«Cresçamos em misericórdia!»
O Senhor disse: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mt 9,13). A nenhum cristão é permitido, pois, odiar seja quem for, dado que ninguém pode ser salvo senão pelo perdão dos pecados, e não sabemos até que ponto a graça do Espírito pode valorizar aqueles que a sabedoria do mundo despreza.
Que o povo de Deus seja santo e bom: santo para se afastar do que é proibido, bom para agir de acordo com os mandamentos. Embora seja ótimo ter fé reta e sã doutrina, e embora a sobriedade, a mansidão e a pureza sejam louváveis, todas estas virtudes são vãs sem a caridade. E não se pode dizer que uma conduta excelente seja fecunda se não for gerada pelo amor […].
Que os crentes observem, pois, o seu próprio estado de espírito e examinem cuidadosamente os sentimentos mais íntimos do seu coração. Se encontrarem no fundo da sua consciência algum fruto de caridade, não duvidem de que Deus está neles. E, para se tornarem cada vez mais capazes de acolher tão grande hóspede, perseverem e cresçam na misericórdia pelas obras. De facto, se o amor é Deus, a caridade não deve conhecer limites, porque a divindade não pode ser encerrada dentro de limite algum.
Santo Agostinho de Hipona (354-430)
Sermão 48, PL 54, 299-300
Fonte: Evangelho Cotidiano