«No sábado seguinte, entrou na sinagoga e […] ensinava-os com autoridade»

Foi num dia de sábado que o Senhor Jesus começou a fazer curas, para significar que a nova criação começa no ponto onde tinha ficado a antiga, mas também para assinalar desde o princípio que o Filho de Deus não está submetido à Lei, porque é maior que a Lei, que Ele não destrói a Lei, mas a leva ao seu cumprimento (cf Mt 5,17). Não foi pela Lei, mas pelo Verbo, que o mundo foi feito, como está escrito: «Pela Palavra do Senhor, foram feitos os céus» (Sl 32,6). Assim, pois, a Lei não foi destruída, mas levada ao seu cumprimento, a fim de renovar o homem caído. É por isso que o apóstolo Paulo nos recomenda: «Despi-vos do homem velho e revesti-vos do homem novo, que foi criado segundo Cristo» (Col 3,9s).

É adequado, pois, que o Senhor comece num dia de sábado, para mostrar que é o Criador […], que prossegue a obra que Ele próprio começara noutro tempo. Qual operário que se prepara para reparar uma casa, Ele não começa pelas fundações, mas pelo telhado. […] Ao libertar este possesso, Jesus começa pelo menos para chegar ao mais: pois até os homens podem expulsar demónios — é certo que pela palavra de Deus –, mas ordenar aos mortos que ressuscitem pertence apenas ao poder de Deus.

 

Santo Ambrósio de Milão (c. 340-397)
Comentário ao evangelho de São Lucas 4,57; SC 45
Fonte: Evangelho Cotidiano

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