1° Domingo da Quaresma

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
O Triunfo da Ortodoxia e o Significado dos Ícones
No primeiro domingo da Grande Quaresma, a Igreja celebra o Domingo da Ortodoxia, marcando o triunfo da Verdade Divina e a afirmação da legitimidade da veneração dos ícones. Esta festa não se refere a uma vitória dos ortodoxos sobre outras religiões, mas ao reconhecimento da encarnação de Cristo e da expressão da Verdade Divina através das sagradas imagens.
Conforme explica o Metropolita Anthony de Sourozh:
“Ao venerarmos os ícones, não adoramos a madeira ou a pintura, mas proclamamos a realidade da Encarnação: que Deus se fez homem, que viveu entre nós, cheio de humildade, simplicidade e glória.”
A Festa do Triunfo da Ortodoxia tem sua origem em 842, com a derrota do iconoclasmo e a restauração definitiva das imagens sagradas no culto cristão. O Synodikon da Ortodoxia, documento lido neste dia, anatematiza aqueles que negam a veneração dos ícones, reafirmando a posição da Igreja na preservação da fé apostólica.
Os Ícones e a Vida Cristã
Cada cristão é chamado a ser um ícone vivo de Deus. Como afirma Anthony de Sourozh:
“Um ícone pode ser desfigurado, transformado em uma caricatura ou blasfêmia. Devemos nos perguntar: somos dignos de ser chamados imagens de Deus? Aqueles que nos encontram veem em nós a presença do Espírito Santo?”
A celebração da Ortodoxia também nos lembra da responsabilidade coletiva da Igreja. Desde os tempos antigos, a Igreja deveria ser uma comunidade viva, sustentada pelo amor sacrificial, reflexo do amor divino. No entanto, muitas vezes as estruturas eclesiásticas foram organizadas conforme modelos estatais, distantes do ideal das primeiras comunidades cristãs.
Leituras Litúrgicas e Reflexão Espiritual
As leituras deste domingo enfatizam a realidade da Encarnação. A Epístola (Hb 11, 24-26.32-40) recorda os sofrimentos e a fé inabalável dos patriarcas e profetas, que prefiguraram a imagem definitiva de Deus em Cristo. O Evangelho (Jo 1, 43-52) narra o encontro entre Jesus e Natanael, onde este é surpreendido pela onisciência do Senhor e professa: “Rabi, tu és o Filho de Deus!”
Este trecho nos convida à meditação: houve momentos em nossas vidas em que estivemos “sob a figueira”, em crise ou perplexidade, sem perceber que Cristo já nos via e nos chamava. Assim como Natanael foi convidado a experiência de uma revelação ainda maior, também nós somos chamados a avançar na vida espiritual, abertos às novas manifestações da graça.
O Triunfo da Ortodoxia em Nossa Vida
O verdadeiro triunfo da Ortodoxia não está apenas na proclamação de dogmas, mas na vivência da fé. Como advertiu um teólogo ocidental:
“Podemos proclamar toda a verdade da Ortodoxia e, ao mesmo tempo, desfigurá-la pela maneira como vivemos.”
Portanto, celebrar esta festa significa comprometer-se com a renovação pessoal e comunitária, tornando-se autênticos reflexos da imagem divina, para que a Verdade e a Vida de Deus triunfem em nós e no mundo.
Referências Bibliográficas:
Metropolita Anthony de Sourozh. Texto original em inglês: www.mitras.ru
Ortodoxia Brasil (Blog da Eparquia do Brasil sob a Igreja da Polônia).
Suplemento Litúrgico
Apolytíkion – Domingo da Ortodoxia (Modo 2º)
Τὴν ἄχραντον Εἰκόνα σου προσκυνοῦμεν Ἀγαθέ, * αἰτούμενοι συγχώρησιν τῶν πταισμάτων ἡμῶν, Χριστὲ ὁ Θεός, * βουλήσει γὰρ ηὐδόκησας * σαρκὶ ἀνελθεῖν ἐν τῷ Σταυρῷ, * ἵνα ῥύσῃ οὓς ἔπλασας * ἐκ τῆς δουλείας τοῦ ἐχθροῦ, * ὅθεν εὐχαρίστως βοῶμέν σοι, * Χαρᾶς ἐπλήρωσας τὰ πάντα, * ὁ Σωτὴρ ἡμῶν, * παραγενόμενος εἰς τὸ σῶσαι τὸν Κόσμον.
Veneramos teu santo ícone, ó Bondoso, implorando o perdão de nossas culpas, ó Cristo Deus! que, voluntariamente, te deixaste suspender na cruz, para salvar da escravidão do inimigo os que formaste. Por isso, dando-te graças, nós te aclamamos: trouxeste a todos grande alegria, ó Salvador nosso, quando vieste para salvar o mundo!