«O sinal do profeta Jonas»
Dirá alguém: mostrem-nos que é possível a ressurreição de um homem morto há três dias e que um homem metido no túmulo pode ressuscitar ao fim de três dias. Ora, se procuramos uma testemunha idônea sobre essas circunstâncias precisas, dá-no-la o próprio Senhor nos Evangelhos quando diz: «Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra» (Mt 12,40). Quando examinamos a história de Jonas, a semelhança parece-nos muitíssimo significativa.
Jesus foi enviado a proclamar a penitência: tal como Jonas. Mas este fugiu, apreensivo com o que dali resultaria, ao passo que Jesus Se apresentou de coração aberto para pregar a salutar penitência. Jonas dormia no barco e ressonava enquanto a tempestade agitava o mar. Por obra da providência, também o mar despertou durante o sono de Jesus, a fim de revelar a seguir o poder daquele que dormia. […] Jonas foi atirado para o ventre do monstro; Jesus, pelo contrário, desceu espontaneamente até onde se encontrava o monstro místico da morte; e desceu espontaneamente para que a morte rejeitasse – vomitasse – aqueles a quem tinha tragado, conforme a passagem da Escritura: «Livrá-los-ei do poder do sepulcro, resgatá-los-ei da morte» (Os 13,14). […]
Creio que Jonas foi preservado porque «a Deus tudo é possível» (Mt 19,26). Creio também que Cristo foi ressuscitado de entre os mortos: com efeito, numerosos são os testemunhos que possuo a esse respeito, tanto nas Sagradas Escrituras, como na ação daquele que ressuscitou, manifestada até aos nossos dias; Ele foi o único que desceu aos infernos para de lá subir logo a seguir. Ele desceu à morte e muitos corpos de santos que estavam mortos foram por Ele ressuscitados. […] Uma vez, pois, que temos as profecias, a fé habita em nós.
São Cirilo de Jerusalém (313-350)
Catequese batismal n.°14, 16-21
Fonte: Evangelho Cotidiano