Restaurar a imagem de Deus no homem

De que serve termos sido criados, se não conhecermos o nosso Criador? Como podem os homens ser lógicos sem conhecerem o Logos, o Verbo do Pai, no qual começaram a ser (Jo 1,1s)? […] Para que os teria Deus criado, se não quisesse ser conhecido por eles? E, para que tal coisa não acontecesse, fê-los participar, na sua bondade, daquele que é a sua própria imagem, Nosso Senhor Jesus Cristo (Hb 1,2; Cl 1,15), criando-os à sua imagem e semelhança (Gn 1,26). Graças a tal favor, eles haviam de conhecer a imagem, o Verbo do Pai, pelo qual poderiam fazer uma ideia do Pai e, conhecendo o seu Criador, viver uma vida de verdadeira felicidade.

Na sua desrazão, porém, os homens desprezaram este dom, desviaram-se de Deus e esqueceram-no. […] O que havia Deus de fazer, senão renovar o «ser de imagem» destas criaturas, a fim de que os homens pudessem novamente conhecê-lo? E como o faria, senão pela própria presença da imagem de Deus, o nosso Salvador Jesus Cristo? Mas tal coisa não era realizável pelos homens, que apenas são feitos à imagem; nem pelos anjos, pois nem eles são imagem.

E foi assim que o próprio Verbo, que é a imagem do Pai, veio restaurar o «ser de imagem» que são os homens. Mas não era possível que isso acontecesse se a morte e a corrupção não fosse aniquiladas; por isso, Ele tomou um corpo mortal, a fim de aniquilar nele a morte e restaurar os homens, feitos à sua imagem.


Santo Atanásio de Alexandria (295-373)
Sobre a encarnação do Verbo, 11, 2-3; 13, 7-9; SC 199
Fonte: Evangelho Cotidiano

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