«Ao vê-lo, encheu-se de compaixão»
Ó Senhor Jesus, que tenhas a bondade de Te aproximar de mim, movido pela piedade, Tu que, descendo de Jerusalém para Jericó, caíste das alturas para o nosso fosso, de um lugar onde os seres estão cheios de vida para uma terra de doentes. Vê: eu caí nas mãos dos anjos das trevas, que não só me despiram as vestes da graça, mas, depois de me terem dado muitos golpes, me deixaram meio morto. Que cures as chagas dos meus pecados depois de me teres dado a esperança de recuperar a saúde, não vão elas piorar se eu vier a perder a esperança na cura. Que queiras ungir-me com o óleo do teu perdão e verter sobre mim o vinho da compunção. Se me levasses na tua montada, então «erguerias o fraco da poeira» e «retirarias o pobre do lixo» (Sl 112,7).
É que Tu és Aquele que carregou os nossos pecados, Aquele que pagou por nós uma dívida que não contraíra. Se me conduzisses ao abrigo da tua Igreja, dar-me-ias como alimento a refeição do teu corpo e do teu sangue. Se tomasses conta de mim, eu não voltaria a desobedecer às tuas ordens, não atrairia mais sobre mim a raiva das feras iradas. É que preciso muito dos teus cuidados, porquanto envergo esta carne sujeita ao pecado. Escuta-me pois, a mim, o samaritano despojado e ferido, chorando e gemendo, chamando por Ti e gritando com David: «Tem piedade para mim, ó Deus, segundo a tua grande ternura».
São Gregório Magno (c. 540-604)
Exposição sobre os sete salmos da penitência, PL 79, 581
Fonte: Evangelizo.org