«Se morrer, dará muito fruto»

Ao ver que levavam o bispo Sixto para o martírio, São Lourenço pôs-se a chorar. Não era o sofrimento do seu bispo que lhe arrancava lágrimas, mas o facto de não o acompanhar no martírio. Por isso, interpelou-o nestes termos: «Aonde vais, meu pai, sem o teu filho? Para ondes corres, padre santo, sem este teu diácono? Tinhas por hábito nunca oferecer o sacrifício sem ministro! […] Dá, pois, uma prova de que escolheste um bom diácono, a quem confiaste o ministério do sangue do Senhor, com quem partilhas os sacramentos; recusar-te-ás a comungar com ele no sacrifício do sangue?» […]

O Papa Sixto respondeu a Lourenço: «Não te esqueço, meu filho, nem te abandono. Mas deixo-te maiores combates. Sou velho e só aguento uma luta ligeira. Mas tu és jovem e hás de obter um triunfo bem mais glorioso contra o tirano. Logo virás ter comigo. Seca essas lágrimas. Dentro de três dias, seguir-me-ás». […]

Três dias depois, foi dada ordem de prisão a Lourenço. Ordenaram-lhe que levasse os bens e os tesouros da Igreja e ele prometeu obedecer; no dia seguinte, apresentou-se na companhia dos pobres. Perguntado onde estavam os tesouros que devia ter levado, apontou para os pobres, dizendo: «Eis os tesouros da Igreja. Teria Cristo tesouros melhores que estes, acerca dos quais disse: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25,40)?». Lourenço apresentou aqueles tesouros e saiu vencedor, porque o seu perseguidor não teve vontade de lhos tirar. Mas, cheio de raiva, mandou-o queimar vivo.

Santo Ambrosio de Milão (c. 340-397)
Sobre os ofícios dos ministros I, 84; II, 28; PL 16, 84
Fonte: Evangelho Cotidiano

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *