«Encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram»
Num abrir e fechar de olhos, o Senhor multiplicou um pouco de pão. Aquilo que os homens fazem em dez meses de trabalho, fizeram-no os seus dez dedos num instante. […] Todavia, não foi pelo seu poder que Ele mediu o alcance do milagre, mas pela fome dos que ali se encontravam. Seria impossível avaliar o milagre pela medida do seu poder; medido pela fome daqueles milhares de homens, o milagre excedeu os doze cestos. A capacidade dos artesãos não excede a dos clientes: eles não conseguem corresponder a tudo o que lhes é pedido. As realizações de Deus, pelo contrário, superam todo o desejo. […]
Saciados no deserto, como outrora os israelitas pela oração de Moisés, eles exclamaram: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Era uma alusão às palavras de Moisés: «O Senhor vos suscitará um profeta», não um qualquer, mas «um profeta como eu» (Dt 18,15), que vos saciará de pão no deserto. Como Moisés, Ele caminhou sobre o mar, apareceu na nuvem luminosa, libertou o seu povo; Ele entregou Maria a João, como Moisés entregou o seu rebanho a Josué. […] Mas o pão de Moisés não era perfeito: foi dado unicamente aos israelitas. Querendo significar que o seu dom é superior ao de Moisés e o seu apelo às nações mais perfeito, Nosso Senhor disse: «Se alguém comer deste pão, viverá eternamente», porque «o pão de Deus desceu do Céu» e foi dado a todo o mundo (Jo 6,51).
Santo Efrém, o Sírio (c. 306-373)
Diatesseron, 12, 4-5, 11
Fonte: Evangelho Cotidiano