2º Domingo da Quaresma

«Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos» (Mt 22:14)
D. Irineo​
Bispo de Tropaion

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS​

A Veneração às Santas Relíquias e o Perdão dos Pecados

A veneração às relíquias dos santos teve início no culto aos mártires dos primeiros séculos do cristianismo. Estes eram vistos como símbolos do sofrimento, da morte e da vitória de Cristo. Seus restos mortais e objetos eram venerados com respeito e devoção, pois testemunhavam a fidelidade ao Ressuscitado até o derramamento de sangue.

Com o Edito de Milão, que trouxe liberdade à Igreja, as relíquias dos mártires passaram a ser depositadas em altares, mantendo o costume da celebração eucarística nas catacumbas. Hoje, a tradição ortodoxa continua a honrar não apenas os mártires, mas todos os que viveram uma vida santa.

Neste Segundo Domingo da Quaresma, a Igreja do Oriente dá às santas relíquias a mesma dignidade que confere aos ícones sagrados. Ambos são testemunhos vivos da fé cristã.

No Evangelho de hoje, vemos que onde Jesus estava, as pessoas recorriam a Ele. O paralítico e seus amigos, movidos por uma fé sincera, destelharam a casa para chegar a Cristo. Diante desse ato de fé, Jesus responde primeiramente perdoando os pecados do homem. A cura física vem depois. Isso nos ensina que a principal enfermidade do ser humano é o pecado e que o verdadeiro milagre é o perdão de Deus.

Se na época de Jesus a noção de pecado era distorcida, hoje vivemos a sua banalização. Do “tudo é pecado” passamos ao “nada é pecado”. Quem pensa não ter pecado se priva da experiência da misericórdia divina. Os santos, mesmo alcançando altos graus de espiritualidade, se consideravam pecadores indignos. Como, então, podemos pensar diferente?

A Quaresma nos convida ao Sacramento do Perdão. A Igreja é sinal da misericórdia divina e lugar de conversão. Todos somos chamados a ser mensageiros deste amor perdoador.

Memória de São Gregório Palamás

Neste Segundo Domingo da Grande Quaresma, a Igreja comemora São Gregório Palamás, Arcebispo de Tessalônica, defensor da espiritualidade hesicasta e do ensino ortodoxo sobre a graça divina.

São Gregório nasceu em 1296 em Constantinopla e tornou-se monge no Monte Athos. Defendeu a doutrina da luz incriada do Monte Tabor e distinguiu entre a essência e as energias divinas, ensinando que é possível ao ser humano participar da graça de Deus através da oração e do ascetismo.

Seu ensinamento foi confirmado no Concílio de Constantinopla de 1341, e sua festa é celebrada anualmente neste domingo e em 14 de novembro. Em muitas igrejas, os fiéis veneram suas relíquias, recordando sua contribuição à fé ortodoxa.

A fé autêntica leva ao encontro com Cristo, como vemos na cura do paralítico. Os santos e suas relíquias nos inspiram a buscar a santidade, assim como São Gregório Palamás nos ensina sobre a oração e a graça divina.

Neste tempo quaresmal, somos chamados a trilhar o caminho da conversão, da oração e da busca pela misericórdia divina. Que possamos nos aproximar do Cristo que perdoa e salva, experimentando o poder transformador da sua graça.

Ὀρθοδοξίας ὁ φωστὴρ, Ἐκκλησίας τὸ στήριγμα καὶ διδάσκαλε, τῶν μοναστῶν ἡ καλλονὴ, τῶν θεολόγων ὑπέρμαχος ἀπροσμάχητος· Γρηγόριε θαυματουργὲ Θεσσαλονίκης τὸ καύχημα κήρυξ τῆς χάριτος· ἱκέτευε διὰ παντός, σωθῆναι τὰς ψυχὰς ἡμῶν.

Luminar da Ortodoxia, pilar e doutor da Igreja, ornamento dos monges e campeão irrefutável dos teólogos; ó São Gregório taumaturgo, glória de Tessalônica e pregador da Graça, roga sem cessar pela salvação de nossas almas!