«O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar» (Mt 24,35)
Nosso Senhor Jesus Cristo virá dos céus e virá no fim deste mundo, no último dia; porque este mundo terá um fim, e este mundo criado será renovado. Efetivamente, uma vez que a corrupção, os roubos, os adultérios e toda a espécie de faltas se espalharam sobre a Terra e «derramam sangue sobre sangue» (Os 4,2), para que esta admirável morada não permaneça cheia de injustiça, este mundo desaparecerá e surgirá outro mais belo. […]
Escutai o que diz Isaías: «Os céus enrolam-se como um pergaminho, os seus exércitos extinguem-se e caem como folhas mortas de vinha ou de figueira» (Is 34,4). E o Evangelho diz: «O Sol irá escurecer-se, a Lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu» (Mt 24,29). Não nos aflijamos como se fôssemos os únicos que têm de morrer: as estrelas também morrerão, mas talvez sejam ressuscitadas. O Senhor enrolará os céus, não para os destruir, mas para os ressuscitar, e mais belos. Escutai o que diz o profeta David: «Tu fundaste a Terra desde o princípio e os céus são obra das tuas mãos. Eles deixarão de existir, mas Tu permanecerás; […] como um vestido que se muda, assim eles desaparecem. Mas Tu permaneces sempre o mesmo, os teus anos não têm fim» (Sl 101,26-28). […] E escutai ainda as palavras do Senhor: «O céu e a Terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar» (Mt 24,35); é que o peso das coisas criadas não se iguala ao das palavras do seu Senhor.
São Cirilo de Jerusalém (313-350)
Catequeses baptismais, n.º 15
FONTE: Evangelho Quotidiano