«Corramos para Deus, que desceu à Terra para nossa salvação!»
Corramos, pois, irmãos, para Deus, o Criador de todas as coisas, que desceu à Terra por nós, pecadores, que inclinou os Céus e Se escondeu dos anjos, que habitou no seio da Virgem santa, que dela tomou carne, sem mutação, de forma inefável, e que dela saiu para a salvação de todos nós.
E a nossa salvação consiste nisto, […] em que a boca de Deus manifestou a grande luz dos séculos futuros: o Reino dos Céus desceu à Terra, o Rei soberano dos seres das alturas e dos seres deste mundo veio até nós, quis tornar-Se semelhante a nós, a fim de que todos partilhemos do Reino dos Céus, tenhamos parte na sua glória e sejamos herdeiros dos bens eternos que nunca ninguém viu. Bens esses que são – tal é a minha convicção, a fé que afirmo – o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a Santíssima Trindade: eis a fonte de todos os bens, eis a vida de tudo o que existe, eis a alegria inexprimível e a salvação de todos quantos recebem alguma coisa da sua luz inefável e têm consciência de estar em comunhão com Ele.
Escutai: a razão pela qual Ele é chamado Salvador é que leva a salvação àqueles a quem Se une; ora, a salvação consiste em ser libertado de todos os males e encontrar todos os bens para sempre: a vida em vez da morte, a luz em vez das trevas, e, em vez da escravatura das paixões e das ações infames, a total liberdade que é concedida a quantos se uniram a Cristo, Salvador de todos os seres: então, eles possuirão, sem poderem voltar a perdê-la, toda a alegria, toda a felicidade e toda a beatitude […] que só conhecerá, conceberá e verá quem estiver sincera e ardentemente preso a Cristo.
Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022),
Hinos 42, SC 196
Fonte: Evangelho Cotidiano