«Zacarias voltou para casa. Algum tempo depois, Isabel, sua esposa, concebeu»
O anjo disse-lhe: «A tua súplica foi atendida». Se Zacarias acreditava que a sua oração seria atendida, rezava bem; se não acreditava, rezava mal. Chegara a altura de a sua oração ser atendida; contudo, ele duvidou. Foi portanto justificado que, a partir desse momento, tivesse ficado mudo. Anteriormente, ele rezava para ter um filho; no momento em que a sua oração foi atendida, mudou e disse: «Como hei de saber que é assim?» A sua boca duvidou da sua oração, e ele perdeu a fala. […] Enquanto Zacarias acreditava, falava; assim que deixou de acreditar, calou-se. Enquanto acreditava, falava: «Eu acreditei, por isso falei» (Sl 115,10). Porque desprezou a palavra do anjo, esta palavra atormentou-o, a fim de que ele honrasse, pelo seu silêncio, a palavra que tinha desprezado.
Convinha que ficasse muda a boca que tinha dito: «Como hei de saber que é assim?», para que aprendesse a possibilidade do milagre. A língua que estava solta foi presa, para que aprendesse que Aquele que tinha prendido a língua podia desprender o seio. Assim, pois, a experiência instruiu aquele que não tinha aceitado o ensinamento da fé. […] E ele aprendeu que Aquele que tinha fechado uma boca aberta podia abrir um seio fechado.
Santo Efrém (c. 306-373)
diácono da Síria, doutor da Igreja
Diatessaron, 1, 11-13