«Examinais as Escrituras […]; são elas que dão testemunho de Mim»

A palavra de Deus é uma árvore de vida que estende para ti os seus ramos benéficos; ela é como a rocha aberta no deserto, que se torna para todo o homem, de todos os pontos da Terra, bebida espiritual: «comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual» (1Cor 10.3-4; Ex 17,1s.).

Aquele a quem é concedida alguma destas riquezas não deve pensar que a palavra de Deus se limita ao que ele nela encontra; pelo contrário, deve perceber que foi ele que só soube descobrir nela uma coisa, entre muitas outras. Enriquecido pela palavra, não deve pensar que foi ela que empobreceu; incapaz de esgotar as suas riquezas, deve dar graças pela sua magnitude. Alegra-te porque foste saciado, mas não te entristeças porque a riqueza da palavra te ultrapassa.

Aquele que tem sede alegra-se em beber, mas não se entristece com a sua incapacidade de esgotar a fonte. Mais vale que a fonte te esgote a sede, do que a tua sede esgote a fonte. Se a tua sede ficar saciada sem que a fonte seque, poderás voltar a beber sempre que tiveres sede. Pelo contrário,  se esgotasses a fonte para te saciares, a tua vitória transformar-se-ia em tristeza.  Dá graças por aquilo que recebeste e não murmures contra aquilo que não foi utilizado. Aquilo que tomaste e levaste é a tua parte; mas aquilo que resta também é uma herança tua.


Fonte: Evangelho Cotidiano
Santo Efrém, o Sírio (c. 306-373),
Comentário ao evangelho concordante, 1,18-19; SC 121

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