30/01: Três Santos Hierarcas

Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus. (Mt 5: 16)
Mons. Irineo Tamanini​
Arquimandrita

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS​

«Os três Santos Hierarcas»

esde há quase nove séculos, os cristãos do Oriente celebram no dia 30 de janeiro, numa única festa, os três santos bispos e doutores: Basílio, o Grande, Gregório, o Teólogo (ou Nazianzeno) e João Crisóstomo. No calendário bizantino os três hierarcas possuem também uma festa em dias separados: São Basílio é comemorado no dia 1° de janeiro, aniversário de sua morte (379), juntamente à festa da Circuncisão de N.S. Jesus Cristo; São Gregório, o Teólogo, como é apelidado no Oriente o bispo de Nazianzo morto no ano 390, é comemorado em 25 de janeiro; e São João Crisóstomo em 13 de novembro e 25 de janeiro, dia em que foram trasladadas as suas relíquias de Cumana (onde morreu exilado em 407) para Constantinopla, na presença do Imperador do Oriente, em 438.

A festa conjunta dos três santos, no Oriente bizantino, remonta ao ano 1084. Os três têm atributos próprios e são distinguidos assim: de Basílio, louvavam-se sua inteligência excepcional e sua austeridade exemplar; de Gregório se louvava a sublime teologia expressa em estilo elegante; de João Crisóstomo, louvava-se a excepcional eloqüência e a força convincente de seus discursos. Embora haja entre eles essas qualidades diferentes a fé, o amor à Igreja e a determinação em transmitir seus ensinamentos eram idênticos.

A maior parte dos textos litúrgicos do dia lembra «os Três Grandes Luminares» juntos, mas em algumas partes se evidenciam as qualidades específicas de cada um, nomeadas individualmente. A importância da festa é ressaltada também porque, se a data cai num domingo de Pré-Quaresma ou em outro dia liturgicamente importante, a festa é transferida para outro dia da semana.

Com os numerosos atributos que elogiam os três santos poder-se-ia fazer uma litania:

  • Três astros que juntos brilham no universo.
  • Anjos terrestres e homens celestes.
  • Colunas e alicerces da Igreja.
  • Sustentáculo dos fiéis e flagelo dos hereges.
  • Médicos das enfermidades espirituais e corporais.
  • Pastores que nutriram com ensinamentos divinos.
  • Instrumentos do Espírito que anunciam a verdade.
  • Oradores do Verbo de Deus.
  • Trombetas sonoras da divina pregação.
  • Campeões da Trindade.
  • Baluartes da verdadeira fé.
  • Três verdadeiros Apóstolos após os Doze de Cristo.
  • Rios por onde correm as águas vivas do Éden.
  • Doutores divinos e universais.
  • Padres Teóforos.
  • Tochas para o mundo e força vital para os pobres.
  • Teólogos da palavra de ouro.
  • Combatentes fortes e invencíveis.
  • Exploradores da profundeza do Espírito…

E poder-se-ia continuar, porque a inspiração poética e a forte imaginação dos orientais são bem evidentes nesses textos litúrgicos.

Em alguns trechos se faz alusão às qualidades específicas de cada um dos três santos: Basílio «espírito eminente» possui um nome régio; Gregório é o «epônimo da teologia» e «quebrou as cadeias da heresia com a sabedoria da sua doutrina»; João Crisóstomo «de nome bem escolhido…»«”pregou incessantemente» e é «árvore de vida com frutos de imortalidade». O número «três» dos santos comemorados conjuntamente relembra com frequência a Trindade dos quais foram eminentes servidores.

Referências Bibliográficas:

  • DONADEO, Madre Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1998 (1ª Ed.), pp. 161-163.