«Arranjai amigos com o vil dinheiro»
«O Senhor apareceu a Abraão junto dos carvalhos de Mambré, quando ele estava sentado à porta da sua tenda, durante as horas quentes do dia» (Gn 18,1). Enquanto os outros repousavam, Abraão aguardava a chegada de eventuais hóspedes. Bem merecia, portanto, que Deus viesse ter com ele junto aos carvalhos de Mambré, visto que procurava exercer a hospitalidade com tanta prontidão. […]
Sim, a hospitalidade é boa e tem a sua própria recompensa: atrai a gratidão dos homens e — mais importante ainda — merece um salário da parte de Deus. Todos somos, nesta terra de exílio, hóspedes de passagem. Durante algum tempo podemos alojar-nos sob um teto; mas depressa teremos de nos desalojar. Estejamos atentos! Se tivermos sido duros ou negligentes no acolhimento dos estrangeiros, uma vez que se esgote o curso desta vida, os santos poderão, por sua vez, recusar-se a acolher-nos. «Arranjai amigos com o vil dinheiro», diz o Senhor no Evangelho, «para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas» […].
E pode acontecer que estejas a acolher a Deus, quando pensas que estás a lidar com homens. Abraão acolheu três viajantes, mas, na realidade, foi a Deus e aos seus anjos que recebeu em casa. Também tu, quando acolhes um estrangeiro, é a Deus que recebes. Atesta-o o Senhor Jesus no Evangelho: «Era peregrino e acolhestes-Me. […] Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,35.40).
Santo Ambrósio de Milão (c. 340-397)
Sobre Abraão, I, 5, 32-35
Fonte: Evangelho Cotidiano