16° Domingo de São Mateus

«Servo mau e preguiçoso. Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ajunto onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.... » (Mt 25:26-27)
Mons. Irineo Tamanini​
Arquimandrita

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS​

«Parábola dos Talentos»

Durante nossa existência, a cada dia, recebemos de Deus talentos para administrarmos segundo nossa capacidade. Ainda crianças, recebemos o Batismo, a Crisma e a Eucaristia, sacramentos da iniciação cristã. Há quem prefira deixar escondidos estes talentos, por motivos tão diversos. Há quem trabalhe esses talentos fazendo prosperar e multiplicar esses dons, pondo-os à serviço da Igreja viva, dos irmãos, principalmente os mais necessitados.

Como na parábola, a cada um é dado os dons segundo a sua capacidade. Esses dons devem ser compreendidos à luz da fé e à luz da disposição em servir. É preciso que estejamos atentos ao tempo oportuno para nos dispormos à entrega, ao oferecimento pelo outro. Os dons nos foram dados, mas não somos proprietários destes dons. O Único senhor é Deus e a Ele devemos devolver estes dons, não como recebemos simplesmente, mas transformados. Para isso a luta é necessária, o combate à indolência, à preguiça, ao comodismo devem conduzir nosso espírito aos desafios. Um cristão consciente de sua condição filial divina, é alguém que está pronto para os grandes desafios; é alguém que se põe a frente, que ocupa
os lugares de vanguarda, abrindo trincheiras no meio dos obstáculos. São Paulo escreve a Timóteo a este respeito: “Suporta os trabalho a ti confiados como bom soldado de Cristo. Nenhum atleta será coroado se não tiver bem
competido. É preciso que o lavrador trabalhe com afinco se quiser boa colheita” (2Tm 2,4-6).

Conforme nossa capacidade em administrar os dons, Deus vai nos dispondo outros. É imperioso, no entanto, frisar que quanto mais forem o número de dons a nós confiados, tanto maior nos será exigido bons resultados. Os primeiros talentos, se bem trabalhados, nos fazem aptos a receberem outros. A alguns é dado o dom da profecia,a outros, o dom da cura, a outros o dom das línguas, a outros o dom da pregação, a outros o dom de saber escutar, a outros o dom da misericórdia. Mas quais sejam esses dons, todos devem ter como base a caridade. Sem ela de nada valem os dons; sem ela nos anulamos e aniquilamos a graça depositada em nós. ( 1Cor 12). “Acima de tudo revesti-vos da caridade que é vinculo da perfeição” (Cl 3,14). Por isso não devemos nos vangloriar pelos dons que temos recebido; não devemos ser alvos dos holofotes, pois quem sempre deve ser manifestado é Cristo e não nós . Somos meros instrumentos nas mãos de Deus e, se na sua misericórdia e bondade infinitas, nos confiou dons diversos e expressivos é para que manifestemos a Sua gloria. Não devemos cobiçar as glórias vãs, nos provocando inveja, separações, divisões. Os talentos não nos foram distribuídos para este fim. (Gl 5).

Outrossim, não nos deve assolar a tristeza ou a melancolia quando percebemos que não somos possuidores de vários dons e talentos para administrar. Pois o “Senhor é justo e seus julgamentos são corretos; com justiça e verdade Ele ordena tudo o que existe” (Sl 118). E também; «O Espírito distribui seus dons a quem ele quer e como quer».