«No meio do mar desta vida, estende-me a tua mão, Senhor!»
O profeta ouviu-Te chegar, Senhor, e encheu-se de temor ao pensar que nascerias de uma virgem e aparecerias aos homens, por isso disse: «Ouvi o que disseste e enchi-me de temor, glória ao teu poder!»
Pequei, não Te fui fiel, levei a tua majestade ao limite, ó Compassivo, e afundei-me no abismo do desespero; mas mostra-Te a meio da noite, como fizeste outrora aos discípulos caminhando sobre as águas, ó Verbo, e dá-me a serenidade divina.
A minha alma está nas tuas mãos. Meu Deus e meu socorro, só Tu perscrutas os rins e o coração, Tu conheces todas as minhas reflexões, Tu conheces as ondas, a tempestade, o tumulto dos meus pensamentos; mas eu vi-Te caminhar, ainda agora, sobre as águas agitadas do meu coração.
Eis que desejei os teus preceitos, faz-me viver na tua justiça. Perdoa-me, meu Criador, sê indulgente, Tu que me formaste, tem piedade de mim, deixa-Te dobrar, sê misericordioso e compassivo, e já que estou mergulhado no mar desta vida, estende-me a tua mão verdadeiramente divina e, como a Pedro, puxa-me para Ti. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
O profeta viu-te, Menina, qual candelabro de sete chamas portador do fogo do conhecimento de Deus, fazendo-o brilhar sobre aqueles que estão em perigo nas trevas da ignorância, ó Imaculada, e por isso eu clamo: «Suplico-te que me ilumines».
Livro das Horas do Sinai (século IX)
Cânone da meia-noite, 4ª Ode; SC 486