«Jesus […] ensinava nas cidades e aldeias por onde passava»
Prestai atenção, caríssimos irmãos: as Sagradas Escrituras foram-nos transmitidas, por assim dizer, como cartas enviadas da nossa pátria. Com efeito, a nossa pátria é o paraíso; os nossos pais são os patriarcas, os profetas, os apóstolos e os mártires; os nossos concidadãos são os anjos; o nosso Rei é Cristo. Quando Adão pecou, fomos, por assim dizer, lançados no exílio deste mundo. Mas, porque o nosso Rei é fiel e misericordioso, mais do que se possa imaginar ou dizer, dignou-Se enviar-nos, por intermédio dos patriarcas e dos profetas, as Sagradas Escrituras, como cartas pelas quais nos convidava para a nossa eterna e primeira pátria. […] Em razão da sua inefável bondade, convidou-nos a reinar com Ele.
Nessas condições, que ideia farão de si mesmos os servos que […] não se dignam ler as cartas que os convidam para a bem-aventurança do Reino ? […] «Aquele que ignora será ignorado» (1Cor 14,38). Na verdade, àquele que negligencia procurar Deus neste mundo pela leitura dos textos sagrados, Deus, por seu lado, recusar-Se-á a admiti-lo à bem-aventurança eterna. Este deve temer que lhe fechem as portas, que o deixem de fora com as virgens loucas (cf Mt 25,10) e que mereça ouvir: «Não sei quem vós sois; não vos conheço; afastai-vos de Mim, vós todos que fizestes o mal». […]Quem quiser ser favoravelmente escutado por Deus deve começar por escutar a Deus. Como terá a veleidade de querer que Deus o escute favoravelmente, se Lhe presta tão pouca atenção que nem se preocupa em ler os seus preceitos?
São Cesário de Arles (470-543)
Sermãos 7
Fonte: Evangelho Quotidiano