nos prometeste, ó Cristo,
estar conosco até a consumação dos séculos
e nós, fiéis, retemos esta Palavra como âncora de nossa esperança
e permanecemos na alegria.

Ó Cristo, grande e santíssima Páscoa,
ó Sabedoria, Verbo e poder de Deus,
concede que te comunguemos mais intimamente
no dia de teu Reino que não conhece o ocaso
.

Na manhã do Sábado Santo, o ofício de Vésperas é realizado como de costume, seguindo com a Liturgia de São Basílio.

O tropário do dia exclama:

Desceste das alturas, ó Misericordioso, e suportaste a sepultura por três dias, para nos libertar dos sofrimentos. Senhor, nossa vida e nossa ressurreição, glória a Ti!

Acredita-se que este hino tenha sido composto pelos cristãos do primeiro século. Em seguida, lê-se as leituras escolhidas de 15 livros do Antigo Testamento que recolhem os eventos mais surpreendentes e simbólicos que prefiguram o evento de Cristo em toda sua dimensão, enfatizando sua Paixão, Morte e, fundamentalmente, sua Ressurreição para libertar o gênero humano.

A leitura da Epístola nos assegura que através do batismo somos sepultados com Cristo, para que possamos ser ressuscitados com Ele. Antes da leitura do Evangelho, o cantor, em vez do habitual «Aleluia», canta:

«Levanta-Te, ó Deus, julga a terra, pois as nações todas pertencem a Ti».

O celebrante, revestido de paramentos brancos, espalha folhas de louro por todo o templo, simbolizando a vitória de Cristo sobre os poderes da morte. Este ato é o primeiro anúncio do alegre advento da ressurreição. Após este alegre anúncio, o sacerdote lê o Evangelho do dia, tirado de São Mateus (28:1-20), proclamando a vitória triunfal de Cristo sobre a morte e suas palavras de envio aos Apóstolos:

«(…) Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei».

Este mesmo texto é o que é lido na cerimônia do sacramento do Batismo.

Assim prossegue a Divina Liturgia, resplandecente como o tema do triunfo de Cristo.

FONTE: Publicação da Sacra Arquidiocese Ortodoxa de Buenos Aires, Exarcado da América do Sul – Patriarcado Ecumênico, Tradução de Pe. André [Sperandio].