«Que a vontade de Deus se faça em nós!»
Nenhum obstáculo pode, evidentemente, impedir que a vontade de Deus se realize; nós não Lhe desejamos boa sorte na execução dos seus desígnios, antes pedimos que a sua vontade seja feita em todos os homens. […]
A natureza da nossa oração continua a ser a mesma: que a vontade de Deus se realize em nós na Terra, a fim de poder cumprir-se em nós no Céu. E qual é a vontade de Deus, senão que sigamos os seus caminhos? Supliquemos-Lhe, pois, que nos comunique a substância e a energia da sua vontade, a fim de sermos salvos na Terra e nos Céus, pois a sua vontade é salvar os filhos que adotou. O Senhor realiza esta sua vontade pela palavra, pelas obras e pelos sofrimentos. Foi neste sentido que Ele afirmou que não fazia a sua vontade, mas a de seu Pai.
Não há dúvida de que Ele não fez a sua vontade, mas a de seu Pai […]. Quando dizemos: «Seja feita a tua vontade», felicitamo-nos pelo fato de a vontade de Deus nunca ser um mal para nós, e encorajamo-nos a sofrer quando é preciso.
Para nos mostrar, no meio das suas angústias, que a fraqueza da nossa carne se encontrava na sua, o Senhor disse: «Pai, afasta de Mim este cálice»; mas depois corrigiu-Se: «Não se faça, porém, a minha vontade, mas a tua» (Lc 22,42). Ele próprio era a vontade e o poder do Pai; mas, para nos ensinar a pagar a dívida da dor, entregou-Se por completo à vontade do Pai.
Tertuliano (c. 155-v. 220),
Sobre a oração, 1-10
Fonte: Evangelho Cotidiano