«O trigo e o joio, misturados na Igreja até ao dia do Senhor»

Na Igreja, não habitam apenas ovelhas nem voam apenas aves puras. O trigo é semeado no campo e, «no meio de esplêndidas culturas, surgem as bardanas e os espinheiros, bem como as aveias selvagens» (Virgílio, «Geórgicas»). O que há de fazer o camponês? Arrancar o joio? Mas, se o fizer, arrancará também o resto da colheita!

A habilidade do camponês expulsa diariamente as aves por meio do ruído, assusta-as com espantalhos […]. Mas nem por isso deixam de fazer incursões os velozes cabritos-monteses, os onagros atrevidos; por um lado, os produtores guardam o trigo nos seus celeiros subterrâneos, por outro as formigas, em febril colônia, atacam o cereal. É assim mesmo! Quem possui um campo nunca está isento de preocupações.

Durante o sono do pai de família, o inimigo semeou o joio; e, quando os discípulos pretendiam arrancá-lo a toda a pressa, o Senhor impediu-os, reservando para Si a tarefa de separar o trigo da palha. […] Antes do Dia do Juízo, ninguém pode pegar na pá de joeirar de Cristo, a ninguém é permitido julgar seja quem for.


São Jeronimo (347-420)
Debate entre um luciferiano e um ortodoxo (SC 473, pp. 179-180)

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