A Festa da Sinaxe de São João Batista, Profeta e Precursor, é celebrada no calendário ortodoxo no dia seguinte à grande Festa da Epifania do Senhor. Neste dia, também se comemora a trasladação da santa relíquia da mão do Precursor para Constantinopla — a mão que batizou o próprio Senhor. Por essa razão, esta festa é contada entre as grandes celebrações em honra de São João Batista, e não devemos silenciar sobre os milagres e os efeitos sobrenaturais que dela emanam.

A chegada da santa relíquia (mão direita) de São João Batista a Constantinopla ocorreu na tarde da Festa da Epifania, já celebrada pela Igreja Primitiva no dia 6 de janeiro. Segundo a tradição, São Lucas, o Evangelista, foi à cidade de Sebaste, onde o corpo do Precursor estava sepultado. Encontrando-o intacto, não conseguiu removê-lo porque os cristãos locais o veneravam e impediram sua retirada. Foi-lhe permitido, porém, levar apenas a mão direita do Precursor, que São Lucas trouxe para Antioquia, sua cidade natal. Após sua chegada, registraram-se inúmeros milagres.

São João Batista é o santo mais venerado após a Virgem Maria. Ele é lembrado e celebrado em várias datas.

Festas Principais de São João Batista:

Seguindo o novo calendário adotado pela maioria das Igrejas Ortodoxas (calendário gregoriano revisado), as celebrações de São João Batista são fixadas diretamente nas seguintes datas:

• 23 de setembro — Concepção de São João Batista
  Celebra a anunciação feita ao sacerdote Zacarias sobre o nascimento de São João.

• 24 de junho — Nascimento de São João Batista
  Comemora o nascimento do Precursor, seis meses antes do nascimento de Cristo.

• 29 de agosto — Decapitação de São João Batista
  Recorda o martírio de João, que foi decapitado a mando de Herodes Antipas.

• 7 de janeiro — Sinaxe de São João Batista
  Celebração no dia seguinte à Festa da Teofania (Epifania do Senhor), honrando o papel de João no batismo de Jesus.

• 24 de fevereiro — Primeiro e Segundo Achado da Cabeça de São João Batista
  Comemora o achado da cabeça do Precursor, que foi escondida após seu martírio.

• 25 de maio — Terceiro Achado da Cabeça de São João Batista
  Recorda o último achado da cabeça do Precursor, ocorrido durante o reinado de Constantino, o Grande.

• 12 de outubro — Trasladação da Mão Direita de São João Batista
  Celebra a transferência da relíquia da mão direita de São João da ilha de Malta para Gatchina, próximo a São Petersburgo.

São João Batista era filho do sacerdote Zacarias, da linhagem de Aarão, e de Isabel, da linhagem de Davi. Eles viviam perto de Hebron, nas montanhas ao sul de Jerusalém. Parente de Nosso Senhor Jesus Cristo por parte de sua mãe, João nasceu seis meses antes Dele. Conforme o relato evangélico, o Arcanjo Gabriel apareceu a Zacarias no templo, anunciando o nascimento de um filho. Em sua velhice e após anos de oração, Deus concedeu a Zacarias e Isabel o filho que tanto pediram.

Pela graça divina, São João foi poupado do massacre das crianças em Belém. Ele cresceu no deserto, levando uma vida austera em preparação para sua grande missão. Jejuava, orava e meditava nas coisas divinas. Vestia-se com uma roupa rústica de pelos de camelo, presa por um cinto de couro, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Permaneceu no deserto até os trinta anos, quando foi chamado pelo Senhor para pregar ao povo judeu.

Atendendo a este chamado, João dirigiu-se ao rio Jordão para preparar o povo para a vinda do Messias. As abluções rituais eram comuns, mas João pregava a penitência e o batismo como sinais de purificação espiritual, preparando o coração das pessoas para o Evangelho. Seu batismo não era ainda o batismo cristão, mas tinha o propósito de apontar para o futuro batismo pela água e pelo Espírito Santo.

Em uma oração, São João é comparado a uma estrela da manhã, que com seu brilho supera as outras estrelas, anunciando o dia iluminado pelo Sol espiritual de Cristo (Mal. 4:2). Quando a espera pelo Messias atingiu seu ápice, o próprio Salvador veio até João no Jordão para ser batizado. Este evento foi acompanhado por sinais milagrosos: a descida do Espírito Santo em forma de pomba e a voz do Pai celestial proclamando: “Este é o Meu Filho amado.”

Após essa revelação, João declarou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” Dois de seus discípulos, João o Teólogo e André, o Primeiro Chamado, seguiram imediatamente a Cristo.

O batismo marcou o término da missão profética de João. Ele denunciava com coragem os pecados de todos, simples ou poderosos. Por isso, foi preso por Herodes Antipas, que vivia em concubinato com Herodíades, esposa de seu irmão Felipe. Após a famosa dança de Salomé, filha de Herodíades, Herodes foi induzido a ordenar a decapitação de João, apesar de seu respeito pelo profeta. O corpo de João foi sepultado em Sebaste, na Samaria.

Conforme a tradição, São Lucas levou a mão direita do Precursor para Antioquia. No ano 959, durante o reinado de Constantino Porfirogênito, ela foi trasladada para Constantinopla. Após a tomada da cidade pelos turcos, a relíquia foi guardada em São Petersburgo, na igreja de Nosso Senhor Aquiropita.

A santa cabeça de João Batista foi descoberta por Joana, uma mulher piedosa, e posteriormente revelada novamente durante o reinado de Constantino, o Grande, dando origem à celebração do Primeiro Achado.

Jesus declarou sobre João: “Entre os nascidos de mulher, não há profeta maior do que João Batista.” Ele é glorificado pela Igreja como “um anjo, apóstolo, mártir, profeta, lâmpada e amigo de Cristo, o selo dos profetas, e a voz mais venerável e luminosa do Verbo.”