«HINOS SOBRE MARIA»
«MARIA CONSERVAVA TODAS ESTAS COISAS, PONDERANDO-AS NO SEU CORAÇÃO» (LC 2,19)Hi
Com palavras sublimes,
Ardendo de amor,
Maria embalava-O:
«Como me foi dado, a mim, a solitária,
Conceber e dar à luz
Aquele que é o único e o múltiplo,
O mais pequeno e o Maior?
Aqui está Ele inteiro, junto a mim
E inteiro perto de todo o universo.
No dia em que Gabriel
Entrou na minha pobre casa
Tornou-me de súbito
Nobre dama e serva:
Pois eu era a serva da tua divindade (cf Lc 1,38),
Mas também sou a mãe
Da tua humanidade,
Meu Senhor e meu filho!
A serva tornou-se de repente
Filha de rei,
Por Ti, filho de David,
Eis que a mais humilde
Da casa de David,
Eis que uma filha da terra
Chega até ao céu
Por Aquele que é do céu!
Que maravilha para mim!
Perto de mim repousa
Este recém-nascido, o Ancião dos dias! (cf Dn 7,9)
Fixa o seu olhar na totalidade do céu,
E sem cessar
Os seus lábios balbuciam.
É tão parecido comigo!
Enquanto com Deus
Fala em silêncio!
Quem já viu alguma vez
Um recém-nascido olhar
Todas as coisas em toda a parte?
No seu olhar se compreende
Que é Ele que dirige
Toda a criação, de alto a baixo.
No seu olhar se compreende
Que Ele, como Senhor, dá ordens
A todo o universo.
Como poderia eu abrir
Uma fonte de leite,
Para Ti, que és a Fonte?
Como poderia eu dar
Alimento
A Ti que alimentas todos os seres
À tua mesa?
Como cobrir-Te de panos,
A Ti, que estás revestido de um manto de luz? (cf Sl 104,2)
A minha boca não sabe
O que há-de chamar-Te,
Ó Filho do Deus vivo! (cf Mt 16,16)
Se ouso chamar-Te
Filho de José,
Tremo, pois não és da sua semente. […]
Embora sejas o Filho do Único
A partir de agora
Vou chamar-Te
Filho de um grande número,
Pois para Ti não bastam
Milhares de nomes:
És filho de Deus mas também filho do homem (cf Mc 1,1; 8,31)
E também filho de José (cf Lc 3,23)
E filho de David (cf Lc 20,41)
E filho de Maria (cf Mc 6,3)..
Santo Efrém (c. 306-373),
Hinos 5 e 6 sobre a Natividade
Fonte: Evangelho Cotidiano
Maria Imaculada foi cumulada de graças particulares em atenção aos méritos de seu Filho
Vós todos que sabeis discernir, vinde, admiremos
A Virgem que é mãe, a filha de David. […]
Vinde, admiremos a Virgem puríssima,
Maravilha em si mesma, única em toda a criação.
Ela deu à luz sem ter conhecido homem,
Sua alma pura inteiramente deslumbrada.
A todo o momento seu espírito se entregava ao louvor,
Porque se alegrava com esta dupla maravilha:
Mantendo a virgindade, ter o Filho de todos mais amado!
Jovem pomba (Cant 6,9), transportou a águia,
O Ancião dos dias (Dn 7,9), cantando os seus louvores:
«Meu Filho, Tu, de riqueza sem igual, quiseste crescer
Num ninho miserável. Harpa melodiosa,
Permaneces em silêncio como criança de berço.
Permite-me, pois, que cante para Ti. […]
Tua morada, meu Filho, é mais que todas as outras,
Todavia quiseste que fosse eu a tua morada.
O céu é pequeno para conter a tua glória,
Eu, porém, o mais humilde dos seres, Te trago em mim.
Permite a Ezequiel vir ver-Te ao meu colo,
Reconhecer em Ti Aquele que os querubins
Transportavam no carro (Ez 1) […]; hoje sou eu quem Te transporta […]
E com grande tremor os querubins exclamam:
“Bendita seja a glória de Deus no lugar onde repousas!” (Ez 3, 12).
Esse lugar é em mim, meu seio é tua morada;
Meus braços são o trono da tua grandeza. […]
Vem ver-me, Isaías, vê e alegremo-nos!
Eis que concebi, permanecendo embora virgem (Is 7,14).
Profeta do Espírito, de visões tão ricas,
Vê agora o Emanuel que de ti permaneceu escondido. […]
Vinde, pois, todos vós que sabeis discernir,
Vós que, pela vossa voz, dais testemunho do Espírito. […]
Erguei-vos, rejubilai, porque eis aqui a colheita!
Olhai: eu tenho nos braços a espiga da vida.»
Santo Efrém (c. 306-373),
Hinos sobre Maria, n.º 7
Fonte: Evangelho Cotidiano