Sinaxe dos Setenta Apóstolos

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
A «Sinaxe dos Santos Setenta Apóstolos»
Naquele tempo, o Senhor designou setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à Sua frente, para todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E disse-lhes:
“A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias, nem vos detenhais para saudar alguém pelo caminho. Quando entrardes numa casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se ali houver um filho da paz, a vossa paz repousará sobre ele; senão, ela voltará para vós. Ficai nessa casa, comei e bebei do que vos oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Quando entrardes numa cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o Reino de Deus.’”
(Lc 10,1-9)
Os Setenta Apóstolos (ou Setenta e Dois), como são conhecidos na tradição cristã oriental, foram os primeiros seguidores de Jesus mencionados no Evangelho de Lucas. De acordo com o evangelista, o único que os cita, Jesus os designou e enviou aos pares com uma missão específica, descrita no texto acima. Na tradição ocidental, eles são geralmente chamados de “discípulos”, enquanto que, no cristianismo oriental, são conhecidos como “apóstolos”.
A única vez que este grupo é mencionado na Bíblia é em Lucas 10,1-20. O número exato dos discípulos varia entre os manuscritos: é setenta nos textos do tipo Alexandrino (como o Codex Sinaiticus) e Cesariano, mas aparece como setenta e dois na maioria dos outros manuscritos alexandrinos e no texto-tipo Ocidental. A origem deste número pode estar relacionada às setenta nações do Gênesis, às referências frequentes ao número na Bíblia, ou aos setenta e dois tradutores da Septuaginta, segundo a Carta de Aristeas. São Jerônimo, ao traduzir a Vulgata, optou por “setenta e dois”.
Embora o Evangelho de Lucas seja o único a mencionar os Setenta, ele não está sozinho ao descrever missões específicas de seguidores de Jesus. Em Lucas 9,1-6, vemos o envio dos Doze Apóstolos, que corresponde à “Comissão Menor” do Evangelho de Marcos. Além disso, Lucas menciona a “Grande Comissão” em Lc 24,44-49, com uma missão universal, mas com menos detalhes do que Marcos.
Celebração e Tradição
A festa dos Setenta Apóstolos é chamada de Sinaxe dos Setenta Apóstolos na Igreja Ortodoxa e celebrada no dia 4 de janeiro. Além disso, cada um dos Setenta possui uma comemoração própria ao longo do ano litúrgico.
A tradição ortodoxa preserva os nomes dos Setenta Apóstolos, cujos “nomes estão escritos no céu”. Essa lista é frequentemente atribuída a Doroteu de Tiro, bispo do final do século III, embora a versão que possuímos date do século VIII. Diversos textos, como o Chronicon Paschale e os tratados atribuídos ao Pseudo-Doroteu, apresentam os nomes dos Setenta.
Eusébio de Cesareia, no entanto, afirmou que, em sua época, não havia uma lista oficial e mencionou apenas alguns discípulos: Barnabé, Sóstenes, Cefas, Matias, Tadeu e Tiago, o irmão do Senhor.
Os Setenta Apóstolos
Aqui está a lista completa dos Setenta Apóstolos, conforme a tradição da Igreja Ortodoxa, com os nomes associados a eles:
- Tiago, irmão do Senhor, primeiro bispo de Jerusalém
- Marcos, o Evangelista, autor do Evangelho e bispo de Alexandria
- Lucas, o Evangelista, autor do Evangelho e dos Atos dos Apóstolos
- Cleofas, discípulo que encontrou Cristo no caminho de Emaús
- Simeão, filho de Cleofas, segundo bispo de Jerusalém
- Barnabé, companheiro de Paulo
- Justo, bispo de Eleuterópolis
- Tadeu de Edessa, também chamado Santo Addai
- Ananias, primeiro bispo de Damasco
- Estevão, o primeiro mártir
- Filipe, o Evangelista, um dos Sete Diáconos
- Prócoro, um dos Sete Diáconos
- Nicanor, um dos Sete Diáconos
- Timão, um dos Sete Diáconos
- Parmenas, um dos Sete Diáconos
- Timóteo, bispo de Éfeso
- Tito, bispo de Creta
- Filémon, bispo de Gaza
- Onésimo, mencionado na Epístola a Filémon
- Epafras, bispo de Andríaca
- Arquipo, companheiro de Paulo
- Silas, bispo de Corinto
- Silvano, colaborador de Paulo
- Crescêncio, missionário mencionado por Paulo
- Crispo, bispo de Calcedônia
- Epeneto, bispo de Cartago
- Andrônico, bispo da Panônia
- Estácio, segundo bispo de Bizâncio
- Amplíato, bispo de Odissa (Varna)
- Urbano, bispo da Macedônia
- Narciso, bispo de Atenas
- Apeles, bispo de Heraclião
- Aristóbulo, bispo da Britânia
- Herodião, bispo de Patras
- Ágabo, o Profeta
- Rufus, bispo de Tebas
- Asíncrito, bispo de Hircânia
- Flegonte, bispo de Maratona
- Hermes, bispo de Filipópolis
- Parrobo, bispo de Potole
- Hermas, bispo da Dalmácia
- Lino, segundo bispo de Roma
- Caio, bispo de Éfeso
- Filólogo, bispo de Sinope
- Lúcio de Cirene, bispo de Laodiceia na Síria
- Jasão, bispo de Tarso
- Sosípatro, bispo de Icônio
- Olimpas, companheiro de Paulo
- Tércio, escriba de Paulo, bispo de Icônio
- Erasto, bispo de Paneas
- Quarto, bispo de Berito
- Evódio, primeiro bispo de Antioquia
- Onesíforo, bispo de Cirene
- Clemente, bispo de Sardes
- Sóstenes, bispo de Cólofon
- Apolo, bispo de Cesareia Palestina
- Tíquico, bispo de Cólofon
- Epafrodito, companheiro de Paulo
- Carpo, bispo de Beróia na Trácia
- Quadrado, bispo de Atenas
- João Marcos, bispo de Biblos
- Zenas, o Doutor da Lei, bispo de Dióspolis
- Aristarco, bispo de Apameia na Síria
- Pudêncio, pai de Santa Pudenciana e Santa Praxedes
- Trofimo, companheiro de Paulo
- Marcos, primo de Barnabé, bispo de Apolônia
- Artemas, bispo de Listra
- Áquila, companheiro de Priscila
- Fortunato, companheiro de Paulo
- Acaico, missionário de Paulo
Observações:
- Alguns desses nomes são familiares por suas menções nas Epístolas de Paulo ou nos Atos dos Apóstolos.
- Há pequenas variações nas listas entre diferentes tradições e manuscritos.
- Eles são comemorados coletivamente no dia 4 de janeiro pela Igreja Ortodoxa, além de suas respectivas festas individuais ao longo do ano litúrgico.
Em suma:
A Sinaxe dos Setenta Apóstolos é uma oportunidade para refletirmos sobre a missão evangelizadora que Jesus confiou aos Seus discípulos. Estes homens, provenientes de diferentes contextos e chamados por Cristo, desempenharam um papel vital na difusão do Evangelho e na formação da Igreja primitiva. Que suas vidas inspirem nossa fé e dedicação ao serviço de Deus.